sábado, 31 de março de 2012

Os tempos que correm

Como as mentalidades mudam.

Quando era pequenito as pessoas no bairro iam tendo umas galinhas e uns coelhos, que bem geito faziam nas refeições que as nossas Mães preparavam. Os ordenados não eram dos maiores, haviam pessoas com dois "ganchos" fora das horas normais de serviço para ajudar no mês e se em casa a cara metade cozinhasse umas criações caseiras, bem ajudavam.
Foi assim que com uma vizinha aprendi a matar uns coelhinhos antes de ela os cozinhar.
Só que os tempos foram mudando, as cidades foram-se alargando e as quintas que existiam nos arredores foram desaparecendo. As capoeiras e casotas de coelhos, proibidas nas cidades. Isto por todo o planeta.
Por este lado compra-se o coelho no supermercado com cabeça ou sem ela, à escolha do freguês. Escusado será dizer que só compramos com cabeça, não apareça esperteza de tareco.
Hoje uma criança se quer ver animais vivos de quinta numa cidade sem jardim zoológico, tem que aproveitar as diversas festas para num centro comercial ou noutro os ver em exposição.
É assim que o coelho aparece hoje em dia como intocável, pois é animal doméstico. Em muitos casos, substitui o cão ou o gato como animal de companhia.

Como estamos na semana da Páscoa, ao ver a foto de um coelho, comecei a ler o anúncio em baixo da SPCA, sociedade protectora dos animais, que saíu no jornal "The Suburban" de 28 de Março deste ano e me chamou a atenção pela sua descrição do maravilhoso "Meiguinho Samba", "animal caseiro da semana". Encontrado dentro de um saco de levar às costas no meio da rua, capadinho, ensinado, muito sociável que adora conhecer. Além disso, para o caso de apareceram vários interessados, têm lá mais de oitenta..


Depois de ler o anúncio a meia voz, virei-me para a minha filha dizendo-lhe que já tinhamos aonde ir apanhar uns coelhinhos para uns dias.

Óóh, pa-pááá!!!!!

Mentalidades...

ENCONTRO COM A ARTE! CONTOS DA DAISY

CONTOS
da
DAISY

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A NOITE

Rui, deixa a tua filha dormir sossegada, o sono que ela e os inocentes como ela são capazes de dormir. Deixa-a sonhar e vem comigo descobrir as maravilhas desta noite de luar, sem pensar no que a Lua significa, agora, para a Humanidade: não mais o ponto inatingível com que todos sonham, não mais a poesia de a oferecer como a coisa mais cara aos nossos corações.
        Anda, vem daí, calça os teus sapatos azuis, de pano, e vem comigo correr através destes lameiros, sentir a erva húmida da água que escorre pelos pequenos regos, bater no peito do pé e respingar pela perna acima.
        Deixa, deixa bem longe essa tristeza da perda de alguém, e vem comigo.
        A brisa que sopra parece querer levar, para longe de nós, todas as preocupações dos nossos espíritos. A água que começa a encharcar-nos os pés, vem refrescar-nos e compensar-nos do calor abrasador que sofremos esta tarde.
        Sinto a tua mão, frouxa, a segurar a minha. Dei que estás longe. Tão longe como aqueles pontos esbranquiçados que brilham, lá em cima, no céu escuro sem fim.
        Os grilos e as cigarras cantam alegremente. À nossa esquerda, o rio da Telhada passa num doce marulhar por entre os calhaus.
        Não ouves, Rui? Não sentes todos estes ruídos nocturnos impossíveis de entender quando o sol brilha? Ao sabor da brisa, os amieiros parecem cantar, em surdina. Das montanhas, lá ao fundo, vem um som grave e prolongado.
        Percebo que choras. A tua mão separa-se da minha. Não pares. Dá-me a mão. Corre comigo pela erva macia e deixa que o vento seque as tuas lágrimas. A brisa mansa transforma-se, a pouco e pouco, em vento forte que nos fustiga as faces. Corremos. Corremos… As tuas lágrimas secaram. A tua mão aperta fortemente a minha. Sinto os teus dedos de encontro aos meus, tão juntos que semelham formar um todo.
        Apetece-me gritar. Sei que queres gritar, meu amigo. Grita! Deixa que o ar da noite te penetre. Respira profundamente. Descontrai-te.
        Estou cansada. Estás cansado. Mas vejo-te os olhos a brilhar. Sinto, ainda, a tua mão forte a segurar a minha. Vamos para casa. Já       podes  dormir.
        - Nem imaginas o bem que me fizeste, minha amiga.
        Parece outro homem. É outro homem.
        Lá em cima, nas Almas, a mãe espera-nos.
         - Para onde foram? Senti-te sair…
        O seu olhar mira-nos a ambos. Ela percebe. Os outros não perceberão. Foi uma noite como não virá outra. Dentro de mim sinto este vazio de quem se deu todo e não tem mais para dar. Mas o meu esforço não foi em vão. A noite está no fim, vai-se. Hoje não dormirei. Amanhã também não. Não sei se deva dormir à noite. A noite não é para dormir!
2 de Julho de 1970



