domingo, 30 de junho de 2019
ANIVERSÁRIO
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Aniversários
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sexta-feira, 28 de junho de 2019
NOITE AMARELA ...
Amarela é a noite. Uma noite com rosto, salpicada de estrelas.
Estrelas dispersas no palco imenso. Silenciosas, parecem vigiar a planície
campesina. Também a lua, majestosa no seu lento navegar, ilumina os caminhos e
as estradas desertas, como se a Vida se escoasse para lá das montanhas. Um luar
desmaiado de cor amarela, que inunda tudo envolto em silêncio. Um silêncio absoluto,
quase intimidante. De longe olho a curva da estrada. Que mistérios me reserva o
que a vista não alcança? Nada. Do lado de lá da curva, de novo e apenas o
silêncio. Diluiu-se a vida na luz de um candeeiro mortiço, como uma vela pálida
de finados a anunciar o ancoradouro da Vida. Percorro de carro a noite amarela.
Vagueio o meu pensamento pela cidade distante – Coimbra. Lembro a Torre da
Sabedoria. O Pinhal de Marrocos do meu passado. Uma Rua com nome de Navegador
que foi a minha. Um Bairro que é o meu. Num sobressalto vislumbro uma silhueta.
Parido debaixo das saias da noite, vejo emergir um homem. Um ser alto e magro. Anda
devagar, olhos no chão, meditabundo, como se caminhar fosse uma penitência.
Cruzo-me com ele e, num esforço, adivinho-lhe os traços da face magra e rosto
sombrio - é o Cardosa. Seguimos destinos opostos. Rápido deixei de o ver
tragado pelas sombras angustiantes da noite amarela. Por minutos, em marcha
lenta, relembrei a sua cara cansada e sem alma. Um dia dei-lhe boleia numa
curva apertada destes caminhos de Cristo. Vinha sujo, o semblante marcado pelo
esforço da jornada. Um rosto sem emoções. Mas, naquele dia, para minha
perplexidade, o Cardosa sorriu. O Senhor Doutor Juiz, homem generoso, deu – lhe
trabalho numas propriedades suas lá para os lados da Esteveira. Afinal a
oportunidade de ganhar algum dinheiro e afagar os apelos de um estômago vazio. De
novo recordo aquela noite - a noite
amarela. Para alguns, aquele será apenas e só um vagabundo. Para outros, o
ferrete acre de um excluído, um indigente. Para mim, que um dia lhe pressenti
na alma e no olhar triunfante a satisfação de uma ocupação que lhe permitia ir
vivendo com alguma dignidade, aquele homem jamais será um indigente ou um
vagabundo. Prefiro chamar-lhe um caminheiro da noite.
Q. P.
quinta-feira, 27 de junho de 2019
COIMBRA DE OUTROS TEMPOS - PARTE VIII
FOTO nº 1
FOTO nº 2 - Nevão de 1983
FOTO nº 3 - Igreja Santo A. Olivais
F OTO nº 4 - Passagem nivel do Calhabé
FOTO nº 5 - Antiga Pastelaria Império- Elétrico-S.A. Olivais
FOTO nº 6 - Praça 8 de Maio.Policia sinaleiro
FOTO nº 7 - Portagem 1890
FOTO nº 8- Obras no Largo da Portagem
FOTO nº 9 - Av Navarro -Largo da Portagem- Banco de Portugal
FOTO nº 10 - Largo da Portagem- Estátua J.A. Aguiar
FOTO nº 11- Praça 8 de Maio- Câmara Municipal-Igre ja Santa Cruz
FOTO nº 12 Praça 8 de Maio- Igreja Santa Cruz-Cfá Santa Cruz e praça de Táxis
FOTO nº 13 Praça 8 de Maio-Velho Quiosque e Praça de Táxis
FOTO nº 14 Largo 8 de Maio e rua Visconde da Lauz
FOTO nº 15 - Rua larga?
FOTO nº 16 Rua Visconde da Luz
FOTO nº 2 - Nevão de 1983
FOTO nº 3 - Igreja Santo A. Olivais
F OTO nº 4 - Passagem nivel do Calhabé
FOTO nº 5 - Antiga Pastelaria Império- Elétrico-S.A. Olivais
FOTO nº 6 - Praça 8 de Maio.Policia sinaleiro
FOTO nº 7 - Portagem 1890
FOTO nº 8- Obras no Largo da Portagem
FOTO nº 9 - Av Navarro -Largo da Portagem- Banco de Portugal
FOTO nº 10 - Largo da Portagem- Estátua J.A. Aguiar
FOTO nº 11- Praça 8 de Maio- Câmara Municipal-Igre ja Santa Cruz
FOTO nº 12 Praça 8 de Maio- Igreja Santa Cruz-Cfá Santa Cruz e praça de Táxis
FOTO nº 13 Praça 8 de Maio-Velho Quiosque e Praça de Táxis
FOTO nº 14 Largo 8 de Maio e rua Visconde da Lauz
FOTO nº 15 - Rua larga?
