Era uma terra pacata De gente boa e gente sensata. O seu Castelo altaneiro Fazia inveja ao mundo inteiro. As mulheres tratavam da casa As crianças na rua a brincar E os pais ocupados a trabalhar. As meninas vinham à janela Ver os rapazes passar! A Vila, de seu nome Penela Tinha pouco para contar. Mas tudo vai ser diferente!... Numa casa de bom ambiente Um nascimento acontecia, Iria dar muito que falar. E é a partir desse dia A história que vou contar!
I Acto – O nascimento e a infância
Paulo, vai a correr chamar a vizinha! Vai, não perguntes nada! Diz para vir preparada Que o nascimento já se adivinha. Agora não posso, estou a jogar ao pião! Vai depressa meu malandro, É o nascimento do teu irmão! Paulo nem queria acreditar! Já tinha duas irmãs, Mas com elas não queria brincar. Queria que fosse um irmão Para com ele jogar Ao berlinde e ao pião! Iria tratá-lo com muito amor. Até já pensava oferecer-lhe um tambor… Paulo correu, correu pelas ruas de Penela. Chamou toda a gente que estava à janela. Chamou o padeiro Chamou o leiteiro O sapateiro e o merceeiro. Chamou o Hilário Chamou a florista O boticário e o exorcista. Chamou a parteira e o irmão Também o padre e o sacristão! E por fim, estava lá em casa a vila inteira. Alguns vestidos à maneira. Todos preparados para a festa Para ver se o puto nascia desta. E no ano de 1936, Precisamente no dia 26 Dum bonito mês de Maio Finalmente nasceu o catraio! O irmão cumpre a promessa: Parte o mealheiro com todo o vigor E foi comprar a toda a pressa Um grande e bonito tambor. Toda a vila estava em festa! Um arraial com gente rica e gente modesta. E ao som daquele tambor O povo dançou até o sol se pôr. E no meio daquela alegria Ninguém se lembrou nesse dia Que o tinham de registar E também um nome lhe dar! Alguém alvitrou sem gozo Que por nascer na Primavera E de tão belo que ele era Chamar-lhe Fernando como o Formoso. E só dois dias depois Lá foram todos ao Registo Testemunhar que tinham visto Na Freguesia de São Miguel O nascimento nesse dia Do menino Fernando Rafael. Assim, a 28 foi registado E por todos testemunhado E a verdade ficou oculta Para que o pai não pagasse a multa. Os anos vão passando E depressa o menino Fernando Começa a andar E deixa de mamar.
Só pensava no seu bombo, só queria era bombar! Por vezes também brincava com as irmãs e o irmão. Jogava à bola, ao berlinde, às casinhas e ao pião. Mas a cabeça dele não estava ali não senhor A cabeça dele estava sempre no tambor! Fernando! Dizia-lhe sua mãe: Já fizeste os deveres da escola? Ele respondia sem abrir a sacola: Eu já sei tudo minha mãe, Eu sei mais do que ninguém!... Ele lá saber, sabia… Mas o pior era a caligrafia! Na escrita era um horror, Pegava na caneta como se fosse o tambor! Como naquele tempo só passava quem sabia E assim não havia quem o passasse Para aperfeiçoar a caligrafia… Fernando repete a 4ª classe. Era franzininho, um lingrinhas Mas pior que um pilha galinhas! Todo o mal que na vila acontecia Era ele que o fazia. Não! Não era ele! Ele jura. Mas a verdade é que tudo tinha a sua assinatura! Quando o pai o castigava Ele não chorava, cantava!... A Guarda Republicana É que dele não teve dó E quando apanhou o sacana Espetou com ele no xilindró. A mãe não gostou, desatou a chorar E antes do pai chegar Lá teve que o ir buscar! Mas nem ele se arrependia Nem a prisão de emenda lhe servia! A mãe dizia à vizinha: Ó Dona Mariazinha, Não sei o que fazer ao rapaz!... É uma coisa muito estranha Quanto mais açoites apanha, Pior ele faz!... E agora a irmã mais pequena Parece dele não ter pena Ainda mal sabe falar Mas quando o pai regressar Vai logo a correr para o acusar!... Deixe lá isso, vizinha! Ela é pequena e inocente A Senhora não tem culpa Um dia, arrependida e já velhinha À frente de toda a gente Ao irmão irá pedir desculpa… Os dias passam iguais E achando que havia vinho a mais Na pipa do seu avô, Fernando sem hesitar Abriu a torneira do pipo E deixou o vinho pelas ruas a jorrar! Muitos açoites apanhou naquele rabo!... Mas aquilo não era gente, era o diabo O próprio diabo em pessoa Nascido de gente