sábado, 21 de abril de 2012

A VIDA É UM TEATRO...(3º EPISÓDIO)



Autoria: PPP-Parceira Pública e Privada “QuitoFelicio”, de irresponsabilidade limitada
3º episódio


No final do último episódio, a estalajadeira Olinda tinha perguntado:

- Quem será aquele cavalheiro de capa que repousa junta à fonte, que nunca o vi por estes reinos …vou perguntar-lhe … cavalheiro, quem sois ?

O Conde, leva então a perna esquerda à frente, faz uma estrondosa vénia e apresenta-se:

- Sou Dom Felício, Conde da Ericeira, ao vosso dispor … e vós quem sois miúda ?

Olinda Linda, de mãos na cintura:
- Mais respeitinho ó cavalheiro, que aqui onde me vê, sou a estalajadeira que faço o melhor javali no espeto d’aquém e além Mondego … ( e virando-se para o público) … ó mas agora reparo … como o fidalgo é elegante…este é que me levava ao altar (e levando a mão à testa)… ó … pressinto que vou desfalecer …

Lord Dias António:
- Ó menina, desfalece lá para onde quiseres, menos para cima do cavalete …e não me chores para cima das aguarelas, que me esborratas a pintura …
Olinda Linda:
-  Grosseirão … se é assim que se fala a uma donzela … se aqui estivesse o Senhor d’Abranches, cavaleiro e cavalheiro de fino trato, eu jamais ouviria tal insolência …
Lord Dias António (colérico):
- Nem ouseis em falar-me do nome desse vilão, que até se me dá um arrepio na ponta do pincel … esse plagiador que só sabe pintar gaivotas penduradas nas pontes e nas ameias dos castelos …
Da coxia, entretanto, aparece Dom Rafael a tocar bombo, que grita para a varanda chamando a sua amada:
- Celéstita, regressei … razão da minha existência …
A janela abre-se de par em par e a Baronesa, radiante e a arfar, exclama:
- Ó meu amor … como já tardáveis ..o meu coração estava mais inquieto que um pintassilgo dentro de uma gaiola … vá dizei-me algo que me aqueça o coração …
Dom Rafael, com um joelho prostrado por terra, diz sorridente:
- Trago uma boa nova para vós, minha amada … já tenho escudeiros suficientes para ir ao Torneio do Jamor …
A Baronesa faz uma cara de desagrado e diz irada:
- Ó … como me desiludis Dom Rafael …só pensais em banquetes e em torneios …
(ato contínuo, ausenta-se, batendo com fragor as portadas da janela)

E é nesta altura, que entra em palco uma figura bizarra. Usa uma túnica vermelha, chapéu cónico e uma pequena vara na mão. É a São Rosas, travestida de Vidente de Caria, com um mestrado em bruxaria, tirado em Vilar de Perdizes:
- Meus senhores … meus senhores, vinde até mim, que vos prevejo o futuro por meia dúzia de ducados … a minha bola de cristal é infalível … e se tendes problemas também podereis recorrer aos meus serviços …remédios para os calos, treçolhos e unhas encravadas, para tudo tenho solução … vendo sangue de vampiro, saliva de lagarto, raspas de unhas de morcego, baba de lince da Malcata, tudo á vossa disposição ao preço da chuva …

Da penumbra do palco, aparece um figurante que inspira compaixão. Arrasta uma perna, tem horríveis chagas nos cotovelos e nos joelhos. É o mendigo Lucas, com a sua roupa andrajosa, que, de mão em concha vai pedindo esmola:
- ó … tende piedade de um pobre mendigo, que já nem dinheiro tem para se deslocar para as termas da Póvoa do Varzim, apanhar sol e mar, para curar estas chagas como receitou o Físico de Conimbriga  … lograi ajudar esta ancião que há mais de um ano que não sabe o que é meter os dentes incisivos num naco de queijo da Rabaçal

As luzes esmaecem no palco ao mesmo tempo que os lustres do salão se vão iluminando.
O pano desce lentamente para o fim do 1º Acto
Por trás do pano, sobrepondo-se ao vozear que inundou o salão durante o intervalo, consegue escutar-se uma acesa discussão entre o ponto Senhor Carlos de Viana e o Lorde Dias António. Perfeitamente audível a voz deste último, de vez em quando:
-  Mas, pá, coiso… Afinal quando é que eu entro?

