terça-feira, 30 de abril de 2019

COIMBRA DOUTROS TEMPOS SÉRIE V

    FOTO Nº 1 Torre da Santa Cruz
    FOTO Nº 2 Piscinas Municipais

FOTO Nº 3 - Queima das Fitas  
FOTO Nª 4- Coreto Parque da Cidade

  FOTO Nº 5 - Calhabé - Construção Igreja São José(nova), vendo-se a antiga
     FOTO Nº  6 - Demolição ponte Velha
   FOTO Nº 7 -  Lavadeiras do Mondego-Ponte do Modesto
   FOTO Nº 8 - NORA DO CHOUPAL
   FOTO Nº 9 - Largo da Portagem
   
 FOTO Nº 10 - TEATRO AVENIDA
 FOTO Nº 11 - Estação Velha
 FOTO Nº 12 - Praça 8 de Maio-Igreja de Santa Cruz
 FOTO Nº 13-Igreja de Santa Cruz-Praça 8 de Maio-Paços do Concelho
FOTO Nº 14 -  "TAXEIRA" vendendo o Poney

domingo, 28 de abril de 2019

AS PALAVRAS AUSENTES ...






Vou partir. Levo na minha mochila de caminheiro as palavras ausentes que me faltam neste calcorrear de vales e montanhas, que se espreguiçam indolentes no pasmar dos séculos. Porque elas - e apenas elas, as palavras ausentes - me falam dos caminhos que vigiam os meus passos perdidos. Eles, estreitos e escuros, olham - me do eterno crepitar do Tempo. Resistiram ao penoso caminhar dos anos. É o seu silêncio soberano que me acorrenta o pensamento e me tolhe a alma. Passo a passo, como que a medo, percorro a aldeia soturna. Olho as portas cerradas e abandonadas ao estertor do encadear dos dias que passam. Sentado no regaço de pedra da fonte centenária, relembro com respeito e saudade o esplendor de tempos de antanho, quando o sol radioso de bonança brilhava no céu beirão e entrava pelas portas e janelas da aldeia plena de vitalidade e de cor. Agora tudo morreu. Apenas portas fechadas. Apenas janelas fechadas. Apenas um vento agreste que varre as ruas despidas de gente e de vida. Ali, naquele pátio modesto, já nem adivinho sequer o bater vivo e ritmado do martelo na loja do ferrador. Acolá, aquela nora carcomida pela ferrugem, foi tragada por um monte de silvas e ervas daninhas. Jaz agora inerte, na solidão dos dias emprestados. No chão, em redor do poço que trazia a água que é o alimento da terra, apenas pesquiso, na rota batida e ressequida, indícios do caminhar paciente do rocinante no labor das manhãs de rega. O ecoar metálico do sino, fere o silêncio da aldeia e percorre, em vagas sonoras cada vez mais esbatidas e distantes, as léguas de vastidão do vale. É quando a tarde já resvala para a escuridão da noite, que aquele lago adormecido em paz ganha algum movimento. Das casas, das pequenas casas, como por mistério, as portas gemem devagar nos gonzos e, em surdina, amparadas nas bengalas ou envoltas no xaile negro que é a manta que envolve o luto da alma, as mulheres idosas, de olhos postos no chão e rosto austero caminham em direção da pequena igreja de paredes imaculadamente brancas para ouvirem a Palavra do Senhor dita num murmúrio de muitas vozes, quase um velado queixume.
São as labaredas da alma de gente simples e sofrida. São vidas ausentes, ditas por palavras ausentes …
Q. P.
          

sábado, 27 de abril de 2019

sexta-feira, 26 de abril de 2019

MEU CORTE DE CABELO





As lembranças do Quito (Aqui) levaram-me a outras: minha mãe!

As fotografias inexistem, porque àquela época, da minha infância, só tenho as lembranças narradas pela minha mãe. Mas, a dor que eu sentia quando ela  “catava” os piolhos e lêndea, só quem passa por isso sabe bem a que me refiro.


Minha mãe, viúva muito cedo, e com 5 filhos para criar (eu, a mais nova, com 5 anos), e como ela mesma costuma dizer – já nos seus 102 anos! – não tinha recursos para pagar babá e tampouco nos levar  a um(a)  cabeleireiro(a). Então, ela cortava o nosso cabelo, ao jeito dela. Acreditem: usando lâmina para barbear! Se podíamos opinar sobre o corte? Nem pensar. A resposta era um  tapa “no pé da orelha”!


O corte era sempre bem curto. Quanto menos cabelo, melhor, para poder “catar”  piolhos e lêndeas. Aquele momento de retirar essas “pragas”   que grudavam nos cabelos da nuca era por demais sofrido, porque, para mim, era o local onde a “puxada” do cabelo doía muito. 

Lembro-me de chorar durante todo o “procedimento cirúrgico”, mas era obrigada a engolir o choro. Não sei como isso se dava com as outras minhas irmãs, mas tenho apenas lembranças do que acontecia comigo. Afinal, quem “apanha” nunca esquece”.