boa. Os pais não o conseguem acalmar E pedem a Deus para o ajudar E como Deus escreve direito por linhas tortas Oferece-lhe uma nefrite Que o acalma até ao limite. Como em Penela não há cura para a maleita Ruma então para Coimbra de mala feita. Lá iria ser bem tratado Do mal que Deus lhe deu, Entraria para o Liceu E seria orientado Nos estudos e na educação Pelos tios, Deolinda e Abegão. Como no liceu só havia matulões Que lhe batessem e lhe dessem empurrões, E disso os tios tinham medo, Resolveram então mandá-lo Estudar no Colégio São Pedro! Mais calminho, lá ia estudando E os conselhos dos tios escutando. A caligrafia continuava um horror Mas cada vez tocava melhor no seu tambor. Termina aqui a infância em toda a plenitude De Fernando de Oliveira Rafael. Irá gastar muita tinta e papel Os anos seguintes da sua juventude. Para trás ficou muito amor e alguma dor Mas seguirá sempre pela vida fora Carregando desde o romper da aurora O seu querido e inseparável tambor.
II Acto – A juventude e o resto
Depois de tantas tropelias Fernando vê sua infância passada. Algumas tristezas muitas alegrias É o fim da vida airada! Há muito tempo deixou a escola Era agora um rapazola Com sua voz já mudada! O diabo ainda o chamou… Mas ele dizia: Não! Por aí não vou, Essa vida não leva a nada! Bom!... Dizia mas não fazia! E como tem um coração mole Perde-se agora de amores Pelos jogos de futebol. Um vício, um ai Jesus! E resolve trocar o liceu Pelo campo de Santa Cruz. Para jogar tinha pouco jeito Chutava torto, pouco a direito! À baliza nem pensar, Nunca defenderia uma bola que viesse pelo ar!... Mas finalmente descobre o seu grande valor, Na bancada, como espectador!...
E é tão grande o seu amor Que quase esquece o tambor. Os estudos iam ficando para trás. E naturalmente como rapaz Já começa então a olhar Para as garotas que via passar! Cada nome era adicionado A uma já extensa lista Mas seu coração estava guardado Para um amor à primeira vista! Vai mirando esta e aquela A umas pisca o olho, a outras ele dá trela Mas namoros não aceita. Ele sabia que nenhuma era aquela A tal, a que seria a eleita!
Foi então que Fernando viu E uma dor no peito sentiu Uma miúda bem giraça. Tinha que saber a sua graça! É uma beleza nunca vista Vai logo para o topo da lista! E com sabedoria régia Arranja logo a estratégia: Para engatar a pequena Irá aproveitar a verbena Que iria acontecer Para a juventude se entreter. E lá lhe arrastaria a asa No baile, bem perto de casa Onde é hoje o Centro Norton Matos. Fernando calça os seus melhores sapatos Vê-se ao espelho, não estava nada mal E dirige-se então ao local.
Arranja a gravata E com grande lata Pergunta à miúda se quer dançar. Ela depois de o mirar, Aceita! Ele, lá se ajeita E no fim de cada tema Ele adopta como lema A mão dela não largar! Assim, ele terá a certeza Que toda aquela beleza Dele não vai escapar! Mas a noite já vai alta E da música nem sentem falta. E dançam, dançam sem reparar Que está um lindo luar. Ainda não são namorados Mas mantêm-se agarrados. Então, Fernando Rafael Com toda a coragem do mundo E sem perder um segundo Sem pensar no que dizia Pede-lhe namoro naquele dia. E não é que a pequena Até o foi aceitar?!... Ele nem queria acreditar! Só lhe apetecia cantar Pelas ruas da cidade. E tamanha era a vaidade E grande a sua alegria De tão contente que estava, Que pelos caminhos por onde passava A toda a gente dizia Que finalmente namorava A formosa Celeste Maria Ó pá! Dizia o amigo Como é que namora contigo? Tu não és gajo para ela! Sou, tenho a certeza! E toda aquela beleza Gosta tanto de mim, como eu gosto dela! E ele não se enganava Pois ela também dele gostava! Celeste Maria estudava E além disso ainda ajudava Seu pai, com arte e sabedoria No laboratório de fotografia. E quando começa a namorar Fernando também quer ajudar! Ele, o futebol não esquecia! E por vezes o que fazia Era ir ao campo durante o dia! À noite chegada a altura Ia namorar na câmara escura!... Mas quando o pai de Celeste aparecia A luz da câmara acendia Eles não estavam a fazer nada… Mas a fotografia ficava velada!
