Bairropédia

O Bairro Norton de Matos

1. As origens

Fotografias aéreas do Bairro no seu início.
Outras fotografias aéreas (de mestre Deolindo Rodrigues) disponíveis aqui.
O Bairro Norton de Matos localiza-se no Calhabé, em Coimbra, a sul do Estádio Cidade de Coimbra. Na altura da sua construção existia o Estádio Municipal de Coimbra rodeado de quintas e grandes olivais e, quando se chegava à passagem de nível de S.José dizia-se que para o lado de lá... "já é Marrocos!"
Foi mandado construir pelo Primeiro Ministro António de Oliveira Salazar para alojar as pessoas que moravam na Alta de Coimbra junto à Universidade, devido à expansão da mesma e para construção da Cidade Universitária, bem como para funcionários dos serviços.

Fotografia áerea de Albano Rocha Pato - mostra parte dos terrenos do Cavalo Selvagem, onde mais tarde foram construídos prédios, aberta a rua de Macau e construído o Centro de Recreio Popular do Bairro Marechal Carmona (hoje Centro Norton de Matos).
Foto de Albano Rocha Pato - Vista aérea do Bairro (entre 1950 e 1955). Explica o Fernando Rafael: "A seta indica exactamente a casa do Rui Pato, na Praça I (actualmente de Ceuta). Do lado esquerdo da Praça I, a rampa que ligava esta zona à passagem de nivel do defunto comboio da Lousã e à rua dos Combatentes (passando pelo mal cheiroso urinol). A praça maior que se vê é a Praça I (actualmente dos Açores). Passou depois a ter baloiços e hoje, depois da remodelação, tem um Jardim que se denomina "Jardim Geriátrico/Infantil «Encontro de Gerações». O bocadinho de rua que liga a praça de Ceuta à dos Açores era a Rua P e chama-se agora Rua Gonçalo Velho".
As primitivas casas tinham quatro tamanhos: Tipo I (pequenas), Tipo II (médias) e Tipos III e IV (grandes). As pequenas tinham dois quartos, as médias tinham 3 quartos e ambas a casa de banho no rés do chão, sendo diferente o tamanho da sala. As grandes – Tipos III e IV - tinham também 3 quartos de maiores dimensões e a casa de banho no andar de cima. No Tipo III, no andar de baixo tinham 3 divisões abertas, além da cozinha. No Tipo IV, no andar de baixo tinham duas salas comuns e mais um quarto, além da cozinha. Todas as casas tinham dois pisos e um pequeno quintal. O critério foi de cada família de desalojados da Alta ter atribuída uma casa com o mesmo número de quartos daquela em que morava na Alta de Coimbra.
«A Voz do Calhabé» (30 de Janeiro de 1947) - "Foi adjudicada à firma construtora Martins Júnior, de Lisboa,  a construção do Bairro Económico do Calhabé, a construir no planalto da Quinta da Cheira, composto de 400 casas. Para o local têm sido conduzidos diversos materiais, estando já levantados os barracões para a sua arrecadação, tudo levando a crer que a abertura dos caboucos está para breve. Tais moradias destinam-se às classes médias, devendo o custo das rendas orçar pelos duzentos escudos, preço que, quanto a nós, é ainda demasiadamente excessivo, pois que muitos chefes de família dentro dessa classe não usufruem vencimentos superiores a mil escudos."
Nasceu assim o Bairro do Calhabé (primeiro nome do Bairro Norton de Matos) A sua construção, feita no Planalto da Quinta da Cheira, foi adjudicada em 30 de Janeiro de 1947 à Construtora Martins Júnior, de Lisboa. Em Novembro de 1949, o nome mudou para Bairro Marechal Carmona, em comemoração dos oitenta anos daquele estadista. O seu primeiro habitante foi Jorge Caldas, em 1950, quando o bairro ainda se encontrava em construção. Mais tarde, depois do 25 de Abril de 1974, o nome mudou novamente, desta vez para Bairro Norton de Matos, nome que se mantém até hoje. Norton de Matos tinha sido opositor a Marechal Carmona nas eleições para a Presidência da República.
Originalmente, as ruas e as praças do Bairro eram indicadas por letras do alfabeto latino. Em algumas ruas ainda são visíveis vestígios desse passado longínquo. As ruas era identificadas desde a letra A à letra X e as praças da letra E à letra R.
A rua A, eixo de todo o Bairro, por ser a mais importante, recebeu essa designação.
Em Setembro de 1955, as ruas recebem a suas designações actuais. Recebem nomes quer de Colónias, quer de personalidades históricas relacionadas com os Descobrimentos, quer ainda de eventos sucedidos nas colónias.
Chamando-se o Bairro Marechal Carmona e se Portugal era "do Minho a Timor", fazia todo o sentido que “sob” o Bairro com o nome do Presidente da República estivessem representadas todas as Colónias Ultramarinas Portuguesas.
A uma personalidade tão grande como Vasco da Gama teria que ser atribuída uma rua correspondente à dimensão do nome. Por esse motivo a Rua A, a principal rua do Bairro, recebeu o nome de Rua Vasco da Gama.
Outro exemplo são as ruas de Angola e Moçambique, as pérolas coloniais portuguesas, que foram substituir as Ruas X e Y, respectivamente.
Trata-se também de duas ruas que fazem jus à dimensão das colónias que depois lhes deram o nome. Nas praças acontece o mesmo: à antiga Praça R, situada numa zona nobre do Bairro, junto ao Centro Recreativo e a diversos estabelecimentos comerciais, é dado o nome de Praça Infante D. Henrique.
As ruas e as praças eram baptizadas conforme a dimensão sentimental, se assim se pode dizer, das personalidades ou colónias. Explica-se por essa razão, o facto da minúscula e ignorada Praça L venha a receber o nome de uma minúscula e ignorada colónia: Timor.
Hugo Gonzaga encontrou a informação das ruas e das praças numa Acta da Câmara:

