segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

O GOLO DO NOSSO CONTENTAMENTO ...




Cabidela de galo de Barcelos. Foi um pitéu para as hostes academistas ...

Depois de ter comido um cozido à portuguesa desastroso, num restaurante que até tem fama, foi à força de encontrões de vento e pingos de chuva gelada, que entrei aos tropeções no Casino da Figueira da Foz. Ali, naquele local mítico da Praia da Claridade, fui ao encontro do Choral Poliphónico de Coimbra. Cá fora, no “hall” de entrada, sentado numa cadeira de verga, fui apreciando os grupos de gente que, em bandos, se dirigiam para a Sala de Jogo, na esperança quase sempre vã, de levar para casa uns euros. E eles, os jogadores, confesso - vos que eram muitos. Por minutos, por muitos minutos, foi assim. Depois, apareceu o Maestro José Firmino. Sentou-se junto de mim e confidenciou-me o quanto gosta da Figueira Foz. Num andar alto sobre o mar, encontrou sítio ideal para compor. Ele que é figura muito respeitada nos meios musicais, quer pelos seus dotes de maestro, quer de compositor. 

Conheci-o em Macau e sempre me habituei a admirá-lo pela sua forma simples de estar e de conviver. Depois o salão. Na penumbra, o Choral Poliphónico cantou sob a batuta do Professor Paulo Moniz. Também José Afonso foi recordado, com canções acompanhadas ao piano por André Vaz Pereira em arranjos do maestro José Firmino.

O meu coração estava ali. E não estava. Impedido de usar telemóvel, fui tamborilando impaciente os dedos sobre a mesa, a arder na fogueira de querer saber o resultado da Académica, num jogo que era importante para as nossas hostes. Paulo Archer, disse um dia no “Jornal do Fundão”: 

O meu coração é preto. Nas artérias escuras só passa o visco negro da Académica”. Mas disse mais: Como academista, fui-me habituando a perder nos últimos minutos, a descer de divisão por causa de uma trapalhice do Guimarães ou a ceder empate depois do fim do jogo, quando os adversários já se dirigem para os balneários”

Estas palavras do Paulo Archer, martelavam-me na cabeça, num desassossego. Mal terminou a apresentação, corri cá fora e fiz uma chamada pelo telemóvel. De lá veio uma voz serena e conformada que me disse: “… olha pai ... empatámos…”. Talvez por força do nervoso miudinho, deu-me uma vontade avassaladora de urinar. Com uma vénia, um funcionário do Casino, indicou-me o antro do vício, ou seja, a sala das ilusões, desgraça de muita gente.

Entrei na Sala de Jogo sufocada de jogadores. Atravessei o vasto recinto de mil cores e no fundo do corredor à esquerda, encontrei o ambicionado W.C. Foi a olhar para os azulejos brancos e frios, que me aliviei. Porém, a meio da função, tocou de novo o telemóvel. Foi um drama. E agora?  … dizia eu com as mão ocupadas. O telemóvel calou-se. Já desobrigado do que ali me lavava, indaguei do número que me tinha procurado. Era de novo o Gonçalo Pereira e então, do lado de lá da linha, veio uma sonora gargalhada: ”…  óh pai … ganhámos no último minuto … foi o Djavan…”. Então rimos os dois, ébrios de contentamento.

E foi assim que saí do Casino da Figueira da Foz, em tarde de borrasca. Duplamente aliviado…
Quito Pereira     

8 comentários:

  1. Confesso que ontem durante o jogo estive sempre preocupado com o seu desenrrolar. A académica jogava bem, mas sem criar oportunidades! O Gil Vicente colocou o "autocarro" no seu meio campo, mais sobre a linha da sua grande área e era dificil entrar...os nossos jogadores não são Cristianos, nem Messis, para resolver com gopes de génio, estas situações!
    Ao intervalo disse para as minhas sobrinhas que comigo estavam a ver o jogo: vai ser dificil, mas perdermos não acredito, tal era a superioridade da Académica.Mas tenho cá uma fézada que vamos ganhar com um golo metido ao minuto 90+3!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    (Cristina, faz favor de confirmar o que estou a dizer...!"!!!)
    Livre contra o Gil Vicente, descaído sobre a esquerda a poucos metros da área do GIL. Mesmo aos 90+2 e mesmo ao jeito do pé esquerdo do Ivanildo. Maraca, não Marca---marcou e precisamente ao 90+3 Manoel toca com a cabeça ligeiramente(felizmente...)na bola que vai ter aos pés do Djavan e foi o delírio!!! Teve um sabor especial.Foi o castigo( ou sorte nossa) para a maneira antijogo que o Gil praticou!
    Depois aqui já ri de satisfação...e agora riu e bem com a descrição que fazes desta tua passagem pela Figueira, especialmente quando tinhas as mãos ocupadas no WC(não bastava uma?) .

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  2. Mas se olharmos atentamente para a foto nem era preciso. Vê-se claramente o Djavan já a torcer o pescoço do galo para fazer a cabidela :)

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  3. A sala de jogo do Casino, parecia a feira da Carlos Seixas, ao Sábado. Havia tipos em fila, à espera de máquina para jogar. Eu não joguei nada e ganhei ...1 - O . A cabidela palpita-me que vai ser Domingo ...

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  4. Ó Quito, és imparável. Com uma realidade absolutamente normal, pões as pessoas a rir e ainda por cima, pões a Académica a ganhar. Que mais podemos desejar.

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  5. Gostava tanto de te ver ébrio de contentamento,Quito!...
    A paixão pela Briosa com respectivo nervosismo esqueceste o Concerto que te levou ao Casino com tanto entusiasmo....
    Ouviste o teu filho Gonçalo,confessaste...E o André conseguiste ouvi-lo concentrando-te por alguns instantes?
    Enfim uma tarde diferente no Casinoooo...

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  6. Quito!Gostei de ler isto!Quando é que o teu filho virtuoso faz uma Sonata com o titulo de "BRIOSA"?
    Ah!se essas paredes da casa de banho do Casino falassem...

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