Entretanto, Celeste Maria Começa a reparar Que Fernando não se vai safar No que respeita a caligrafia. A caneta era a preceito Mas ele pegava-lhe sem jeito! Ela, resolve pegar na caneta E explica-lhe como se faz. Ele faz uma careta E diz que não é capaz! Era malandro o rapaz Isso está bom de ver Dizia não ser capaz Para ser ela a escrever! …
E nos intervalos da escrita Lá iam esmaltando Recortando Carimbando E embalando Tudo o que a Celeste Maria Lhe ensinou de fotografia! Era uma vida regalada Todo o dia com a namorada. Às 9 horas, quando a porta da loja abria Já Celeste Maria sabia Que Fernando à sua espera lá estaria! Com o namoro de Celeste e Fernando, Assim os dias vão passando! Mas o pior estava para vir Coisa a que ele não podia fugir.
É chamado para a tropa. Andou a saltar de quartel em quartel De Cabo Miliciano a Furriel Do RAL2 a Santa Margarida, Mas aquilo não era vida, Não era aquilo que ele queria Só desejava a casa regressar Para ver a Celeste Maria E poder passar o dia Com ela a namorar! Mas no meio do azar Teve muita sorte com certeza Por um ano que não foi parar À Índia que era ainda portuguesa! Celeste Maria anda triste Uma tristeza que não merece O seu amor não lhe assiste Mas ela não o esquece! E antes de ele regressar Da imposta vida militar Mata-se então a estudar. E como se fosse seu calvário
Sem nenhuma reprovação Completa com distinção O curso do Magistério Primário. Fernando, acabado o serviço militar Regressa então a casa mas já não vai estudar, Desiste da boa vida e decide ir trabalhar.
Mas ele anda muito calado
Nunca ninguém o viu tão acabrunhado
Não presta atenção a nada
Só pensa na sua amada.
Corria o ano de 1961
E no dia 19 de Março
Pensou: Já sei o que faço!
Decide que será nesse dia
Que irá pedir a mão de Celeste Maria.
Para ficar com um ar mais elegante
Veste o seu traje de estudante
E assim vestido à maneira
Segue para a casa do Sr. Ferreira.
É o próprio que lhe abre a porta
Ficando a olhar para aquele janota.
Fernando, diante de tão imponente figura
Diz com voz segura:
Venho pedir a mão de sua filha!
Sr. Ferreira naquele momento
Nem acreditava no descaramento
Do rapaz que à sua frente
Lhe pedia a filha como nubente.
Mas com a educação que o caracterizava
Diz-lhe: Eu já desconfiava,
Para vires assim pimpão
E todo vestido à maneira
Não queres que te dê só a mão,
Tu queres é a filha inteira!
Realmente Sr. Ferreira
Logo vi que já sabia
Mas levar a filha inteira
Era mesmo o que eu queria.
Decidir sozinho Sr. Ferreira não quer.
Por isso resolve chamar a mulher:
Ó Rosa, anda cá se faz favor
Está aqui o rapaz do tambor
Que me diz com muita firmeza
Querer levar a nossa princesa.
D. Rosa, que tinha chegado da novena Ouviu tudo com calma serena.
E com toda a sabedoria do mundo
Resolve o problema de fundo:
Ó homem, se disso não podemos fugir
É melhor que seja ela a decidir.
Celeste Maria, anda cá
Tu gostas deste estudante?
Gosto sim, meu pai,
Um amor flamejante!
Então que hei-de eu fazer
Eu vos dou a minha bênção,
Sigam o vosso caminho
Trata-a com muito carinho
Com amor e muitos afectos
E não esqueceis que um dia
Eu quero ter a alegria
De ver os primeiros netos.