Desenho: Zé Penicheiro

SEPARADOR -UNIVERSIDADE DE COIMBRA - FACHADA NORTE - VISTA DA RUA DOS COUTINHOS

sexta-feira, 30 de março de 2012

MEMÓRIAS ...

A Arte Xávega ...
Deixei-me acorrentar pela saudade. Sentado no areal, olho os barcos de proa erguida, que repousam em cima de rolos de eucalipto. Lembro o Balseiro, com a sua avantajada barriga, a comandar as hostes dos guerreiros do mar. Os homens, de calças de flanela arregaçadas pelo joelho e os bois de olhar meigo e paciente, empurravam as embarcações, que rolavam em declive até ao oceano que as acariciava. Depois, os pescadores, todos em conjunto, saltavam para dentro do dorso amarelo da nau, enquanto um camarada de pulsos espessos, segurava em terra, a corda que não permitia ao barco rodopiar. De proa ao céu e os remos em mergulho rápido e ritmado, a luta era agora titânica. Eram três vagas de ondas. Três assaltos, até o barco deslizar num mar mais chão. Na praia, com a mão sobre os olhos, em jeito de pala por causa do sol luminoso, que avassalava os céus de Mira, as varinas, de avental e lenço negro na cabeça, observavam com ansiedade as manobras de partida. Sim, eram três duros assaltos, naquela luta com o mar. E ao terceiro lanço, daquela espécie de roleta da sorte e da vida, o mar entregava-se em brando marulhar. Os remos, qual batuta de maestro, executavam agora uma coreografia em compasso lento mas bem afinado, que impelia o barco para o largo, até a sua silhueta longínqua se esfumar por entre a bruma da maresia.
Era assim. Era sempre assim. Depois, o regresso. A correria dos bois pela praia. A gritaria dos veraneantes a fugir à frente dos animais, na ânsia de ver chegar as redes e o pescado. As bóias, de cor alaranjada, davam aos pescadores a noção exata de onde era a boca da rede e de quando era necessário puxar com mais vigor, para não perderem, de forma inglória, o esforço de tanta labuta. E ele, o peixe, lá vinha a saltar na rede, com o seu dorso cor – de - prata. Aqui e ali, os miúdos, de gatas, apanhavam este ou aquele exemplar, que escapava por entre o emalhado da rede e fugiam do vozeirão do Balseiro, que os perseguia de boné a derramar – se - lhe para os olhos.
Seguia-se o leilão da faina, após a divisão por quadrículas, marcadas na areia. O Balseiro, com a barriga a subir a descer conforme ia licitando os cabazes, era o rei daquela aguarela colorida, de fortes pinceladas de matiz popular. Os homens do mar, muitos deles, voltavam para as pequenas courelas, que cultivavam na ajuda ao magro pecúlio que tinham para sobreviver e preparando-se para novas batalhas com o mar - pão.
E eu aqui estou. Sentado no areal. À minha frente, o mar revolto. No horizonte, um céu escarlate, de fim – de - tarde. Ao meu lado, majestoso de simplicidade, um barco. Dentro do barco, os remos. Dentro de mim, a saudade.
E as memórias …
Quito Pereira

ANIVERSÁRIO - Alcides Garcia

ALCIDES GARCIA

30-03-1920 / 30-03-2012

92 ANOS
"Encontro de Gerações" deseja
FELIZ ANIVERSÁRIO
PARABÉNS!


quinta-feira, 29 de março de 2012

PETIÇÃO MUDANÇA DE HORA

Este ano ainda foi assim!