Não satisfeita, porque não tinha tempo para o feito, mamãe colocava um pó branco em minha cabeça (depois de muito tempo soube que era DDT (sigla de diclorodifeniltricloroetano) um pesticida. Envolvia minha cabeça em um pano branco e assim eu ia pra escola. Ela sequer imaginava (e até hoje não imagina) o perigo de estar manipulando aquele veneno, e eu, de estar com aquilo no meu couro cabeludo. Mas Deus protegeu! Ah, e como protegeu!


Vou culpar minha mãe por isso? Nunca! Ela é a minha heroína. A mulher de fibra -  que foi e tem sido - só nos orgulha. 


Ela diz que, quando criança, meu cabelo era muito fino, tanto, que sequer segurava um grampo. Pois! Mas desde que me conheço, o meu cabelo sempre foi “problemático”. 


Nas poucas vezes, já adulta, e querendo provocar-lhe, disse para ela que sofro as consequências do tanto de DDT que ela usou na minha cabeça. Ao que ela me responde: “ É nada. Não tinha tempo para ficar catando piolhos e lêndeas! Isso é consequência desses shampoos que vocês usam!”


Dizem que cortar cabelo com lâminas endurece os fios, e tendo a acreditar que sim, pois era dessa “ferramenta” que minha mãe se valia para “cortar” meu cabelo, na infância.


Mãe, como queria que esse tempo voltasse. Permitiria até que a senhora passasse a máquina, me deixasse ...careca”.

Chama a Mamãe!
(mas não para cortar seu cabelo!)




quinta-feira, 25 de abril de 2019

ENCONTRO COM A ARTE- POESIA

 A COR DE ABRIL


ninguém tem nas mãos Abril
mas Abril sempre acontece
quando uma esperança renasce                                       algum sonho apetece                                                                       

se um cravo rubro floresce
na ponta de uma espingarda
se a cor da mágoa se esquece
e o arco-iris nos  guarda                                                                                                                         

mas não sei dizer a cor
que tem a nossa vontade
terá talvez tons de anil
ser um madrigal de Abril
a madrugar na cidade
ou serem as vozes mil
que dão cor à liberdade

uma vontade a crescer
no peito que se deslassa                                                    crescendo em nós sem se ver
mas vermos que nos abraça

pressentindo em modo vário
que ao sermos um povo unido
nos fica o medo vencido
e nós um mar solidário



                                                                                                                                   

ANIVERSÁRIO

FERNANDO BEJA LOPES

25-04-1946

Nesta data especial...

"Encontro Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

terça-feira, 23 de abril de 2019

O ALBINO BARBEIRO ...





  • Nos anos cinquenta do século passado, deambulavam pelo nosso Bairro algumas figuras muito conhecidas na cidade. Gente simples e carismática, que gozava da simpatia geral dos habitantes do antigo Bairro Marechal Carmona. Hoje, venho lembrar de uma dessas figuras que por este Bairro andou, calcorreando ruas e praças naquela que era a sua profissão - barbeiro. Não possuía estabelecimento que se lhe conhecesse nem emprego por conta de outrem. Era pura e simplesmente barbeiro ao domicílio. De mala na mão, lá ia de porta em porta visitando os clientes habituais, entre ao quais eu me incluía. Os meus cortes de cabelo eram sempre momentos épicos. Criança que era, detestava aquele sacrifício supremo de me sentar num banco de cozinha, enquanto o Albino, para suavizar o meu choro convulsivo, ia relatando jogos de futebol dando uma entoação brasileira à voz, à mistura com o som do matraquear da tesoura e do pente castanho e gasto com que me aparava e alisava o cabelo. Gradualmente, o meu choro transformava-se apenas num soluçar, quando me apercebia que o Albino estava nos procedimentos finais, ou seja, quando de navalha de cabo preto bem apertada na mão e o dedo polegar em riste apontado ao céu, me acertava as patilhas. Ato contínuo, punha - se à minha frente, fletindo as pernas, ficando cara a cara comigo, balançando a cabeça de um lado para o outro como  se fosse um pêndulo - certificava-se se as patilhas estavam à mesma altura. Aquele momento ainda hoje me assusta, ao lembrar aquela cara magra em que se destacava   um nariz afilado e um respeitável bigode negro e, ainda hoje, ao relembrar a sua figura frágil, mais tenho a convicção que aquela magreza pouco tinha a ver com a sua matriz genética, mas com um rosário de dificuldades e privações. E o corte de cabelo terminava sempre numa apoteose de pó de talco derramado em quantidades generosas sobre o meu pescoço e num enorme pincel com que o Albino me limpava os olhos e as orelhas em movimentos frenéticos. Apesar disso, era um homem divertido e reinadio. Vivia numa rua estreita, numa casa humilde junto à Sé Velha, mesmo em frente a uma agência funerária. Dizia por brincadeira que quando abria a janela do quarto de manhã e dava de caras com os caixões, ficava logo “bem disposto”. Em determinada tarde domingueira de verão, montou- se no Choupalinho, junto ao Mondego, um ringue de luta livre. O lutador, que se intitulava de nacionalidade grega, desafiava as cerca de cinco dezenas de basbaques que circundavam a arena para com ele medirem forças, sem que alguém se atrevesse a defrontar tal figura. Atemorizados, todos olhavam com respeito aquela montanha de carne e músculos de aço, até que, vinda de lá de trás uma voz resoluta se perfilou: vou eu !!! Com assombro, todos viram então o Albino dar um pulo felino para uma entrada no ringue em apoteose, colhendo as palmas e o respeito dos circunstantes . Teve azar. Conforme deu o salto, tropeçou numa corda que delimitava o espaço e desabou no recinto, batendo com a cabeça no chão e perdendo os sentidos, que o mesmo é dizer que o corajoso Albino mesmo antes de começar o combate já estava KO. E assim se finou o seu momento de glória, tendo todos percebido sem grande esforço que perante luta tão desigual, aquele incidente mais não era que a antecipação do que certamente ia acontecer - o Albino barbeiro a sair do ringue inanimado… e de charola.
  • Q.P.   

