segunda-feira, 30 de outubro de 2017

POSTALINHOS DO PERU( 3º- 4º-5º-6º)

    Machu Pichu hoje tinha algumas nuvens a tentarem tapar-lhe a beleza e imponência mas não conseguiram.

Foto de Alfredo Moreirinhas


     Terraços de Moray, Vale Sagrado dos Incas.
      Beijinhos e abraços da Daisy e do Alfredo.



Havia festa em Ollantaytambo e o desfile das crianças e a sua alegria foi um encanto.
Vale Sagrado dos Incas.
Beijinhos e abraços da Daisy e do Alfredo.



Machu Pichu, a Cidade quase escondida...

Beijinhos e abraços da da Daisy e do Alfredo.

SEPARADOR------PERUANO!

POSTALINHO DO PERU (2º)

Minas de sal de Maras, Vale Sagrado dos Incas.
Alfredo e Daisy Moreirinhas

   Foto de Daisy Moreirinhas   

domingo, 29 de outubro de 2017

CANTIGAS DE MALDIZER ...






 

É histórica e conhecida uma certa gabarolice portuguesa e uma verborreia que entra em nossa casa todos os dias pelos canais de televisão. Alguns que por aí andam, com a sua queda para “troca – tintas” do que agora é verdade amanhã é mentira, até conseguem trepar numa sociedade pouca dada a valores e mais interessada no mediatismo das páginas pagas a peso de ouro das revistas cor – de - rosa, onde  trafulhas de mil expedientes, metem ao bolso os seus direitos de imagem e aparecem em jantares em praias do sul, rodeados por gente de risos de plástico, que mais não são que um rancho de falidos e falidas. Nem tudo o que luz é ouro.
Mas onde vou eu parar nesta minha incontinência verbal ? Estou aflito, incapaz de desfazer este nó. De onde me vem esta estória da gabarolice enquanto vou olhando ao longe o mar profundo?
Bem, com esforço, lá me lembro. Vem de um texto que estive a refletir de António Lobo Antunes. Convivemos com um passado povoado de heróis anónimos. Em África, tivemos soldados e soldadesca. Soldados destemidos, capazes de fazer peito às balas, a varrer a bolanha a rajadas de metralhadora, na defesa da sua própria vida. Depois os outros, a soldadesca, a fugir da picadela de um mosquito e que gostavam de exibir os seus dotes de machos latinos mal resolvidos. Dos que na penumbra das casernas, se gabavam das suas aventuras com mulheres africanas. Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto, sábia constatação popular. Ao longo de vinte e oito longos meses de entrar e a sair da tabanca junto à minha base militar no mato, nunca vi nada de anormal. Só ouvia da boca desses taratas brejeiros, cantigas de maldizer.
Nos fins de tarde, eu visitava os meus soldados africanos e suas famílias, onde falávamos em clima fraterno das coisas da vida. Por vezes, deambulando por lá despreocupadamente com o meu cão, eu via por detrás das esteiras, mulheres desnudadas a tomar banho no seu asseio diário e, quando me pressentiam, escondiam o corpo num pudor natural e compreensível.
Hoje, António Lobo Antunes e a sua escrita, fez - me refletir. Falava de um tal Rei de apelido, a quem na Base chamavam “Reizinho”, que chorava de pavor de ter que integrar uma qualquer missão, fazendo-se incapaz e doente. Mas já no quartel, usava as suas artes manhosas para vender mercadoria barata que trouxera do continente, na esperança de ganhar mais uns cobres. Um farsante. Talvez mais um a engrossar as fileiras da soldadesca, a cair de costas aterrada ao bafo metálico de um canhão.
Porém, há que repor a verdade dos factos. De sacudir de uma vez por todas essa inverdade histórica, de que a África dos tempos de guerra, era um gigantesco bordel da soldadesca portuguesa. O anátema de que a mulher africana não tinha a sua dignidade própria. Sempre a teve. Eram mulheres com outras formas de estar no feminino, nas suas tradições, no seu trajar, na sua religião. Iguais à mulher europeia ou de outros continentes e costumes. Se ficaram filhos em África de soldadesca que se cruzou com africanas? Sim, sabemos que ficaram. Mas são casos pontuais, em que a generalização ofende. Elas, no seu papel de mães solteiras, assumiram criar os filhos que geraram no seu ventre. Eles, alguns deles, com a gabarolice dos covardes, partiram sem deixar rasto nem responsabilidades.
Por isso, mas noutra escala, olhando o circo mediático que foram as eleições autárquicas, com alguns atores manhosos e pouco recomendáveis com roupagens de candidatos, faz - me lembrar a soldadesca nos embustes e no ardil com que enganavam as vitimas, nestes casos os incautos eleitores. A gabarolice foi ontem como é hoje, uma instituição nacional. Tenhamos paciência. São os custos que temos de suportar dos oportunistas da democracia.
Quito Pereira           

