segunda-feira, 30 de agosto de 2021

COIMBRA- PARQUE VERDE E AS CHEIAS DO MONDEGO(2016) -RECONSTRUIDO )2021)

 

    2016
    2016
    2020(?)
    2021-25-8 Celeste Maria Rafael
    Maria Helena Matias
    2021 25-08 Fernando Rafael


domingo, 29 de agosto de 2021

ANIVERSÁRIO José Eduardo Soares

JOSÉ EDUARDO SOARES

29-08-1948

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!
 

quinta-feira, 26 de agosto de 2021

O QUE OS OLHOS NÃO VEEM, A BOCA NÃO SENTE Texto do Professor Antonino Silva

 O que os olhos não veem, a boca não sente.

Nos quesitos do comer e do beber é muito certo que nem todo o pão agrada às mesmas bocas. Cada um tem os seus gostos e as suas esquisitices do paladar. Quantas vezes os meus amigos não tiveram a curiosidade de adivinhar a que é que algum alimento saberia sem o terem provado? Por antecipação ou pura imaginação, os alimentos sabem a alguma coisa antes de nós os sabermos. Saber e sabor caminham de mão dadas e só sabemos a que uma coisa realmente sabe depois de a provarmos. Então saber-lhe-emos o sabor. 

Porém, como vinha dizendo mais acima, muitas vezes achamos que alguns alimentos serão mais ou menos saborosos olhando-lhes o aspeto, a cor e o cheiro, mas, mesmo aí, nada é produto acabado. Aquilo que para uns é uma nojice, será, para outros, um manjar divino e, quanto ao aspeto, estamos já conversados porque, se os olhos não virem, a boca não sente. Pensemos nas comidas processadas: quão feliz é o comensal que não lê os rótulos! Quem os lê passa mal e torna-se, num repente, em debiqueiro e lambisqueiro, porque tudo o que lá vem não se aconselha. A ignorância dá-nos calorias de sabor; o conhecimento dá-nos a sensação da culpa.

Nos inícios da década de ´80, aquela família numerosa começou a fazer uma coisa que era, à luz do tempo e do lugar, uma modernice: fazer uma semana de praia no Areinho, na Torreira. O agricultor arranjava maneira de alguém lhe regar o milho e outras culturas de fim de verão e metia a cachopada na sua Ford Transit, chegava e montava uma tenda feita de lona e passavam por ali uns dias de praia e descanso. Como coincidia com as festas dos Remédios, a saudade diminuía porque as festas de S. Paio também eram de vistão e havia lá de tudo, desde os comes e bebes até às diversões. Em suma: eram os melhores dias do ano para a família.

O pai começou a ver os veraneantes a comerem uma coisa que, na sua ideia, não seria de comer: caracóis. Contudo, não se quis ficar atrás e provou; provou e gostou. Parecia-lhe um pouco caro o preço que tinha de pagar e foi averiguando como se fazia o petisco. Deram-lhe as técnicas e só faltava a matéria prima. Por conspiração astral, nos últimos dias de férias, o tempo tornou-se bastante húmido e choveu mesmo, fazendo com que milhares de gastrópodes saíssem dos buracos das paredes e se espalhassem pelas ervas à volta do acampamento. Foi uma fartura de quilos e quilos que todos apanharam.

No regresso à terra, os animais foram preparados e comidos de todas as maneiras, porque todos gostavam. Todos menos uma senhora mais velha, caseira da quinta, que dizia que nem morta os comeria.

A mãe, matreira, apostou que também a senhora Rita os havia de comer. Foi dito e feito! Na manhã seguinte, à hora do almoço (refeição comida pelas 10 horas, servida com sopa e pão com apeguilho), misturou uma boa dose de caracóis na sopa de cebola e moira, triturando-os parcialmente. Era comum desfazer uma das moiras na sopa, para dar cor, gordura, aroma e sabor, por isso, os pedaços dos caracóis poderiam confundir-se com isso mesmo: os pedaços da moira. 

A refeição cumpriu-se e o dia correu normal. À hora da merenda havia caracóis na mesa e a senhora Rita levantou-se voltou à ladainha do costume: nem morta os comeria e nem lhes podia sentir o cheiro. A mãe resolveu então desatar o fio da meada e falou-lhe da maroteira da manhã. Não quis acreditar, não seria nunca possível! Porém, quando percebeu que a conversa era séria, correu para o fim da eira e procurou lançar fora tudo o que tinha comido, mas àquela hora já não havia sinais dos bicharocos. Restou-lhe lançar uma injúria e amaldiçoar a patroa que, do outro lado da eira apertava as mãos na barriga de tanto rir.

Não sei se a maldição funcionou, mas creio que não, porque, até hoje, a minha mãe foi e continua a ser uma mulher feliz, que se sente abençoada.

