RESPIRAR
respirar
como quem vive
um aroma de alfazema
respirar
só porque insiste
o absurdo de um poema
ou porque apenas existe
os que a vida faz valer
respirar para assim ser
respirar a longos haustos
nos mais infaustos momentos
sorver o ar desses ventos
que são da terra
e do mar
respirar de ser
de estar
em momentos de alegria
a celebrar cada dia
mesmo quando nos parecer
sem razões para fazer
soltar a palavra ao vento
um grito que nos liberte
se ao coração o aperte
a mordaça de um lamento
mesmo quando estamos sós
num alento de vontade
dar espaço à nossa voz
e respirar liberdade
e quase sem dar por isso
respirar
e respirar
e voltar a respirar
seja por vício ou feitiço
em eterno recomeço
seja da vida o amar
-------------------------------------
HAVIA UMA PANDEMIA
havia uma pandemia
lá haver havia
cuja curva é curvatura
e a pandemia lá ia
de negro na noite escura
tal como outras que havia
antes desta pandemia
porque a fome já havia
já a miséria existia
e nenhum tinha cura
tanto quanto se sabia
pandemia é pandemia
mas somadas dia a dia
somarão mais amargura
o que as torna suspeitas
em horizontes de agrura
é serem grandes maleitas
a darem-se mais com pobres
e vós vítimas perfeitas
de devaneios oníricos
de fome ficais mais ricos
mas de miséria sem cobres
era uma vez uma pandemia
lá isso era
e atrás de uma outra havia
e nós delas sempre à espera
em busca de uma utopia
em certezas de quimera
e a pandemia lá ia...
COM UM ABRAÇO DO EG para o POETA ORCA
Não se consegue competir contigo, Rafaelitomailindo!
ResponderEliminarEu só recebi hoje o livro e tu até já pões aqui poemas do dito cujo.
Grande Orca!
EliminarTransmita meu abraço a ele, com todo respeito, é claro!
Agradeço, embevecido. Mas só recebo abraços apertados... que é para esmagar o vírus...
EliminarComo dizia um tio meu, ainda jovem, à sua irmã minha futura mãe, quando a mãe deles pediu à Mariazinha para atravessar o baile da aldeia e avisar o Toneca que estava a dançar muito apertadinho com uma rapariga:
Eliminar- Diz à nossa mãe que entre nós dois não há espaço para maus sentimentos...
... e continuou a dança apertadinho.
Né?
EliminarEh,pá, como se diz na minha terra: puôça, pareces o Chico Rápido!
ResponderEliminarObrigado e grande abraço
Jorge Castro
Foi ele que escreveu isso ou foste tu?
EliminarFoi em resposta por e-mail ósdepois de receber o talão do envio da massa.
EliminarAh! Eu também lhe enviei massa. Cotovelinhos.
EliminarE, também, como eu já dizia:
ResponderEliminarMorreram muitos de tudo,
E muitos em túmulos, jaziam.
Fome, peste, depressão.
Dores do infarto...
De tanta decepção.
Desejos premidos, não vividos.
Soçobraram sonhos
Não se ouviu o tropel da multidão.
Vimos apoucadas nossas esperanças...
E cresceu a necedade, perigosa...
De quem deveria estender-nos as mãos.
(Eu)
Acendeu-me, neste momento, o desejo de, novamente, retornar ao meu blog "Chama a Mamãe".
ResponderEliminarSeria um prazer recomeçar com a publicação do Poema do Grande Poeta Orca. Mas, precisaria de autorização para publicar em meu Blog.
Tens e-mail... e o OrCa também.
Eliminar(sou tão casamenteira, eu...)
Autorização concedida! Que eu também tenho as minhas vaidades e, se alguém me publica, fico todo ufano... (ou, como alguém me corrigiu, julgando que eu falava de velas das naus de quinhentos, «enfuno»).
EliminarEstás a falar de gás bufano?
EliminarA honra é minha. Grata.
EliminarAbraço bem apertado, para esmagar esse Vírus.
São, querida. Há quanto tempo.
ResponderEliminarQue bom saber que voltas ao mundo dos blogs!
EliminarGratíssimo, caros Amigos (a maiúscula é de propósito), pela referência e pelo destaque. Com abraços e votos de boa saúde, sempre!
ResponderEliminarVou lendo ,saboreando,imaginando o amigo Orça a ler os seus poemas,como só ele sabe!
ResponderEliminarEstá lindo.
As cores da ilustração são as minhas !
O Orça... Mento?
Eliminar(não ligues, Celestita, já sabes que eu sou uma gaja tola... ihihih)