FOTO nº 16 Rua Visconde da Luz
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Coimbra
quarta-feira, 26 de junho de 2019
O ALDRABÃO
É uma imagem que inexplicavelmente nunca saiu do topo da lista infindável de recordações da minha memória. Ainda rapazinho, ficava hipnotizado a vê-lo...
O homem empoleirado no pequeno palanque montado à entrada do Parque da Cidade, perto do Largo da Portagem.A mulher, bem aviada de carnes, a seus pés, de olhar atento ao mais leve sinal de interesse no meio da pequena multidão que se ia juntando a ouvir o pregão do vendedor de banha da cobra.
Num cesto redondo de ráfia, uma cobra enrolada dormitava...Era dela que a banha era extraída e empacotada, explicava o vendedor, cuja lenga-lenga ininterrupta era debitada em vozeirão estridente que ecoava na parede do Posto de Turismo ali ao lado..
Na sua mão, um pacote de cartão com coloridos dizeres, cheio da massa milagrosa.
Ele enumerava os prodígios que tal remédio providenciava a quem sofresse de artrite, dores nas costas, lumbago, ciática, nefrites, males de amor, taquicardia, maus olhados e um sem número de maleitas que abarcavam quase na totalidade os catálogos de doenças dos canhenhos de medicina e outras que nem sequer deles constavam.
E dava exemplos:
- É que Vocências têm dor de dentes, mas os dentes não doem. O dente é osso e osso não dói. O que dói é o nervo...
As pessoas ao principio riam-se do “aldrabão”, mas aos poucos o fiel da balança inclinava-se a seu favor e a multidão substituía o sorriso de escárnio pelo assentimento afirmativo da cabeça, pelo murmúrio de concordância ainda envergonhada...
Certo de já ter o público na mão, o “aldrabão” partia para a 2ª fase:
- Não custa vinte escudos, meus Senhores, nem custa dez!
- Para a selecta gente da cidade dos doutores, também não custa cinco! Custa apenas vinte e cinco tostões… que eu hoje quero é despachar a mercadoria para não a levar comigo para a China onde vou buscar mais um carregamento.- Aquele Senhor ali duvida, mas olhe que é lá que a banha da cobra é tratada segundo uma fórmula que se mantém secreta há mais de mil anos.
- Para a selecta gente da cidade dos doutores, também não custa cinco! Custa apenas vinte e cinco tostões… que eu hoje quero é despachar a mercadoria para não a levar comigo para a China onde vou buscar mais um carregamento.- Aquele Senhor ali duvida, mas olhe que é lá que a banha da cobra é tratada segundo uma fórmula que se mantém secreta há mais de mil anos.
- Comprem meus Senhores e minhas Senhoras!
- E enquanto eu vou à frente a receber o dinheiro… a minha mulher vai atrás a distribuir o pacote…!!- E quem comprar um leva dois de graça...
Publicada em 03-12-2010
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Rui Felício
terça-feira, 25 de junho de 2019
domingo, 23 de junho de 2019
ENCONTRO COM A ARTE - FOTOGRAFIA - SÉ NOVA
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Encontro com a Arte- Fotografia
sábado, 22 de junho de 2019
A PÁGINA FINAL ...
Até sempre ...
Não tenho o dom da indiferença –
não tenho. Gostava de olhar as tragédias dos outros de uma forma protocolar,
quando de uma maneira mais conservadora atamos uma gravata preta no colarinho
da camisa e nos barricamos no chavão das condolências que é preciso dar.
Anteontem o telefone tocou. De
lá, o Zé Silvar disse-me a soluçar - "acabou" ! E eu, de cá, não fiquei
muito surpreendido. Mas era aquele o telefonema que eu não queria receber. Quis
balbuciar umas palavras ao telefone mas para dizer o quê ? Palavras de
circunstância? Que dizer a um amigo que ficou sozinho no declinar da vida? Que
palavras mágicas poderia eu arranjar naquele momento, que lhe levantassem o ego
? Sem saída airosa limitei-me a dizer-lhe que lamentava. Mas que palavra mais
pateta neste luto para cimentar ainda mais uma amizade de quase cinco décadas,
forjada nas trincheiras da guerra ! Desligado o telefone, fiquei em silêncio. A
vontade era de partir para o norte à desfilada e dizer ao meu amigo que eu e minha mulher estávamos ali a partilhar daquele drama. Eu amava a Manuela Silva.
