Estas 2 imagens foram captadas hoje (terça-feira, dia 25), no mesmo local (Santo António dos Olivais - Coimbra), exactamente à mesma hora (21H00). O Sol em poente, a Lua em crescente. E um espantoso contraste cromático!
(BAIRRO MARECHAL CARMONA-denominação anterior ao 25 de Abril de 1974)
TEXTO DE PEDRO MARTINS feito em 2009 no 2º ANIVERSÁRIO em PENELA
Publicado no seu Blogue" CALHABÉ CIRCULAÇÃO"
Por iniciativa de Fernando Rafael, realizou-se em 2008
o “Grande Encontro de Gerações” do Norton de Matos que, entre naturais,
moradores e amigos, reuniu cerca de 400 pessoas deste bairro da cidade de
Coimbra.
Iniciativa fortemente apoiada pelo blogue “Cavalo
Selvagem” , teve um enorme sucesso.
O GEG proporcionou o reencontro de pessoas afastadas há
40/50 anos que já não expectavam encontrar-se e aproximou muita gente
distanciada pelos vícios da sociedade.
O GEG influenciou o futuro da vida, do dia a dia, de
grande parte dos seus participantes e enriqueceu-nos a todos: temos hoje mais
amigos, conhecemo-nos melhor, valorizámos o nosso sentido crítico, somos mais
solidários e tolerantes, e assim, somos mais livres. E o bairro também ganhou,
com as autoridades locais a deitarem, agora, um outro olhar sobre a sua
valorização patrimonial.
Também aconteceram alguns desencontros. É verdade que
sim, mas são desencontros naturais nesta multiplicidade de saberes e de
experiências.
Vai realizar-se, no próximo sábado, um convívio que
pretende assinalar o 2.º aniversário deste GEG. Aos seus participantes vem o
“Calhabé Circulação” desejar um dia feliz de confraternização e sugerir-lhes
que dediquem um momento de recolhimento em memória dos amigos que, entretanto,
nos deixaram.
O seu fiel Tabú acompanhava-o sempre, parecendo orgulhoso do sorriso luminoso do dono e este da amizade e fidelidade do cão rafeiro que, com ele, partilhava um casebre ali para os lados da Quinta das Flores
Certa noite, o Tabú fitava apreensivo o seu dono, ao vê-lo, agoniado, em frente ao portão do GRECO, meter os dedos à garganta e provocar um abundante vómito, depois de ter estado numa patuscada no Capim, onde comeu de tudo e em quantidade, bebendo talvez para além da marca.
O cão lambia e saboreava o vomitado, e de súbito abocanhou, sôfrego e apressado, a dentadura do dono que, no meio dos espasmos, se lhe soltara, caindo no chão.
O Sr. Dias ainda tentou arrebatá-la da boca do Tabú, mas este, obedecendo ao seu instinto, rosnou-lhe e engoliu-a.
Com dificuldade em articular as palavras o Sr. Dias berrou-lhe, ameaçou-o, ordenou-lhe que lhe devolvesse os seus dentes. Mas o Tabú, de rabo entre as pernas, parecia querer dizer-lhe que já nada havia a fazer. Já os tinha no estômago...
O dono levou-o para casa e fez-lhe um clister. Era a única forma, expedita, de apressar a saída da dentadura, através do ânus do cão. Era preciso que ele defecasse! E quanto mais depressa melhor!
Pacientemente, sentado, com a cabeça entre as mãos, O Sr. Dias esperou, esperou...
Até que, finalmente, o cão expeliu toda a carga que lhe enchia e magoava os intestinos.
No dia seguinte, o Tabú parecia mais orgulhoso do que nunca, ao olhar o Sr. Dias passear-se pelo Bairro, cumprimentando quem passava e exibindo ostensivamente o seu belo sorriso...
Aquele cão sentia que, agora, também já era um pouco dono de uma parte do seu dono...
