sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

ANIVERSÁRIO - EDUARDO JOSÉ ALVES DOS REIS- LAU

EDUARDO JOSÉ ALVES DOS REIS

              LAU

31-01-1945

Nesta data Especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

TEXTO DO QUITO PEREIRA

A VALSA DOS PATINADORES ...

Naquele ano e naquele dia de outono, a Mata Nacional do Choupal foi brindada com as primeiras chuvas. Uma chuva miudinha que fazia subir no ar o cheiro da terra molhada e um aroma mais intenso a eucalipto.

Naquele quarto largo de  janelas amplas e paredes brancas, batalhava-se pela vida. A parturiente, cansada, tentava dar à luz a sua criança. Então ele, o pai, preocupado, tomou uma decisão. Subir o Choupal a pé em direção à cidade de Coimbra, na procura de um médico  que assistisse ao nascimento de quem  teimava em não querer sair do ventre de sua mãe.

A arfar, chegou à cidade. E, por indicações de gente solidária com o drama, bateu ao ferrolho de um médico. O clínico,  de cabelo grisalho, ouviu o pedido de socorro. Ficou pensativo, quase relutante em partir. Afinal, naquele fim dos anos quarenta do século passado, a Mata do Choupal era um arrabalde sombrio da cidade. Um talefe nas margens do Mondego e do mundo. Mas decidiu partir, levando ao seu lado num velho Ford, um pai aflito. 

Guiando devagar e aos solavancos, evitando as poças de água do caminho de terra batida e de pontes de madeira que eram pulos entre braços do rio, os dois homens chegaram junto ao cais das angústias. A futura mãe ganhou um ânimo novo, ao ver ali uma luz ao fundo do túnel do seu sofrimento. Em mangas de camisa e tendo como ajudante a Maria José, mulher de baixa estatura e rosto trigueiro, mãe de um pai ancioso, o parto difícil teve um fim feliz. Com a criança de pequeno porte de cabeça para baixo e presa pelos pés, o médico deu-lhe um açoite nas nádegas e o menino chorou num vagido sofrido.

Então o médico, de óculos na ponta do nariz, olhou melhor o nascituro débil e escanzelado e teve a frase proscrita - minha senhora, o seu rapaz não presta para nada. Talvez uma forma dilacerante de expressar o seu desagrado, por ter sido quase coagido a deslocar-se àquela casa plantada no coração da Mata nas margens do Mondego. Com o valor dos seus préstimos no bolso, despediu-se numa saudação soturna,  rodou o Ford de proa virada para a cidade e, de novo evitando as poças de água, aos solavancos partiu.

Num alguidar com água morna, a Maria José lavou com cuidado e desvelo o seu pequeno neto. Depois, aconchegou-o na cama junto de uma mãe depauperada do esforço de horas heroicas. A criança foi deitando corpo com o leite da vaca que o Vale todos os dias trazia numa pequena vasilha de alumínio, já que o leite materno tinha secado dos seios exauridos daquela mãe-coragem. Batia à porta de mansinho e, de boné na mão num sinal de respeito e cortesia, saudava a Maria José que, junto à lareira, o pequenito enrolado num cobertor no seu berço de madeira ­- feito na carpintaria da Mata com os materiais recolhidos nas margens do Choupal e  oferecido pelos seus trabalhadores - mexia com uma colher de pau o café que borbulhava nas brasa da lareira num aroma enleante e divino. O menino em suave repouso, era filho primogénito da Mata e dos assalariados daquele pulmão de Coimbra, que também o adotavam como seu.

A frase terrível do médico sobre aquele menino, ficou gravada para sempre como um ferro em brasa num coração de mãe. Talvez uma premonição na Ata dos Livros da Vida. Com o amor de mãe, de pai, da Maria  José e do José António - o avô, o menino aprendeu a amar a natureza. E a respeitá-la. E a ouvir, de janelas abertas de par em par e na grafonola de cor verde-escuro, a "Valsa dos Patinadores" que invadia a Mata nos seus acordes, uma obra de Émile Waldteufel tão ao gosto do avô José António, que tinha na música entre choupos, plátanos e eucaliptos, a moldura dourada que lhe adoçava a existência de uma imaculada vida.

