No Bairro em voo de pássaro.
Entrei no ano de 1951 para a Rua D nº 9.
Em 1954, mudei para a Rua A nº 12.
Esta casa tinha uma vantagem. Desde o portão até ao fundo do quintal, havia uns metros livres que permitiam umas valentes futeboladas. Mas as ruas eram melhores, mais largas e com alcatrão. Só tinham um problema, o polícia, em particular o Gois.
Claro que fui arregimentado para ir até à esquadra, na rua G. Ao passar em frente da casa da minha Tia, no início da Rua G, que felizmente estava ao portão, safei-me. Constava que a multa eram 20$00, uma fortuna para quem se via aflito para comprar 2 tostões de rebuçados de jogadores. Era a meio tostão cada rebuçado.
Cortar o cabelo era com o Albino. Ia a casa e cantava. Tinha ar de cantor italiano. Depois passei para o Sr. Simões. Ficava furioso, porque nos via toda a tarde de sábado a jogar a bola no Cavalo Selvagem e, por fim, talvez chateados com o resultado, entrávamos todos ao mesmo tempo na barbearia.
Pelo meio, o Sr. Sabino arranjou umas balizas de hóquei, organizou um torneio, atribuiu uma cor a cada equipa e fizeram-se umas valentes partidas na Rua Y. Partidas é aqui literal, pois até tínhamos um guarda-redes que defendia com a cabeça aquelas bolas de madeira que deveriam ter ferro por dentro, eram pesadíssimas.
Mais tarde o Silva passou a ser o barbeiro. Que prazer que era cortar o cabelo com música nos ouvidos, um pouco monótona mas a mastigação do pequeno almoço não admitia muitas variantes. O corte terminava com a sopradela no pescoço, para sacudir os pêlos mais renitentes.
Faltava um local para se falar, trocar ideias, de cultura enfim. O Café do Sr. Silva foi o eleito.
A partir daqui e com a preparação para os exames, que um grupo de “estudantes”, das especialidades de Direito, Medicina e Engenharia, conseguiu organizar pela noite dentro com resultados surpreendentes, porque chumbamos todos, começou a ser uma “desgraça”. Só a tropa nos chateava.
Maravilhoso Bairro e amizades que cultivamos.
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