Ruas:
Rua A – Rua Vasco da Gama
Rua B – Rua da Guiné
Rua C – Rua Frei António Taveiro
Rua D – Bartolomeu Dias
Rua E – Rua Nuno Tristão
Rua F – Rua Afonso de Albuquerque
Rua G – Rua Gil Eanes
Rua H – Rua Gonçalves Zarco
Rua I – Rua Infante Santo
Rua J – Rua Mouzinho de Albuquerque
Rua K – Rua Bartolomeu Perestrelo
Rua L – Rua de Macau
Rua M – António da Nola
Rua N – Rua Aniceto do Rosário
Rua O – Rua Marraquene
Rua P – Rua Gonçalo Velho
Rua Q – S. Francisco Xavier
Rua R – Rua Carvalho Araújo
Rua S – Rua dos Navegadores
Rua T – Rua Chaimite
Rua U – Alameda do Ultramar
Rua X – Rua de Angola
Rua Y – Rua de Moçambique
Rua Z – Rua Engº Canto Resende.
Praças:
Praça E – Praça de S. Tomé e Príncipe
Praça I – Praça de Ceuta
Praça L – Praça de Timor
Praça M – Praça de Cabo Verde
Praça N – Praça da Índia Portuguesa
Praça P – Praça dos Açores
Praça Q – Praça da Ilha da Madeira
Praça R – Praça Infante D. Henrique.