Fim do 3º episódio

Como estará a nobre assistência a reagir a esta peça teatral?
O filósofo De Durão irá fazer um furo no Bar, para ganhar um chocolate que adoce os lábios da Condessa?
E irá oferecer-lho no recato do camarote que possui no Teatro?
Ou ficará a filosofar sobre etéreas coisas, desaproveitando o ensejo de a seduzir?
E sobre o que discorrerão o Conde de Azurva, o Conselheiro Ferrão e o Cavaleiro D' Abranches?
E Dom Rafael e a Baronesa Dona Celeste? Aproveitarão o intervalo para se entregarem recatadamente aos prazeres da carne?

Sabê-lo-emos durante o 1º intervalo, escutando algumas conversas dos circunstantes.
Esteja atento!
Não perca o próximo episódio!


42 comentários:

  1. Ai, que lá deu outro fanico à baronesa!
    Trazei-lhe os sais, rápido...
    A baronesa tem razão pois Dom Rafael, ora lhe diz que a ama, ficando ela com o pintassilgo a palpitar-lhe no alvo busto, ora muda a conversa e volta-se par outros interesses!

    Aguardo a opinião dos assistentes.

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    1. Ai Baronesa, Baronesa, que futuro será o seu? Dom Rafael, o bombista, só pensa em rotas e torneiros e quer lá saber que tendes o pintassilgo aos saltos...
      Tomai uns sais para acalmar o pintassilgo e para ele dai-lhe com o pau...de Cabinda.

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  2. A casa está a ser muito bem arrumada, e aprumada.
    Eu gosto.
    1 pintor.

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  3. Ousais insultar-me Lorde Dias António? Essa do vilão...há-de fazer correr muita tinta, vil pintor de "enquadramentos" e porras...eu gosto...vá lá coisa...e vê lá se escondes a garrafa...pois o D. Viana está colérico a gesticular, para dares um pontapé na dita, diga-se garrafa, para ver se entra na "caixa do ponto". Senhor Conde da Ericeira....miúda (!?) não é linguagem de Conde! Moderai vossas palavras e oferecei uma flor a tão frágil, mas linda Estalajadeira! Porque esperais Don Rafael? Ainda vamos no 2º acto e os suspiros da vossa bela amada, Senhora Dona Baronessa Celeste, já são audíveis...na Condessa do Ameal! Senhor Filosofo, temos de ter uma conversa muito séria...pois essa do camarote privado, trás muito chocolate na boca!Prevejo grandes duelos !!!? Mendigo Lucas! Tereis toda a minha solidariedade...e um caixa de primeiros socorros, será a minha primeira dádida! A malga da "sopa da pedra" será dividida...com muito prazer!
    E...por ultimo...um fra (?) para os encenadores que são de alto gabarito! E estava a ver que não aparecia no "guião"...o meu título (verdadeiro) de Conde D´Abranches!!!!

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    1. Meu Ilustre Cavaleiro D' Abranches,

      Como querieis Vossa Senhoria que tratasse eu a estalajadeira Olinda?
      Para mim é uma miúda. Quase que a vi nascer. Poderia ter andado com ela ao colo...
      Não tomeis portanto as dores dela, que já bem bastam as que sofreu numa certa Passagem de Ano!

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    2. Ó Conde da Ericeira como me lembro do vosso colinho,tão fofinho...
      Ó tempo volta para tràs !!!

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  4. Quando esta peça subir ao palco, posso trocar essa "pequena vara na mão" por uma bem grande? De 5 litros? Posso? Posso? Posso?...

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    1. Claro que podeis, Feiticeira que nos enfeitiça o coração.
      Assim a consigais arranjar, o que duvido!

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  5. Claro que pode Sr. Vidente de Caria!!!! Desde que prometa que as três pancadas de Moliére serão dadas com a vara de 5 litros.....
    Esperando ansiosamente esse momento...

    CONDESSA DE LOUZADA....ao seu dispor!!!!

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    1. A Senhora Condessa de Lousada ouviu falar em vara, esqueceu logo o chocolate do Senhor De Durão...

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    2. Não esqueci não, Sr. Conde da Ericeira!!!! Mas cada coisa em seu lugar........

