Nesta tragédia mundial de um vírus potencialmente perigoso, vou ouvindo as mais dispersas opiniões de especialistas em saúde e nem sempre coincidentes. A semana passada, o Diretor da Organização Mundial de Saúde dizia na sua voz pausada que era preciso vacinar toda a Árica para assim se erradicar o vírus do planeta. Esta convicção vem ao arrepio de muitas outras opiniões de especialistas que afirmam que o vírus ficará endémico e teremos que conviver com ele.
Vacinar todo o continente africano foi pretexto para eu regressar a um passado já remoto da minha presença como militar miliciano na Guiné – Bissau. Por lá deambulei por mais de dois anos e conheci várias tabancas. As tabancas são a mais genuína afirmação do povo africano na sua essência. Durante largo tempo da minha comissão por aquelas terras, convivi diariamente com a Tabanca de Canjadude. Um aglomerado populacional significativo num planalto extenso. A Base militar que ali se encontrava, servia de apoio a toda a população e não apenas a militares. Diariamente, muitos civis – homens, mulheres e crianças – procuravam apoio médico e muito especialmente de enfermagem numa casa que o exército português construiu para o efeito. Tinha dois enfermeiros permanentes e um médico que periodicamente vinha do Gabu.
No dia em que o país se tornou independente e o exército português partiu, todo o apoio às populações se extinguiu. E todas os edificios, incluindo os bairros de reordenamento militar foram destruídos. Alguém que comigo ali combateu e de espírito aventureiro, resolveu demandar Canjadude agora no seu estatuto de turista e o que viu deixou-o desapontado. Percebem-se os ventos da História e o grito de independência. Mais difícil será compreender a destruição de infraestruturas que seriam uma mais - valia para as populações.
Os residentes distribuídos por tribos, estão agora num novo patamar de subsistência. São povos esquecidos, vivendo nos locais mais longínquos e servidos por caminhos pedregosos e de mau acesso, a que vulgarmente se chama “picadas”. Um longo calvário para lá se chegar a não ser por via aérea, caso as pequenas pistas para aviões de pequeno porte ainda existissem o que não será o caso.
Canjadude é apenas um ponto minúsculo na imensidão de todo o Continente africano. Mas poderá dar para perceber que o desejo do Diretor da Organização Mundial de Saúde Dr. Tedris Adharom em vacinar todos os milhões de africanos é certamente uma utopia e um problema aparentemente sem solução. Kito Pereira
Cada um diz uma afirmação(?). Todo dia é um estudo a revogar o estudo anterior. Não se morre mais de nada. E morre-se de tudo, mas por conta do famigerado "Vírus".
ResponderEliminarNeste Brasilsão, nos rincões onde nem o Google consegue identificar, as pessoas vão se alarmando com tantas histórias mal contadas, como se fossem histórias de terror. Porém, estes, vão sobrevivendo sem água encanada, sem assistência médica, sem - tampouco - educação. Comem do que o dia oferece, às vezes creditam isso à prece, que em séculos suas vidas perecem... à margem de políticos que lá nem aparecem...nem mesmo em tempo de eleição.
Chama a Mamãe
Um texto que me impressionou!
EliminarVerdades nuas e cruas duma realidade sem fronteiras!
Obrigado Chama a Mamãe
Um beijo com todo o respeito
Beijo, com mais respeito, ainda.
EliminarÉ lamentável que tenham deixado ao abandono o pouco que existia e pior ainda, abandonar à sua sorte o povo que tanto sofreu.
ResponderEliminarE a luta pelo poder, nunca mais acaba.
EliminarDos países sob domínio português que conquistaram a independência, sem dúvida a Guiné Bissau foi e ainda é a que mais problemas tem tido!
ResponderEliminarPobreza extrema e piores condições de vida depois dessa Independência,bem expressa no que escreve o Quito.
É um país onde existem muitas etnias rivais entre si, especialmente no que diz respeito ao poder político.
São golpes de Estado com muita frequência que não permitem desenvolvimento que dê melhor vida ao povo
No respeitante ás vacinas os países de África, os mais pobres esperam pela ajuda dos países com capacidade de os ajudarem...
E epidemias não lhes faltam...
Um abraço Quito pelo texto