EM PORTUGAL
A mudança seguinte (ao horário de Inverno )  verificar-se-á:

   O dia 28 de Outubro de 2012

   Às 2:00 da manhã o relógio mudará às 1:00 da manhã
 

A mudança anterior (ao horário de Verão )  verificou-se:

   O dia 25 de Março de 2012

   Às 1:00 da manhã o relógio mudou 2:00 da manhã
MAS DE FUTURO PODE SER QUE NÃO SEJA…
A PETIÇÃO JÁ CHEGOU AO PARLAMENTO




Alea jacta est (“a Lia é mais que um avião: é um jacto”)!
 "jacta est"

Paulo Moura 

De: DAC Correio [mailto:DAC.Correio@ar.parlamento.pt]
Enviada: quarta-feira, 28 de Março de 2012 11:01
Para:
jpcpmoura@gmail.com
Cc: Comissão 6ª - CEOP XII
Assunto: "Não à mudança de hora"


Exmo. Senhor João Paulo Calheiros Proença de Moura,

Informamos que a Petição online enviada à Assembleia da República, foi distribuída para uma decisão sobre a sua admissibilidade à Comissão de Economia e Obras Públicas   (6.ª), tendo sido registada com o número 113/XII/1ª, pelo que, para qualquer esclarecimento adicional, deverá V. Exª contactar a referida Comissão através do (endereço eletrónico: Comissao.6A-CEOPXII@ar.parlamento.pt ).
Com os melhores cumprimentos
Divisão de Apoio às Comissões



quarta-feira, 28 de março de 2012

QUERIDO DIÁRIO...


Naqueles tempos de liceu, fazer um diário, foi moda a que grande parte dos adolescentes aderiu.
Não primavam pela imparcialidade nem pela objectividade. Eram mais um repositório anotado ao fim de cada dia, no recato do quarto, antes de dormir, que espelhava episódios vistos sob perspectivas próprias e individuais, raramente validadas inteiramente pelos factos.
Nele ficavam guardados sentimentos, desejos, sonhos, vontades próprias de jovens que tinham atingido a puberdade e começavam a descobrir a vida e as sensações próprias da idade.
Muitos desses episódios ocorriam no caminho que as alunas faziam desde o liceu feminino até ao bairro, no fim das aulas, acompanhadas em grupo pelos rapazes do liceu masculino, que desciam a ladeira do Cidral ou a dos Loios, em louca correria, a tempo de se integrarem no grupo das raparigas que, disfarçadamente, atrasavam a saída do liceu, para darem tempo a que eles aparecessem e as acompanhassem, num namoro virtual e platónico pleno de risinhos e de frases soltas que só os duplos sentidos permitiam desvendar.
Anos mais tarde, tive acesso aos diários da Rita e do Pedro:
Diário da Rita

Coimbra, 09 de Março de 1960
Estou muito feliz hoje! Amo o Pedro há muito tempo, sem que ele até agora tivesse demonstrado se também gostava de mim. Ele é muito tímido, talvez seja por isso.
Mas hoje fiquei com a certeza que ele também me ama. Ao atravessarmos a passagem de nível tropecei , cambaleei e caí para cima dele. O Pedro amparou-me, segurou-me nos braços, para eu não me estatelar na linha. Ficámos abraçados durante um bocado, olhámo-nos nos olhos, apaixonados.
Ele fez uma caricia na minha cara que me arrepiou toda e que ainda agora sinto.
Depois o resto da malta começou a gozar connosco a dizer que já eramos namorados. Corei, envergonhada, mas o Pedro foi um querido. Começou a correr atrás dos outros para me defender.
Foi o dia mais feliz da minha vida!

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Diário do Pedro

Coimbra, 09 de Março de 1960
Odiei este dia!
E agora a malta não se cala, na rua e no Café do Silva, sempre a chatearem-me dizendo que eu gosto da Rita. E que nós até já namoramos!
Deus me livre! Eu gosto é da Luisa, mas essa não me liga nenhuma.
Já reparei há muito tempo que a Rita gosta de mim. Tenho feito tudo para ela desistir. Mas hoje as coisas complicaram-se.
Estávamos todos a atravessar a linha do apeadeiro e ela tropeçou e caiu para cima de mim. Olhámos um para o outro durantes uns segundos mas eu desviei os olhos. Não me apetecia nada suportar o olhar arremelgado que ela me deitava.
Reparei que ela tinha colado na cara um resto da chiclete que estava a mascar antes de cair. Estendi a mão, tirei-o e deitei-o fora.
Ela deve estar a pensar que o que lhe fiz foi uma caricia, mas só foi por simples cortesia.
Como se não bastasse, a malta ria-se às gargalhadas e gritava que já havia mais um namoro no bairro. Corri atrás deles para dar um estalo no primeiro que conseguisse agarrar, para fazê-los parar com aquela cantilena que já me irritava.
Foi um dia horrível este. Talvez amanhã a Luisa me dê uma alegria.

Rui Felício

D. Aurélia

Também vem do Sol.
Está no Céu.
As temperaturas são mais amenas.
É o que temos.
Um Abraço.
Tonito.