Professor Antonino Silva


segunda-feira, 23 de agosto de 2021

sexta-feira, 20 de agosto de 2021

VÃO PASSANDO ... HÁ 60 ANOS NA IGREJA DE SAO JOSÉ COIMBRA

 


 1961
                                                                                2021



quinta-feira, 19 de agosto de 2021

CHEGOU A CASA SEM CARREGO. texto de Georgina Ferro

 Chegou a casa, sem carrego. Atirara com ele para trás de uma moita, antes que os carabineiros lho arrancassem, à força. 

 Depois, pinchara muros e portados, atravessara lameiros esgueirando-se entre o gado e os pedregulhos.  Já não tinha força para correr, nem quase para se arrastar. Não comia, havia dois dias, mais que dois cachitos já ressequidos, que encontrara no rebusco duma vinha já vindimada. 

 Dera uma “topadela” num calhau que lhe esborrachara o dedo grande do pé direito. As dores eram imensas, mas a pior era a dor de chegar a casa sem dinheiro e sem acarreto. Que diria à sua Maria? Deixara-lhe, a seu cuidado, os cinco filhos pequenos, a Mourisca para levar ao lameiro, ordenhar e tratar-lhe, não só da manjedoura, mas também da cama; e a marrã, os coelhos, as pitas… Cabisbaixo, ia rezando o seu rosário de preocupações…

 ¬ _ ”Hei, Toino!, acorda, home!” “Atão que tens no pé?” 

 _ “ Ai ti Joaquim!, desculpe que não dei por vossemecê! “Cun diatcho, tibe de abentar o acarreto por mor dos carabineiros”! “E abentei tal pintcho numa pedra que fiz uma “farruja” no pé!

 _ “Tens que ir à busca doutro governo, Toino! Olha, o passador ontem tebe lá por casa e disse que havia uma fábrica de loiça em França a angariar trabalhadores. Eu quase que estou para aí virado!... mas já estou tão velho!...

 _ Mas olhe que eu, ti Joaquim, por este andar, não tenho outro remédio se não quiser deixar os catraios morrer à míngua.

 A longa conversa  aproximou-os de casa mais depressa do que a solidão. E, à chegada, o Toino ia determinado a “dar o pulo” para França. Embora de corpo esguio era forte e desenvolto! Haveria de conquistar um trono para a sua família.

 No dia seguinte, levou o cachopito mais velho e foram à cata do carreto abandonado… “Pertelinho” estavam os carabineiros de atalaia. Como não levavam nada com eles, deram-lhes as “boas tardes nos dê Deus”, em castelhano e marcharam na direcção do esconderijo. À socapa contornaram o caminho e já se aproximavam da aldeia quando viram a “guarda”! O Toino seguiu em frente  e deu ordem ao filho para se escapar!

  Um dos guardas correu no encalço do garoto, mas a leveza da idade, levou a melhor.

 Foi, nesse dia, que o nosso homem se decidiu. Iria ajoelhar junto da Senhora dos Milagres, para lhe pedir a Sua bênção. Depois partiria para Fontes de Onor, a ter com o  passador,  dali para Andorra, Pirenéus e conquistaria um lugar na fábrica em França!...

 Foi lá que o encontrei. Uma carlinga dum velho autocarro servia-lhe de quarto e aconchego, até que vazasse a casa da “usina” que lhe estava prometida para ele e para a sua Maria e filhos. Pediu-me que escrevesse uma carta que me foi ditando, primeiro atabalhoadamente, depois a um ritmo de saudade e pensamento.

 Os anos passaram… os filhos formaram-se… o Toino envelheceu… Tem mais do que alguma vez ambicionou, mas o cantinho da sua aldeia jamais esqueceu


Georgina Ferro


segunda-feira, 16 de agosto de 2021

ANIVERSÁRIO- Carlos Carvalho

CARLOS CARVALHO

16~08~1951

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

 

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

A LETRA "P" INACREDITÁVEL

 

A Letra "P" inacreditável

 

Para Provocar Pensadores...


A língua portuguesa, junto com a francesa, são as ÚNICAS línguas
neolatinas na face da Terra que são completas em todos os sentidos...
quem fala português ou francês de nascimento, é capaz de fazer proezas
como esse texto com a  letra "P" 



Só o português e o francês permitem isso...  a língua inglesa, se
comparada com a língua portuguesa, é de uma pobreza de palavras sem
limites... portanto, antes de estudar uma outra língua, se aperfeiçoe
na sua, combinado?!

Apenas a língua portuguesa nos permite escrever isso...


Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas,
paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar
panfletos. Partindo para Paracicaba, pintou prateleiras para poder
progredir.



Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para
Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres.
Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas,
porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.



Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir
permissão para Papai para permanecer praticando pinturas, preferindo,
portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirinéus, pois

pretendia pintá-los.



Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos,
preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam
precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas
picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas
perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes
potrancas. Pisando Paris, permissão para pintar palácios pomposos,
procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria
percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro
Paulo precaver-se.



Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir
pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando
profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente
para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo... Preciso partir
para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando
principais portos portugueses. Paris! Paris! Proferiu Pedro Paulo.



Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Papai
Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu
prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para
prosseguir praticando pinturas.




Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo
permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio
puxando-o pelo pescoço proferiu: Pediste permissão para praticar
pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou
perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? Papai proferiu
Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei
procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois
pretendo permanecer por Portugal.



Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando
pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo
para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte
precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando.



Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo,
pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois
pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.
Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo
próximo, pedreiro profissional perfeito.




Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para
Péricles profissionalizar Pedro Paulo. Primeiramente Pedro Paulo
pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois
precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo
preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois
precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo. Pereceu
pintando...



Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar…

Para parar preciso pensar.

Pensei.

Portanto, pronto pararei!

    Porrrrrrrrrrra !!!...

Sugerido por JU Faustino

quinta-feira, 12 de agosto de 2021

ANIVERSÁRIO - SUZANA REDONDO

SUZANA MARIA REDONDO

12-08-1946

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações"  deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!



sexta-feira, 6 de agosto de 2021

CONTOS E SONHOS por João Viriato Neves

 

O milionário de sonhos

 

No crepúsculo da consciência quando o sono se aproxima a passos largos, João Vulgar, meditava pela triste vida que tinha: pensou no quanto lhe custava ter um carro velho, avariara na manhã anterior, ressentiu de novo o incómodo de se deslocar em transportes públicos, onde as pessoas lhe parecem tristes, fechadas, arrastam o corpo como ícones de conformismo, sobrevivem e não vivem, fisionomias vencidas, maquilhadas de uma dor invisível partilhada numa solidão massiva. 

.“Mais três dias!”, alentou-se,” E voltarei ao carro, é velho, mas é quente e tenho o rádio por companheiro”. Fustigou o parco sossego da alma, assestando-se no tecto frio e branco cuja pintura estava há anos prometida, mas sempre adiada, apesar das repetidas reprimendas da mulher. Tentou conformar-se, desprender-se do sonho decano, a “sua” onírica vivenda de jardim francês salpicado de framboesas e fontes com anjos despidos a velarem por brancas rosas frágeis. 

A sua Fé vacilava e empurrava-o para uma depressão, diria que sentia uma crise existencial. Zangou-se com Deus e justificou-se: cinquenta anos de idade, a gota, a mulher obesa, antípoda das mulheres que todas as noites lhe entram pela sala de jantar no “quadro” do ecrã televisivo, o enfadonho e arcaico emprego de guarda-livros, os amigos perdidos como afluentes se perdem dos rios, o vetusto bairro caiado de cusquice concupiscente, o clube, o partido, a igreja, a reforma, a pedinte Romena de criança nos braços, as notícias do mundo, todo o universo lhe parecia cinzento, amargo... Apenas lhe restou a abandonada colecção de borboletas, poeirenta e esquecida na estante quebradiça, e as pescarias na barragem da aldeia… “Se Deus fizesse do Mundo uma só barragem com margens polvilhadas de monarcas amazónicas com todas as cores da íris, onde apenas houvesse um banco de pedra e tempo para pescar e pensar, isso sim, seria o paraíso!” Nisto, o vulto do casaco pendurado, lembrou-o da cautela de lotaria Europeia cuja ponta parecia querer saltar pela algibeira, tinha uma borboleta indefinida no rosto, pareceu reconciliar-se com Deus, negociar um pouco de sorte.

Do seu costumeiro hábito matinal de ler o jornal deu prioridade à conferência do número premiado pela sorte. Num momento a alma fundiu-se com o corpo, o sangue transfigurou-se em calor, uma corrente eruptiva de emoções avassaladoras fluíam-lhe nas veias, teve de se sentar. Limpou o suor da testa e trémulo reconfirmou: “Sou um milionário!” As suas preces foram atendidas. A sua alegria era apenas distorcida por vagos camelos sedentos que faiscavam enquanto enormes agulhas lhe picavam a alma. 