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

SÍTIOS- RUI PATO NO BAIRRO NORTON DE MATOS-FILME DE ESECTV

Realização de ESECTV...
que convidou Rui Pato...

Nesta rubrica sítios conversamos com Rui Pato. Médico e guitarrista, viveu sempre em Coimbra. Começou a tocar viola ainda no liceu, até ser descoberto por Zeca Afonso, que acompanhou durante 7 anos. Acompanhou também quase todos os cantores que passaram por Coimbra nos anos 60 e 70. Fez parte da Tuna Académica, do Teatro de Estudantes da Universidade e integrou movimentos estudantis contra o regime salazarista, com envolvimento na crise académica de 69, que teve forte impacto na sua vida. Convidou-nos a conhecer os lugares da sua infância e que ainda hoje fazem parte da sua rotina.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

RECANTOS BAIXA DE COIMBRA

     Rua Adelino Veiga- ao fundo Estação Nova
                      Beco da Rua Adelino Veiga
                      Parte final da Rua Adelino Veiga em direcção da Estação Nova
     Largo do Paço do Conde, onde se situa o Restaurante Paço do Conde
                          Rua do Paço do Conde em direcção rua das Padeiras

  Travessa da Rua Paço do Conde
    Rua das Padeiras

                       Ainda rua Adelino Veiga-À direita rua da Gala

                              Beco das Canivetas

                     Rua Adelino Veiga que liga ao  largo das Ameias e Estação Nova
   Final da Rua Adelino Veiga que liga à Praça do Comércio. Escadas de Santiago...local previgeliado
para actuações da Tuna Meliches, conforme  foto e  vídeo seguinte

terça-feira, 24 de outubro de 2017

ANIVERSÁRIO

MARIA TERESA MENESES LOUSADA

24-10-1941

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!




















domingo, 22 de outubro de 2017

O DIA EM QUE A MONTANHA TRAIU OS SEUS FILHOS ...





 Aldeia do Cide

 O Júlio Bicho é um homem bom. Avantajado de corpo e bonacheirão, logo deu nas vistas aos camaradas de armas, quando em batalhão partimos para a Guiné. Fomos, voltámos, e quase todos sobrevivemos. E é essa glória do apego pela vida, que nos faz juntar todos os anos. Ele, o Bicho, vindo lá do Alentejo profundo, aparece sempre. Vem alegre e falador, trazendo sempre com ele um rebanho de família. Também foi assim no passado dia sete de outubro, quando mais de cem almas nos juntámos lá para os lados de Fátima.

A mensagem que me mandavam era devastadora. Um camarada de armas dizia-me e informava a nossa comunidade militar, que uma filha do Júlio Bicho tinha morrido com o marido num dos incêndios florestais que devastaram o país. Informava também que o casal deixava dois filhos menores e que era necessário o grupo militar tomar providências com vista a prestar auxilio às crianças e que para tal era preciso nomear uma comissão de ajuda aos órfãos. Porém, prioritariamente, era preciso dar força e um abraço solidário ao nosso amigo, lembrar-lhe que para além de festas e abraços dos bons momentos, também ali estávamos com ele nas horas amargas.

