domingo, 31 de janeiro de 2021

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

ERA UMA VEZ UM COLÉGIO TEXTO DE KITO PEREIRA

 

ERA UMA VEZ UM COLÉGIO

Era uma vez um colégio. Um colégio na bela Coimbra. Ali, passando os Arcos do Jardim, subíamos a Rua de Tomar e, do lado esquerdo daquela artéria, entrava-se por um portão largo para uma casa de traça escorreita e de dois andares. Outrora casa de habitação, o edifício tinha subido de estatuto e era agora forrado de um nome aristocrático – Dom João de Castro. O Colégio era composto por professores e alunos. Os professores – alguns – refugiados de perseguição política e do doutor Salazar, que lhes não permitia lecionar no ensino público. E era num colégio particular que os docentes angariavam a sua subsistência. Entre eles, Teles Grilo e Fernando Queiroz.

Dos alunos, era mais difícil falar. Nunca um aluno aplicado, dedicado às matérias e civilizado, foi objeto de notícia. E desses, o Dom João de Castro tinha um leque razoável deles. E também havia os outros. Faltosos, cábulas, incultos, irritantes e truculentos. E começar a pensar neles é como quem está a desfiar as Contas de um Rosário. Um tal Queiroz, que dava ares de intelectual e que trazia numa pasta misturado com compêndios maltratados, revistas de mulheres nuas de duvidoso gosto.   O Lourenço, que tinha uma vaga ideia que a Revolução Francesa tinha sido uma guerra muito sangrenta. O Toni, que era especialista em arraiais de pancadaria nas noites de Coimbra. E um tal Cunha, protagonista de uma rocambolesca cena na pequena esquadra de polícia que havia ao cimo da Rua Alexandre Herculano, junto ao colégio das raparigas e com o mesmo nome. Um piropo infeliz a uma jovem donzela pelo tal Cunha, e da queixa que a aluna logo fez ao sentinela da esquadra, valeu que viesse um piquete de guardas junto à Associação Cristã da Mocidade uns metros abaixo e que um grupo de nós – incluindo eu – fossemos todos a gancho para a esquadra.

Alguém foi a correr dizer ao Dr. Teles Grilo que um grupo de alunos estavam detidos na Esquadra da Alexandre Herculano. E ele, que apesar do seu feitio meio conflituoso era um bom homem, lá foi com a sua gabardina até aos pés e a mortalha do cigarro pendurada ao canto dos lábios, tentar resolver o problema. Entrou de supetão na esquadra, deu de caras comigo e de dedo à frente do meu nariz acusou – me:

- Óh miúdo andas sempre metido nestas confusões !!!

Eu, que nunca tinha brigado com ninguém ou desconsiderado quem quer que fosse.

Com falinhas mansas, o Grilo tentava convencer o Chefe da esquadra:

- Sabe Senhor Chefe … isto é gente nova … é preciso termos alguma condescendência … eu quando chegar ao colégio chamo – os à pedra …

Por essa altura, o Cunha que tinha sido o responsável pelo incidente e era conflituoso que baste, fungava pelo nariz parecia um touro enraivecido. O que é certo que o Dr. Grilo conseguiu os seus intentos. Tivemos ordem de despejo. Saiamos em rebanho e o truculento Cunha que liderava a manada, saiu primeiro e foi barrado à saída pela sentinela que não sabia da súbita decisão do Chefe da esquadra. E perguntou de maus modos:

- Onde é que o Senhor pensa que vai?

E o Cunha não está com meias medidas – dá um estalo no polícia …

Assim como saímos, voltámos a entrar na esquadra. Mais que uma cena da vida real, aquilo parecia um filme de desenhos animados. Mais negociações, o Dr. Teles Grilo agastado a desfazer-se em mil desculpas até que o chefe da esquadra ditou a douta sentença:

- Podem ir embora mas ( e apontou para o Cunha) … aquele senhor fica cá.

E ficou. Detido, se calhar metido num calabouço e, num pequeno exercício de imaginação, estou a vê-lo a comer ao almoço e de colher na mão, feijão carrapato numa marmita de lata para lhe arrefecer os ânimos ...

Kito Pereira       

  

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

NOTICIAS TRISTE

FALECEU


CARLOS ALBERTO SABINO DE CARVALHO

Falecimento ontem, dia 25, tendo sido cremado no Complexo

Funerário de Taveiro

Devido ao confinamento só agora soubemos desta triste notícia.