Mais tarde, depois da Revolução de Abril de 1974, quando o Bairro voltou a mudar de nome para se passar a designar Bairro Norton de Matos, seria de se esperar que as ruas também mudassem de nome, mas não. Tal não sucedeu e actualmente as ruas e praças ainda mantêm a designação que lhes foi atribuída em 1955.
A harmonia primitiva do bairro foi-se perdendo pelas alterações e acrescentos efectuados nas moradias, alguns de gosto duvidoso (persianas em alumínio, alteração das cores primitivas, substituição das sebes por muros, etc.).
Como noutras zonas da cidade, existiam algumas actividades comerciais por parte de profissionais que se deslocavam pelas ruas, porta a porta, oferecendo os seus serviços: o amolador, o sapateiro por medida, o alfaiate, o barbeiro e o ardina. Também as lavadeiras do Mondego se deslocavam semanalmente para buscar roupa suja e entregar roupa lavada. Essas actividades, próprias de uma outra vivência, foram evoluindo naturalmente, com a abertura de diversos estabelecimentos comerciais (mercearias, talhos, cafés, barbeiros, sapateiros, farmácia, etc.).
Como no início do Bairro a maioria das famílias eram ainda jovens casais, que tinham filhos com idades semelhantes, existia muita juventude que incrementou o próprio Centro de Recreio com actividades desportivas, projecção de filmes ao ar livre, verbenas e o picadeiro com música a pedido dos jovens que se iam passeando na Rua A (actual rua Vasco da Gama) nas noites de Verão.
A Escola Primária do Bairro teve uma história curiosa (foi construída já nos anos sessenta, no local onde de início estava prevista a construção de uma igreja), que pode ser consultada aqui. A escola nº 16, hoje Escola do Bairro Norton de Matos, construída na R. Dr. Daniel de Matos, começou com 171 rapazes e 166 raparigas, conforme consta dos livros de matrículas. As turmas eram só femininas ou só masculinas, por isso no mesmo edifício existiam duas escolas: A escola nº 25 dos rapazes que ficava no 2º andar e a Escola nº 31 das raparigas, no 1º andar.
Actualmente, o Bairro Norton de Matos é o maior bairro de Coimbra. As suas fronteiras delimitam-se pela Rua de Moçambique, Rua de Angola e Rua Daniel de Matos, englobando alguns prédios não pertencentes ao Bairro propriamente dito mas contidos no planalto então existente. Faz parte da freguesia de Santo António dos Olivais, a maior da região centro e uma das maiores do país.
O Bairro visto do Penedo da Saudade - foto de Jotta Leitão, 2011


2. O Bairro comercial desde a década de 50

Actualmente e em configuração “física”, poucas mudanças! Muitos de nós nos lembramos dos primeiros comerciantes desta zona comercial do Bairro:
 Mercearia do Sr. Alípio – mais tarde deu lugar à mercearia do Sr. Nunes – seria o local, muito mais tarde, da Farmácia Silva Soares – hoje na Praça Infante D. Henrique;
 Talho do Sr. Aires e da D. Alice – mais tarde passou a ser o Talho Rainha Santa do “Zé do talho”;
Lugar/venda de (?), mãe de Maria Augusta e Elizabeth e ainda um irmão (?), depois passou para Lugar/taberna da D. Ema;
 Tabacaria/papelaria do Sr. Lamas, que mais tarde passou a ser Tabacaria Celeste da D. Rosa e do Sr. Ferreira, que se mudou para este local vinda do vão das escadas do prédio onde morava o Sr. Graciano de Oliveira, Sr. Carramona/D. Natividade e do Sr. Lopes das Finanças, hoje pertença da Pastelaria Vasco da Gama. Anos mais tarde, a Tabacaria Celeste passou a ser do Sr. Cândido, mais tarde novo proprietário – Bruno da Pampilhosa, depois novo proprietário – Carlos e Telma e actualmente chama-se Riscos e Rabiscos, do Bruno Gomes, que ocupa o espaço que era da taberna da D. Ema;
 Loja da D. Cândida, com Drogaria que talvez depois, quando fechou, foi anexada (?) pelo Café Caravela, do Sr. Silva, já existente - que uns anos mais tarde permitiu alargar a Pastelaria Vasco da Gama;
 Café Abrigo – primeiro proprietário foi o Sr. Graciano Oliveira - mais tarde passou para os segundos proprietários, Sr. Anildo Ferreira e Dr. José Esteves Alves e destes para o terceiro proprietário, Sr. Marques, até 1978. Segue-se o quarto proprietário, o Sr. Gaspar Pinto, até 1980. A partir de 1980 seguem-se os quintos proprietários, Sr. José Álvaro Paula, sua esposa Anabela e Martinho. Finalmente, até hoje, o sexto proprietário Sr. Arnaldo Baptista, já com a actual denominação de Pastelaria Vasco da Gama;
 Talho do Sr. Cristo – mais tarde mudou de ramo, para Florista Ana Oliveira – Flores Ambientais;
 Quiosque/Tabacaria do Sr. Ferreira e da D. Rosa (foi a primeira biblioteca do Bairro, com leitura gratuita de todos os jornais e revistas por malta nova que ocupava as escadas até ao 1º andar). Mais tarde passou para um novo proprietário, Sr. Mário (que foi cobrador do CNM) e deste para o Sr. Victor, depois da mudança da Tabacaria Celeste para a Rua Vasco da Gama e que presentemente é a Tabacaria/Papelaria Riscos e Rabiscos do Bruno Gomes (como atrás já foi referenciado);
 Mercearia do Sr. Manel e da D. Odete, que actualmente é conhecida por Mercearia do Sr. Luís e da D. Lurdes – A. Bernardo & Simões;
 Sapateiro Casemiro - deu lugar, anos mais tarde, a uma loja do Sr. Mário, que por sua vez deu lugar a: Bar Pôr do Sol – fechou passado algum tempo; Barbearia Simões… deu depois lugar ao Cabeleireiro Jorge e mais tarde ao Cabeleireiro Murta; no lugar destes últimos terá surgido primeiro um estabelecimento do Sr. Baptista, que depois viria a ser também padaria. Passou mais tarde para a Pastelaria Vasco da Gama;
 Mercearia/mini-mercado/talho do Sr. Basílio, depois uma casa de assar frangos – Churrascaria Basílio (? - sem outras referências), mais tarde passou a ser o mini-mercado do Sr. Manuel Brasileiro e hoje é o mini-mercado Neto, de seu filho Aquiles;
 Nesta zona ainda teria estado a D. Glória (?) com uma loja de roupas e também a D. Maria do Céu (?) – malhas e lãs;
 Farmácia Silva Soares, que entretanto se passou para a Rua Vasco da Gama, onde tinham estado as Mercearias Alípio e Nunes (já referidas anteriormente). Hoje está vago pois a Farmácia mudou para a Praça Infante D. Henrique – junto ao Samambaia.