O Senhor pode ficar descansado
Eu amo-a tanto como por ela sou amado! Celeste é em Cantanhede colocada Aí, os meninos ela irá ensinar. Fernando segue-lhe a peugada E no ano seguinte decidem casar. Dos pais já tinham a bênção Mas ainda não podiam casar Sem a devida autorização Do Dr. Oliveira Salazar! Após autorização concedida De solteiros fazem a despedida E sem mais nada para impedir Ao altar vão subir!
Um casamento abençoado Numa festa sem igual Devidamente celebrado Pelo famoso Padre Aníbal.
Traçam juntos os seus destinos Em Coimbra ninguém os vê. Celeste a ensinar os meninos Fernando empregado nos CTT…
Ele agora anda calminho E pede a Celeste Maria Para lhe ensinar com carinho Como aperfeiçoar a caligrafia! Ela, agora com o curso do Magistério, Sente-se preparada, sem segredos nem mistério! E lá iam de vez em quando Sempre com grande paixão Com a caneta ensaiando Umas vezes no tinteiro Outras vezes na mão!...
Fernando já se sente preparado, Melhor do que ninguém, Por vezes fica muito admirado Como é que já escreve tão bem!... Então, na sua melhor escrita E com uma letra bem bonita Juntamente com a Celeste Escreve duas cartas de mestre. Foi uma cegonha que ali passou Que pegou nas cartas e as levou! Levou, mas regressou E como resultado dessa escrita De forma bem natural Ficam com a família mais bonita Adicionando um bonito casal. Considerando as devidas ressalvas A tudo se entrega com muito amor. Do famoso Clube Os Marialvas É convidado e aceita ser Director
Mas as saudades de Coimbra Começam também a pesar. E ao fim de 20 anos Resolvem então regressar. Mantêm as profissões Embora noutro lugar! Fernando por mérito e seus próprios meios Fica Chefe numa Estação dos Correios. Em Coimbra a trabalhar Fernando vai arranjar Uma outra grande paixão Que lhe dá muita satisfação: Sempre pronto para passeios Entra num Grupo dos Correios Para cantar, dançar e representar!
E é tal a sua paixão E tamanha a sua lata Que quando o filho lhe disse: Meu pai, eu vou casar! Nem penses, muda a data Que nesse dia eu tenho que actuar! Mas o homem não pára Precisava de um sedativo Ele é hiperactivo. E durante 6 anos sucessivos Com os cantares em acumulação No CNM faz parte da direcção. Com rasgo de imaginação Para os dançarinos amantes Organiza matinés dançantes Que são a delícia de velhadas E a oportunidade para as encalhadas.
Aproveitando as férias e a cantoria Agarra na Celeste Maria Resolve conhecer o mundo: Coimbra, Ceira Açores e Madeira. Para longe também investe: Chipre, França e Bucareste.
Nos países nórdicos também anda Vai da Noruega à Irlanda. Com animação sempre em alta Também foi a Gozo e à Ilha de Malta. Mas não julguem que foi fácil Viajar daquele jeito! É que aquele homem de peito feito Borra-se todo, é um cagão Quando anda de avião! Mas ainda não acabou A história deste, agora, avô! Não satisfeito com estas coisas todas Entra para a Tuna Meliches Que esteve para se chamar Tuna me… Mas o padre não deixou!... Aquilo é malta fixe Mas muito, muito brejeira Levam tudo para a brincadeira E ninguém lhes leva a mal Mesmo quando dizem comer As renas do Pai Natal…
Na Tuna, Fernando reaparece Com a paixão que jamais esquece: O seu querido e amado bombo Que carrega sempre ao ombro. As mulheres, dele não tiram os olhos Não do Fernando, mas do bombo de Lavacolhos! Aquilo é que é um bombo Feito de pele de carneiro e do lombo!... Mas Fernando Rafael um dia, Acabada a animação No meio daquela alegria Pousou o bombo no chão. Distraiu-se por um momento E sem nenhum consentimento Aproveita-se logo um sabujo Para lhe gamar o dito cujo! Ficou triste, desesperado Muitas lágrimas ele chorou! Andou por todo o lado Aos amigos perguntou Se alguém o tinha encontrado E se por acaso o guardou! Para esquecer suas penas A todos faz telefonemas Muitos e-mails e cartas escreveu Mas de nada lhe valeu, O bombo nunca mais apareceu! Finalmente acreditou Que alguém com ele se alambazou! De lágrimas nos olhos E cansado de esperar Acabou por ir comprar Um outro a Lavacolhos! Diz ele: Este agora está bem guardado A mim ninguém mo gama Vai comigo para todo o lado E até o levo p’rá a cama! Os dias lá vão passando Muito calmos para o gosto de Fernando E para resolver esse mal Tem uma ideia genial Invade a sua terra natal Tal como os nossos antepassados Conquistaram o mundo de caravela Fernando Rafael não manda recados E toma de assalto o Castelo de Penela! Ficou com o título merecido de Castelão E Celeste, a Castelã, título que leva por tabela! Dom Fernando de Oliveira Rafael Um eterno sonhador, um marido fiel Um Homem de bem Amigo do seu amigo E com a certeza vos digo Não odeia nem é odiado por ninguém. Persistente, desistir jamais! Luta sempre pelos seus ideais. Se não o fizesse nunca seria ninguém. Com muita força de vontade E com a ajuda da sua cara-metade Consegue sem quaisquer loas Reunir em várias festas, mais de 300 pessoas. A elas chamou: Grandes Encontros de Gerações Onde há muita alegria e grandes emoções! Sempre conciliador Mesmo quando lhe roubam o tambor Como homem de bem Não culpa ninguém!
