sexta-feira, 10 de setembro de 2021

ENCONTRO COM A ARTE - PROSA Cheguei à Aldeia....

 Cheguei à Aldeia depois da abalada massiva dos emigrantes.  A maioria  das casas ficara fechada à chave, coisa que antes não soía.  Mas a minha avó e as suas parceiras ainda por lá cirandavam, com ar angustiado. Embora os filhos e netos tivessem sido duma enorme ajuda, pois gadanharam e enfaixaram o feno; ceifaram,  malharam e guardaram o centeio; apanharam algum poquenino de feijão, mais adiantado!... A verdade é que não tinham arrancado as batatas porque a terra estava tão seca e dura que não havia enxada que lá entrasse; as espigas do milho ainda estavam muito leitosas; os ouriços dos castanheiros estavam pequeninos e as castanhas por formar!

    Quem tinha os seus homens, mesmo já velhinhos, ainda que demorassem mais uns dias lá iriam dando conta do recado!... Mas as viúvas, idosas e cheias de achaques, já olhavam para tudo com desânimo!... E,  se antes todos se ajudavam, agora era muito difícil prestar ajuda aos outros sem terem força para isso!...  

.    _ Aí mãe, "tchegastes" mesmo em boa hora! _ declarou minha avó!... _ Que bom terdes férias em Setembro. Então com quem viestes?

.    _ Viemos todos, avó!.... Havemos de lhe deixar o milho desfolhado e as castanhas apanhadas antes de nos irmos embora. A escola só começa em Outubro. Os nossos amigos de fora prometeram vir ajudar-nos. 

.   _  Ai, Deus vos abençoe!....

Georgina Ferro


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