sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

CURIOSIDADE POÉTICA

CONTA E TEMPO 
                                                                                                                                         No século XVII, época do Barroco, os artistas eram dados a estes jogos. Às vezes até se ficavam pelos trocadilhos, não curando dos assuntos. Mas este tem assunto bem recheado de saber. Soneto, obra-prima do trocadilho, escrito no século XVII por Frei António das Chagas (António Fonseca Soares).

CONTA E TEMPO

Deus pede estrita conta do meu tempo.
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta,
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para dar minha conta a tempo
O tempo me foi dado, e não fiz conta.
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero fazer conta, e não há tempo.

Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta!

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