Agradecimento aos amigos que colaboraram com informações preciosas:
Zé do talho, Alberto Pinheiro, Luis Simões, Aquiles, Jorge Cruz, Carlos Viana, Rosa Malhão, Júlia Faustino e Lena Garcia.
Agradecem-se todos os contributos/rectificações...



3. O CNM - Centro Norton de Matos

O Centro Recreativo do Bairro foi fundado em 10 de Agosto de 1951, tendo o terreno sido oferecido pela Câmara Municipal, na Praça de S. Tomé e Príncipe. Começou por se chamar Centro de Recreio Popular do Bairro Marechal Carmona (CRPBMC). A aprovação dos seus estatutos foi feita através de um alvará emitido pela Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT).

Esta colectividade nasceu devido ao isolamento em que as pessoas viviam por falta de infra-estruturas para os moradores poderem conviver.
As actuais instalações do Centro foram inauguradas em 1966, pelo Presidente da República à época, Almirante Américo Tomás e permitiram uma maior diversificação das actividades nas áreas do desporto, da cultura e do lazer, além das sempre presentes preocupações sociais.
Com a alteração toponímica verificada após o 25 de Abril de 1974, o Centro passou a designar-se Centro de Recreio Popular do Bairro Norton de Matos.
Actualmente e com a introdução do novo logótipo em 2002, passou a denominar-se Centro Norton de Matos (CNM).
O CNM tem um vasto espólio de troféus, muitos deles de âmbito nacional, em diversas modalidades desportivas, algumas entretanto extintas (como a pesca e o tiro com arco) e outras em que o CNM continua a brilhar, como o voleibol (coleccionando títulos do INATEL), o bilhar, a ginástica rítmica, a ginástica-step localizada, a ginástica sénior, o yoga, o futsal, o judo, o karaté, as danças afro-latinas, as actividades aquáticas, a academia de música, a academia de jazz, a academia de ballet,...