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  6. Condessa deixai a vara do Vidente de Caria em paz, não ides na sua conversa que para te levar à certa já tenho o que me pediste.
    No meu camarote serás a rainha que saboreará na chaise longue a mousse, a tal de chocolate branco, bem batida e cremosa como nunca terás visto

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    1. Não acrediteis nas falinhas mansas do filósofo, Condessa!
      Ides ver, e então me dareis razão, que ele jamais vos conduzirá ao tal camarote. Nem tão pouco vos dará o prometido chocolate.

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    2. Será um Filósofo morto sr. Conde, e se não cumprir com a sua palavra terei depois os meus meios para o convencer.... se não for de livre vontade, vai à força, isso vos prometo, palavra de Condessa!

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    3. Promessas Sr. Dom Durão!!!!!
      Todos os dias acordo às 6/7H da manhã a pensar na chaise longue onde me vou espojar e saborear lânguidamente essa branca mousse dos deuses que me tem tirado do sério!!!!!
      Ai! Ai! Dom Durão, será que os vossos ditos, não passaram de vãs promessas?????

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. O Conde de Azurva levantando-se desabafa para o Conselheiro Ferrão:
    "Oh Conselheiro, são uma merda, não passam de amadores, vim eu de tão longe para isto. Estou farto do bombo que sai e entra sempre a bombar e depois qual é a história?"
    Conselheiro Ferrão:"Tem razão, daqui a pouco dou de frostes"
    O Conde: "De frostes?"
    Conselheiro: Sim ponho-me a milhas, quer dizer ponho-me a andar. Eu que até estreei hoje roupa de marca e estou aqui a amarrotá-la toda... Vou ao bar.

    Um pouco mais atrás o Senhor d´Abrantes limpava as unhas com ar de enfadado...

    Dom Abílio de Durão ao ouvir este diálogo, não se conteve e disse:
    “Senhores, tenham calma, os autores da peça têm renome mundial e peças em exibição em Londres, aguardem o desenvolvimento nos próximos actos e verão a surpresa que vos espera”.

    A Condessa desesperada e ansiosa segreda ao ouvido de Dom Durão:
    “Vamos aproveitar o intervalo para apanhar ar que estou com os calores”

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    1. Ilustre descendente de D. Luís Carlos Inácio Xavier de Meneses, 5.º conde da Ericeira...dir-vos-ei que se conheceis a Estalajadeira desde tenra idade, mais uma razão para a tratardes como um flor linda e fragil! Caro Dom Abílio de Durão, descendente também de boa linhagem, mas cujo ramo da sua àrvore geneológica, não consigo decifrar (possívelmente a intemperie esgalhou o ramo!!!)dir-vos-ei que esse Senhor com ar enfadado, deve ser algum plebeu infiltrado, que sera de Abrantes, deduzo. Informo vossa senhoria de que eu, sendo Conde, uso luvas de fina pelica, feitas por medida num arreeiro de Santarém que também, artisticamente aparelha toda a minha quadra de cavalos!
      disse.

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    2. Mui digno Conde, já não sei se é de Abrantes ou de outra terra mui nobre das beiras. Seguramente me parece que os seus cavalos o aguardam. Espero vê-lo ainda um dia a cavalgar pelas ruas de Coimbra, não num, mas sim num dois cavalos, pois com a sua estatura, leia-se peso, O Conde não é pessoa para um só cavalo.

      Invejo a sua paciência e diligência nas andanças pelos arquivos das paróquias na procura genealógica do meu passado. Sou nobre sim, mas não puxo dos galões, sou eu só e a minha circunstância.

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    3. isso é que é falar !!! palmas ...

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    4. Palmas para quem Senhor Regedor? Para mim ou para o Senhor Dom Abílio de Durão? Quanto aos galões!? De prefrencia escuros, ou seja com pouco leite p.f.! E saiba vossa senhoria que a geneologia é uma "ciência" interessantíssima! Cuidai que brevemente irei até à Torre do Tombo, fazer uma pesquiza, pois cheira-me que anda por aqui, muito "gato por lebre"..ou seja plebeu...com ares de nobreza!? E a alguns não lhes faltam "cortesias". E quando é que o pintor Lorde Dias de António entra em cena? E por favor tirem a grade do cenário, pois o homem é alérgico! Uppss desculpem, vou atender o telefone. É da Coudelaria de Alter...um belo puro sangue que adquiri, já está desbastado...e irá enriquecer a minha quadra!!!

