domingo, 20 de março de 2022

GUITARRA DE COIMBRA

 

GUITARRA

A guitarra é um dos “ex-libris” de Coimbra”! Sonando no Choupal em noites de luar ou debaixo da janela duma princesa encantada, a guitarra é companheira do lirismo desta cidade. Dizem que as ninfas do Mondego cantam quando, ao clarão da lua, as cordas se cruzam com o sussurrar do Mondego.

A guitarra tem um fascínio de mulher. Segredos de veludo, trinado de rouxinol, caprichos de maresia e clamor de tempestade. A guitarra é divina! A guitarra reclina-se inspiradora e deleitosa na sempre nova alma de Coimbra.

A sonhar me fiz ao leito,

 Abraçando uma guitarra;

Ao cingi-la bem ao peito,

Triste geme uma cigarra.

Pelo braço, pela voluta

Passo os dedos de mansinho; 

Minha alma fica à escuta

Ao trinar dum passarinho.

Pelas costas, pelas ilhargas

Minhas mãos descem fremendo

Lançam fogo pelas palmas,

Deitam pétalas pelos dedos.

Vibram cordas ternamente,

Tensas, doces a meu lado,

Bebo a vida num lamento

A fluir ao som do fado.

Guitarra da minha vida,

Mulher triste e sem idade;

Deixas minha alma dorida,

Fazes de mim a saudade.

Autor: Professor Renato Àvila


Sem comentários:

Enviar um comentário