Na Faculdade de Letras, o Chico era alcunhado pelos colegas de “bicho do mato”.
Educado, bem parecido, mas de uma atroz timidez, nas raras festas a que acedia comparecer, apenas por falta de pretexto para declinar o convite , refugiava-se num canto, de olhos baixos, pendurado num copo de whisky, tentando passar despercebido.
No meio da algaraviada dos dichotes e das estridentes gargalhadas dos colegas, das batidas rítmicas do “disco sound”, do tilintar dos copos, rezava intimamente para que não reparassem nele nem lhe dirigissem a palavra, contando os minutos para regressar a casa e encafuar-se na protectora solidão do seu quarto.
Andava loucamente apaixonado pela Carla, sua colega de turma, ao lado de quem se sentava durante as aulas, disfarçadamente, numa dissimulada casualidade. Inebriava-o a proximidade do seu corpo, do seu calor! Pelo canto do olho, admirava-lhe as curvas, a pele sedosa, os lábios carnudos, os longos cabelos negros. Um profundo arrepio percorria-lhe o corpo sempre que o braço roçava no dela. Mas era incapaz de lho confessar...
Aspirava, sôfrego, o cheiro perfumado que dela emanava, suspirava baixinho, mas desviava o olhar quando ela o fitava. Ciosamente, guardava o seu segredo, ocultava o intenso desejo de a abraçar, de a tocar. Fingia concentrar-se nos livros que tinha à frente, para esconder a sua perturbação. Chegava a ser carrancudo e ríspido com ela, para não denunciar o que sentia!
Por mero acaso, um dia descobriu na agenda que ela, casualmente, deixara aberta em cima da carteira, o endereço do “Messenger” da Carla.
Chegou a casa, ligou o computador, criou o seu próprio endereço, registou-se no “Messenger”, inventou um “nickname” e mandou-lhe uma mensagem pedindo-lhe que o aceitasse como amigo.
Desde então, todas as noites trocavam mensagens no “chat”, onde, sob o pseudónimo de “Solitário”, o tímido Chico se transformava num ser desinibido, viril, atiradiço até!
Educado, bem parecido, mas de uma atroz timidez, nas raras festas a que acedia comparecer, apenas por falta de pretexto para declinar o convite , refugiava-se num canto, de olhos baixos, pendurado num copo de whisky, tentando passar despercebido.
No meio da algaraviada dos dichotes e das estridentes gargalhadas dos colegas, das batidas rítmicas do “disco sound”, do tilintar dos copos, rezava intimamente para que não reparassem nele nem lhe dirigissem a palavra, contando os minutos para regressar a casa e encafuar-se na protectora solidão do seu quarto.
Andava loucamente apaixonado pela Carla, sua colega de turma, ao lado de quem se sentava durante as aulas, disfarçadamente, numa dissimulada casualidade. Inebriava-o a proximidade do seu corpo, do seu calor! Pelo canto do olho, admirava-lhe as curvas, a pele sedosa, os lábios carnudos, os longos cabelos negros. Um profundo arrepio percorria-lhe o corpo sempre que o braço roçava no dela. Mas era incapaz de lho confessar...
Aspirava, sôfrego, o cheiro perfumado que dela emanava, suspirava baixinho, mas desviava o olhar quando ela o fitava. Ciosamente, guardava o seu segredo, ocultava o intenso desejo de a abraçar, de a tocar. Fingia concentrar-se nos livros que tinha à frente, para esconder a sua perturbação. Chegava a ser carrancudo e ríspido com ela, para não denunciar o que sentia!
Por mero acaso, um dia descobriu na agenda que ela, casualmente, deixara aberta em cima da carteira, o endereço do “Messenger” da Carla.
Chegou a casa, ligou o computador, criou o seu próprio endereço, registou-se no “Messenger”, inventou um “nickname” e mandou-lhe uma mensagem pedindo-lhe que o aceitasse como amigo.
Desde então, todas as noites trocavam mensagens no “chat”, onde, sob o pseudónimo de “Solitário”, o tímido Chico se transformava num ser desinibido, viril, atiradiço até!
Falava-lhe nos íntimos desejos que ela lhe fazia experimentar e alvoroçava-se quando percebia que as palavras que digitava produziam na Carla, reciprocidade e igual reacção.
Numa dessas noites, descaiu-se e escreveu que as carícias e os beijos que ambos trocavam num descontrolado devaneio virtual, lhe faziam lembrar o aroma do perfume “Loewe” que ela usava, como se o estivesse a sentir no ambiente tépido do seu quarto, naquele mesmo momento.
No monitor do computador apareceu a inesperada e surpreendida pergunta da Carla:
No monitor do computador apareceu a inesperada e surpreendida pergunta da Carla:
- Como sabes? Que estranho! Não nos conhecemos pessoalmente e nem eu te disse nunca que uso “Loewe”!
O “Solitário” nunca mais a procurou no "Messenger"...
Rui Felício
27-12-2010
27-12-2010
Sem comentários:
Enviar um comentário