amigos inseparáveis ...
Era uma vez um bombo. Um bombo muito bonito e redondinho. Um
bombo colorido que vinha suceder a outro bombo, que tinha desaparecido
misteriosamente nas voltas e reviravoltas de uma romaria. Ficou muito choroso o
dono do bombo. E não descansou enquanto não arranjou um novo amigo. Lá pelas
bandas da Estrela, resolveu o assunto e veio a correr mostrar o novo
instrumento aos seus compadres da viola e do cavaquinho. O grande paradoxo é
que o Castelão fartava-se de bater no bombo que não se queixava de violência
doméstica. Tanto o homem de Penela bateu no bombo, que um dia lhe rebentou a
pele. Ficou de novo choroso com pena do seu rico bombo e o bombo também chorou
e em lágrimas agarraram-se a chorar um ao outro. Então o Castelão, que tinha um
amigo a viver lá palas bandas da Serra, pediu ao Choupalino se lhe levava o
bombo para ser tratado na clínica de Lavacolhos. Dito e feito e num dia de
calor abrasador, o pajem do Castelão chegou à nova e mui formosa cidade do
Fundão onde tinha o cirurgião à sua espera. Ele, com um ar entendido, mirou o
paciente e disse que a doença era grave, mas tinha cura. Com o bombo às costas
rodou para Lavacolhos e o pajem do Castelão para Castelo Branco e tinto. Dias
depois a boa nova: o paciente estava curado e era preciso ir lá busca-lo. Com o
coração aos saltos, o pajem de novo rumou à mui nobre cidade do Fundão, onde
pagou os honorários ao cirurgião e se selou uma amizade encostados ao balcão do
clube desportivo lá do sítio a virar copos de vinho do barril e a comer
azeitonas da Beira – Baixa. Dias depois, na Rua Infante Santo, o pajem
depositou o bombo renovado nas níveas mãos do Castelão que dava vivas de
contente. O pajem, aos pulos, foi pelas ruas do bairro a anunciar a boa nova e
foram todos muito felizes para sempre.
FIM
Surpreendido por esta postagem do Quinto em que a “personagem principal é o BOMBO”, aproveito para fazer a história do DITO!
ResponderEliminarAndava eu no Grupo de Danças e Cantares dos CTT com a missão primeira de cantar e mais tarde com a missão de tocar o bombo.
Mas não me satisfazia um bombo tão pequenino!!!
Vai daí e aproveitando uma feira de artesanato na Praça da Républica, tivessse comprado um bombo de dimensão maior.
Passei assim a utilizá-lo nas festas não só do Citado grupo, como também acompanhando a Tuna Meliches nos espectáculos pela Baixa de Coimbra, bem como a partir de 2008 nos Encontro de Gerações.
Acontece então o imprevisto: no 3º aniversário do EG o bombo foi-me roubado.
Depois de derramadas as lágrimas foi necessário encontrar o seu substituto.
E começa aqui a verdadeira história do Lavacolhos.
Por sugestão do acordeonista do Grupo de Dança e Catares dos CTT, Pedro Fonseca, foi-me sugerido que o comprasse na terra dos bombos, precisamente Lavacolhos, uma Aldeia perto do Fundão.
Contactado o fabricante o Bombo passados uns dias foi-me entregue em Coimbra por um meu vizinho que trabalhava em Castelo Branco.
As festas continuaram agora com o famoso Lavacolhos: nos restantes EG, nas gaitadas pela Baixa, nas caminhadas,etc.
Entretanto teve um percalço, a que o Quito se refere, que foi fazer a substituição de um dos lados do bombo..
Operação feita em Lavacolhos com a prestimosa colaboração do Quito.
Entretanto e por ocasião de uma gentil festa que foi feita ao “casal Celeste Rafael” por sugestão do Paulo Moura, foi-me oferecido um novo bombo todo catita.
Assim o Lavacolhos repousa no museu da Academia de Música do CNM.
A festa da substituição do Lavacolhos
ResponderEliminarFIM LAVACOLHOS
O furto do bombo foi tão traumatizaste que até o poeta escreveu:
ResponderEliminar...
Na Tuna, Fernando reaparece
Com a paixão que jamais esquece:
O seu querido e amado bombo
Que carrega sempre ao ombro.
As mulheres, dele não tiram os olhos
Não do Fernando, mas do bombo de Lavacolhos!
Aquilo é que é um bombo
Feito de pele de carneiro e do lombo!...
Mas Fernando Rafael um dia,
Acabada a animação
No meio daquela alegria
Pousou o bombo no chão.
Distraiu-se por um momento
E sem nenhum consentimento
Aproveita-se logo um sabujo
Para lhe gamar o dito cujo!
Ficou triste, desesperado
Muitas lágrimas ele chorou!
Andou por todo o lado
Aos amigos perguntou
Se alguém o tinha encontrado
E se por acaso o guardou!
Para esquecer suas penas
A todos faz telefonemas
Muitos e-mails e cartas escreveu
Mas de nada lhe valeu,
O bombo nunca mais apareceu!
Finalmente acreditou
Que alguém com ele se alambazou!
De lágrimas nos olhos
E cansado de esperar
Acabou por ir comprar
Um outro a Lavacolhos!
Diz ele:
Este agora está bem guardado
A mim ninguém mo gama
Vai comigo para todo o lado
E até o levo p’rá a cama!
Obrigado POETA!
ResponderEliminarO meu Lavacolhos agora no Museu merece bem esta linda poesia...
Foi tão interessante a minha conversa com o construtor do bombo. Descobri que a malta do Minho acha os bombos de Lavacolhos uma porcaria. Eu bem quis que ele fizesse uma réplica do teu bombo, mas ele recusou-se a fazê-lo porque "a técnica que eles têm para prender as cordas não presta". E lá teve que ser um híbrido...
ResponderEliminarMas é muito maneirinho... E com umas péis maravilhosas.
ResponderEliminarSerá um filho bastardo do Lavacolhos...
Como todas as histórias de amor com final feliz.
ResponderEliminarMesmo quando o final feliz se alcança e mais se valoriza quando vários episódios tristes o precederam.
É mesmo Rui Felício.
ResponderEliminarNão tendo "DOM" natural para qualquer outro instrumento (mesmo sendo filho de um músico e maestro), fico muito agradecido ao lavacolhos por me ter acolhido e com ele ter constituído uma relação de amor, apesar das macetadas
que lhe dou nas delicadas peles!!!
Agora tem o merecido repouso no Museu da Academia de Música do CNM!
Para quem nunca viu arte a bombar, aqui tem o «Bombolero de Rafael» (adorei baptizar isto, na primeira vez que o Mário Rui das Gaitas desafiou o Rafaelito a acompanhá-lo no Bolero de Ravel.
EliminarAqui, noutro momento.
E é sempre bom relembrar o arranjo para bombo e viola de «Traz outro amigo também», de José Afonso, que demos de prendinha à Olga e ao Carlos Viana em Abril de 2016.
E para recordar e consolidar conceitos, é assim que se distingue um bombo normal de um bombo de lavacolhos.
EliminarO desaparecido bombo deve ter sido atacado por vírus... 🤔
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