PARTE 1
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PARTE II
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PARTE III
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ELE E A MANHÃ
Veio antes do sol vir. Abri. Lábios grossos, olhos redondos e um pouco saídos, cabelo desgrenhado. Um manto de gelo nos campos. As árvores amochadas. Filtrado pelos zimbros, o sol começou a despontar. Frio e trémulo o braço estendido.
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Telmo Ferraz
Naquela comunidade isolada a solidariedade não era palavra
vã. O afastamento de tudo, fazia os residentes unirem-se em laços de amizade.
Naquele templo de solidão havia uma cidade viva. Trabalhavam as máquinas de dia
e de noite. E os “Euclides”, os gigantescos camiões que desciam e subiam as
ladeiras ingremes. Naquele cenário grandioso e avassalador, mais pereciam
pequenas formigas laboriosas. E enquanto os trabalhos decorriam, a escola dava
aulas às crianças. No recreio brincavam, dando um toque de felicidade a uma
paisagem agreste. E havia as festas. Eram então contratados conhecidos artistas
da época, de que Amália Rodrigues terá sido figura maior. A igreja do padre
Telmo trazia o conforto espiritual necessário em terra de crentes. E a piscina
com os seus professores de natação a alegria da criançada. Mas, no meio deste
carrossel de aventura, havia os outros – os tais – mais aventureiros que vinham
à procura do desconhecido e que pagavam no corpo e a angústia da alma o
trabalho precário e uma pobreza nos limites. Aqui fica, para terminar, mais
dois momentos do livro de Telmo:
ELE E A MANHÃ
Veio antes do sol vir. Abri. Lábios grossos, olhos redondos e um pouco saídos, cabelo desgrenhado. Um manto de gelo nos campos. As árvores amochadas. Filtrado pelos zimbros, o sol começou a despontar. Frio e trémulo o braço estendido.
- Entre.
- Sou plantão
duma caserna. Ganho trinta escudos. Tenho mulher e três filhinhos na terra. Não
tenho dinheiro para pagar esta receita …
Quando se
retirou, fiquei olhando no lençol de
gelo os sinais escuros dos seus passos tímidos.
1O de
Janeiro de 1957
MAIS UMA BARRAGEM
O Manuel Nogueira foi para Miranda. Vive na cabana de uma
vinha. O António Martins também. Fez uma barraca com quatro paus e umas sacas
de papel.
A Companhia fez lá um bairro grande. Encheu-se logo ! Há
meses o acampamento começou a levantar. O velho Ford do Laranjeira não tem
descanso. Vai e vem. Dentro da cabina, a ninhada: na carroceria, colchões
velhos e tábuas afumadas.
O bando vai… eu vou também.
Miranda tem Sé!
Miranda tem castelo !
O bando dominou as ruas!
Os bairros romperam as muralhas !
A fúria do trabalho !
Outra vez o princípio!
Mais uma barragem!
3O de Setembro de 1958
Aqui ficaram mais umas pinceladas do livro de Telmo. A saga
das barragens de Portugal. Em nossas casas, no simples gesto de ligar o
interruptor da luz, há uma longa história por detrás. Um passado de martírios
de centenas de heróis anónimos de um país que é o nosso.
Quito Pereira
Vidas difíceis que sempre houve e... Continua a haver!
ResponderEliminarE assim se completa a leitura do livro de Telmo, que em boa hora o Quito nos proporcionou através de 4 episódios,sobre a construção da barragem de PICOTE.
ResponderEliminarOBRIGADO QUITO
Olá Amigos.
ResponderEliminarFaço minhas as palavras da Celeste Maria.
Gostei de ler a construcão das barragens e voltei a minha meninice tinha uns 12 anos visitei a Barragem do Castelo do Bode fiquei deslombrada...passados anos numa conversa disse que maravilha a Barragem do Castelo do Bode Um homem que na altura tinha uns 50 anos me disse menina é verdade mas lá no fundo está a terra aonde eu cultivava as batatinhas a Esposa disse mas recebeste o dinheiro que compramos outro terreno... mas aquele foi onde eu nasci.
Um Abraço
Interessante esse livro. Boa escrita e fácil leitura.
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