REVISTA DE IMPRENSA - DIÁRIO DE COIMBRA


domingo, 21 de abril de 2019

REVISTA DE IMPRENSA - DÍÁRIO DE COIMBRA


ANIVERSÁRIO

DAISY  MOREIRINHAS

21-04-1949

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!...

E ainda... FELIZ PÁSCOA!

sexta-feira, 19 de abril de 2019

P Á S C O A

 Para todos os amigos e amigas 
"ENCONTRO DE GERAÇÕES"

DESEJA

PÁSCOA FELIZ

quinta-feira, 18 de abril de 2019

quarta-feira, 17 de abril de 2019

NO OCASO DO TEMPO ...





De novo, regresso. Do bulício febril da cidade Coimbrã ao ocaso do Tempo são pouco mais de duas horas de viagem. Guio embrenhado nos meus pensamentos. Lá ao longe, muito ao longe, já diviso a cripta da Serra da Estrela. Agora que a neve partiu, ficou ainda uma alva cabeleira rala que se derrama timidamente pela encosta. É a agonia do inverno no renascer da primavera. Farrapos de nuvens brancas como algodão passeiam lentamente por cima do Moradal. Percorro agora a estrada que me leva ao povoado da Lameirinha. Saio do carro e há um silêncio que é um mistério. Um vazio que me sufoca e me perturba. Dentro do Café há poucos sorrisos. A vida leva - se a sério. Desde cedo que a labuta nas courelas que oferece o pão lhes endureceu o rosto. Uma máscara de sofrimento. Não aprenderam a sorrir. É quase um sacrilégio. Guardam os sorrisos contidos apenas para as épocas festivas, quando a concertina se passeia pela aldeia e o Santo é levado num pequeno andor a percorrer o palco da vida de muitos para quem o rendilhado austero do cume das montanhas é o limite dos sonhos. Para lá das serras não existe nada. Só vagas quimeras. Do lado de cá desta fronteira da vida, apenas o sabor acre da solidão. Almoço só, numa mesa encostada a um canto da sala. Na vidraça da janela uma mosca voa batendo furiosamente contra o vidro, numa ânsia de liberdade. É um zunido irritante que me acompanha durante a refeição. Vou almoçando sem pressa, olhando a sala onde se sentam um dúzia de clientes que sorvem a sopa de cabeça curvada sobre o prato, como quem cumpre uma penitência. Reparo agora numa cartolina colocada em destaque sobre a minha mesa. Em letras negras e cheias, tem a palavra “Reservado”. O David sempre que pressente a minha presença entende dar-me um lugar especial. Ele sabe que eu gosto daquela mesa para a refeição. E tem o cuidado de a guardar. Por detrás do seu rosto de menino há um coração bondoso. E ele, que é arguto, também sabe quanto o estimo pela sua educação e lição de vida. Depois da refeição parto, vencendo as curvas da estrada. Dois quilómetros percorridos e sou tragado por uma floresta de pinheiros. De novo o silêncio. Outra vez o mistério de uma aragem branda que dança escondida por entre a copa das árvores. Parado na berma da estrada olho a povoação de Salgueiro do Campo ao longe, alcandorada na crista de um monte e espraiando o seu branco casario pela encosta plena de uma luminosidade clamorosa. Percebo agora que não estou só. Ali ao lado, junto ao tronco de um pinheiro, um lagarto de mil cores de cabeça erguida olha-me num misto de curiosidade e angústia, na incerteza de que a fera humana lhe possa fazer mal. Mas poderá estar descansado neste palco de ninguém em que ambos somos protagonistas. Ele poderá usufruir livremente do seu habitat natural.  E eu, perdido no ocaso do Tempo, naquele pretérito sem presente nem futuro, sinto-me amarrado e sem esperança ao apeadeiro da vida.
Q.P.                 

ANIVERSÁRIO

ROSA MIRANDA RODRIGUES

17-04-1948

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!