sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ferramentas do Séc. XVIII - Herança portuguesa

Amigos de Portugal,



Instrumentos achados por restaurador em templo barroco de Congonhas e que, provavelmente, pertenceram ao entalhador português Servas, testemunham processo construtivo do século XVIII.
Nascido em Portugal, Francisco Vieira Servas (1720-1811) trabalhou como entalhador e escultor em madeira nas igrejas de Nossa Senhora da Conceição, em Catas Altas, no Santuário do Senhor Bom Jesus do Matosinhos e de Nossa Senhora da Conceição, em Congonhas; e de Nossa Senhora do Rosário, de Mariana, além de outras em Ouro Preto, Itaverava e São João del-Rei. Segundo os especialistas, ele criou estilo próprio na concepção dos altares, com destaque para um elemento denominado arbaleta (arremate sinuoso).
O achado ocorrido há três semanas e divulgado dia 27 último, se deu quando o restaurador Geraldo Eustáquio removia o “envelopamento” do arco do cruzeiro e viu a verruma e depois os dois malhos. “Quando encontrei a verruma e peguei nela, me senti um entalhador do Século XVIII. Guardamos o material, chamamos o escultor Luciomar Sebastião de Jesus, que conhece profundamente todo o acervo histórico das igrejas de Congonhas. Em seguida, avisamos ao pároco. Ao encontrar os malhos e saber que o arco do cruzeiro é atribuído a Servas, tive outra emoção. A parte superior do arco, onde estavam as peças, não tinha o menor indício de violação”, afirmou Geraldo, explicando que, antigamente, se usava a verruma, o ferro de pua e o trado. “Atualmente, se usa a furadeira elétrica”.
Para o diretor de Patrimônio, a descoberta tem um caráter mais surpreendente, “pois nunca se ouviu falar que alguém tenha encontrado uma ferramenta associada a um grande entalhador daquele século. Para Luciomar, “elas vão atrair estudiosos e curiosos sobre o fazer artístico daquele período. São testemunhas de um intrincado processo construtivo da época, que nos revela a técnica dos grandes mestres”.
Esse achado, na Matriz de Nossa Senhora da Conceição, templo barroco de Congonhas, na Região Central, joga mais luz sobre a forma de trabalhar dos escultores do século XVIII e traz à tona da história da arte o nome do entalhador português Francisco Vieira Servas (1720-1811), que trabalhou nessa e em outras cidades do período colonial, também autor do retábulo-mor da igreja. “É uma descoberta muito importante de objetos que, tudo indica, pertenceram ao artista português ou à equipe de seu ateliê”, disse o diretor de Patrimônio da prefeitura local, o escultor Luciomar Sebastião de Jesus.
Entusiasmado, Luciomar explicou que as ferramentas artesanais, certamente feitas pelos próprios entalhadores, podem ter sido esquecidas e não deixadas de propósito. Na sua avaliação, passados quase três séculos – a matriz é de 1734 –, ele acredita que o arco do cruzeiro tenha funcionado como uma “cápsula ou máquina do tempo”, mantendo intacto o conjunto. “Quando vi as três peças, fiquei impressionado e comentei sobre a excepcional descoberta com o restaurador Geraldo Eustáquio Mendes de Araújo. Isso significa um laço com o passado, preenche lacunas e serve de caminho para compreendermos melhor o jeito de trabalhar naqueles tempos”, conta Luciomar.
As ferramentas estavam pouco acima do “entablamento”, dentro do arco do cruzeiro. “As tábuas que o compõem formam um envelopamento, o que permitiu que ficassem escondidas. Pelo que vimos, o arco nunca foi aberto, tal as condições da policromia e dos cravos existentes”, disse Luciomar. Logo que foi encontrado, o material foi entregue ao titular da paróquia, padre Paulo Barbosa, que pretende, quando terminarem as obras de restauração da matriz, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades Históricas, expô-las permanente. Em Congonhas, Servas, contemporâneo de Francisco Antonio Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814) deixou sua marca também na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, já restaurada, e Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, reconhecido como Patrimônio da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Malhos de madeira
 