De mapa na mão e expectativa no coração, partimos de Coimbra na procura da aldeia de Vide, onde eram as exéquias fúnebres. Na medida em que penetrávamos no ventre do país, o nosso coração ia ficando mais negro. Devagar em curva e contra – curva, a paisagem escura tomava conta do cenário. Também casas arruinadas pelo fogo, janelas estilhaçadas e carcaças de carros na margem das estradas de mau piso. Aqui e ali, casas intactas com quintais destruídos. Naquela propriedade queimada, vejo um homem de botas de borracha, que vai deambulando como um sonâmbulo no zénite da desesperança. Pega numa mangueira que olha atentamente e, de imediato, num ato de revolta, atira-a ao chão.Enquanto vou progredindo cauteloso no asfalto, vou olhando as árvores queimadas na berma da estrada, algumas sujeitas a tombar para a via e a necessitar de uma intervenção urgente. Entretanto, aqui e ali, muitas fumarolas e pedaços de madeira a arder e a extinguirem-se, já inofensivos. Era o render do demónio. Lá mais à frente, naquele deserto de gente e de árvores calcinadas, vejo outro habitante. Apesar da proximidade do carro, o homem ignora-me e atravessa a estrada em passo lento. É ainda novo e fixo-lhe uma mortalha de cigarro pendente da boca. Como que atordoado e olhos fixos no alcatrão, parece caminhar sem rumo certo. Curva e contra – curva, chegamos ao destino. Eu e minha mulher somos olhados com a curiosidade dos forasteiros que nunca foram vistos por aquelas paragens. Com expectativa, procuro outros amigos da minha família militar que ainda não tinham chegado. Mas chegaram pouco depois. Foi então que um jovem de camisola negra se abeirou de nós. Disse ser familiar dos falecidos e que até tinha sido ele nas buscas pelos desaparecidos, que os tinha encontrado pelas cinco horas da madrugada, num cenário que me escuso a descrever. Sentada à porta da igreja num banco de madeira, a idosa vestida de negro vai-nos contando a noite de terror e das noites sem fim. Fala-nos nos dois geradores de eletricidade que funcionam nas extremidades da aldeia, para assim abarcar mais gente que necessita de luz. Porém e por vezes, os geradores falham em simultâneo, deixando aquela aldeia no fundo do vale afundada nas trevas da noite e do carvão, com a silhueta das serras queimadas a tornar o cenário mais assustador. Cá fora, algumas mulheres choram baixinho. E eles, os homens, dispostos numa roda, vão contando estórias daquela noite de inferno. Cada um tem um episódio para contar. Mas não choram porque as lágrimas já se lhes secaram.  Olham o futuro partindo de um presente de privações e angústias, agora que as montanhas feridas de morte lhes nega o pão. Mas resistem, como resistem os heróis.

A Raquel e António viviam na aldeia do Cide, um pequeno lugarejo de meia dúzia de casas, encravado no meio de uma montanha. Naquele dia, a montanha  rodeada de outras montanhas, teve um acesso de fúria. Num ápice, tudo o que a vista alcançava começou a arder. O casal, veio então a Vide pôr os dois filhos a salvo, para depois num ato irrefletido e até incompreensível, de novo subirem a montanha em chamas, para irem a casa procurar e reaver alguns documentos e bens. Apanhados no turbilhão do fumo e do fogo, completamente desprotegidos, sucumbiram ao inferno. Tentaram, numa luta desigual, medir forças com o demónio e perderam.

No amplo templo da igreja na penumbra por falta de luz, teve lugar a missa de corpo presente daqueles dois filhos da montanha. Olhando o que me rodeava, fui percebendo que a plateia da gente simples, cantava com um fervor que ecoava pelo templo. A tragédia acicatava-lhes a fé. O Júlio Bicho, o tal homem alegre e folgazão, sentado na primeira fila, era agora um homem pálido, vestido de negro e parecia alheio à cerimónia. Então o Bispo da Guarda falou. De palavra fácil, não entrou em chavões litúrgicos de filosofias difíceis de entender. Nem em discursos piedosos no tributo às duas vítimas. Falou mais nos homens do que de Deus. Privilegiou mais a vida e falou de esperança. Terminou a sua linha de pensamento falando dos povos sós e abandonados, entregues à sua sorte. Acredito que grande parte aquela plateia silenciosa de gente campesina e humilde, não terá entendido a subtileza da afirmação. Mas a entidade que ali estava em representação do Presidente da República, terá compreendido certamente.
Quito Pereira      

             

sábado, 21 de outubro de 2017