3.1. O Centro de Recreio Popular do Bairro Marechal Carmona / Norton de Matos
[texto reproduzido do livro "O Calhabé do meu tempo (1930 - 1960)", 1ª edição, Coimbra, Edição de Autor, 2012 do escritor e nosso amigo Fernando Rovira]

Em 31 de Janeiro de 1947, os jornais traziam a seguinte notícia: “foi adjudicada à construtora Martins Júnior, de Lisboa, a construção do Bairro Económico do Calhabé, no planalto da Quinta da Ceira, no total de 400 casas”.
Dois anos depois, estavam a receber famílias, umas 80 moradias de dois pavimentos, dos grupos A e B, as quais começaram a ser ocupadas nos primeiros dias de Abril de 1949. Contudo, a sua inauguração oficial só teve lugar no dia 28 de Maio de 1951.
No dia 22 de Novembro desse ano, deslocou-se ao Bairro o Presidente Craveiro Lopes. “Os moradores aguardavam-no na Praça N (actual Praça da Índia), enquanto as crianças lançavam sobre ele pétalas de flores e a Banda da Polícia executava o Hino Nacional. Os alunos dos Colégios Sagrado Coração de Jesus e Coração de Maria ofereceram-lhe flores naturais com dedicatórias”. No fim da recepção, o Presidente da República visitou a casa do Bairro atribuída ao Dr. José Esteves Alves.
Pouco tempo depois da ocupação das casas e da inauguração do Bairro, os habitantes começaram a bater-se pela constituição dum centro de recreio capaz de dar resposta cabal às necessidades e interesses dos moradores. As suas pretensões foram compreendidas e atendidas, sendo-lhes cedido para o efeito um bloco de casas da classe A, tipo II. De imediato se realizaram eleições para os corpos directivos, sendo eleitos para a Direcção: Dr. José Esteves Alves, António Pedro Matos, António da Silva Santos, Engº Aires Loureiro da Costa Freire, Custódio de Sousa Dias, Gastão Aires de Sá, João de Sousa Silva; Assembleia Geral: Prof. José Maria Gaspar, Fernando Miranda Cardoso, Alves Pinho; Conselho Fiscal: Engº Saramago, Armando Torreira da Silva, Manuel Dias e Carlos Ribeiro Dias.
Em meados de 1953, foi vendido o terreno, quase contíguo à sede do Centro, onde este levava a efeito algumas provas desportivas, verbenas e sessões de cinema ao ar livre.
Em Fevereiro de 1955, a imprensa noticiava a cedência dum terreno na Rua A(actual Vasco da Gama), bem situado, frente à zona comercial do Bairro, destinado à construção de raiz de um imóvel onde o Centro Popular de Recreio podia instalar à vontade salas para o funcionamento dum posto médico, serviços administrativos, ginásio, recinto ao ar livre para jogos, etc.
Entretanto, o Centro de Recreio Popular não se isolou da cidade, não se pôs à margem das suas iniciativas. No concurso Jardins e Janelas Floridas, organizado pela Comissão Municipal de Turismo, coube um honroso 2º Prémio a Gaspar Pinto dos Santos, morador na Rua F(actual Afonso de Albuquerque).
No relatório de actividades relativo ao biénio 1953-55, os responsáveis pelo Centro informaram:
- Da introdução da Pesca desportiva (de mar e rio), tendo conquistado o 4º lugar individual nos Campeonatos Nacionais;
- No ténis de mesa, venceu o torneio do Campeonato Regional de segundas categorias;
- No Atletismo, triunfou no Torneio Distrital de segundas categorias, enviou ao Porto 2 atletas e disputou o Campeonato Nacional; [nota do EG: os atletas que representaram o CRPBMC no Porto - Estádio do Lima foram: 1ªs categorias 80 metros em pista- Emílio Manuel Gomes; 2ªs categorias 80 metros em pista - Fernando de Oliveira Rafael. Foram apurados em provas regionais no Estádio Municipal de Coimbra]
- Em Voleibol obteve o 2º lugar no campeonato regional;
- Recreio- fizeram-se 8 sessões de cinema, 3 verbenas e 2 tardes dançantes;
- Cultura – Atribuição de prémios (livros) a alunos dos 2 sexos da Escola Primária do Bairro;
- Assistência Médica – Aquisição de equipamentos para o Posto Médico, tendo sido ali administradas 520 vacinas contra a varíola, 1134 consultas médicas, 1037 visitas médicas diurnas e 13 nocturnas, 851 análises, 82 radioscopias, 4 atestados, 98 tratamentos de fisioterapia, 11 metabolismo basal, 12 electrocardiogramas, 42 operações de pequena cirurgia, 2 de média e 5 de grande, 2 B.C.G.
Foram eleitos para os corpos directivos de 1956-58: Manuel da Conceição Luis, Amâncio de Almeida Frias, Lino Vicente de Almeida Neves, José Martins Chorão Vinhas, Carlos Ribeiro Pires, Armando Torreira da Silva, José Pontes de Sousa, Carlos Sabino de Carvalho, José Baptista de Oliveira, José Alves dos Santos, Ezequiel dos Santos Bento, Adriano da Silva Loureiro, António Ferreira, Abílio José Soares, Miguel Ribeiro dos Santos.
Finalmente, em 1957, o Ministério das Obras Públicas, determinou que a Direcção dos Edifícios Nacionais do Centro elaborasse o projecto da sede do Centro de Recreio Popular do Bairro Marechal Carmona.
Corpos directivos do Centro eleitos para o biénio de 1959-61: Sr José Esteves Alves, António dos Santos Ferrão, Aníbal Augusto Pereira, Prof José Maria Gaspar, Luís Pedro Ramos dos Santos, José da Silva Soares, Fernando Correia Umbelino, António da Silva Santos, Carlos Afonso Rodrigues Lousada), António Rodrigues Malhão, Marcos Antunes de Castro Franco, António Baptista Lobo Quaresma, Agostinho Afonso de Deus Pereira, Jorge Baptista e Armando Mendes Ferreira.
Neste ano de 1959, o Centro comemorou com sessão de cinema, concurso de papagaios, gincana de triciclos e patins e outras manifestações, o seu oitavo aniversário.