Kito Pereira (Contos da cidade)

 

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

GAMBOZINOS- TEXTO DO RUI FLÍCIO HISTORIAS DO MEU BAIRRO BENJAMIM ( Caça aos gambuzinos )

HISTORIAS DO MEU BAIRRO
BENJAMIM
( Caça aos gambuzinos )
 

O Benjamim era aquilo a que se chamava “um verdadeiro marrão”.
Apareceu no Bairro, oriundo da Pampilhosa da Serra e hospedou-se em casa do Rui Mesquita, salvo erro , no ano em que foi caloiro de Direito.
Anos mais tarde viria a ser Juiz numa comarca da Beira Alta. Passava o tempo encafuado no seu quarto a estudar, donde saía à noite, apenas por breves minutos para ir ao café beber uma bica. Era de umaingenuidade atroz e dela não se desemburrava pelo pouco convívio extra escolar que tinha connosco. Eu frequentava na altura o 2º ano da mesma Faculdade e, por isso, era dos poucos com quem ele conversava, durante as idas e vindas das aulas, normalmente para me pedir esclarecimentos sobre algumas matérias do curso, único tema com que verdadeiramente se preocupava.
Um dia porém, coisa pouco usual nele, abordou um assunto corriqueiro! Gostava muito de um casaco de cabedal que eu trazia vestido
- Onde o compraste? – perguntou-me deveras interessado...
Não sabia se ele já tinha ouvido falar em gambuzinos e nas histórias por demais conhecidas que giravam em nome desse “animal” inexistente. Mas aproveitei-me e, meio a sério, meio a sorrir, tentei:
- Mandei-o fazer! Este casaco é feito de pele de gambuzino.
- Gambuzino?!! – Que é isso?, insistiu admirado o Benjamim.
Percebi que nunca tinha ouvido falar da “caça aos gambuzinos” deixando-me mão livre portanto para planear uma caçada.
Expliquei-lhe que é um animal muito raro, cuja pele, de excelente qualidade possibilita a confecção de vestuário como o meu casaco, de que ele tanto tinha gostado.
Se ele quisesse, poderíamos organizar uma caçada, mas adverti-o de que tudo se teria de passar no mais absoluto segredo, porque a caça ao gambuzino era proibida por lei, para proteger aquele animal em vias de extinção.
- E como é que a gente sabe onde e quando o encontrar? – inquiriu o Benjamim.
- Bom, é um animal que paira a meia altura e por isso não deixa pegadas. É muito desconfiado e sentindo a presença humana, abriga-se e protege-se em troncos ocos das árvores. – elucidei eu.
O Benjamim estava entusiasmadíssimo. Estranhava que na Pampilhosa da Serra nunca tenha ouvido falar em gambuzinos.
- Isso não é admirar, disse-lhe eu. - Só há duas ou três zonas restritas no País onde eles existem. Uma delas é exactamente entre a margem norte do Rio Mondego e o Bairro. Ou seja, no Pinhal de Marrocos e zonas circundantes.
Combinámos que nessa mesma noite eu organizaria uma caçada, recomendando-lhe mais uma vezsegredo absoluto por causa da grave ilegalidade que isso representava.
Chegado ao café do Silva, combinei com o Vitor Salpicão, o Feliciano, o Calado e o Zeca Mestre e por volta da meia-noite fomos buscar o Benjamim a casa, partindo todos em direcção ao pinhal de Marrocos. Démos-lhe um saco de serapilheira e munimo-nos de paus e latas, instrumentos indispensáveis à caçada.
Logo ao fundo da Quinta das Flores, escolhemos uma oliveira com um tronco oco e dissemos em surdina ao Benjamim para ele colocar a boca do saco no buraco da oliveira.
- O gambuzino vai sair por aí. Quando ele entrar para dentro do saco, fecha-lo e pronto...- explicou-lhe um de nós com voz quase sussurrada.
- Nós vamos afugentá-lo fazendo barulho com os paus a bater nas latas, para ele entrar na toca da árvore, no caso de andar cá por fora.
- Certifica-te que o bocal do saco de serapilheira tapa completamente a toca da árvore ouviste? O gambuzino é muito esperto e se deixas uma abertura, por pequena que seja, ele escapa-se!Fomos batendo os paus e gradualmente fomo-nos afastando.
Sentámo-nos ao cimo da escadaria da R. Pedro Álvares Cabral, medindo o tempo que duraria a paciência do Benjamim.Enfim, podia ter sido pior... Mesmo assim, compreendido o logro, só o vimos subir a escadaria esbaforido e ameaçando-nos por volta das duas da manhã.

