Dona Isabel de Aragão, Padroeira de Coimbra ...
Hoje, dia nove do mês de Julho do ano da Graça de dois mil e
dezasseis, encontrei Dona Isabel de Aragão. Sabia onde ELA estava e foi em
passo lento que me envolvi na penumbra da Igreja de Santa Cruz. A hora era de
calor e o povo não era muito, pelo que, longe de banhos de multidão, pude
sentar-me a olhar a Sua Imagem e Saudá-la, pois há muito tempo que não nos
víamos.
Não fui na intenção interesseira e choramingas de LHE pedir
fosse o que fosse. Fui apenas refletir, meditar e dizer-LHE em como foi
importante em páginas sombrias da minha vida. Passo a passo, acompanhou – me em
momentos delicados.
Naquela madrugada de 4 de julho de 1971, do alto da cidade Estremoz onde ELA faleceu, parti para a guerra. Ali, naquele local, também Isabel de Aragão é venerada e a luxuosa estalagem alentejana tem o Seu nome em Sua homenagem.
Naquela madrugada de 4 de julho de 1971, do alto da cidade Estremoz onde ELA faleceu, parti para a guerra. Ali, naquele local, também Isabel de Aragão é venerada e a luxuosa estalagem alentejana tem o Seu nome em Sua homenagem.
Parti naquela triste madrugada, olhando a pousada e invocando o
Nome da Padroeira de Coimbra. Na bagagem, eu levava um pequeno fio em ouro com
a Sua Imagem, que me deu um familiar na esperança que ELA me protegesse dos
perigos da guerra que se confirmaram e vim a sofrer na carne na mente e no
espírito.
Lembras-TE Isabel, daquele Domingo de Páscoa de 1972, em que
com o meu grupo de combate caí num campo minado? Lembras-TE Isabel, que não foi
na família que pensei, mas apelei a Ti para que todos saíssemos dali ilesos
daquele antro da morte ?
Regressámos sãos e salvos e, desde esse dia, Vives em mim.
Por isso aqui estou, sentado neste banco de madeira, conversando Contigo e
lembrando passagens da minha vida.
E ELA, ali na minha frente, na Igreja onde está sepultado o
Fundador, com o Seu semblante sereno e a Sua túnica de cores suaves, era o
símbolo da Serenidade e da Paz.
Mentalmente, revi todo um passado. E a Rainha, que não é etérea mas uma figura da História de Portugal, casada com um tal Dinis que foi rei, aclamada durante séculos por um exemplo de bondade e generosidade, por certo que ouviu o meu monólogo atormentado.
Pouco me importa o Milagre das Rosas. Pouco ou nada
quero saber da veracidade das rosas que se transformaram em pão, ou se é apenas
a imaginação fértil de um conto popular. O que sei, é que sempre sempre se
gerou uma empatia entre nós.
Um diálogo surdo entre presente e passado e mesmo quando
percorri os caminhos sem fim de terras da Beira Baixa, ELA ali estava na
pequena povoação de Tinalhas, a escassos quatro quilómetros de Salgueiro do
Campo, onde em humilde capela, se encontra uma réplica da Sua imagem Coimbrã.
Naquele
lugar remoto, é venerada pelos povos, que todos os anos a honram com uma
procissão noturna. Sempre a Rainha Santa Isabel perto de mim, fosse qual fosse
a latitude por onde eu percorria o meu Destino.
No momento em que escrevo estas linhas, Dona Isabel de Aragão passeará
por Coimbra em direção à Sé Nova. Depois recolherá ao Seu Templo de Santa Clara,
até ao dia em que voltará a descer à cidade.
E eu, seu fiel e dedicado amigo, aguardarei nova oportunidade
para conversarmos, num monólogo que muito terá de oração informal.
Porque é apenas assim que me vejo no meu papel de crente. De
um crente que não sei se serei. Talvez e apenas um homem reconhecido que em
ocasiões difíceis invoquei o Seu Nome.
E ELA, bondosa e compreensiva que é,
perdoar -me – á esta minha estouvada Fé, Certa da minha incondicional estima e
espiritual gratidão para com ELA.
Saúdo- TE Isabel de Aragão, Padroeira de Coimbra…
Quito Pereira
Olá, Quito! Há tempo que não "vinha aqui" e a leitura deste teu texto legitima, a meus olhos, umas linhas de comentário. É assim que entendo o culto, ou a veneração, ou apenas a admiração por alguém que é um modelo de grandiosa bondade. Respeito,profundamente,o passado que estabeleceu os laços que te ligam à rainha Santa. Gostei de assistir a esta tua "conversa" de gratidão para com a tua protectora, como acredito que é.
ResponderEliminarUm abraço.
Isabel Marta
Só posso dizer: MMMMMMMMMMMMaaaaaaaaarraaaaavvviiiiiiiiiiillllhhhhhhhhhoooosssso.
ResponderEliminarSou Isabel em homenagem à Rainha Santa e, como tu,"conversarmos, num monólogo que muito terá de oração informal".
Pois eu vou ser muito formal!
ResponderEliminarParabéns por mais este texto!
Não pela forma como tal está escrito, pois isso já o disse em relação a outros que escreveste e que aprecio imenso!
Não sabia da tua devoção tão fervorosa à NOSSA RAINHA SANTA ISABEL!
Ainda bem que te recebeu na Igreja de Santa Cruz e com ela travaste esse diálogo que te encheu a alma!
Até na hora de embarcares para a guerra, coincidência ou não, a Rainha Santa lá estava-espiritualmente- para te desejar felicidades.Os comandantes da guerra não podiam ter escolhido melhor que Estremoz!
Quito, se todos os crentes fossem como tu, a Rainha Santa Isabel seria bem mais feliz.
ResponderEliminarDona Isabel de Aragão foi Rainha, mas também foi Mulher.
ResponderEliminarUma Mulher sábia e bondosa que, com a sua astúcia, conseguia enganar um Monarca indiferente à pobreza do povo e, assim, praticar a caridade.
Um espírito elevado, como poucos.
Por essa Mulher, tenho a minha veneração.
Um abraço, Quito.
Há monólogos que nos lavam a alma!
ResponderEliminarA nossa Rainha Santa é bem inspiradora e o texto do Quito, como já é costume, saiu ainda mais introspetivo e admirável!