 Toda a vida de João Vulgar mudou. Comprou três grandes moradias, carros de luxo, roupas novas, jóias de diamantes, deixou de trabalhar, deixou a família com um quinhão de dinheiro para que a consciência não o incomodasse e o diabo não o usurpasse. Contratou uma porção de pessoas: um alfaiate, um cozinheiro, uma cabeleireira, uma massagista, um motorista, um jardineiro, duas empregadas por cada casa, um secretário... eram tantas as pessoas que o rodeavam que quase sempre as confundia no nome e número. Suportava outras personagens apenas por obrigação, pois ser milionário implica ter banqueiros, advogados, investidores, vendedores, seguranças, impostores, trapaceiros, angariadores de obras de caridade, políticos, festas sociais, e um sem fim de outras pessoas que lhe roubavam e queimavam o tempo, sempre de sorriso e salamaleque enjoativo, sempre com uma aquiescência irritante, por vezes chegou a dizer grandes barbaridades para testar apenas o servilismo, e era sempre incólume. 

.A única virtude que lhes reconheceu foi terem-lhe mudado o nome, passou a chamar-se João Precioso, e mais tarde, por insistências várias e oportunidade fortuita adquiriu o título nobiliárquico de Conde Precioso.

O tempo perpassa o Ser como o vento nos caniçais, e o Conde João Precioso angustiava-se com a nova vida que tinha, chegou a privar-se de comer e beber, para apenas poder sentir alguma coisa, nada lhe fazia sentido, o suspiro passou a acompanhá-lo como um tique nervoso e apenas os bons vinhos lhe elevavam a um bom humor artificial. Tentou de todos os artifícios da imaginação: viajar, comprar, festejar, mas tudo parecia seco de autenticidade, vazio de sentimento. 

Começou a fazer uma vida dupla, a de pobre, em que se trajava de vestes mundanas frequentando uma taberna castiça onde se regozijava a jogar damas e sueca com reformados, falava de futebol e inventava problemas, escondendo sempre a verdadeira identidade; e a vida de rico, aquela que sempre sonhara, mas que afinal agora desdenhava.

O Ser tem momentos introspectivos onde lhe apetece mudar o rumo do mundo interior, afinal aquele que em verdade podemos mudar. João Precioso estava ébrio, triste e arrependido, pensou na mulher, e que linda agora se lhe afigurava, relembrou a velha pequena casa e até o sofá bafiento do odor dos felinos não o incomodou, teve saudades do trabalho, em verdade não foi bem do trabalho, foi de estar ocupado, de ter o espírito responsabilizado e absorto numa tarefa simples, mas cuja simplicidade de essencial se torna plena de sentido. 

.Telefonou para a mulher, não sabia o que dizer, tentou explicar-se, atrapalhou-se, já não sabia ser humilde e perdera a sensibilidade para pedir desculpa, ela chorou e apenas lhe disse: “Quando voltares a ser o João Vulgar, vem, que me aqueces a cama, e as flores sem ti murcham”, ele reagiu mal, arrependeu-se , desligou o telefone, não estava disposto a  desligar-se do dinheiro. 

.Entrou em raiva e em ódio, quando o Ser é fluído de tais sentimentos, a razão e o discernimento dissipam-se, e por norma apenas a violência, a insanidade e a catástrofe fazem sentido. João Precioso, tentou em vão escrever algo, não conseguiu, bebeu mais e apenas piorou a revolta, em desespero encontrou a solução: a morte. Saiu em flecha dirigiu-se ao primeiro edifício alto e saltou para a liberdade.

A meio da queda a mulher acordou-o e disse: “João querido, tás a ter um pesadelo, estás todo suado!”, que alegria João Vulgar sentiu, tudo não passara dum pesadelo. 

Saiu então mais cedo, com ânimo e alegria olhava para o mundo com os mesmos olhos, mas com outra consciência. Foi à missa das sete horas, não era usual entrar em igrejas, apenas nos baptizados, funerais ou casamentos, fez questão de deixar o bilhete de lotaria na caixa de esmolas, que aliás nunca conferiu, e depois foi generoso no ofertório e convicto na eucaristia. 

Ficou mais pobre de Ter, mas nesse dia teve a convicção que lhe sobrou muito menos Ser por preencher, e acima de tudo encontrou um novo caminho cuja visão da vida lhe permitirá ser um milionário de Ser.

 João Viriatus Viegas

Contos e Sonhos

2003

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

ANIVERSÁRIO - António Augusto Rodrigues Ramos

ANTÓNIO AUGUSTO RODRIGUES RAMOS

                    TONINHO RAMOS

05-08-1944

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!


 

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

COIMBRA DE OUTROS TEMPOS - ACADÉMICA de 1966/67

    - Neste ano Foi à Final da Taça de Portugal , tendo perdido 3 a 2  com Vitória de Setúbal
 

segunda-feira, 2 de agosto de 2021

ANIVERSÁRIO - Rosa Reis Pinto

ROSA REIS PINTO

02-08-1946

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!