Todos amávamos a Manuela Silva. Todos os que, em Trás – os - Montes, nos
refugiávamos no solar de um de nós e durante dias convivíamos em sã amizade. A
Manuela dedicou a sua vida aos outros. Ao marido, aos filhos, aos netos e ao
seu colégio infantil de que era proprietária. Quando chegava ao nosso ponto de
encontro transmontano, ela já trazia na mala do carro tudo o que precisava para confecionar
as refeições. Ia para a ampla cozinha e com energia cozinhava para todos por amor. E, quando se cozinha com amor, a comida sabe melhor.
A doença terrível capturou-a. Foi
mártir mais de um ano. E ele – o meu querido Zé Silva – um herói. Acompanhou o
sofrimento dela com o sofrimento dele. A Manuela era e é o grande amor da sua
vida. Nós, os tais militares que já não temos patente porque agora somos todos
soldados da paz, da concórdia e da amizade dispersos pelo país, rumámos a norte
para estar com este amigo. Do nosso pequeno grupo fui – fomos – o primeiro a chegar dos
que vinham do Ribatejo ou do Algarve. Foi um abraço longo e em silêncio. Um
abraço ao amigo honesto, frontal e leal que sempre foi. Dei-lhe um beijo na
face. Um beijo fraterno, que mais não era que o meu reconhecimento pela amizade
num momento tão doloroso em que acabava de perder a companheira. Não levei no
bolso o texto de homenagem que pretendia fazer à nossa querida amiga. Em casa,
antes de partir, ainda tentei. Mas as palavras escritas saíam – me embrulhadas.
Tinha a cabeça vazia. No Campo Santo, à torreira do sol, nos despedimos de quem
nos deixou cedo de mais. E ali, no Cemitério de Valadares, os aviões comerciais
voavam baixo a fazerem-se à pista do aeroporto. Parecia que os seus motores estavam mudos, a associarem-se à cerimónia, num planar elegante. A Manuela
adorava o Brasil que visitou por várias vezes. Talvez os aviões, que por ali
passaram naquele momento triste, a levem nas asas do vento a caminho do Olimpo.
Porque é lá, pela sua filosofia de vida de doação aos outros, que ela merece
estar. Por nós e muito por ti, reafirmámos a continuação da nossa amizade. Lá,
junto ao Monte Farinha e ao redor da lareira, a tua cadeira cabe sempre na
mesa. Não estás mas estás. Para sempre.
Adeus, querida amiga.
Quito Pereira
sexta-feira, 21 de junho de 2019
POSTALINHOS DA CHINA VI
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ENCONTRO COM A ARTE - POESIA
O Sorriso na Poesia
Entrou um dia o sorriso na Poesia
E penetrou-a com trejeitos de risada,
Pior que a mosca, quando, dia a dia,
Em qualquer porcaria pousa deleitada.
As temáticas da poesia são enormes,
Tão profundos os assuntos recorrentes,
Por vezes tão horrendos e disformes,
E incompatíveis com humores mais sorridentes...
Que o sorriso desflorando a poesia
E ao fazê-lo de um modo consentido
Conseguiu alegrá-la dia a dia..
E o sorriso não deu o tempo por perdido
Porque deixou, onde só desgraça havia,
Um sorrisinho sorridente e bem nascido....
PO(RT)EMAS APENAS
EDUARDO MARTINS Carcavelos-Cascais
Entrou um dia o sorriso na Poesia
E penetrou-a com trejeitos de risada,
Pior que a mosca, quando, dia a dia,
Em qualquer porcaria pousa deleitada.
As temáticas da poesia são enormes,
Tão profundos os assuntos recorrentes,
Por vezes tão horrendos e disformes,
E incompatíveis com humores mais sorridentes...
Que o sorriso desflorando a poesia
E ao fazê-lo de um modo consentido
Conseguiu alegrá-la dia a dia..
E o sorriso não deu o tempo por perdido
Porque deixou, onde só desgraça havia,
Um sorrisinho sorridente e bem nascido....
PO(RT)EMAS APENAS
EDUARDO MARTINS Carcavelos-Cascais
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quinta-feira, 20 de junho de 2019
POSTALINHOS DA MONGÓLIA VI
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ANIVERSÁRIO Maria João Sousa
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Aniversáros
quarta-feira, 19 de junho de 2019
POSTALINHOS - MONGÓLIA V
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terça-feira, 18 de junho de 2019
POSTALINHOS DA RUSSIA...E NÃO SÓ....IV
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domingo, 16 de junho de 2019
MARCHAS POPULARES DA J.FREGUESIA S: ANTÓ NIO OLIVAIS...
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Bairro (notícias)
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