NOTÍCIAS DE COLMAR

As 10  razões que nunca me levariam a candidatar-me ao cargo de Presidente  da República!
 
 
1- Nunca mais poderia andar sem gravata!



 2- Assim que estivesse a ouvir musica, seria logo chateado pelo protocolo! O ROCK seria banido!



3- Nunca mais poderia ir ao TI LENA comer um bom cabrito assado!


4- Nunca mais poderia ir a TENTUGAL comer umas queijadinhas e um queijo fresco!
5- Nunca mais poderia ir ao PEDRO DOS LEITÕES!
6- Nunca mais poderia tocar viola!

7- CAMPOS ELÍSIOS ? Só todos os anos a 14 de Julho!


8- Nunca mais poderia andar sozinho!
9- Teria direito a uns carros destes, já velhinhos e não a um DS3 SPORT!


 
10 - Sentir-me-ia preso, acorrentado (tal como agora o Bombo do Rafael)


Por todos estes motivos, prefiro ser quem sou!!
 
BOBBYZÉ

SEPARADOR "O EQUILIBRISTA"

UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Museu do Departamento de Física, o Equilibrista, sé. XVIII

terça-feira, 27 de março de 2012

Onde se conta de umas "velhas" contadas... ...e se fala de casas de comer que houve na alta e já não há

Onde se conta de umas "velhas" contadas...
...e se fala de casas de comer que houve na alta e já não há



Passemos umas gerações, situemo-nos do dealbar do século dezanove, princípios de vinte.
        Continuam a abundar as casas de comer da ALTA e nem a ditatorial ordem do odiado Reitor Bailio Alberto de Sousa Pinto, determinando aí pelos anos 70, que fechassem todas as casas de pasto e bebidas e demais botequins na VELHA ALTA ( para aquém do Arco de Almedina, entenda-se depois do toque da CABRA) acabou com elas ou as atirou a todas para a Baixa para onde umas se passaram e outras refloresceram então.
     No meio de muitas outras casas, pontificavam por esse tempo, na ALTA, dois bons restaurantes onde os estudantes mais abastados que não comiam nas Pensões particulares ou oficiais, ou não viviam em República, faziam as suas refeições comuns ou umas paródias.
 Uma era o Zé Guilherme….A outra era o CAÇADORES.
Neste comia, como hóspede habitual, o Célebre DR. QUIM MARTINS de seu nome completo Joaquim Martins Teixeira de Carvalho que se doutorara em Medicina e era assistente de Anatomia, mas que deixou  em nome em Coimbra fundamentalmente como crítico de arte, homem de letras e arqueólogo.
        Nunca regeu Cadeira, embora tenha defendido Tese – toda ela virada para a arte, mais do que para  a ciência médica. Vindo de Lamego, onde nascera, para Coimbra estudar, afeiçoou-se tanto a esta terra que cita o Dr. Rafael Calado nas memórias de um Estudante de Direito, dizia “Não há bocado pequenino daquele chão (Lamego) que eu não conheça, lenda da minha terra que eu não saiba e em que não creia…pois quando vi Coimbra senti que o rio me levava a saudade da terra em que nascera”.
Cá morreu, velho, mas de espírito jovem, conforme nos conta o mesmo “biógrafo” que com ele comeu alguns anos nesse Restaurante dos Caçadores, onde o Professor de Arte – Assistente de Anatomia, e a sua garrafinha de espumante da Bairrada, eram já como um ex-libris. Outros nomes grados da Academia e depois do País, comeram nesta casa, segundo o Dr. Calado, com saber de experiência feita, servia por 15$000  reis mensais (com vinho verde incluído), as seguintes refeições:
Almoço – três pratos: Peixe, guisado e o clássico bife com ovos e café com leite.
Jantar: - Sopa, uma entrada, um guisado e um assado com acompanhamento, fruta e um mau café.
        Razão tem o Dr. Octaviano de Sá para dizer na sua excelente – “Nos Domínios de Minerva” que “na Coimbra do meu tempo comia-se bem”
Uma história do Dr. Calado:
 -Estás doente! – Que tal foi a ceia?
- Não foi mazinha, não!
-Chegaste-lhe bem!?
- Comemos um cabrito inteiro, assado!
- E quantos eram vocês?
- Éramos dois…O cabrito e eu
………………………………………………………………
Com a entrada do século continuou a comer-se bem na cidade e assim é possível, sem sair da ALTA, indicar vários poisos onde se podia aboletar e matar a passageira fome, Aí vão:
O Jaquim dos Arcos; o Pancada; A Virgínia das Canjas(real ou fictícia); a Isabelinha do Escabeche; a Leitaria do Castelo; o Raúl( agora ao pé da Maternidade); Pensão Pópó; o Bolha baixa; O Zé do Liceu; o Roxo dos Bilhares; a Aninhas; o Café do Jaquim ( Monstro)-que depois foi para a Praça da República; Pensão do Padre Saúl; Tasca do Buraco; Tasca do Damião;Leitaria Coninbricense; Olho do Cu,etc.