Ernesto Costa foi cofundador e primeiro Presidente eleito do DEI, entre 1997 e 1999, e Presidente do Conselho Científico, entre 2006 e 2008. Obteve a Tese de 3º Ciclo em Ciências da Computação na Universidade Pierre et Marie Curie, em França, e o Doutoramento em Engenharia Eletrónica na Universidade de Coimbra. Foi, também, cofundador do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC), assumindo a sua presidência entre 1998 e 2000. No CISUC, foi responsável pela criação do Grupo de Inteligência Artificial (GIA), que liderou até 2003, altura em que criou e liderou o Grupo de Computação Evolutiva e Sistemas Complexos (ECOS). Em 2019, Ernesto Costa foi galardoado com o prémio Evostar Award for Outstanding Contribution to Evolutionary Computation in Europe pelas suas contribuições para o campo da computação evolutiva. Participou em vários projetos nacionais e internacionais, organizou vários eventos científicos internacionais e publicou mais de 200 artigos em livros, revistas e actas de conferências. Entre 2012 e 2018 foi membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, tendo renunciado ao lugar para se candidatar ao cargo de Reitor da UC. Desde 2020 até à sua jubilação foi membro eleito do Conselho Científico do Instituto de investigação
"Encontro de Gerações" Bairro Norton de Matos, associa-se a esta homenagem, cumprimentando o amigo JOJO!
"Este texto da Mafalda Saraiva prova o quão deliciosa é a nossa língua. Deliciem-se!"
"É uma expressão portuguesa, com certeza.
Antes de ir desta para melhor, vou dar com a língua nos dentes e lavar roupa suja. Com a faca e o queijo na mão, com uma perna às costas e de olhos fechados, vou sacudir a água do capote. Ainda tirei o cavalinho da chuva, tentei riscar este assunto do mapa, mas eu sou uma troca-tintas, uma vira casacas e vou voltar à vaca fria. Andava eu a brincar aqui com os meus botões, a chorar sobre o leite derramado, com bicho carpinteiro e macaquinhos na cabeça, quando decidi procurar uma agulha no palheiro. Eu sei, eu não bato bem da bola, mas sentia-me pior que uma lesma e tinha uma pedra no sapato. O problema é que andava a bater com a cabeça nas paredes há algum tempo, com um aperto no coração e uma enorme vontade de arrancar cabelos. Passei muitos dias com cara de caso e com a cabeça nas nuvens como uma barata tonta. Mas eu, que sou armada até aos dentes, arregacei as mangas e procurei o arquivo a eito. Acontece que uma vez em conversa com um amigo ele disse-me «Tiras-me do sério» e eu, sem papas na língua, respondi «Se te tiro do sério, deixo-te a rir, é isso?». Ele, de trombas e com os azeites, gritou em plenos pulmões «Esquece Mafalda, escreves belissimamente mas não conheces nem 1/4 das expressões portuguesas.» Só faltou trepar paredes. É preciso ter lata! O primeiro milho é dos pardais. Primeiro pensei ter posto a pata na poça, depois achei que ele tinha acordado com os pés de fora e que estava a fazer uma tempestade num copo d´água e trinta por uma linha. Fiz vista grossa, mas depressa disse Ó tio! Ó tio! Abri-lhe o coração, o jogo e os olhos na esperança de acertar agulhas e pôr os pontos nos is. Não lhe ia prometer mundos e fundos nem pregar uma peta, eu estava mesmo a brincar. Era um trocadilho. Pão, pão, queijo, queijo. Rebeubéu, pardais ao ninho, fiquei com os pés para a cova, só me apeteceu pendurar as botas e mandá-lo pentear macacos, dar uma volta ao bilhar grande ou chatear o Camões. Que balde de água fria! Caraças, levei a peito, aquela resposta era tão sem pés nem cabeça que fui aos arames. Eu sei que dou muitas calinadas, meto os pés pelas mãos e faço tudo à balda. Posso até ser uma cabeça de alho chocho e andar sempre com a cabeça nas nuvens mas não ia meter