O Bairro ao Sol - foto de António (Tonito) Dias, 2010


4. Os Encontros de Gerações do Bairro Norton de Matos

Nada melhor do que serem apresentados pelo próprio mentor e um dos organizadores do evento:
"Chamo-me Fernando de Oliveira Rafael. Nos tempos que são para recordar, morava na Rua B (Guiné). Sou casado com Celeste Maria C. Ferreira Rafael, filha do Sr. Ferreira e da D. Rosa, donos da tabacaria Celeste, ao lado do café do Silva. Sou cunhado do Emílio Santos da Rua C e que era irmão do Mário Santos (falecido). Fazíamos muitos bailes na garagem da Graciete. A ideia, que já me vinha a ser solicitada há vários anos vai, se tudo correr bem, ser concretizada este ano!
A data escolhida foi 18 de Outubro, porque é uma data simbólica (desfasamento de 2 meses), pois foi em 18/8/1951 que se fundou o Centro de Recreio Popular do Bairro Marechal Carmona".
E o Grande Encontro de Gerações realizou-se mesmo, começando pela manhã nas ruas do Bairro, acompanhados por Gaiteiros e pela Banda Filarmónica Penelense, num reencontro emotivo de todos os participantes, centenas de Amigos dos quais muitos não se viam há dezenas de anos.
Foi descerrada uma lápide comemorativa no átrio do CNM e seguiu-se o almoço, com o hino do encontro («O ontem faz-se hoje» - video e letra), fados de Coimbra e momentos inesquecíveis proporcionados por alguns Amigos. Foram também recordados, um a um, aqueles que entretanto tinham falecido.
O enorme sucesso deste Grande Encontro de Gerações (GEG) levou a que, desde então, se realizem os Aniversários do GEG:
Para divulgação deste Grande Encontro de Gerações surgiu o blog Cavalo Selvagem e mais tarde este blog (Encontro de Gerações do Bairro Norton de Matos).
Alguns depoimentos sobre estes Encontros:
«Elogio das memórias partilhadas» - Jó-Jó
«Naquele dia fomos todos meninos» - Guilhermina Leão


5. O Bairro Norton de Matos nos livros e na comunicação social

RODRIGUES, Rogério, "Centro Norton de Matos - 50 anos a ganhar (1951 - 2001)", Coimbra, Centro Norton de Matos, 2001
Rogério Rodrigues foi presidente do executivo do Centro Norton de Matos entre 1998 e 2001. Neste livro, faz um historial do CNM no ano em que esta instituição, fundada em 10 de Agosto de 1951, comemorou 50 anos de actividade. Nas páginas 15 a 18, é feita uma resenha das origens do Bairro Norton de Matos.