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  9. Nunca vi uma peça de teatro com tantos condes, condessas, marqueses e marquesas, no palco e na plateia !!! Ando desconfiado, que ainda vai aparecer por aí um vice-rei ...
    O meu estatuto campesino, até me deixa seco da garganta, só de me ver no meio de tanto sangue azulado. Bem, vou acomodar o gado no bardo e regar os pepinos que estão a morrer de sede ...é assim a vida dos pobres ...
    Até amanhã ...
    O Regedor

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    1. Não trabalheis tanto, Regedor Quitus!!!! A vida são dois dias e eu nunca deixarei que nada lhe falte....tendes sempre abrigo no meu palácio e uma mesa posta, com os manjares que mais desejardes....quer isto dizer que comida, cama e roupa lavada estarão sempre à vossa disposição, Amóri...desculpe Sr. Regedor, fugiu-me a boca para a verdade!!!!!

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  10. É assim mesmo, Sr. Regedor. Quem
    fala assim não é gago.

    O Vice-Rei de Montreal e arredores,
    Senhor do Quebec, daqui e além mar
    na Beira Litoral.

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    1. Vossa Senhoria até parece que é bruxo !!!

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    2. Só estou admirado que o Vice-Rei da possessão francesa, ainda não apareceu. Como o Vice-Rei é um símbolo da "democracia", ele deve andar muito ocupado a ver se ganha as eleições.

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    3. Tende calma Dom Francisco ...já oiço um cavalo a trotar ...

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  11. Caro Senhor Regedor!
    Mas afinal quem é que escreveu o "guião"?
    Os "calados" estarão a conspirar alguma?
    Boa noite...vou dar de beber aos cavalos!

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    1. ...ide pois, Senhor d'Abranches, dar de beber aos cavalos, que eu por cá me fico a ler o guião que o Viana, entretanto, adormeceu ...

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  12. Confesso-me preocupado com o desfecho deste episódio.

    O Conde da Ericeira está a afiar o dente para comer o javali no espeto da Linda estalajadeira e está-me a querer parecer que ela se prepara para se lhe desfalecer nos braços. Ele come-lhe o javali e pira-se para a Ericeira de barriga cheia e, o pior, é que a dela também não ficará vazia...
    Não vai dar bom resultado. Tenha juízo, menina, enquanto é tempo!

    Não é menos preocupante o desenlace do romance que a donzela Baronesa Celestita teima em manter com o rufia do bombista Dom Rafael.
    Será que ela ainda não percebeu que ele está muito mais interessado em banquetear-se e em tornear-se?!
    Porque não quero complicar a possibilidade deste enlace, não vou contar que Dom Rafael se prepara para organizar um torneio de pintura entre o Lord Dias António e o Senhor d'Abranches.
    Eu bem lhe sopro ao ouvido: - não te metas nisso. Mas o gajo não me ouve!
    Nada mais posso fazer, restando-me ficar na expectativa e torcendo por si, querida donzela. Recate a sua candura para quem melhor a merecer!

    Mais preocupante ainda é o aparecimento da Vidente de Caria, vulgo São Rosas. Tenho segura informação de que, neste momento, se encontra rodeada dos seus mais fieis acólitos - donde sobressai o Visconde do Carvalho, também seu guarda-costas - a oferecer o seu veneno favorito às populações da Lapa do Lobo. Num cocktail de sangue de vampiro e saliva de lagarto, vai misturando alegria e boa disposição, cultura e arte. Perigosa, esta São Rosas!
    Mais ainda, prepara-se para servir um dos seus perigosos cocktail em terras da Santa Rainha. Não pára! Cuidado com ela.

    Também me preocupa, por diferentes motivos, a situação do mendigo Lucas.
    Conheço-o há largos anos, desde o tempo em que ele era o maior criador de osgas de toda a península ibérica. Exportou osgas aos milhões para todo o mundo, incluindo China e Japão. Ainda há bem pouco tempo, o Senhor Conde de Azurva, embaixador do Reino, me fazia referência à excelente qualidade das mesmas.
    E agora, por este triste episódio, fiquei a saber que vive do rendimento mínimo, tendo dificuldades em comprar um simples queijo do rabaçal.
    Resta-me a consolação de saber que tem uma basta reserva de queijo da serra, presunto pata-preta e garrafeira de vinho de Lamas.

