LAPIS DE TINTA
No topo das carteiras da escola existiam dois tinteiros de louça encastrados na madeira e ao lado uma caneta de aparo junto a cada um deles.
Nas provas de caligrafia, o professor exigia que os alunos escrevessem com aquelas canetas, cujo aparo iam molhando no tinteiro, desenhando no papel de linhas, o texto que iam lendo do quadro preto da sala.
Enquanto nos exercícios de aritmética eram autorizados a usar lápis e borracha, na caligrafia era obrigatório escreverem a tinta.
Uma descoberta revolucionária apareceu nos anos cinquenta.
Já era possível escrever a tinta sem recurso às canetas de aparo que às vezes esborratavam tudo.
Foi quando apareceu o lápis de tinta.
Tinha o mesmo aspecto dos lápis vulgares mas, quando se humedecia a ponta, escrevia a tinta com se de uma caneta se tratasse.
Não descansei enquanto não tive um desses lápis que eram vendidos na Tabacaria Celeste.
Um luxo e uma vaidade !
Na escola da Rua do Volta Atrás, no primeiro dia que levei o lápis de tinta, não parava de levar o bico à boca para o molhar com a língua, orgulhoso de ser dos primeiros a ter um utensilio daqueles.
Ao intervalo, no recreio, estranhei a risota dos meus colegas.
Ao principio levei isso à conta de inveja.
Só percebi quando o Zé Bento me disse:
- Oh pá, vais ter de lavar a boca. Está tudo azul à volta.
Levei horas para fazer desaparecer a tinta.
Rui Felicio
Rua do Volta Atrás, era rua T, mais tarde Rua Chaimite, onde eu morei mesmo em frente á escola
ResponderEliminarNão me lembro dessas canetas/lápis. Lembro-me nos finais dos anos 50, das primeiras esferográfica. O meu primo Durval tinha ido com a TUNA aos States e trouxe uma. Nunca gostei delas, ainda hoje não sei escrever com esferográfica.
ResponderEliminarOlá... aqui é da Amazônia...câmbio!
ResponderEliminarMamãe?
EliminarPresente!
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