UM VENTO TÃO
PORTUGUÊS …
Aljustrel é nome histórico. Tem presente e passado de
minas e de lutas sindicais. Agora também é nome de estação de serviço de
autoestrada. No Verão, na romaria algarvia, entre litros de gasóleo, jornais
diários e pasteis de bacalhau, vende – se de tudo.
Também se vende café, o
produto mais barato sobretudo para quem tem o dinheiro contado para uns dias de
lazer no fundo de Portugal. A fila para o café em chávena é extensa naquele dia
de Agosto. A mulher, anafada e transpirada, lá vai mostrando o seu enfado em
voz alta, agastada pela espera, enquanto as meninas fardadas vão servindo atarefadas
os exigentes clientes. Um ou outro guloso mais afoito, lá mete a mão na vitrina
que dá acesso ao supremo gozo de um pastel de nata com canela. Nessa altura, já
a mulher anafada está encostada ao balcão e diz imperativa ao marido:
- Óh António,
vai levar uma bica curta à minha mãe que ela não quer sair do carro …
O António, com cara de poucos amigos, camisola do
Benfica vestida, calções de ganga, uma tatuagem de escorpião gravada na barriga
de uma perna e chinelos de plástico nos pés, apresta-se a servir a sogra que
leva a reboque para férias, enquanto vai rosnando uns palavrões impercetiveis
naquela sua penitência.
É deste esquadrão de veraneantes que se alimenta parte
do turismo algarvio. Quinze dias ou apenas uma semana em que vale tudo. Tempo
para viver e para se fazer crer que se traz o rei na barriga. Para se fazer
alarde de uma insolência que mais não é que uma espécie de ajuste de contas com
quem os escraviza o ano inteiro. Do afogar das frustrações das batalhas diárias.
Por vezes, é preciso fugir desta massificação
agressiva. Rumar a Sagres é remédio infalível. À medida que o carro vai
galgando quilómetros de alcatrão, as gentes vão rareando. Um banho retemperador
na simpática Praia do Martinhal, onde os banhistas se contam pelos dedos,
enquanto uma brisa fresca tempera um sol esplendoroso.
A Pousada de Sagres, é local ideal para um almoço tranquilo.
Um ambiente calmo, onde se percebe que a cozinha tem escola de hotelaria. Onde
os funcionários são cordatos e profissionais.
Dali, olhar a paisagem. Ver o mar imenso e aquela
sinfonia de pedra que entra oceano adentro, esfumada entre nuvens de espuma.
Olhar o Promontório. Ter a sensibilidade de ouvir o sibilar dos Ventos e
perceber a sua mensagem intemporal.
É o Vento português de Sagres. Único e nosso. Tão património nacional como o Castelo de Guimarães, o Palácio Nacional da Pena ou o Mosteiro da Batalha. Símbolo Sagrado de uma identidade histórica deste nosso Portugal tão belo e tão português.
É o Vento português de Sagres. Único e nosso. Tão património nacional como o Castelo de Guimarães, o Palácio Nacional da Pena ou o Mosteiro da Batalha. Símbolo Sagrado de uma identidade histórica deste nosso Portugal tão belo e tão português.
Quito Pereira
Obrigado Quito pelo empenho teu e de quem te arranjou a geringonça informática.Espero que o arranjo dê até domingo!!!! Gostei do texto que tao bem descreves o que observas nesse turismo de "massas".Continuacao de boas ferias
ResponderEliminarAté nas estações de serviço encontras gajos do Benfica!... Não é por acaso que são 6 milhões...
ResponderEliminarEspero que tenhas comido bem, pois a moda das escolas de hotelaria é porem-nos à frente um prato do tamanho de um marcador e a comida não é mais do que 3 alcaparras, uma azeitona cortada em fatias, um tomate cherry cortado em 4 gomos, meia folha de alface cortada como o caldo verde e um bife de lombinho com 5cm de diâmetro por baixo de um molho tipo maionese azeda. Por cima colocam azeite balsâmico que lhe dá muita graça, mas que suja o prato todo assim que começamos a comer.
Gostei de saber que o vento é património nacional, quero dizer, não sei se é, mas se não é, devia ser.
Alfredo, a então Presidente (Presidenta, como queria que a chamassem) Dilma Rousseff, em suas muitas "pérolas" Brasil afora, também ventilou a possibilidade de "estocar vento". Então, se o vento dessas plagas é patrimônio nacional, o de cá será estocado. Quem sabe, como sugeriu Dilma, Portugal não entra nessa... "parceria"!?
Eliminar"Depois do discurso que pregava a “saudação à mandioca” e a distinção entre “homens e mulheres sapiens” se espalhar nas redes sociais, outro trecho da fala da então Presidente Dilma Rousseff gerou repercussão na internet. Na ONU, durante determinado discurso, Dilma sugeriu que era preciso criar uma tecnologia para “estocar vento”.
— Até agora a energia hidrelétrica é a mais barata em termos do que ela dura da sua manutenção e também pelo fato da água ser gratuita, e da gente poder estocar. O vento podia ser isso também. Mas você não conseguiu ainda tecnologia para estocar vento. Então, se a contribuição dos outros países, vamos supor que seja desenvolver tecnologia que seja capaz de, na eólica, seja capaz de estocar, tenha uma forma de você estocar, porque o vento, ele é diferente em horas do dia. Então vamos supor que vente mais na hora da noite. Como é que eu faria para estocar isso? — indagou Dilma.