Epílogo
É este o Homem generoso e honrado Trabalhador, esforçado, Honesto e brincalhão Marido, pai, avô, de grande coração! Ama Coimbra e nasceu em Penela E esta minha homenagem singela, Que leio para toda a gente Escrita no melhor papel É fruto da minha amizade recente Com Fernando de Oliveira Rafael.
Estamos hoje aqui reunidos Festejando o seu aniversário. Já são 80 bem medidos Pouco falta para o Centenário E nessa altura aqui estaremos Para mais uma festa de arrombo E bem alto ouviremos Dom Fernando com o seu bombo!
Mas hoje peço a todos vós Que unamos a nossa voz E nesta hora festiva Que se dê um forte viva A este nosso amigo fiel Dom Fernando de Oliveira Rafael.
Com um cordial abraço do Casal Amigo, Alfredo e Daisy
Esta obra não se encontra à venda nas livrarias.
Poderá ser adquirida em reuniões da Tupperware
pela módica quantia de 300 €.
Documento disponível para descarregar aqui (formato pdf)
O Alfredo Moreirinhas leu este poema na festa surpresa feita ao Dom Rafael na Quinta das Muralhas (Pampilhosa do Botão), no dia 28 de Maio de 2016, pelo seu 80º aniversário (falta apenas a parte final):
Em 28 de Maio de 2023, o Alfredo Moreirinhas descreveu o que se passou naqueles dias 26 e 28 de Maio de há 87 anos, tão bem como se estivesse lá estado:
CONVERSA de um casal, no dia 26 de Maio de 1936, na Vila de Penela:
- Isaura, tenho que sair para ir registar o menino.
- Ó Manel, não vás já, nós ainda nem sabemos que nome lhe vamos dar!
- Se não for hoje vamos pagar uma multa.
- Bem sei, mas primeiro vamos pensar no nome.
Nesse momento batem à porta. É a vizinha, a Dona Maria:
- Ó Sr. Manuel, está tudo bem? Dona Isaura está bem? Pareceu-me que a ouvi gritar!... - Está tudo bem, era eu que tinha o rádio mais alto!...
Só a Dona Amélia, que era sempre chamada para fazer os partos em Penela e arredores é que sabia do nascimento, mas como ninguém a viu entrar lá em casa prometeu não dizer nada enquanto o menino não fosse registado. O Sr. Manuel, generosamente, ofereceu-lhe, além do que era devido, mais dois queijos do Rabaçal e uma garrafa de vinho generoso.
Dois dias passaram e Manuel voltou à carga:
- Mulher, já te decidiste no nome que vamos dar ao menino?
- Já. Como é tão formoso quero chamar-lhe Apolíneo!
- Ó Isaura, esse nome não deve estar na lista e sabes que o Salazar não deixa pôr nomes que não estejam na lista!
- Mas tão lindo, tão formoso, como lhe havemos de chamar?
- Sendo assim, vamos-lhe chamar como o Rei formoso. Será Fernando. Poderá nunca ser rei, mas um dia há-de ser Castelão, o Senhor do Castelo de Penela.
Agora vou-me embora registar o fedelho.