Delicioso episódio. Quando a Académica era estudantil. Quando a Académica era,
no campo desportivo, o prolongamento de uma cidade universitária ímpar. Essa
Académica, guiava-se por valores e por gente dedicada, que não abdicava de
manter a Académica na seu trilho desportivo e estudantil.
Naqueles anos e muitos mais que se seguiram, a Instituição fabricou lendas da
camisola negra. Alberto Gomes, Capela, Ramin, Curado, Bentes, Rocha e os
lembrados irmãos Campos e Maló, entre outros.
A glória desses tempos, são também páginas brilhantes da história desta cidade.
Coimbra não era apenas a Académica mas também era Académica.
A nível desportivo, Coimbra era bastião de algo diferente. Uma pedrada no
charco do desporto profissional. Fosse em futebol ou no basquetebol.Quem
esquece Mário Mexia, Saraiva ou Gui? Sim, apenas os mais novos não o saberão.
Desconstruí-se a Académica na fogueira de tempos revoltosos e necessários. Mas,
como é histórico, tempos conturbados transversais aos séculos, foram sempre
tempos de excessos, quando a emoção por vezes suplanta a razoabilidade. E a
Académica, na sua matriz estudantil, foi na enxurrada.
Depois mudou de sexo, deixando os seus milhares de seguidores em Coimbra e na
diaspora, orfãos da sua identidade desportiva.
- O meu clube é o Académico- diziam alguns de olhos no chão.
- Qual Académico, diziam os regimentos de outros emblemas. Académico do Porto -
perguntavam?
- Não de Coimbra ...
- Ah, és da Académica de Coimbra!
Sim, de Coimbra. Até os outros, que não vestiam a "negra" mas que com
ela simpatizavam, recusavam a Briosa disfarçada de masculino.
Almeida Santos, teve condão de, entre outros, lutar para que a Académica
regressasse à sua identidade primitiva. Porém, ferida de morte. O culto do
cifrão e das negociatas pardas, o pântano do desporto profissional, retirou à
Briosa o paladar de uma equipa com uma filosofia própria, que não se esgotava
em dar pontapés numa bola.
Em 2O12, fomos ao Jamor. Éramos muitos. Milhares. Fomos de camioneta. Levámos
violas e cavaquinhos e comemos frango assado debaixo das árvores acolhedoras.
E, relembrando 39, vencemos.
Vencemos vencidos pela emoção. Alguns choraram. Pelo menos, os mais velhos. Os
que tiveram a sorte de ainda ter conhecido a irreverência Coimbrã. E ainda hoje
me interrogo, se o pranto daquele momento de exaltante amor a uma cidade que
ali estava representada, não era apenas e só a saudade daquilo que foi um pouco
de nós. A saudade de uma Briosa genuína e amortalhada na sua essência ...
A Académica de hoje, não é Académica de ontem. Saudemos os que a querem
perpetuar no meio da tempestade. A Académica de Coimbra de um passado brilhante
e inigualável, merecia uma estátua de bronze num qualquer jardim da cidade. Mas
apenas os menos novos, ou aqueles que já partiram mas estão presentes,
perceberão este SENTIR.
AQUI -PARA VER O QUE FOI ESTE DIA HISTÓRICO
AQUI -PARA VER O QUE FOI ESTE DIA HISTÓRICO
Em tempo : Desconstruíu-se a Académica ...
ResponderEliminarRecordar nesta hora Rui Lucas, um dos nossos que já partiu ...
"Quando a Académica era estudantil" até tinha sócios que choravam de alegria com as vitórias do seu club. Hoje, duvido que seja assim. Este texto do Quito está ...como sempre estão os textos dele, uma maravilha
ResponderEliminarE eu, que neste dia fui pela primeira vez a um jogo de futebol!!!
ResponderEliminarAcertei em cheio e as memórias que guardo deste dia são indescritíveis, irrepetíveis, inesquecíveis!!!
Agradeço a todos quantos contribuíram para esta festa memorável.
Eu vi o golo GOLOooooooo...Festa fantastica e inesquecivel .Agradeço a todos aqueles que a proporcionaram ,Bem hajam.
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