quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Encontro com a Arte- poesia


 A noite vem de mansinho, pé ante pé

Aqui, na minha aldeia, cessa o ruído

As crianças deixam o largo do Enxido

E os homens saem da taverna ou café

Atiçando o ladrar de algum cão atento

Que escuta o mais leve  sonido do vento

Para lá do aconchego da chaminé

Ao abaixar da noite tudo se aninha 

Tombam, no chão, algumas folhas esteadas

Onde dormitam lagartixas enroladas,

Aranhas tecedeiras, uma joaninha…

A flor turquesa da chicória adormece, 

O policromado matiz desaparece

À medida que a escuridão caminha

Em noites quentes de Verão, com lua cheia

Aquela fada altaneira a brilhar 

Desperta um não sei quê no nosso olhar

Que põe tudo diferente… tudo prateia

Como se nos convidasse para a farra

A bailar ao som da estouvada cigarra

Cantarolar que nos cativa e enleia

As fadas, então, acordam a madrugada

Obrigam a lua a recolher o seu luar

Para que o sol possa vir administrar

A paleta do arco-íris apresada

No pratear cinzento duma noite clara

Que, embora seja duma beleza rara,

A Natureza é mais linda, acordada

Georgina Ferro

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