Em tracejado largo, os alinhavos amarelados ponteavam a bainha postiça. Embora ainda em bom estado, as calças azul escuro que lhe ofereceram, tinham um bom meio palmo a menos do que a medida certa para a sua altura. Ao contrário, na camisa às riscas, quase nova, que surripiara de um estendal na Estrada da Beira, cabiam lá dois como ele. A mais ligeira brisa enfunava-a , tal como o calor da chama enchia um balão em noite de São João.
As mangas arregaçadas deixavam ver os braços magros, ossudos, que balançavam quando saracoteava as pernas finas no seu caminhar desajeitado.
Os lábios ressequidos e lacerados, deixavam ver, quando se abriam num arremedo de sorriso, dois caninos escuros, apodrecidos, numa boca de onde já tinham há muito desaparecido os incisivos.
Na taberna do Sr. Ângelo, paragem obrigatória depois de deambular pelo bairro a pedir esmola, dava estalos com a língua e emitia um cavernoso som gutural de aprovação, de cada vez que emborcava mais um copo de três.
A troco de um tinto que lhe pagassem, metia na boca uma bomba de carnaval, acendia-lhe o rastilho com a ponta do cigarro e deixava que ela, com grande estrondo, lhe rebentasse entre os lábios. E exibia, orgulhoso, a seguir à explosão, a fumarada que lhe saia da boca e do nariz.
Lembro-me que morava no Areeiro e que lhe chamavam o “Pinto Calçudo”, mas não me recordo já do seu verdadeiro nome.
Rui Felício-publicado em 06-12-2010
Depois de longo interregno, volto aqui. É sempre com atenção que leio o Rui. O escritor é um retratista da palavra escrita. Os textos, mesmo que repetidos e pela sua beleza literária, nunca caem no esquecimento. Sobretudo quando evocam o passado e gente que pese a sua humildade mas pelas suas características intrínsecas, fazem parte do nosso património afetivo. Guarda bem essas memórias, Rui !
ResponderEliminarObrigado Quito.
ResponderEliminarFizeste cá falta.
Pois desta vez a ausência foi bastante longa. A sua segunda cidade, LAGOS, reteve-o não com o pretexto de praia mas pelo fascínio que a Cidade exerce sobre si e... também sobre a São.Nao fora ter consigo seu neto Miguel durante uma parte da sua estadia... diria que regressaria a Coimbra com a tez mais branca que tinha antes da partida...
ResponderEliminarOu me engano muito ou Coimbra... passará a Cidade de férias....
Bom regresso ás manhãs do Vasco da Gama.
E figos, Quito? Tue a São gostais de figos pingo de mel? Mesmo que estejam ainda verdes?
ResponderEliminarEspero que o Tó Ferrão marque o restaurante perto...
ResponderEliminarOs Quitos adoram figos ainda sobre o verde, têm o pincaro maior!!!
Então os Quitos que tragam 10 cestos da Mercedes iguais ao do Alfredo.
ResponderEliminarEstá um gajo a fazer um intervalo de descansar e logo aparece algum invejoso para nos fazer trabalhar ! Sim, que isto de dar aos queixos a comer figos dá muito trabalho à cremalheira dental. Enfim... mas pela família Moura fazemos tudo e estou decidido mais a minha Maria nessa piedosa missão de comer uns figos de Coimbra à moda da Beira Baixa ...
EliminarAh, ladrão, que nunca me enganaste!
EliminarAviso já que desconfio que de verde só devem ter a cor exterior! Portanto...
ResponderEliminarA trabalheira que me deu pintá-los todos de verde. Só espero que não chova!
EliminarFica a relva mais verde...
EliminarE depois o Alfredo exige que lhe engraxe os sapatos!
EliminarPortanto ver para crer...
ResponderEliminarFigos no papo e figos no saco... Hora 15,20 mais o quarto de hora da praxe...
Não tentes meter nisto o quarto de hora académica ou vais dormir a sesta com o Paulo...
EliminarO Rui Felício adorava estar por cá... E conhecer a extensão de Fala.
ResponderEliminarNada é impossível...
O Rui Felício deve ter medo de se apaixonar pelas mulheres da minha colecção...
EliminarA dona da casa esteve a limpar folhas e figos caídos na relva, de rabo alçado. Tirei-lhe uma foto mas ela não deixa publicar...
ResponderEliminarO Rafael adivinhou o meu pensamento.
ResponderEliminarÉ verdade que gostava de ter estado na extensão de Fala.
Não pelos figos que não aprecio.
Mas é melhor não ir lá
Porque o Paulo Moura ficaria encimado quando a São Rosas se derretesse nos meus braços.
Enciumado
EliminarNão está mal. O Paulo encimado na figueira apanha figos prás visitas...
EliminarO Paulo encimado na Figueira, encismado com os ladrões e enciumado com o Rui Felício...
EliminarNão sei se leve saco ou caixote...
ResponderEliminarFigueira que me dizeis?
Se gostas de figos verdes, traz um camião TIR.
EliminarAVISO À NAVEGAÇÃO: Se os figos verdes derem uma monumental diarreia ao grupo excursionista, o WC da casa do Paulo é para mim. Os outros que de vão aliviar para atrás da Maria Oliveira !
ResponderEliminarTens a romanzeira. O Alfredo tem a azinheira que a Daisy e ele nos ofereceram. Ainda está pequenita porque tivemos que cortar uma parte que estava a secar, mas ele caga nisso.
EliminarLá tenho eu que ir para trás do diospereiro...
ResponderEliminarTarde piaste, que o diospireiro já foi à vida, com muita pena nossa. A Maria Oliveira Rafael enxotou-o dali. Mas tens duas magnólias. Dá uma para cada nádega.
EliminarJá não apareço.
EliminarAinda vos dá para procurar algum, como é que hei-de dizer, algum, digamos...carvalho...
Tipo rolha?
EliminarCarlos, Tuna Tebaldes!
EliminarObrigado mas não vai dar para ir. Hoje não estou em forma.
EliminarAguardo a vossa reportagem.
Abraços
E eu que queria apanhar figos ao teu colinho...
EliminarPara ser sincero já não estou a gostar nada da frívola da São Rosas.
EliminarPara ela tudo o que vem à rede é peixe...
Os teus ciúmes fazem com que os teus olhos me vejam verde, sem préstimo. Mas querias estar aqui para me chamares um figo!
EliminarTenho a minha dignidade.
EliminarFica lá ao colinho do Carlos, do Quito, do Rafael,do Alfredo e até dos vizinhos de Fala...
Eu sabia! Eu sabia! Tu amas-me! E eu também te amo, meu fofinho!
EliminarAinda bem, pois durante o serviço, estava sujeito a que um se esborrachasse na careca....
ResponderEliminarMagnólias alivia o ambiente....
E tens dois jasmins ao lado. É pena não estarem em flor.
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