Verruma
Fotos: Escritório Técnico de Congonhas/Iphan-MG/Divulgação)
Fonte,com adaptações: http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2016/12/28/interna_gerais,835556/diretor-de-patrimonio-de-congonhas-comenta-descoberta-de-ferramentas.shtml

Chama Mamãe


10 comentários:

  1. A matéria foi copiada, conforme fonte indicada. Com isso, desconfigura.Tentei configurar, sem lograr êxito. Desculpem-me, mas queria mesmo que vocês soubessem do conteúdo.

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  2. Em boa hora resolveste colocar aqui este texto e as fotos. É uma descoberta extraordinária e interessante. Para vossa informação, a verruma, com aquele feitio, foi uma ferramenta que se manteve praticamente igual até ao final do séc. XIX, início do séc.XX. Tenho uma, que deve ser de 1890 e que ainda tem o aço e madeira em bom estado. Mais tarde, por volta de 1920 começaram a aparecer umas mais sofisticados, (também tenho uma) já com duas rodas dentadas de tamanhos diferentes e uma manivela ligada à roda maior. Uma volta da roda maior dava 5 ou 6 da roda pequena, que por sua vez, estava ligada à broca. Só por volta dos anos 50 é que aparecem os berbequins eléctricos de venda ao público, mas com preços proibitivos. Hoje, para trabalhos pequenos, ainda prefiro as verrumas antigas.
    Obrigado pelo texto, Mamãe.

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  3. Ontem à noite fiquei verdadeiramente surpreendido com esta postagem de Mamãe.
    É uma a honra estas descobertas histórica com séculos de existência, que evidencia como os artistas trabalhavam na construção de igrejas e outros monumentos e o supremo cuidado com que pretendia deixar testemunhos práticos dos instrumentos que inventavam para executarem seus trabalhos e na certeza de que mais tarde em obras de restauração seriam descobertos e assim transmitirem aos vindouros como executavam suas obras de arte, é uma honra escrevia eu acima que este blogue seja também um fiel depositário do conhecimento destes achados que irão ficar em museu.
    Como tenho familiares no Brasil, pois o meu concelho de Penela é das zonas em que mais se emigrava para o Brasil, especialmente da terra de minha avó materna, sendo que dos 3 filhos 2 dos rapazes também abalaram para a zona de São Paulo, com a curiosidade que um dos meus tios tinha como arte a de carpinteiro e bem me lembro de ver na sua oficina tanto os maços como as verrumas... a um amigo que anda muito pelo facebook(já com mais de 90 anos...) vou-lhe transmitir este texto de Chama a Mamãe.
    Muito obrigado Mamãe por esta dádiva preciosa....esperando que o problema de saúde esteja a caminho de cura total.
    Um excelente ANO DE 2017 e claro um beijo de gratidão e amizade.

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    1. Ainda nem "mexi" no problema, Dom.Ou melhor, nao mexeram. Estou a realizar exames solicitados
      Enfim...cá estou, ainda.

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  4. Interessante artigo que nos chega do Brasil. Texto explicativo de um "achamento" que certamente dará lugar a pesquisa. Certamente que o proprietário deste blogue bairradino passará por aqui a agradecer este valioso contributo de "Chama a Mamã".

    Ontem, casualmente, encontrei uma docente que trabalhou num liceu de Aveiro e que me disse sem eu nada perguntar, que seguia o EG, pois esteve ligada a este bairro onde o pai, já falecido, morou. Apesar de passarem por aqui poucos comentadores, são muitos os que vão lendo quem vai dando o seu contributo.

    Não posso deixar de referenciar aqui mais um bom comentário do amigo Alfredo Moreirinhas,

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  5. Olá, minha amiga!
    Gosto de a ver por aqui é a escrever sobre um tema que para mim é quase desconhecido, mas interessante.
    Aproveito para desejar um Bom Ano, com saúde recuperada.
    Beijinhos.

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