Estava já internado com COVID há dias no Hospital.

Encontro de Gerações envia a toda a familia sentidos pêsames.
 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

sábado, 23 de janeiro de 2021

EM BUSCA DO QUE FALTA - TEXTO DO PROF ANTONINO SILVA

 Em busca do que falta


Por mor da segurança e medo daquilo que não dominamos e desconhecemos, estamos capazes de abdicar de uma boa dose da nossa liberdade. Muitos acederam à liberdade como um direito adquirido pelo qual não houve mister de lutar. Faz parte do nosso entendimento que aquilo que não nos custou a ganhar também não custa tanto a perder e é por isso que aceitamos um certo compromisso entre o sermos livres e o estarmos seguros.

Olhando para trás, revejo outras formas de liberdade das quais abdiquei por causa de recompensas imediatas de bem-estar. Éramos ganapos que saíamos em bando para a Quinta da Livração, para o Sr. do Calvário ou para o Monte a guardar as ovelhas que, em rebanho, se iam juntando nos locais de pasto e por aí passariam o dia, fizesse frio ou calor, estivesse sol ou chuva.

Enquanto as ovelhas pastavam e pensativas ruminavam, o que haveríamos nós de fazer? Havia que jogar à bola – um dos filhos do Dominguinhos tinha uma bola de catchu, roçada e quase com o pipo à mostra, que fazia as fantasias da cachopada – rolar pneus ou, ainda, enrolar alguma barba de milho, com a qual fazíamos ares impantes de manganões, com cigarros na beira da boca. Às vezes aprimorávamos os artifícios do fumo e fazíamos cachimbos de cana e canudos de esferográficas, que em tudo se pareciam ao cachimbo do Pai Tomás.

As mães não gostavam muito dos jogos de bola ou de corridas de pneus nas leiras, porque cada um de nós só tinha umas botas ou uns sapatos a cote e se fossem esbeiçados ou se as solas saltassem havia que os mandar para o sapateiro – quando havia dinheiro – ou dar uns pontos com arames, o que era o mais frequente. Por outro lado, neste segundo caso, a nossa tristeza era maior, porque, com pontos de arame nos sapatos, éramos proibidos de jogar, para não furarmos a bola na primeira trivela que disparássemos. A opção era jogarmos descalços, mas os danos nos dedos grandes eram consideráveis.

Longe de casa, tínhamos momentos altos no momento da merenda – nome pomposo que dávamos ao que seria o almoço. Era mais eficaz dar-lhe o nome de merenda, porque esta é sempre possível de partilhar, enquanto que o almoço é uma refeição mais egoísta, que cada um costuma comer do seu prato. Por isso mesmo, tudo o que se comia fora de casa era ‘a merenda’ – como que por antonomásia – e com esse nome sabia muito melhor. Merendar era muito mais divertido e livre do que almoçar, pois todos comiam de tudo e do que todos levavam. Provavam-se coisas que em casa não havia e amiúde se trocavam sardinhas por sandes de geleia e sandes de carne gorda por pão com marmelada. Ninguém perdia e todos ganhavam.

Mas o ponto alto dos dias de fim de verão era a caça dos cachaporros. Não me perguntem qual será o nome verdadeiro, mas posso atestar-vos, depois de aturada investigação, que são uma espécie de tubérculos com o formato das trufas brancas que nascem nas raízes de uma planta da família das apiáceas (aipo, salsa, cenoura, cherovia, umbelífera ou cicuta, por exemplo). O nome poderá ter a ver com o feminino cachaporra, um porrete ou cacete para bater. Contudo, esta incerteza quanto à existência ou não do termo, não tira nada à felicidade de, após escavarmos cerca de um palmo, encontrarmos o tal cachaporro de tamanho variável. Alguns eram do tamanho de uma avelã, mas havia outros maiores do que uma batata da semente, quase do tamanho de um nabo. O sabor era agridoce e só se comia depois de rasparmos a casca com uma pedra ou um canivete. Tinham um aspeto barroco e irregular e comíamo-los crus.

Em casa, as mães avisavam para termos muito cuidado e não comermos demasiados, pois podiam fazer mal. Aliás, lembro-me de a minha mãe lhes chamar “comida de sapos”, não sei porquê. A sabedoria que se herdava deveria saber que, muito provavelmente, sendo uma planta da mesma família que a cicuta, haveria por ali alguma toxina de que não conviria abusar. Desconheço a razão, tal como desconhecia na altura. Essa ignorância feliz dava-lhe todo o sabor.

