segunda-feira, 19 de setembro de 2011

ENCONTRO COM A ARTE

Apresento mais dois trabalhos em barro do artista/artesão
David Oliveira-os últimos - meu vizinho na Rua Infante Santo



TAXEIRA
   Só recentemente, lendo o livro de Reis Torgal e pedindo informações a amigos, soube o seu verdadeiro nome, que muito poucos saberão. Chamava-se Raul dos Reis Carvalheira. O nome Teixeira foi-lhe posto por ser sósia dum interior esquerdo do Benfica – Teixeira de seu nome – que a malta odiava por ter deixado os dentes marcados na barriga do Faustino, half centro da Académica. Desde que as parecenças foram descobertas, passaram a chamar Teixeira – mais tarde “Taxeira” – ao Raul, que começava a aparecer nas latadas; Quanto ao verdadeiro Teixeira, passou a Academia a chamar-lhe "Cão", por razões que bem se entendem.
    Reis Torgal apurou que o Teixeira nasceu na Freguesia da Santo António dos Olivais, em 9/9/1926 e que morreu na Casa dos Pobres, na Rua Adelino Veiga, em 29/2/2000.
Net. 



CHARLOT

11 comentários:

  1. Mais dois trabalhos que o Fernando Rafael, em boa hora, recuperou da colecção do Senhor David Oliveira.
    Gostei de ambos, embora a figura do "Taxeira", me mereça um carinho especial. Figura típica da cidade, talvez a mais recordada, a par com o célebre Pica...
    Não resisto a contar este episódio: O "Jaquim" do café Mandarim da Praça da República, dava todos os dias o almoço ao "Taxeira". O repasto era sempre o mesmo: um bife com batatas fritas e um ovo a cavalo. Claro que o almoço era gratuito e uma forma de suavizar as agruras do "Taxeira". Mas o "nosso" amigo era um cliente exigente. Por vezes mandava o prato a deslizar pelo balcão do café, em sinal de protesto e gritava para o "Jaquim" :" óh Jaquim, traz-me outro bitoque que este tem pouco sal" ...

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  2. Tento contacar o blogue.A resposta é "não autorizado"...
    Bem queria habilitar-me ao "Taxeira",mas não sei como...
    Rui Lucas

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  3. Pelos vistos,sim.
    Como me posso habilitar ao "Taxeira"?

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  4. O Sr. David fazia imensos trabalhos para os carros da Queima.
    Lembro-me dos bustos dos nossos grandes escritores, para um carro de Letras, que ele esculpiu e me chamou para eu ir ver antes de os levarem.
    Tinha um grande orgulho nos seus trabalhos, que fazia por gosto e também para reforçar o ordenado... Eram quatro filhos!

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  5. Ò Rui vai ser um pouco dificil...mas vou tentar!
    Arranja barro próprio que ele faz o teu busto.
    Foi o que o David me disse...mas penso que talvez já não!A saúde já não ajuda.

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  6. O David "espalhou" a sua obra pelos amigos.
    Não a valorizava, era o maior critico de si próprio.
    "Toma lá, isto está uma rica merda!" - foi assim que me fez a oferta de um busto.

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  7. Pikado da Net...
    Sobre o Taxeira.

    Muita gente tem estórias do “Taxeira” para contar, desde a ida ao casino da Figueira, de fraque e anel de brasão no dedo, onde só terá sido desmascarado por querer oferecer um pirolito a uma requintada senhora, até ao telefonema que terá feito ao Reitor da Universidade a pedir satisfações, aquando da crise de 69. A última que li foi-me descrita por Francisco José Carvalho Domingues nestes termos: “… Foram com ele a Barcelona (Clínica Barraquer), estava ele quase cego. Recusou-se a ir de avião, por lhe provocar imenso medo essa ideia. Disseram-lhe que iriam de camioneta. Pois a cegueira dele era tal que ele embarcou no avião e, durante a viagem, dizia que as estradas espanholas eram maravilhosas, pois o autocarro não fazia ruídos nenhuns. Enfim, a Academia tratava sempre bem as suas "figuras"!
    E tratava… o melhor que podia: dava-lhe casa – num torreão (antiga bilheteira) do campo de Santa Cruz, tendo o Zé Freixo e Belmiro por anfitriões – dava-lhe de comer nas Repúblicas e cantinas, dava-lhe cigarros, tratava-lhe da cegueira e outros achaques, sentava-o à mesa do café,... apaparicava-o.
    Só recentemente, lendo o livro de Reis Torgal e pedindo informações a amigos, soube o seu verdadeiro nome, que muito poucos saberão. Chamava-se Raul dos Reis Carvalheira. O nome Teixeira foi-lhe posto por ser sósia dum interior esquerdo do Benfica – Teixeira de seu nome – que a malta odiava por ter deixado os dentes marcados na barriga do Faustino, half centro da Académica. Desde que as parecenças foram descobertas, passaram a chamar Teixeira – mais tarde “Taxeira” – ao Raul, que começava a aparecer nas latadas; Quanto ao verdadeiro Teixeira, passou a Academia a chamar-lhe "Cão", por razões que bem se entendem.
    Reis Torgal apurou que o Teixeira nasceu na Freguesia da Santo António dos Olivais, em 9/9/1926 e que morreu na Casa dos Pobres, na Rua Adelino Veiga, em 29/2/2000.
    A última vez que o vi foi já há muitos anos. Achei-o feliz. Uma espécie de lenda viva, muito acarinhado, muito cegueta e, talvez por isso, pairando um pouco acima do quotidiano. Que se passou desde então? Como viveu os últimos anos? Como morreu? Não sei. Mas admito que tenha sido em paz. Quem tinha uma família do tamanho da Academia não se deve ter sentido sozinho.
    Zé Veloso

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  8. Muito agradecido.
    Rui Lucas

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