Emoções a azul e encarnado ...
Tinham-me prometido um écran gigante de alta definição e não
me mentiram. O problema é que o Vita já rebentava pelas costuras de gente
vestida de vermelho. Centenas de veraneantes eram portugueses de origem
africana, que vivem ali na zona.
Com o seu jeito gingão, deambulavam entre as mesas na procura
de um lugar estratégico para ver o Benfica. Sim, porque a multidão apinhava-se
em vagas de gente apressada, que era necessária muita paciência para conseguir
um lugar, mesmo sendo o palco do jogo e dos sonhos de enormes dimensões.
Os restaurantes não tinham mãos a medir, com filas imensas de
gente ordeira que esperava pacientemente a sua vez de ser servida. Numa fila
entrei, na procura de um simples caldo verde, pois o almoço tinha sido maciço e
saboroso a olhar o mar.
Regressemos à sucursal do Estádio da Luz, que o mesmo é dizer
ao Vita Tejo. Numa mesa manhosa e através de um vidro grosso, lá me sentei a jantar
e a olhar de viés para o jogo. À segunda colherada de caldo verde, o Benfica
marcou um golo. Foi o fim. O Vita explodiu e muitos dos sentados nas mesas,
subiram para as cadeiras em infernal gritaria. Outros dançavam em ritmo
africano e atiravam bonés ao ar. Num ápice, o Vita transformou-se num comício
de estrondoso fervor clubista.
O golo arreliou-me. Confesso que gosto do céu e do mar, que o
mesmo é dizer que gosto do azul. A “culpa” é do Simões, que viveu no nosso
bairro, que jogava no Porto e naquele dia em que o “Rápido” para Lisboa ia
cheio e ele que me viu de pé, reconheceu-me e trouxe-me a reboque para uma
carruagem reservada, onde ia a equipa do Futebol Clube do Porto que jogava no
dia seguinte com a extinta CUF, no Barreiro. Gentilmente, ofereceram-me um
lugar sentado junto deles e o Simões apresentou-me como um amigo dele do
bairro. A cordialidade de todos para comigo, foi o início de uma simpatia surda
pelo emblema do dragão.
Academista de coração e portista de adoção, assim resumo o
meu universo do pontapé na bola.
Por isso, o caldo verde azedou. Pousei a colher e olhei para
o meu companheiro que conheço há muitos anos porque nasceu lá em casa e que,
pouco ou nada impressionado com aquele delírio encarnado, continuava a comer
calmamente um bife com uma montanha de batatas fritas e salada.
Aquele desamor
pelo norte teve o condão de me irritar ainda mais. Mal ele acabou o repasto,
partimos. Depois de o deixar em casa, rolei veloz pela autoestrada na noite
escura, de ouvido no relato da partida. Não se via vivalma. Estava tudo de
olhos postos no “match” e, já não muito longe da unidade hoteleira onde fiquei
hospedado e ao circular numa rotunda, a rádio deu-me uma prenda: Golo do Porto!
Entrei no hotel a sorrir e o empregado – rapaz novo e bem
aparentado – fez o meu chek - in para, surpreendentemente e em estilo de
comunicação obrigatória, como se decreto se tratasse, me informar que o Benfica
ia na frente do marcador. Disse-lhe que estava enganado, porque os do norte
tinham acabado de empatar a partida e ele mostrou-se surpreendido.
Percebi então, que tinha ficado pouco entusiasmado com a novidade. Subi ao quarto e liguei a televisão. O jogo tinha terminado com um empate, diziam os comentadores desportivos a fazer que eram isentos a dar as suas doutas opiniões com termos rebuscados e verdades convenientes, de acordo com os seus interesses de avençados de um canal televisivo.
Percebi então, que tinha ficado pouco entusiasmado com a novidade. Subi ao quarto e liguei a televisão. O jogo tinha terminado com um empate, diziam os comentadores desportivos a fazer que eram isentos a dar as suas doutas opiniões com termos rebuscados e verdades convenientes, de acordo com os seus interesses de avençados de um canal televisivo.
Do mal o menos, pensei para com os meus botões. E foi a
sorrir por um resultado que com alguma sorte e felicidade poderá ainda valer um
campeonato azul, que espreitei pela janela e vi uma cidade adormecida de uma
noite de emoções fortes em tons de azul e encarnado.
Quito Pereira
Por estas plagas, precisamente no município de Parintins, também temos, no final do mês de junho, um "embate" entre os Bois Garantido e Caprichoso. Tudo de forma saudável, as torcidas seguem regras, como: uma ficar em silêncio enquanto o Boi, de outra, se apresenta.
ResponderEliminarAs cores do Garantido, vermelho; e a do Caprichoso, azul.
http://g1.globo.com/am/amazonas/fotos/2016/06/em-parintins-garantido-e-caprichoso-disputam-festival-fotos.html#F2082491
Pois Mamãe por cá e também por aí não tarda que os craques tenham que ir bem armadilhados em "pontas" tal é a violência que se vai vendo nos campos de futebol.
EliminarAutênticas touradas...não como os Bois Garantido e Caprichoso em que (parecem) serem mais civilizadas as claques!
Ah! homem atão vais ver o futebol Vita Tejo pejado de benfiquistas?
ResponderEliminarClaro que tinhas que comer caldo verde...sempre tem a cor do verde leão que não te desagrada!
Mas claro como o verde não era para ali chamado respeitaste a ida de combóio com o Simões...
Pois eu por aqui que só sou da Académica fico sempre meio dividido entre o Porto( por parte da filha, genro e netos e do Benfica pela parte do filho.
Mas confesso que o Porto não me cai bem no gôto só porque não gosto mesmo nada do Pinto da Costa e da "sua tendência para a fruta"
Mas o futebol como indústria já não me seduz e nem vale a pena falar nas claques principalmente dos 3 grandes!
Enfim sobre futebol muito havia para contar!
Ontem nem fui ver a Académica que empatou. É um ano para esquecer!
De vez em quando e para minorar o desencanto pelo futebol e seus problemas, lembro-me da Final da Taça no Jamor! Isso sim! Foi uma festa!
Ainda não acompreendi porque é que o Ronaldo foi escolhido para trabalhar com a Angelina Jolie num episódio de uma família síria, na turquia. Como é que deixaram passar isto!!!!!!! – Esqueceram-se do Pinto da Costa.
EliminarPara ficares bem disposto relembra aqui ....
ResponderEliminarFINAL TAÇA DE PORTUGAL-JAMOR 2012
Fui lendo e ia sorrindo com o que ia lendo, Quito. Do Porto a melhor recordação foi a vitória da AAC com um golo do Tó Gonçalves. Quanto ao que li: ai meu Deus. O bife com uma montanha de batatas fritas e salada, não mas tinha-te rapadao esse caldo verde. Com um empate, tudo terminou em bem.
ResponderEliminarCHICO às 23h00 uma postagem sobre o Tó Gonçalves
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