Podia agora alargar a lista dos marcadores de felicidade e tamanha liberdade. Poderia falar da ida às sanchas, da apanha do rosmaninho, dos primeiros revólveres com fulminantes e dos arcos de flechas feitos com vergas de castanho e canas de foguetes. Podia, mas não o farei, pois cada um deles é uma marca indelével de tamanha liberdade que nunca precisou, na altura, de ser trocada pela segurança. Não nos sentíamos inseguros, por isso a felicidade media-se na liberdade que tínhamos. E como éramos livres!

O tempo passou e cada um de nós pediu ao tempo segurança. Segurança nos estudos, nas relações, na profissão e na família. Por cada bocadinho de segurança que o tempo nos deu, levou-nos outro tanto de liberdade e não vale a pena pedir ao tempo que no-la devolva, porque ele já lá vai e não olha para trás.

Texto do Professor Antonino Silva


quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

A MÁQUINA - In Memórias & Inspirações

 A Máquina

Chamávamos-lhe apenas a máquina. - Liga a máquina. - Acende a máquina. - Apaga a máquina... funcionava a petróleo, e era peça fundamental em qualquer casa de família, com parcos recursos para comprar fogões. A bimbi de antigamente. A que tínhamos em casa, brilhava resplandecentemente depois de areada com palha d'aço .... Havia na altura uma versão mais prá frentex com cabeça xpto, mas a nossa era básica. Quando lhe dava na telha de não "pegar", era o cabo dos trabalhos.... Tínhamos de desentupir uma espécie de gicleur central com um utensílio, que consistia num arame finíssimo de aço, preso a uma pega de alumínio...creio que lhe chamávamos espevitador...colocava-se petróleo no depósito de cobre, e álcool (ou aucare, como dizia a minha avó) no pratinho por baixo do queimador. Depois lançava-se o fogo ao álcool e bombeava-se insistentemente o petróleo que, sobre pressão, era injectado e produzia a chama amarelada com nuances de azul. Existia ainda um botão que servia para diminuir ou aumentar a chama, ou apagar a máquina.... À nossa, perdemos-lhe há muito o rasto…." - In Memórias & Inspirações

José Passeiro


COIMBRA DE OUTROS TEMPOS Vídeo

terça-feira, 19 de janeiro de 2021

UM TEXTO MUITO DEVOTO … Por KITO PEREIRA

 


UM TEXTO MUITO DEVOTO …

 

Eu pecador me confesso. Sou um devoto do leitão. Do leitão da Bairrada, entenda-se. A culpa foi do meu amigo Rainho, que cedo me meteu nas lides porcinas. Lá, na catedral da Bairrada, encontrei o meu porto de abrigo. É no “Típico” da Dona Etelvina que vou rezar. Vou em compungido recolhimento, benzendo-me já arrependido do meu pecado da gula. As funcionárias da casa que ali trabalham, já me conhecem de ginjeira. Com um sorriso sarcástico, perguntam-me se quero comer pescada cozida. E eu, no meu estatuto de cliente ofendido, lá lhes vou dizendo que pode ser a deslavada pescada e para beber que me sirvam um pacote de leite “Gresso”, de penitência. Modéstia à parte, eu acho que merecia uma estátua na Mealhada. Não uma estátua equestre, mas montado em cima de um porco, com uma faca e um grafo em cada mão e um guardanapo ao pescoço, por causa das nódoas da gula. Um dia subornei o meu filho Gonçalo para as lides e fiz mal. Também amante do garfo e da faca, cedo ficou mais devoto que eu. Não foram precisas muitas lições de catequese para ficar beato. Tão beato que uma noite em que a Académica jogava em Aveiro num jogo que não podia perder – a sina do costume – lá fomos em romagem com mais um batalhão de aficionados do pontapé na bola. Então aconteceu uma coisa rara – marcámos um golo . Um tal Gyano, que andava em Coimbra a tirar o curso da universidade da vida, deu uma cabeçada na bola que só parou no fundo da baliza dos de lá e ganhámos o jogo. No regresso e com a alegria, fomos os dois a correr para a Mealhada já noite adentro, com os ponteiros de relógio a bater a meia-noite. Lá chegados, o entusiasmo esmoreceu. Tudo fechado e até nos apeteceu chorar. Andámos a bater de porta em porta, até que encontrámos um restaurante que nos recebeu e, sozinhos na sala espaçosa, demos azo aos nossos apetites porcinos. Pelo exposto, admito que os leitores estejam inclinados de que eu mereço mesmo uma estátua na Mealhada. Já agora, exijo também uma rua com o nome do meu filho, que eu cá nestas coisas de religião sou um pai muito atento e extremoso …

Kito Pereira           

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

ANIVERSÁRIO GUILHERMINA LEÃO

GUILHERMINA LEÃO

            GMINA

18-01-1952

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!


