GUITARRA
A guitarra é um dos “ex-libris” de Coimbra”! Sonando no Choupal em noites de luar ou debaixo da janela duma princesa encantada, a guitarra é companheira do lirismo desta cidade. Dizem que as ninfas do Mondego cantam quando, ao clarão da lua, as cordas se cruzam com o sussurrar do Mondego.
A guitarra tem um fascínio de mulher. Segredos de veludo, trinado de rouxinol, caprichos de maresia e clamor de tempestade. A guitarra é divina! A guitarra reclina-se inspiradora e deleitosa na sempre nova alma de Coimbra.
A sonhar me fiz ao leito,
Abraçando uma guitarra;
Ao cingi-la bem ao peito,
Triste geme uma cigarra.
Pelo braço, pela voluta
Passo os dedos de mansinho;
Minha alma fica à escuta
Ao trinar dum passarinho.
Pelas costas, pelas ilhargas
Minhas mãos descem fremendo
Lançam fogo pelas palmas,
Deitam pétalas pelos dedos.
Vibram cordas ternamente,
Tensas, doces a meu lado,
Bebo a vida num lamento
A fluir ao som do fado.
Guitarra da minha vida,
Mulher triste e sem idade;
Deixas minha alma dorida,
Fazes de mim a saudade.
Autor: Professor Renato Àvila
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