Cheguei à Aldeia depois da abalada massiva dos emigrantes. A maioria das casas ficara fechada à chave, coisa que antes não soía. Mas a minha avó e as suas parceiras ainda por lá cirandavam, com ar angustiado. Embora os filhos e netos tivessem sido duma enorme ajuda, pois gadanharam e enfaixaram o feno; ceifaram, malharam e guardaram o centeio; apanharam algum poquenino de feijão, mais adiantado!... A verdade é que não tinham arrancado as batatas porque a terra estava tão seca e dura que não havia enxada que lá entrasse; as espigas do milho ainda estavam muito leitosas; os ouriços dos castanheiros estavam pequeninos e as castanhas por formar!
Quem tinha os seus homens, mesmo já velhinhos, ainda que demorassem mais uns dias lá iriam dando conta do recado!... Mas as viúvas, idosas e cheias de achaques, já olhavam para tudo com desânimo!... E, se antes todos se ajudavam, agora era muito difícil prestar ajuda aos outros sem terem força para isso!...
. _ Aí mãe, "tchegastes" mesmo em boa hora! _ declarou minha avó!... _ Que bom terdes férias em Setembro. Então com quem viestes?
. _ Viemos todos, avó!.... Havemos de lhe deixar o milho desfolhado e as castanhas apanhadas antes de nos irmos embora. A escola só começa em Outubro. Os nossos amigos de fora prometeram vir ajudar-nos.
. _ Ai, Deus vos abençoe!....
Georgina Ferro
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