terça-feira, 28 de março de 2023

PEDRA DE TOQUE - TEXTO DE RUI FELÍCIO

PEDRA DE TOQUE


De onde em onde, educado mas pouco falador, de bigode de pontas retorcidas, chapéu de aba larga e fato cinzento, o Sr. Almiro aparecia montando na sua bicicleta preta.

 Por cima da roda traseira, atada ao selim com uma forte tira de cabedal, transportava uma caixa de  chapa verde com duas grossas fechaduras de ferro, onde se  escondia uma grande quantidade de peças de ouro, que os olhares dos homens e das mulheres do bairro trespassavam, sonhando com a riqueza ali fechada a sete chaves.

Era um ourives ambulante que, ciclicamente, visitava as casas do bairro para tentar vender as peças que trazia consigo ou para comprar aquelas que, com vergonha e tristeza, longe das vistas da vizinhança, alguns lhe vinham oferecer, a troco do dinheiro que lhes fazia falta para fazerem face à dureza da vida.

Ainda jovem, numa dessas vezes, observei, curioso, a forma como o Sr. Almiro, antes de estabelecer o preço, testava a natureza e a autenticidade do ouro dos fios, das pulseiras, dos anéis, dos brincos, dos colares, que uma vizinha se propunha vender-lhe.

Trazia consigo uma pedra negra e, concentrado, nela fazia um risco com cada peça de ouro. Olhava-o, mirava-o, soprava-lhe e depois pesava a jóia numa pequena balança incrustada na caixa de chapa metálica.

Só muitos anos mais tarde vim a saber que o método de avaliação, de grande simplicidade e eficácia, velho de séculos, consistia em comparar o risco feito naquela pedra pela peça de ouro a comprar, com outro sulco que já lá estava, vincado anteriormente por um pedaço de ouro verdadeiro já devidamente testado.

O seu olhar experiente, determinava, assim, pela comparação da similitude ou da diferença dos dois sulcos, a autenticidade ou não do metal da jóia que se aprestava para comprar.

O sopro destinava-se a verificar se do risco que fizera, saiam algumas poeiras, sinal de que a liga metálica, nesse caso, não era pura, que continha mistura de outros minerais menos nobres e que tinham ficado depositadas no vinco.

Soube, anos depois, que essa pedra negra, que pode ser um pedaço de basalto, de jaspe ou mesmo de ardósia, se chama “pedra de toque”.

Passados tantos anos, imagino que seria bom sujeitar os nossos governantes à pedra de toque. Porque se assim fosse, muito poucos escapariam ao lugar que lhes compete: caixote do lixo...


Rui Felício


 

terça-feira, 21 de março de 2023

NOTÍCIA TRISTE

FALECEU ESTA MADRUGADA

CÂNDIDO FERREIRA

O velório será amanhã-quarta feira, das 17 às 20  horas, na

Igreja de POUSOS, Leiria

O Funeral será dali, às 14H30 de quinta feira para FEBRES


"Encontro de Gerações" envia a toda a Família

sentidas condolências


A triste Notícia foi dada pelo Bobyzé citando o Jornal ALTO ALENTEJO

https://jornalaltoalentejo.sapo.pt/terra-a-terra/pais/12504/faleceu-candido-ferreira/?fbclid=IwAR0bsuV-2CcantJrnvNi385TPLuXJ36Hx2Q3MvwZlzH53CxJe182ap0aEWM    Faleceu CANDIDO FERREIRA
 

ENCONTRO COM A ARTE-FOTOGRAFIA ÁRVORES BEM PASSARADAS QUE A DAISY FOTOGRAFOU EM COIMBRA



                   Fotos Daisy Moreirinhas
 

segunda-feira, 20 de março de 2023

domingo, 19 de março de 2023

ERA A ÚLTIMA LUA CHEIA.... CONTO DE Georgina FERRO

Era a última lua cheia antes de findar o Verão. Havia espigas de milho espalhadas pelas escaleiras abaixo, desde o cimo do balcão até ao último degrau. 

    Pela manhã, minha tia mandou-me a casa das suas parceiras a avisar que ia fazer a desfolhada naquele serão.   

     Meu primo Justino disse ao seu amigo Diamantino, às primas, filhas do tio Eduardo, que foram passando palavra. 

    Jantámos um bocadinho mais cedo e já tínhamos tudo a postos para dar início à desfolhada. 

    Meu tio trouxe um garrafão de vinho, umas fatias de presunto, de chouriço e de queijo, um pão de Navas Frias e colocou numa mesinha, onde já havia uns copitos de vidro... Voltou lá dentro e trouxe a viola.  Mal começou a dedilhar os primeiros sons, começaram a aparecer cabecitas a espreitar. Chegavam davam as boas noites e agachavam-se nos degraus disponíveis começando logo a descamisar as maçarocas das suas capas de folhelhos.  

     Apareceram logo, também, dois guardas. Só mais tarde soube que era proibido fazer ajuntamentos. Mas eles não arredaram pé nem afastaram ninguém. 

     Meu tio tinha a voz de tenor mais linda que eu conheci. E minha tia acompanhava-o com a sua voz fininha e melodiosa naquele lindo "Prateia a serra tudo prateia o luar branco da minha aldeia"... Depois, vinham as modinhas da terra que todos entoavam em coro! Só mais tarde começavam as desgarradas entre rapazes e raparigas. 

