A eterna polémica entre o amor e o sexo.
À BEIRA DO CAMINHO
Filha de Deus,
Minha irmã,
Quando, passando,
Te vejo sentada
À beira do caminho
Sozinha, esperando,
Para venderes amor
Ao viandante,
Sinto ternura
Numa raiva contida
De pedante
Por passar adiante
Envergonhado,
Sem um sorriso,
Uma palavra,
Mudo,
Cabisbaixo,
Cúmplice,
Ignorante.
No cálice do teu corpo
Caem as moedas
Do pão dos teus filhos,
Das frustrações,
Das contradições
Desta paleolítica humanidade;
Na riqueza do vazio da tua alma,
No recôndito silêncio dos pensamentos,
Quanta mágoa,
Quanta solidão,
Quanta revolta!
E, no entanto,
Quantas vezes,
Abandonados,
Pelos teus olhos
Se cruzam tristes outros
Carentes da ternura
Duns olhos de mãe
Que nunca sentiram,
De maternas carícias
Que nunca tiveram!
Olhos de criança serão,
Solitários, mendigos
A chorarem por pão!
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