A seguir : o Pirata e o Pica

QUEIMA DAS FITAS DE 2012 CARTAZ

ANIVERSÁRIO -Virgilio Carvalho

VIRGÍLIO NOGUEIRA DE CARVALHO


27-03-1916 / 27-03-2012
96 Anos!

"Encontro de Gerações" deseja
FELIZ ANIVERSÁRIO!

PARABÉNS!


segunda-feira, 26 de março de 2012

UM ESTRANHO NA CIDADE ...

Subi ao Chiado a abraçar Pessoa ...
Parti para Lisboa, ao encontro de Coimbra. No coração, levava uma capa. Uma capa negra e o doce trinado do murmurar do Mondego. Ali, no São Jorge, cinema destas e de outras eras, fomos chegando em sucessivas ondas de emoção. Já antes, lá para os lados da Gare do Oriente, tinha almoçado com o Rui Felício. Por muito tempo, ficámos na esplanada, olhando o rio e falando dum Bairro que é o nosso. E de Coimbra. Daquela cidade que é a nossa. Depois, a conversa tomou asas e até um texto sobre um comboio pachorrento a calcorrear a planície alentejana, deu para divagar sobre Vergílio Ferreira.
Daquela noite lisboeta, em que Coimbra foi rainha, é difícil explicar todo aquele caudal de virtuosismo e o talento de todos. A irreverência coimbrã à solta, num espetáculo que nada teve de formal. E se assim não fosse, então não seria Coimbra.
Por amabilidade da minha amiga Susana Redondo, sentei-me num lugar reservado. E foi dali que assisti, a momentos da mais apaixonante poesia. Também do ouvir o pranto das guitarras e violas e as magnificas vozes de alguns que foram transversais ao meu Tempo, caso de Luís Goes. Mas não poderei deixar de falar aqui do Grupo “Raízes de Coimbra” e de dois dos seus elementos: Rui Pato e Mário Rovira. Era o Bairro que estava ali. Emocionei-me e nem sequer tenho o pudor de o esconder. Outros choraram. Porque os homens também choram, envoltos numa capa negra de saudade.
Como chegámos, assim partimos. O Destino que, generoso, nos trouxera até li pela mão, encarregava-se agora de nos espalhar pelos braços dos pontos cardeais.
Na manhã seguinte, parti ao encontro de Lisboa. Subi ao Chiado, num abraço a Pessoa. Desci a Rua do Carmo, ao encontro do “Grandella”. Encostado à porta do mítico armazém, entretive-me a ver um palhaço a fazer com um canudo, bolas coloridas de sabão. E a menina de tenra idade, de vestido cor-de-rosa e laçarotes no cabelo, que batia as palmas de entusiasmo. Então, a enorme bola subia a rua até rebentar, para espanto da criança, num esgar de desilusão. E o palhaço, generoso, rapidamente fazia outra, não dando à menina tempo de chorar. Depois, parti. Calcorreei o Terreiro do Paço do nosso descontentamento. Passei pelo Arco da Rua Augusta e deambulei pelo empedrado da calçada. Uma bebida refrescante, sorvida em pequenos tragos, foi o mote para observar toda aquela avalancha de gente que passava, em destinos e vidas cruzadas. Vi o executivo, de semblante carregado e pasta na mão. Vi o par enamorado e olhar romântico, na primavera das suas vidas. Vi o cauteleiro, que tem a sobrevivência pendente das cautelas, que lhe escorregavam dos dedos em cascata. Vi o engraxador, curvado sobre o Destino. Vi um elétrico de turismo, com a cara de um asiático de boné colorido, em cada uma das janelas. Vi uma rapariga jovem, vestida a rigor de baile palaciano, a fazer de estátua. Por cada moeda a tilintar na lata, uma melodia harmoniosa que aparecia como por magia e um agradecimento numa vénia bem redonda e acentuada.
E vi um homem da Beira à beira do Tejo, de óculos escuros e cabelo grisalho, sentado à mesa da esplanada cosmopolita da Baixa Pombalina, longe das paisagens campesinas.
Reconheci-o. Era o meu heterónimo à procura de mim ...
Quito Pereira