    Ainda mais uma preocupação:
    Será que a esbelta e mui nobre Condessa Dona Teresinha se vai deixar enganar com as filosofias baratas do cavaleiro-andante, rufião disfarçado, autêntico predador, o tal filósofo De Durão?
    O gajo consegue enternecer uma mulher com uma simples barra de chocolate já fora de prazo. Perigoso!
    Acautelai-vos, puras donzelas.

    E, preocupado que nem um ministro do Reino, daqui me vou.

    Para a dupla Quito/Felício, aquele abraço.

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    1. Começo a "axar" que Senhor DE VIANA, PONTO desta peça quinhentista, merecia outro lugar de relevo, que não o de enfiado num buraco, a fumar e a dormir em cima do guião.
      Numa próxima oportunidade, é justo a que tenha um valente tacho no palco, ou seja, figura maior de um naipe de atores ...
      Toma lá um abraço

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    2. Obrigada,Senhor de VIANA!
      Sois um bom "pai" aconselhando a ingénua Estalajadeira...Vou acalmar esta "gula" para que não caia numa choradeira ( mais uma...)
      Basta,sr. Conde da Ericeira! Javali "JAIMAIS"!!!
      Abração para todos.

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    3. Obrigada Sr. de Viana pela vossa preocupação! Na realidade eu sou um coração mole que facilmente se deixa levar por pensamentos, palavras e obras...mas neste caso tendes razão, porque depois de ter comido a deliciosa mousse de chocolate branco, no recato do camarote, oferecida pelo Filósofo Durão...tive uma noite para esquecer...a diarreia foi mais que muita e melhor do que eu, que o digam as aias que nessa noite andaram numa fona a acartar bacias de água....
      Ainda me estou a recompor de tão grande "crise", Sr.de Viana!!!!!

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  13. A minha vida de passeante errante( esta madrugada a chegada da Lapa do Lobo) lá foi para as tantas!, não me tem permitido ser lesto nos comentários.
    Já copiei o 3º episódio para me entranhar mais nas teias que por aqui são urdidas!
    Numa passagem rápida já vi que ando por aqui metido com o bombo às costas, bombando qual saltimbanco de feiras gritando que nem um "capado", chamando pla minha amada!Celestita, regressei(mas donde?)...(ÉS) a razão da minha existência!
    Com o (ÉS) impressiona mais

    Quanto aos escudeiros suficientes para o Torneio do Jamor...está a faltar a "GUITA"!!!(esta está bem metida!)
    Os comentários estão um mimo! E sem desprimor para outros saliento o brilhante comentário do Bianinha! Mas que grande PONTO

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    1. Imagina !!! Celestita, FOSTE a razão da minha existência ! E do alto das ameias do castelo de Penela, levavas com uma frigideira na cabeça ...

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    2. Aplaudo vivamente Dom Rafael o Castelão!!!!!
      O Bianinha no seu melhor.....BRAVO!!!!!!!!