     E o milho ia ficando todo despido no corpinho doirado, enchendo cestas e canastras. Era no meio de grande algazarra que aparecia um milho rei. E então era o beijinho que fazia ruborizar o rosto das raparigas e abrir grandes sorrisos nos rapazes.Iam escaleiras acima, escaleira abaixo, dar o beijo obrigatório a todos quantos estavam, até mesmo aos dois guardas de plantão, que a essa hora já saboreavam um petisquinho e se haviam integrado nesse agradável serão. Nós, a canalhita, tínhamos abandonado o trabalho para nos perdermos no jogo das escondidelas e do apanha. 

     Já a noite ia alta, quando a desfolhada terminou. Apanhou-se e ensacou-se todo o folhelho; acondicionou-se o milho; varreram-se os degraus... e os guardas despediram-se... Meu tio ofereceu a todos mais um copinho e uma ginginha. Minha tia trouxe as bicas doces e meu tio, quase em segredo, entoou a mais bela cantiga que eu já ouvira: "Mãe Preta", que mais tarde a nossa Amália recriou nos xales pretos.

Georgina Ferro


 

sábado, 18 de março de 2023

ENCONTRO COM A ARTE-PINTURA/AGUARELA COIMBRA

     Coimbra dos encantos" ensaio de Águarelas 300g, 13x18

José da Costa/ (Tó Seixas do meu Bairro Norton de Matos e vizinho)

 

sexta-feira, 17 de março de 2023

ANIVERSÁRIO - JOSÉ ALVIM


 JOSÉ ALVIM

17-03-1946

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS  FELICIDADES!

PARABÉNS!


quinta-feira, 16 de março de 2023

TRAGÉDIA EM COIMBRA 1938 POR RUI FELÍCI

TRAGÉDIA EM COIMBRA
Dia gelado de inverno. A água que escorria de patamar em patamar na velha fonte do Jardim da Sereia, tinha solidificado em pontiagudos fusos que lhe davam uma inusitada e fantasmagórica aparência.
Desde o Liceu D. João III, ao longo da mata do jardim, eu e mais uma dúzia de miúdos fomos recolhendo pequenos paus secos com a ideia de fazermos na Praça da República uma fogueira para nos aquecermos. E, principalmente, para nos divertirmos...
Chegados à Praça empilhámos os paus recolhidos e preparámo-nos para acender o monte de lenha.
Chegou-se ao pé de nós um homem de certa idade e aconselhou-nos a não o fazermos. Um de nós ainda lhe disse, com a esperteza saloia dos 15 anos de idade, que ele não era polícia para nos tentar proibir.
- Não é nada disso! – retorquiu o homem!
- Se me ouvirem, perceberão porque é que vos peço para não acenderem o lume!
............................
E contou-nos o que mais de vinte anos antes se tinha passado naquele mesmo local onde nos aprestávamos para fazer a fogueira:
O programa das Festas da Rainha Santa de 1938 integrava um simulacro de incêndio. Para o efeito foi construído no meio da Praça da República um “prédio” de 7 andares em madeira. Distribuídos pelos andares do “prédio”, colocaram 13 figurantes.
Pelas 21,30 horas do dia aprazado, a base do edifício foi regada abundantemente com gasolina, a que, acto continuo, alguém chegou o fogo. O “alarme” foi dado para que os bombeiros acorressem ao local e extinguissem o incêndio. Tal como previsto...
Sucedeu, porém, que as chamas irromperam com uma enorme velocidade e violência, mais do que os promotores do espectáculo tinham calculado.
O edifício foi devorado pelas chamas em poucos minutos. Quando os bombeiros chegaram já alguns dos figurantes tinham morrido carbonizados, enquanto outros se começaram a lançar, com o corpo em chamas, estatelando-se no chão da praça.
Os bombeiros ainda estenderam uma lona na tentativa de atenuarem a queda dos últimos que se atiraram, mas o dispositivo não era suficientemente forte e os corpos que nela embateram acabaram por sucumbir.
Dos 13 figurantes só houve um sobrevivente!
...........................
Um dos mortos era meu irmão – finalizou o homem...
Rui Felicio

 

quinta-feira, 9 de março de 2023

ENCONTRO COM A ARTE-PINTURA-AGUARELA- COIMBRA

                  Sargento Mor", ensaios aguarela 300gr, 18x12

                  José da Costa(Tó Seixas-artista do nosso Bairro, meu vizinho)

 

quarta-feira, 8 de março de 2023

ENCONTRO COM A ARTE- Fotografia COIMBRA

           Barca Serrana-Parque da Cidade
            Parque Verde-Zona Restauração
             Rio Mondego - Parque Verde
             

         3 Fotos de Henriqueta Garcia Bráz

terça-feira, 7 de março de 2023

ENCONTRO COM A ARTE-PINTURA- COIMBRA

The City, ensaios a aguarela 300gr, 14x18

Por José da Costa(Tó Seixas-Bairro Norton de Matos)
 

domingo, 5 de março de 2023

sábado, 4 de março de 2023

ANIVERSÁRIO-RUI BARREIROS

RUI BARREIROS

O4-03-1946

NESTA DATA ESPECIAL...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!


 

quarta-feira, 1 de março de 2023