domingo, 25 de março de 2012

REVISTA DE IMPRENSA DIÁRIO DE COIMBRA

MAIS UMA FINAL DE TAÇA DE PORTUGAL
SUB 21 EM RUGBY - JAMOR


........................................................................................
AAC E AAC/OAF
presença em FINAL DA TAÇA DE PORTUGAL -RUGBY SÉNIORES  -   perdida
                      presença em FINAL DE TAÇA DE PORTUGAL-BASQUETEBOL -  perdida

presença em FINAL DE TAÇA DE PORTUGAL RUGBY -SUB 21 - GANHA 

presença em FINAL DE TAÇA DE PORTUGAL - FUTEBOL
Será a 20 de Maio  JAMOR
AGRÁRIA DE COIMBRA
5ª  presença em FINAL DE TAÇA DE PORTUGAL 


EM RUGBY FEMININO XV  -- perdida


ANIVERSÁRIO

LISETE DIAS

"TI  LENA"

25-03-1960 / 25-03/2012

  "Encontro de Gerações"


UM FELIZ ANIVERSÁRIO!
PARABÉNS!



sábado, 24 de março de 2012

sexta-feira, 23 de março de 2012

COIMBRA ANTIGA

COIMBRA ANTIGA COM MAIS DE 200 FOTOS


Clicar no link abaixo
  http://picasaweb.google.pt/bcantante/CoimbraDeOutrosTempos/photo#s5196315736119531362


Enviado por Fernando Gaspar/Adriano Lima

A CAMINHO DO JAMOR - 2ª TERTÚLIA

BENTES
Faustino

Final de 1939-Salésias Académica 4 - Benfica3
 De pé: FAUSTINO -Abreu -Tibério - José Maria Antunes - Peseta - Octaviano - Portugal - Albano Paulo (treinador) - Cézar Machado e António Marques (massagista)
À frente: Manuel da Costa -  Alberto Gomes - Arnaldo Carneiro - Nini - e Pimenta
  Final da Taça de Portugal 1951-Jamor-Estádio Nacional
Académica 1- Benfica 5
De pé: António Pita (massagista) - Óscar Tellechea (treinador) -Capela -Branco - Melo - José Miguel - Torres - Eduardo Santos - Azeredo, Cosat Reis (dirigente) e Prates
À frente: Duarte - Gil - Macedo -Nana - BENTES e Pinho
 Dr. Azeredo
 A mesa que presidiu à TERTÚLIA: Filho do Prof. Bentes - Dr. Mário Torres -  Dr Reis Torgal 
Dr Azeredo - Eng Rui Duarte( filho do Coronel Faustino)
Aspecto da assistência

quinta-feira, 22 de março de 2012

cacimbado


A GUERRA E A FLOR ...

Manuel Bastos - A guerra em tons de poesia ...
Regressou a chuva. Uma dádiva dos céus, intensamente reclamada por quem vive da lavoura. Aqui, neste lugar, sinto-me confortável no meu pequeno escritório, enquanto a água, em manso regato, vai caindo num fio transparente e contínuo da beirada dos telhados. Lá fora, como se fosse nevoeiro, uma cortina espessa engoliu as montanhas em remoinhos de vento, que fazem gemer as árvores desnudadas de folhagem. Um cenário que convida à leitura. Passo os olhos pela minha pequena biblioteca, sitiada entre livros de Farmacopeia, de Direito Farmacêutico, de Química Orgânica ou de Farmacognosia. Fixo-me então naquele livro de capa verde. O seu autor, tem um simples e desconhecido nome: Manuel Bastos.
Não é esta a primeira vez que folheio este manual de guerra, em tons de poesia. De reler as páginas de uma prosa, onde, no cano de uma espingarda, pousam as asas multicolores de uma frágil borboleta. Logo ao abrir a primeira página, leio uma simples mas expressiva dedicatória que diz: “Ao meu amigo Quito com um braço bem fraterno – José D’Abranches Leitão O9.O2.27”. Não sabia o Leitão que, amavelmente, me estava a oferecer um livro que tanto me impressionou. Não pela fera guerra. Mas pela prosa que mata a guerra.
Como o cirurgião de bisturi ágil, que expurga do corpo do paciente o tumor que lhe ameaça a vida, também eu tento extirpar dos “Cacimbados”, a prosa bélica de quem aponta à imbecilidade dos homens o dedo acusador, mas que não está ressentido com as armadilhas do Destino. Para aqueles que ainda vão suportando este monólogo, transcrevo pela pena de Manuel Bastos, alguns extratos do seu livro: “ Não dei pela noite cair, pela cor a desbotar-se primeiro no céu e depois na superfície de todas as coisas, tornando-as mais suaves como se o dia se sentisse cansado …”. Outro exemplo: “ A memória do arco - íris, onde a natureza brinca com a luz e a diferente textura dos objectos, uma brincadeira da natureza ou uma dádiva dos deuses para quem não tem mais nada do que os sentidos para perceber o mundo”. Ou então: “ Olho a Lua enorme, em pleno dia, com um ténue halo translúcido a manchar o céu, agora quase limpo sobre o aldeamento. Tenho a ilusão de estar a vê-la no tempo presente, mas como se sabe, a imagem que vem ao meu encontro demorou à volta de um segundo chegar. Algumas das estrelas que hão-de aparecer daqui a pouco, esburacando o manto negro do céu, podem ter desaparecido muito antes do primeiro homem ter nascido e eu estarei a vê-las”.
No entardecer do livro, o autor faz a sua reflexão final. “ Algures no Planalto dos Macondes, onde um dia colhi a derradeira imagem de um céu azul luminoso, antes que a palavra “”FIM” fosse escrita na minha história de guerra. Lá, onde a fragrância exótica da selva e o relento rançoso da guerra se prenderam ao meu corpo para sempre, ficou um pouco de mim e, se é verdade que na Natureza nada se perde, então ainda lá perdura transformado. Sabe-se lá em quê …
Desejo intensamente que seja uma flor”.
Assim escreve Manuel Bastos. Português, cidadão e escritor. Combatente da Vida e das palavras. Das palavras doces , que aniquilam a guerra.
Quito Pereira.
(texto dedicado ao meu amigo José d’ Abranches Leitão)

