domingo, 29 de janeiro de 2012

INTERLÚDIO POÉTICO SOBRE A CRISE!

     As sarnas de barões todos inchados
   Eleitos pela plebe lusitana
   Que agora se encontram instalados
   Fazendo o que lhes dá na real gana
   Nos seus poleiros bem engalanados,
   Mais do que permite a decência humana,
   Olvidam-se do quanto proclamaram
   Em campanhas com que nos enganaram!

 II
   E também as jogadas habilidosas
   Daqueles tais que foram dilatando
   Contas bancárias ignominiosas,
   Do Minho ao Algarve tudo devastando,
   Guardam para si as coisas valiosas?
   Desprezam quem de fome vai chorando!
   Gritando levarei, se tiver arte,
   Esta falta de vergonha a toda a parte!

 III
   Falem da crise grega todo o ano!
   E das aflições que à Europa deram;
   Calem-se aqueles que por engano?
   Votaram no refugo que elegeram!
   Que a mim mete-me nojo o peito ufano
   De crápulas que só enriqueceram
   Com a prática de trafulhice tanta
   Que andarem à solta só me espanta.

 IV
   E vós, ninfas do Coura onde eu nado
   Por quem sempre senti carinho ardente
   Não me deixeis agora abandonado
   E concedei engenho à minha mente,
   De modo a que possa, convosco ao lado,
   Desmascarar de forma eloquente
   Aqueles que já têm no seu gene
   A besta horrível do poder perene!
 


    Luiz Vaz Sem Tostões



enviado por Celeste Maria

5 comentários:

  1. Com versos trocados e imaginação vamos dizendo as verdades que nos vão na alma...

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  2. O Luiz Vaz Sem Tostões merece os nossos aplausos!
    Basta trocar os tostões por cêntimos.

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  3. Camões e Gil Vicente em parceria subscreveriam por certo estes "Lusiadas".

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  4. o Gigante Adamastor, espreita em cada esquina. Fazem-no espreitar. É preciso desancar as hostes , incutir-lhes o respeito e o medo pela corte europeia reinante. Breve, para se aquecerem, os "ventres ao sol" não terão mais que o astro-rei. Bela lembrança de Fernão Mendes Pinto. Ou minto ?

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  5. Ora aqui está um interlúdio que, sendo poético, é cómico mas triste...

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