GONZAGA, Hugo, "A habitação social no Estado Novo: o Bairro Norton de Matos", Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 2006
Estudo de Hugo Gonzaga sobre a origem do Bairro Norton de Matos, como exemplo da política de habitação social do Estado Novo, com a "construção de bairros de casas individuais. As habitações colectivas, na opinião do Estado, seriam prejudiciais ao próprio Estado e à família". Segundo o autor, o Bairro "é também um bom exemplo das contradições existentes no regime criado em 1933". O estudo é complementado com muitas reproduções de fotos e de documentos.

SERRANO, Daniel, "O ritmo da rua - relatos jornalísticos sobre um bairro de Coimbra", 1ª edição, Brasil, edição de autor?, 2011
Daniel Serrano, jovem Brasileiro de Campinas, tem raízes familiares em Penela e Coimbra. Esteve em Portugal alguns meses, a frequentar um curso na Universidade de Coimbra. No âmbito desse curso desenvolveu este trabalho sobre o Bairro Norton de Matos.
Vários excertos foram publicados neste blog e estão disponíveis aqui.

ALMEIDA, Soraia, "Políticas educativas - Centro Norton de Matos", 1ª edição, Coimbra, Escola Superior de Educação de Coimbra, 2011
Estudo de Soraia Almeida sobre o Centro Norton de Matos, no ano em que esta instituição comemorou "60 anos de brilhante história e vasto palmarés", com muitas reproduções de fotografias e documentos do CNM e do próprio Bairro.

ROVIRA, Fernando, "O Calhabé do meu tempo (1930 - 1960)", 1ª edição, Coimbra, Edição de Autor, 2012
Fernando Rovira é natural de Coimbra e licenciou-se em História na Universidade de Coimbra. Este é o quinto livro que publica e é muito interessante sobre o que era o Calhabé entre os anos 30 e 60. Fala de nomes de que alguns de nós se recordarão, bem como de episódios que se passaram entre personagens que foram marcantes "desse Calhabé". Explica também, na página 13, a origem do nome Cavalo Selvagem dado  à zona onde agora é o Bairro Norton de Matos.
Índice e alguns excertos foram divulgados aqui.

Em 29 de Junho de 2013, o «Diário de Coimbra» publicou um suplemento «Especial Bairro Norton de Matos». Apesar de algumas imprecisões expectáveis por parte do «Calinas», é um documento que vale no seu conjunto, numa homenagem ao "maior bairro de Coimbra", que "marca o ritmo da cidade",
Divulgámos o seu conteúdo aqui.

O Bairro a anoitecer - foto de António (Tonito) Dias, 2010

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Este é um texto colectivo, compilado inicialmente por Paulo Moura em Setembro de 2011.
Sugestões, correcções e novos tópicos, são muito bem vindos (devem ser enviados para jpcpmoura@gmail.com).

Fontes:
Informações e fotografias de malta do Bairro
Aka - «Bairro Norton de Matos (Coimbra)» (com muitas fotos do Bairro em 2006)
blog Cavalo Selvagem
Diário de Coimbra - «Centro Norton de Matos há 60 anos a servir o bairro», 10/8/2011
Gonzaga, Hugo - «A habitação social no Estado Novo - o Bairro Norton de Matos»
Martins, Pedro Flaviano - blog Calhabé Circulação
Rovira, Fernando, "O Calhabé do meu tempo (1930 - 1960)", 1ª edição, Coimbra, Edição de Autor, 2012
Sara Margarida, David e Filipe - Trabalho sobre o Bairro Norton de Matos - EB1 do Bairro Norton de Matos, 2003/2004