NOTÍCIAS DO BAIRRO - CNM - BILHAR

Centro Norton de Matos
na luta por todos os títulos
Bilharistas de Coimbra coleccionam êxitos
individuais e colectivos nas competições nacionais de carambola


Da esquerda para a direita:
Mário Rui -António Machado - João Rafael - Carlos Oliveira -  Miguel Rocha - Jorge Sales - Paulo Andrade

_ Com três torneios individuais
já conquistados e a vice-liderança
na classificação de equipas, os
jogadores do Centro Norton de
Matos (CNM) já têm, ainda com
a época a meio, a certeza de que
vão conseguir várias subidas de
divisão e marcar presença na
fase decisiva dos campeonatos
nacionais.
Colectivamente, o CNM disputou
quinta-feira a última jornada
do Campeonato Nacional
da 2.ª Divisão (zona norte), onde
ocupa o 2.º lugar da pauta classificativa,
posição que, a manter-se
no final da prova, dará acesso à
subida ao escalão principal da
modalidade.
Na outra competição por equipas,
a Taça de Portugal, o CNM
apurou-se para os oitavos-de-
-final que se disputam amanhã e
em que vai receber uma formação
da 1.ª Divisão: A Portuguesa
de Leça. Não se adivinha tarefa
fácil para os conimbricenses mas
a presença nos quartos-de-final é                              perfeitamente possível.
Individualmente, a época dos
atletas do Norton de Matos tem
sido um somatório de sucessos.
Na 3.ª Divisão, dos quatro torneios
abertos que integram o
calendário federativo, dois foram
conquistados por atletas do
CNM. Jorge Sales triunfou no 2.º e
Miguel Rocha conquistou o último.
Agora só falta disputar o
Campeonato Nacional, prova
disputada somente pelos oito
melhores classificados do “ranking”
regional (Norte e Sul). Jorge
Sales e Miguel Rocha já garantiram,
respectivamente, os 2.º e 3.º
postos do “ranking”, pelo que vão
discutir a meia-final do Norte,
sendo a final disputada pelos
quatro apurados em cada uma
das zonas.
Na 2.ª Divisão, também Mário
Rui segue no 2.º lugar do “ranking
da zona norte e, embora
ainda falte concluir um torneio, já
tem a presença garantida na
meia-final do Campeonato Nacional.
João Rafael, que esteve na
final do 1.º torneio, manteve em
aberto até ao passado sábado, a
hipótese de atingir uma posição
nos oito melhores do “ranking”, o
que não viria a conseguir.
Também na 1.ª Divisão, a viceliderança
do “ranking” (neste
caso nacional e não regional) é
ocupada por um conimbricense.
Paulo Andrade ascendeu ao 2.º
lugar após o triunfo obtido já este
mês no 3.º torneio aberto da época.
Mesmo faltando um torneio, a
diferença pontual para o oitavo
classificado, praticamente garante
a presença de Paulo Andrade
na discussão do Campeonato
Nacional. Caso se confirme, o
atleta do CNM poderá lutar pela
obtenção do seu segundo título de
campeão nacional.
Três vitórias em torneios nacionais,
a vice-liderança individual
nos três “rankings” nacionais,
a subida de divisão (praticamente
garantida) de cinco atletas
e a respectiva presença nas
meias-finais dos campeonatos,
além da boa posição para conquistar
a subida de divisão por
equipas, colocam o Centro Norton
de Matos entre as principais
referências da presente época do
bilhar carambola em Portugal. l
_ Duas particularidades (ou até
adversidades) dão especial ênfase
às conquistas do Centro Norton
de Matos nas competições
nacionais de carambola: o número
