(1939 - 2019)
A vida é uma passagem para a outra margem, no dizer da canção.
E a morte é a única certeza da vida. Temos contacto com ela todos os dias, nas
páginas dos jornais. Olhamos indiferentes ao passamento de pessoas que não
conhecemos, como se de um vulgar anúncio se tratasse. Mas indiferentes não somos,
quando nos é familiar chegado, ou o finado faz parte do nosso grupo de amigos.
Porém, daqueles que não conhecemos pessoalmente, há desaparecimentos que
marcam. Para mim, a morte de Octávio de Matos entristeceu-me. Direi mesmo que a
senti como se conhecesse o grande homem de teatro. Foram décadas a espalhar
humor e talento. Tive o privilégio de o ver atuar duas vezes ao vivo, em Lisboa
no antigo Teatro “Monumental” e numa noite ao ar livre, num tépido serão
algarvio, em Lagos. Era pequeno de estatura, mas enchia o palco. Nem sequer
precisava de falar para pôr uma plateia a rir. Bastava o seu olhar e as suas
expressões faciais, para compor um personagem hilariante. Octávio de Matos, nem
necessitava de estar acorrentado a uma qualquer ideologia politica, para singrar
na sua arte. Porém, há sempre aqueles que, nos meios intelectuais, acham que a
comicidade é uma arte menor. Um preconceito muito discutível. Porque sempre foi
a rir que se disseram as coisas mais sérias e em momentos conturbados. Foi pela
cruzada dos comediantes que pisavam os mais conhecidos palcos nacionais, que se
driblava a censura em tempos difíceis. De dar voz a quem não tinha voz.
O desaparecimento de Octávio de Matos, não passou
despercebido no panorama das nossas notícias diárias. Gente do Teatro, Membros
do Governo e Presidência da República, apressaram-se a enaltecer as suas
qualidades de homem bom e solidário. Morreu o artista Octávio de Matos. Morreu
o cidadão Octávio de Matos. Morreu afinal como não merecia – sozinho, sem
aplausos e sem medalhas.
Pelo teu intermédio o blogue associou-se ao sentir da perda deste grande actor muito apreciado pelo povo português.
ResponderEliminarObrigado pela postagem
Este modesto texto é a minha homenagem a Octávio de Matos. Tinha por ele uma admiração e simpatia genuínas.
ResponderEliminarNão tens que me agradecer a postagem. Enquanto mantiveres este teu espaço, vou acompanhar-te. Quando entenderes fechar e como já te disse, encerro a escrita, a meditar em coisas muito sérias, como leitão e champanhe no "Típico" da Bairrada ...