Leia mais: https://oglobo.globo.com/brasil/dilma-sugere-estoque-de-vento-vira-piada-na-internet-17744645#ixzz4q7L5HUhN
stest
Quito, eu pude "ver" todo esse cenário bem descrito. Até a mulher anafada e seu "submisso" marido (uma submissão, ou cavalheirismo, um tanto a contragosto.
EliminarDeu-me uma baita vontade de presenciar tudo isso.
Obrigada, por nos descrever situações corriqueiras, que se tornam raras, para aqueles que, como eu, não a vivem.
Era bom que o vento assassino que sopra nos fogos que assassinos provocam,estocassem de vez!
ResponderEliminarPelo que acompanhamos, o que se está a passar aí é um problema se bem que aqui também tenham o mesmo na Colombia Britanica.
EliminarPortugal está a passar muito e era bom que se começasse a olhar para o futuro. A muralha da China não se fez num ano. Tudo leva o seu tempo, tem é que se começar. Foi pena que Portugal com a costa que tem no passado não tenha comprado os aviões CL-415 da Canadair que já não se fabricam desde dois mil e quinze. São aviões que podem abastecer no mar sem ganhar corrosão e tendo o nosso país uma largura pequena, teria sido o ideal. Em poucos segundos ficam com os depósito cheios e que não são nada pequenos, permititindo o retorno rápido sobre o local. É certo que eram caríssimos, vinte e cinco milhões de euros a unidade mas se tivessem feito um estudo aprofundado, talvez hoje já estivessem pagos ou quase pagos, sem falar em vidas humanas. Houve dinheiro para certas auto-estradas que não eram precisas para a nossa economia, estádios e até o túnel do Marão que talvez um dia se pague fora outros empreendimentos. Neste momento que já não fabricam aviões desses, era altura de pensar-se fortemente que fazer para o futuro pois ao contrário do que se possa pensar deram muita prioridade à defesa das pessoas e bens mas esqueceram-se da defesa dos campos. É um facto que tivemos muitas mortes só num dia mas sem dúvidas que houve um erro humano e isso a um dado momento acontece em todo o mundo. Não estou a desculpar ninguémn mas é um facto. O lado das responsabilidades é para se ver e até estou admirado como ainda não há um recurso público pelo que me tenho apercebido. Na realidade tem-se visto que têm focado o esforço na defesa das pessoas, o que é excelente mas não podem descurar o campo porque é de lá que começa a alastrar. Assim vão-se salvando as pessoas mas o resto vai ardendo.
Na Colombia Britânica também não vai nada bem. Ainda ontem foram mais bombeiros daqui para lá. Esperemos que não haja nenhuma fatalidade como em Portugal, porque isso pode acontecer em todo o lado.
Quanto aos provoadores, falava-se a meia bôca que no pinhal de Leiria resolveram o caso nos fins dos anos setenta a oitenta pois já não estou certo. Se é verdade, deu resultado mas é contra a minha forma de ser, pensar e estar na vida. Paz à alma deles.
No último parágrafo aonde se lê:"Quanto aos provoadores", leia-se "Quanto aos provocadores".
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarAo ler-te vivo contigo as cenas que descreves. Boas férias
ResponderEliminarTarde mas lá fui dar mais uma volta que o Quito muito agradávelmente me presenteou e que até valeu a pena, pois ler textos destes é viver. Partindo de um nome histórico aonde nessa altura ainda não havia imposto sobre a gasolina e lá se foi vivendo o dia a dia da estação que hoje tem o nome. Até nem sei se os pasteis de nata que vi hoje no centro comercial Cavendish Mall vieram de lá. Nem posso dizer nada senão o toubib (médico) pode ler. Depois de uma cena familiar terminámos a armazenar o vento, que desde o tempo das caravelas esquecemo-nos de o fazer. Nessa altrua lá íamos com ele bem armazenado nas velas e chegávamos a todo o lado. Mas falando a sério: nós até nos esquecemos que Portugal tem um excelente trabalho em energia éolica e nisso devíamos falar fortemente. Fazermos propaganda ao que temos de bom, seria normalíssimo porque aí podemos ter orgulho. Só que o vento não acabou e continua em Sagres como o Quito diz: "Único e nosso".
ResponderEliminarQuito
ResponderEliminarEstou convencido que já por aqui andaste e como tens andado ligado à música, quer seja de forma directa ou indirecta, aqui fica uma que se vai passar hoje à noite.
No sopé do Mont Royal, vão actuar gratuitamente as orquestas sinfónicas da Universidade McGill, a orquesta Metropolitana e a orquesta sinfónica de Montreal além de oito cantores de renome que também interpretarão certas canções. Tudo no total de trezentos e setenta e cinco músicos. As orquestas farão apresentações individuais e em conjunto.
Como interessa que entrem impostos, estão distribuídas zonas alimentares com camiões ambulantes, zonas de venda de outros produtos como recordações, etc. Os bancos também fizeram instalar as suas máquinas bancárias para depósitos e levantamentos pois não querem que falta nada aos espectadores. Só assim podem criar distracções sem entrarem nos nossos bolsos.
Várias televisões e rádios vão estar presentes.
Se bem que as previsões tenham sido sempre ultrapassadas, espera-se a presença de setenta mil pessoas fora as que vão ver noutros parques distribuídos pela cidade com ecrans gigantes.
A universidade McGill que me acompanha, está fortemente virada para a medicina e artes. Tem o palmarés de treze prémios Nobel e vários Oscars, além de outras distinções.