 

ANIVERSÁRIO - ROMICAS

MARIA AMÉLIA MARTINS

               ROMICAS

18-01-1959

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

COIMBRA DE OUTROS TEMPOS "AMOLA TESOURAS"......

..."Sinal de chuva" como antigamente se dizia

                 Maria Lurdes Seabra

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

ENCONTRO COM A ARTE - PROSA - Covid

 A avó já pouca ajuda dava em casa. Baralhava-se muito quando o reboliço da manhã começava.

_ Avozinha, hoje quero torradas com leite frio!

_ Avozinha, eu queria cereais no leitinho morno.

_ Mãezinha, podes pôr a água a aquecer para o nosso chá?

_ Oh! sogrinha, estou atrasado, não me tira um café, por favor!...

Era uma confusão, ora saíam os cereais com leite frio, ora ligava a chaleira sem água e a torradeira sem pão, esquecia-se de pôr o pó para fazer o café ...

Quando todos abalavam ela deixava cair algumas lágrimas lamentando já estar a atrapalhar em vez de ajudar.

O Covid veio a acelerar a sua angústia. E se os seus meninos adoeciam por causa dela?!!!! 

Com a desculpa de serem muitos lá em casa, seria melhor ela ir para um lar.

"Nem pensar", disse logo o genro!

 " Mãezinha, foste sempre o nosso amparo e agora queres que te deixemos abalar?!, é que nem penses!

Os netos abraçaram-na com toda a ternura e suplicaram-lhe que ficasse. Se fosse preciso eles não tiravam a máscara nem que fosse preciso dormir com ela posta.

Chorosa,  então contrapôs: seria ela que iria usar máscara sempre que eles estivessem por perto.  Preferia morrer a ver adoecer os seus amores. 

Mas o malvado Covid também chegou lá a casa. Foi ela a sentir os primeiros sintomas. Lutou contra a morte, semanas atrás de semanas. A maior angústia foi a ausência dos que mais amava. 

Quando lhe disseram que podia voltar a casa, apenas perguntou se poderia contaminar alguém. Preferia morrer a contagiar qualquer pessoa que fosse....

Georgina Ferro


terça-feira, 12 de janeiro de 2021

ENCONTRO COM A ARTE - PINTURA- AGUARELA - COIMBRA

 A minha primeira pintura de 2021...

Titulo: «Coimbra2021 #1»

Técnica: Aguarela

Tamanho: 50x50 cm

Ano: 2021

Autor: Victor Costa



segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

NOTÍCIA TRISTE

FALECEU

RAÚL FERNANDO TENÓRIO PINTO

O corpo estará hoje 2ª Feira em câmara ardente

na Igreja de São José- TORRE, pelas 17 horas

Funeral terça feira, dia 12, pelas 10h15,

para o complexo funerário de Taveiro

"Encontro de Gerações" apresenta a toda a Familia

Sentidas condolências
 

ENCOCOM A ARTE - FOTOGRAFIA

 Quando a lua encontra a torre da Universidade de Coimbra


   ZÉ SPEED

domingo, 10 de janeiro de 2021

ANIVERSÁRIO BRANCA SARMENTO

                                                                              

BRANCA SARMENTO

10-01-1947

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

O GALINHEIRO...

 

O GALINHEIRO …



Anda por aí um vírus ditador que me tolhe a liberdade. Farto de notícias e da dança e contra - dança de informações, a mente foge-me para o passado. Começo a navegar nas margens da minha sanidade mental e hoje lembrei-me de um galinheiro. Um galinheiro é uma prisão onde vivem as galinhas menos afortunadas. Porque as outras, as do campo, têm o sabor da liberdade, a depenicarem nas couves do vizinho sem ter que comer daquela ração de rápido crescimento. Pois, realmente a conversa está estranha e só continua a ler quem quiser. Mas, de facto, há dias lembrei - me de um galinheiro em África na minha Base militar – Canjadude. Se era um galinheiro especial ?. Era. Mas eu conto:

- O Azevedo era cabo com a especialidade de enfermeiro. Com a boina às três pancadas na cabeça e os calções da farda a descaírem-lhe no traseiro, não era propriamente um exemplo de aprumo militar. E tinha a felicidade infeliz de gostar de vinho. Infeliz porque teve alguns dissabores. Um enfermeiro embriagado é algo de nada aconselhável para um paciente. Muito menos em teatro de guerra. Mas aquele ermo de mundo e de solidão convidava à bebida. E ele emborcava daquele vinho que mais parecia uma purga, fazia um esgar e lamentava-se:

- Só na minha terra é que bebo do bom …

Mas bebia. Bebia por vezes mais do que a conta, até que o comandante da Companhia se irritou e um dia, agastado com os vapores alcoólicos do Azevedo, meteu o dedo indicador à frente do nariz do enfermeiro e rezou-lhe assim :

- Se  voltas a beber vinho meto-te no galinheiro …

Realmente não disse prisão. Porque presos estávamos nós. Mas ninguém levou aquilo a sério. Porém, não foi preciso esperar muito tempo para ver o Azevedo de novo a torcer a voz. Então, deu-se o impensável. O Barros,  furioso, pegou no enfermeiro por um braço e com ele aos zigue – zagues e aos tropeções, meteu - o no galinheiro juntamente com as galinhas e galos de crista soberba. E nós, graduados, lá fomos pressionar o capitão como os jogadores de bola que rodeiam o árbitro a contestar um penalty. Queríamos o Azevedo fora do galinheiro, enquanto o enfermeiro de nariz vermelho como um pimentão berrava agarrado à rede da cerca:

- Tirem – me daqui ou acham que tenho cara de frango ?

Tirámos. Mas durante cerca de duas horas conviveu com a população residente, de onde sobressaía um vistoso peru. Então, ofendido com o comandante da companhia por achar que ele punha em causa a sua competência nas lides da enfermagem, dizia no refeitório dos soldados e fora de si:

- Quando eu voltar para o Porto, ele vai ver se eu não tiro logo um curso de Medicina

Kito Pereira   

     

 

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

ANIVERSÁRIO LENA MORGADO

MARIA HELENA SANTOS BASTOS MORGADO

                  LENA MORGADO

06-01-1950

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domingo, 3 de janeiro de 2021

A MIMOSA- TEXTO DE GEORGINA FERRO

 Naquele dia, acordei quando a Mimosa mugiu de dor na loja, por baixo do soalho. Achei estranho a tia já ter descido e as panelas grandes de ferro já fumegarem tanto ao lume esbraseado, se nem ainda era lusco-fusco!

Voltei ao quarto, enfiei o vestido de lã à pressa e nem reparei se estava das avessas ou não. Só reparei nisso, quando a tia me olhou naquele grande sorriso, que eu, de imediato, nem percebi bem se era de troça ou de alegria. Mas olhei a Mimosa e pareceu-me que também ela estava a rir. Foi então que a luz do candeeiro me fez olhar o vitelinho meio desequilibrado nas perninhas frágeis e trémulas. Corri a  abraçar o pescoço daquela mãe tão ufana que não parava de lamber a cria e nem ligava ao feno doirado da manjedoura!... Em troca do meu abraço ela deu-me uma lambedela, como se quisesse dizer-me que também gostava de mim.

Entretanto, a tia e o tio tiraram algumas forquilhas de estrume e colocaram novos "fieitos" e rama de giesta  a fazer a cama. Depois, desataram o nagalho a um feixe de palha de centeio e espalharam-na tão bem como se fosse uma colcha ou um lençol ! 

Minha tia olhava o vitelinho com tanto amor como se fosse uma criança humana e explicava-me: " Sabes filha, os animais sentem como as pessoas, só que nós não compreendemos o que eles nos dizem, às vezes só com o olhar! Mas eles já conhecem muitas das coisas que nós lhes dizemos! Percebem as ordens que lhes damos e obedecem-nos! Mas também percebem quando nós gostamos deles, como quando lhe foste dar aquele teu abracinho!"

     Eu aprendi e sorri!... Ainda hoje sei bem aquela lição.

Georgina Ferro


sábado, 2 de janeiro de 2021

ANIVERSÁRIO SÃO VAZ PEREIRA

MARIA DA CONCEIÇÃO DIAS VAZ PEREIRA

              SÃO VAZ PEREIRA

02-01-1951

Nesta data especial...

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MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

 

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021