Rui Felício

 

sábado, 18 de janeiro de 2025

Música Ativa cantou as Janeiras pelo Bairro Norton de Matos

Notícia do Diário de Coimbra de 15 de Janeiro de 2025:








ANIVERSÁRIO - GUILHERMINA LEÃO

GUILHERMINA LEÃO

18-01-1952

Nesta data Especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

MARIA AMÉLIA MARTINS - ROMICAS

MARIA AMÉLIA MARTINS

              ROMICAS

18-01-1959

Nesta data Especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES

PARABÉNS!
 

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

ENCONTRO COM A ARTE- CONTO DE RUI FELÍCIO

PEDIDO DE CASAMENTO


Criava porcos numa pequena courela que tinha ao pé da Quinta das Flores.

Levantava-se da enxerga onde dormia, no seu casebre de madeira, antes do sol despontar, ia despejando a lavagem dos baldes para dentro das pocilgas, e ficava a olhar os focinhos cor de rosa a chafurdar nos restos da comida que no dia anterior tinha andado a recolher nalguns restaurantes do Calhabé.

Ao fim da manhã, ao chamamento dos grunhidos dos animais, acorria a dar-lhes umas mãos cheias de farinha e enchia de água os bebedouros de pedra. 

Ao entardecer dava-lhes couves e mais restos de comida. Depois ia fazer a ronda pelos restaurantes para a recolha das lavagens.

Regressava já de noite ajoujado ao peso de duas grandes latas cheias de comida que equilibrava penduradas nas pontas de um grosso cajado que enganchava nos braços e assentava nas espáduas.

Certa noite, desabafou com o dono do restaurante Marbran, à Fonte da Cheira, queixando-se da sua vida rotineira, sem perspectivas, sem alegrias.

- Casa-te! Precisas de te casar, homem...

- Com quem?!, perguntou admirado o Zé Feijão...

- Ora, com quem. Com uma mulher, é claro!

- Homessa! Nenhuma me há-de querer...

- Tens que fazer por isso. Elas não vêm ter contigo, ora essa!

A partir desse dia o Zé Feijão começou a olhar para as raparigas das vizinhanças. Uma a seguir a outra iam recusando os seus pedidos de casamento. 

Riam-se da sua fealdade, chegavam a humilhá-lo com dichotes.

- Cheiras mal, diziam-lhe por entre gargalhadas sardónicas.

Não houve mulher nova, velha, feia, bonita, gorda ou magra que acedesse aos seus intentos.

Descoroçoado, cabisbaixo, no domingo da inauguração da nova Igreja de S. José, foi assistir à grande cerimónia.

Não se conteve quando viu aquele deslumbrante vestido vermelho a adejar  na igreja, por entre a multidão de olhares que nele se concentravam.

 Encheu-se de coragem e assomou à coxia:

-  Quer casar comigo? Tenho um terreno na Quinta das Flores e crio porcos!

- Como posso eu casar contigo? Sou Bispo, fiz voto de celibatário...


Rui Felício


 

sábado, 11 de janeiro de 2025

ENCONTRO COM A ARTE-PINTURA/AGUARELA- ESTAÇÂO NOVA Adiu,adieu.... FOI DESACTIVADA a partir de 12-01-2025

 

A Estação, aguarela sobre papel 300g,18x24, José da Costa(Seixas),Jan 2025

Sacrificada  a ligação à Estação Velha  E AO METROBUS, MAS FICA o EDIFÍCIO, talvez ligado à cultura, DIZEM!

Ás 0h20 de domingo, chegam ao fim 140 anos de história. Construída em 1885, a Estação Nova de Coimbra, fecha portas.há 13 horas

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

ANIVERSÁRIO - BRANCA SARMENTO

BRANCA SARMENTO

10-01-1947

Nesta data Especial...

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MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!


 

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

ANIVERSÁRIO - MARIA HELENA SANTOS BASTOS MORGADO

MARIA HELENA SANTOS BASTOS MORGADO

6-01-1950

Nesta data Especial....

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

 

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

ANIVERSÁRI- MARIA DA CONCEIÇÃO DIAS VAZ PEREIRA

MARIA DA CONCEIÇÂO DIAS VAZ PEREIRA

2-01-1951

Nesta data Especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

quarta-feira, 1 de janeiro de 2025