quarta-feira, 17 de maio de 2017

DUKE E OS "FOUR TOPS" ...







Four Tops ...

Há dias, pela mão do BobbyZé, recordou-se Frank Zappa. O guitarrista e compositor de Baltimore - tal como alguns outros - apenas desapareceu fisicamente. Porque perdura na mente dos seus incontáveis seguidores, e a sua música é transversal há sucessão dos anos, como tributo à sua memória. 

Individualmente, ou em grupo, há um número restrito de artistas, cuja fama se passeia pelo Tempo, imunes ao seu efeito corrosivo.

Mas, na esmagadora maioria dos casos, há o reverso da medalha. Muitos, apareceram e desapareceram, como que por magia. Outros, arrastam-se ao sabor do Tempo. E é de um desses - dos que ainda por aí andam - que eu gostaria de Vos falar. Vou tirar da prateleira os “Four Tops”, o grupo norte -americano de Detroit, fundado em 1954.

Perguntarão o porquê da minha escolha recair sobre este quarteto. Respondo-vos: porque os conheci. Melhor dizendo, porque assisti ao pôr-do-sol do grupo inicialmente fundado. Uma noite, os “Four Tops” atuaram numa unidade hoteleira fora do país, onde eu, casualmente, me encontrava hospedado.

Durante cerca de uma hora, o grupo deu o melhor de si, para uma limitada plateia, que não chegaria a trinta pessoas. Enquanto ouvia aquele belíssimo timbre de vozes negras, e a magia das suas danças na pista, junto à minha mesa, recordei os anos sessenta do século passado, e os banhos de multidão de que foram alvo, pelas vezes que ocuparam lugar de destaque nas tabelas de venda de discos dos Estados Unidos da América, nomeadamente com o seu maior êxito de sempre: “Reach out l’ll be there”, de 1966. Agora, ali estavam, com grande brio artístico, longe das grandes plateias. Terminaram o espectáculo, com a canção atrás referida. Era obrigatório.

No fim, enquanto agradeciam os aplausos, verifiquei que um dos elementos, destoava dos outros, pois era bem mais idoso. Saltava à vista. Dirigi-me então a ele e apertei-lhe a mão. Num inglês macarrónico, disse-lhe como tinha apreciado a actuação do grupo. Ele, por sua vez, pareceu ter gostado da minha referência e, espontaneamente, abraçou-me.

Estava alagado em suor, encharcado em generosidade profissional. É aquele o último elemento vivo do grupo inicial. Os outros, partiram do nosso convívio, num espaço de tempo relativamente curto.

Abdul Fakir, já não tem o estrelato a seus pés, daqueles longínquos anos de ribalta. Mas mantém a dignidade, e a sua incontestável veia de artista. Tem mais de sete décadas de vida. Chamam-lhe Duke.
QUITO PEREIRA    

5 comentários:

  1. Nesta d´cada 50/60 os meus preferidos eram THE PLATTERS
    ONLY YOU

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  2. Foram duas décadas, 60/70, de excelentes compositores e interpretes.
    Foi um privilégio para ti, abraçar esse homem.

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  3. É verdade, Quito. Vou aproveitar para te dar uma alegria. Estas gentes gostam muito de avançar nos diferentes tipos de arte mas também dão muito valor a manter o passado. Pois bem, ainda se vai ouvindo o Reach out l’ll be there. Neste campo admiro-os.

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