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  14. Mui ilustres senhoras e senhores e linda donzela:
    Foi com muita emoção,e com uma teimosa lágrima a escorrer-me da catarata do olho esquerdo que li o que escrevesteis e dissesteis sobre a minha rastejante pessoa.
    Confesso que última refeição,digna desse nome,que me passou pelo estreito foi uma generosidade de vocências.Não esqueço a nobreza e o requinte da ementa e do seu prato principal:massa com lagartas ou,em alternativa,um saborosíssimo peixe cru.
    Felizmente,desde ontem,o meu humilde casebre foi visitado por várias benfeitoras e alguns benfeitores.E a minha pessoa foi tratada com todo o esmero:puseram-me numa celha com água quente,e com uma escova que iam molhando num balde com sabão aromático,limparam-me e lavaram-me o corpo,os cabelos e as barbas.Cortaram-me os cabelos(tarefa difícil,pois já tinham duas famílias de aranhas alojadas),apararam-me as barbas.Esfregaram-me os cotovelos e os joelhos com um unguento milagroso,de côr roxa,parece que se chamava creolina) e vestiram-me roupas novas.Sentaram-me à mesa,onde tenho estado até agora,e foram-me servindo comida a séria,mais próprias de fidalgos como vocências:requeijão de Seia,doce de abóbora,broa de milho;presunto,chouriço e morcela;azeitonas retalhadas da Idanha;seguiu-se uma cabidela de leitão antes do leitão assado(um bízaro certificado),batata frita às rodelas;salada de agrião;laranjas apanhadas pouco antes no quintal;ananás e uvas;e vinho,benza-os Deus,muito vinho;bolo de chocolate com morangos;doces de ovos de Aveiro.Por vezes levantava-me para me aliviar e,passando pelo espelho,não me reconhecia.Andava em pé,de espinha erguida,com uma pele luzidia como a de um bébé...
    Deixaram-me uma bolsita com uns cruzados para me poder manter nos próximos tempos.
    Enquanto comia e bebia,nunca me esqueci de encomendar a minha alma e agradecer reconhecidamente a vocências
    Que Deus vos pague,porque não me deixaram cêntimos.
    E agora,depois de dar de comer às minhas osgas,vou repousar.
    Já agora digo-vos que o negócio das osgas já conheceu melhores dias:um cavalheiro meteu dois casais numa caixa de cartão e levou-as para o Oriente e,por lá,anda a fazer um grande negócio porque lhes deu valor acrescentado:pôs-lhe um laçarote na cauda!Nunca alguém tinha visto uma osga com laçarote...
    Após o repouso,se os fidalgos me permitirem,comentarei o episódio seguinte.
    Que Deus guarde vocências.

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    1. Fantástica a ideia do laçarote na cauda das osgas. Penso que chegou a hora deste pobre mendigo retomar o seu antigo negócio, agora com valor acrescentado.
      Ainda haverei de ver os nossos pasteis-de-nata de laçarote ao peito´, é só uma questão de o Álvaro ter essa brilhante ideia.

      Vejo que atuapele está em grande forma.

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  15. Obrigado Rui Lucas, por esta colaboração ...
    Fartei-me de rir com este prosar. Uma grande imaginação, que só "enriquece" esta paródia de amigos ...
    Olha, Rui Lucas, sabes o que te digo? Se não fosse o Feirense a ganhar e termos que pôr as barbas de molho, este tinha sido um domingo perfeito ...
    ACENDE A CANDEIA AMANHÃ,CANUDO !!!
    Temo que o nosso TITANIC, se perder com os algarvios, vai a pique ...
    Toma lá um abraço

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  16. Nem todos os dias temos o ensejo de encontrar um mendigo reconhecido e apreciador do bem que se lhe faz como este.
    Este mendigo, retrato vivo e vitima da crise que a todos toca, reconhece que, como a troyca afirma, só com o acrescento de mais valia inovadora ao que se produz se pode gerar riqueza. E disso nos dá conta como um simples laçarote, pode relançar o comércio em decadência das osgas num mercado tão longinquo e exigente como o do Japão. Claro que aqui houve, como não poderia deixar de ser, a mão do peregrino do mundo e senhor de Azurva.

    Rui, fartei-me de rir com as tuas desventuras e agradeço-te por me teres feito rir como há muito não fazia.
    Um abraço

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  17. Soberbo! Caro amigo Rui Lucas! Ao ler tão rica prosa de um "pobre mendigo"...houve um misto de emoções! Ri e chorei! Sou de lágrima fácil! Bem haja! Como a brincar se dizem coisas tão sérias! Quantos "mendigos" haverá por este País fora...sem terem culpa nenhuma!??? Mas voltando ao "guião"! Quando é o o Tonito, digo Lorde Dias António entra em cena? Olhos nos olhos: vai pondo os pinceis de molho!!!??? Com que então...sou um vilão!!!?
    Abraço para todos.
    O agora investido em... Conde D´Abranches.

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  18. Mas hoje e depois de ter lido "em papel" e mais pausadamente o texto e os comentários ao 3º aCto, quero realçar também o excelente comentário do Rui Lucas, na sua pele de mendigo agradecido!
    Muito bom Rui Lucas! Está ao nível dos nossos dois autores desta peça de teatro, Rui Felício e Quito!

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