o rabo entre as pernas nem que a vaca tossisse. Pus a cabeça em água e fiquei a pensar na morte da bezerra. Caí das nuvens e com paninhos quentes passei a conversa a pente fino, não fosse bater as botas. Percebi que ele tinha trocado alhos por bugalhos, apeteceu-me cortar-lhe as vazas, mas estava de mãos atadas e baixei a bola. Engoli o sapo, agarrei com unhas e dentes, dei o braço a torcer e dei-lhe troco com o intuito de descalçar a bota. Não gosto muito do vira o disco e toca o mesmo, mas isto já são muitos anos a virar frangos e pus as barbas de molho. Uma mão lava à outra e as duas lavam as orelhas, mas ele está-se nas tintas, à sombra da bananeira. Não deu uma mãozinha nem deixou-se comprar gato por lebre. Ficou com a pulga atrás da orelha, pôs-se a pau antes de estar feito ao bife. Pus mãos à obra, tentei fazer um negócio da China e bati na mesma tecla. Dados lançados, cartas na mesa, coisas do arco da velha. Claro que dei com o nariz na porta, o gato comeu-lhe e língua e saiu com pés de lã. Água pela barba! Devia aproveitar a boleia antes de ficar para tia de pedra e cal onde Judas perdeu as botas. É que isto pode estar giro e estar fixe, mas não me apetece segurar a vela com dor de corno e dor de cotovelo só porque não conheço 1/4 das expressões portuguesas."
A Comissão Central da Queima das Fitas, dava livre-transito em todas as entradas nas diversas festas da Queima, a quem se inscrevesse para fazer parte do elenco da garraiada da Fig.da Foz.
O Noronha desafiou-me para irmos falar com a Comissão e sabermos o que era preciso fazer.
Lá fomos, o Noronha, o Reis Marques e eu.
Os tipos da Comissão disseram-nos que precisavam de um Cavaleiro, alguns Forcados e um Matador.
O Noronha, filho de um oficial da GNR sabia montar a cavalo pelo que a escolha do Cavaleiro era óbvia.
O Reis Marques forte e espadaúdo seria Forcado.
A mim, embora sem perceber nada de tauromaquia, só restava ser Matador.
No domingo seguinte de manhã teríamos que nos apresentar na Praça de Touros da Figueira.
Assim fizémos. Reparámos que tinham desenhado cartazes que colocaram nas ruas adjacentes à Praça:
- Zé Panhonha cavalgará o Rocinante vindo da Arena de Cádis;
- Marquês Rabejador agarrará pela cornadura a fera bestial;
- El Fininho vindo directamente de Sevilha exibirá belos passes de peito a centímetros do touro.
O El Fininho era eu, claro
Já na Praça, vestiram-me um "traje de luces" cheio de dourados e abaixo dos joelhos umas meias cor de rosa justas às minhas canetas fininhas
Na cabeça, o "montero", chapéu esquisito que os matadores usam.
Na mão, uma capa vermelha para citar o bicho.
E começa a tourada!
O Noronha montando o Rocinante cita o garraio logo que este sai esbaforido da porta dos curros.
Rodeia-o, grita-lhe galopa à sua frente e, por fim, com um gesto largo cede-me a faena, apontando para mim que estava na trincheira.
Pulo por cima das tábuas, atiro o "montero" para a bancada sob uma tonitruante salva de palmas e cito o touro de praça a praça.
Mas…
O animal lá longe não me ligava nenhuma.
Até que finalmente me viu tanto eu berrava para ele investir.
Com a pata raspou a terra, baixou os cornos, urrou e desatou a correr na minha direcção de cabeça baixa.
Quis imitar, como vira na televisão, o Manuel dos Santos, famoso toureiro que obrigava o touro a circular à sua volta sem ele mesmo sair do seu lugar.
Coloquei o capote à minha frente e no último momento afastei-o para o lado direito esperando que o touro seguisse o pano vermelho.
Mas…
Ele baixou a cabeça, enganchou os cornos por baixo das minhas pernas e antes de eu cair, com uma potente marrada fez-me voar por cima da trincheira onde me estatelei.
Fui levado em braços para a enfermaria sob fortes aplausos.