de atletas e o facto de jogarem
(quase sempre) fora de
Coimbra.
Num universo de cerca de 300
praticantes de carambola inscritos
na Federação Portuguesa de
Bilhar, somente 12 defendem as
cores do CNM: um na 1.ª Divisão,
quatro na 2.ª, cinco na 3.ª e
dois que só estão inscritos na
competição por equipas.
Fazendo as contas, os dez atletas
que competem individualmente
representam 4% do total
de inscritos. Mas isso não foi
óbice para que triunfassem em
três dos dez torneios realizados,
o que equivale a 30% do total de
vitórias possível.
Outra das dificuldades sentidas
é a obrigatoriedade de se
deslocarem, sempre que competem
individualmente. Porto,
Leça, Matosinhos ou Famalicão
são os locais onde se disputam
as provas. Somente na
prova de equipas é que metade
dos seus jogos são realizados
em Coimbra.
Se, a nível meramente competitivo,
ter que jogar sempre
em mesas diferentes daquelas
onde se treina é uma desvantagem
– apesar de não ser
exclusiva dos jogadores de
Coimbra – já as viagens (e os
seus custos) são, incomparavelmente,
penalizadoras para
os conimbricenses.
Como cada torneio é dividido
em duas fases – a de apuramento
e a final – e somente por uma
vez é que nenhum conimbricense
marcou presença na final,
esta época o CNM já teve que
suportar com 22 deslocações (19
nas provas individuais e 3 por
equipas). Despesas consideráveis
que são menorizadas através
de alguns apoios, entre os
quais se destacam os da empresa
figueirense Centro Litoral O.P
e da Farmácia Silva Soares.
_ Se há modalidades desportivas
onde a idade não é “handicap”,
uma delas é seguramente
o bilhar. Nas variantes
denominadas pelos bilharistas
por “buracos” – o pool e o
snooker, onde o objectivo
passa por embolsar as bolas –
a prática estende-se ao longo
de décadas, mas não é comum
a presença de jogadores sexagenários
na discussão dos
lugares cimeiros dos
“rankings” nacionais.
Já na carambola, a longevidade
é mais acentuada. Esta
época, um dos torneios da
3.ª Divisão sul foi conquistado
por um octogenário, José
Lagoas, que completa este
mês 83 anos. Mas não é caso
único. Mesmo na 1.ª Divisão,
dois dos atletas do “top
ten” actual, estão à beira do
septuagésimo aniversário:
Mário Aranha (68)
e Fernando Tomás (69).
Exemplo flagrante desta
reunião de gerações é a
equipa do Centro Norton
de Matos. Dos 13 anos de
Manuel Silva aos 75 de Malo
Rodrigues, todas as décadas
que ficam de premeio estão
representadas.


Encontro de gerações na formação da equipa

Nome Idade
Manuel Silva 13
Gonçalo Rodrigues 25
Carlos Oliveira 39
Miguel Rocha 43
João Rafael 46
Jorge Silva 48
Jorge Sales 54
Paulo Andrade 57
António Machado 60
Mário Rui 64
Vaz Vieira 68
Malo Rodrigues 75
Carlos Oliveira - Mário Rui -  João Rafael - Paulo Andrade -  Machado -  Miguel Rocha - Jorge Sales
No bom
caminho
para subir
à 1.ª divisão

_ Com cinco vitórias, um
empate e uma derrota, a
equipa do CNM está a um
ponto da líder (Bilhar Clube
do Porto, a segunda equipa
do FCP) no termo da 1.ª volta
do Campeonato Nacional da
2.ª Divisão. Os três pontos de
vantagem sobre o 3.º classificado,
que perdeu em Coimbra
pelo resultado máximo
(4-0), dão confortável margem
de manobra à formação
conimbricense para assegurar
um dos dois primeiros
lugares, os que dão direito à
subida de divisão. l


 Texto:Diário de Coimbra