quarta-feira, 30 de outubro de 2019
ENCONTRO COM A ARTE- FOTOGRAFIA
terça-feira, 29 de outubro de 2019
CABEÇAS DE PREGOS, OU DAS VANTAGENS DE FAZER EM VEZ DE DIZER
Quantas vezes julgamos que umas palavras amigas e outras tantas palavras sensatas são suficientes para curar uma alma ou um coração aflito? Quantos de nós não estimam a palavra certa, na altura certa, para nos traçar novos rumos e nos mostrar outras cores na paleta da vida?
Decerto, serão muitas as vezes e serão muitas as pessoas que se reveem no dito, mas a verdade é que são também muitos os casos em que uma ação certeira é muito mais importante do que todas as palavras do mundo.
No Monte, bem nos limites da freguesia, deu-se um episódio em que o gesto foi tudo e as palavras não serviram de nada. Eram casos desavindos, de vizinhanças enciumadas por causa das águas e dos animais no pasto. Mais do que uma vez, o Maltês envolvia-se com o Ti Francisco por dá cá aquela palha e tudo porque os ódios eram antigos e não havia convivência possível entre os dois vizinhos.
O Ti Francisco era um solteirão convicto, que vivia em casa do irmão, na quinta das Secárias, pagando com o seu trabalho intermitente a hospedagem que este lhe dava. Tinha um jeito especial para junguir (não se conhecia jungir, a palavra correta) as vacas e aparelhar a égua sempre que era preciso ir a Lamego. Tinha um ar bem-disposto, um pouco namoradeiro, mas sempre cordial para todos. Só com o vizinho é que cultivava um ódio de estimação.
Houve um dia em que a discussão foi tão azeda que envolveu ofensas à memória de ambas as famílias e o Maltês cantou uma série de salmos insultuosos que ofenderam fundo a consciência do seu rival. Este, despeitado pela afronta, foi para casa e começou a preparar a dose da vingança que lavaria a honra ofendida. Eram tempos em que o sangue lavava e mandar os maldizentes para debaixo da terra era coisa de homem.
Com método, pegou espingarda de carregar pela boca, uma carabina ainda da guerra peninsular, usada na caça, reforçou a onça de pólvora negra e, desconfiando da eficácia do chumbo miúdo neste tipo de necessidades, pegou num monte de pregos ferrugentos e pôs-se a cortar-lhes as cabeças com a talhadeira em cima da safra. Com elas preparou a dose para vazar o Maltês.
O irmão, avisado, disse da sua discordância e avisou que seria a desgraça de todos. O Maltês, mais dia menos dia, teria a sua paga e a vida se encarregaria de o castigar. Mas nada feito: as palavras sensatas e corretas não o demoviam e queria à viva força atirar-se ao caminho da casa da quinta do Maltês, para o esperar a meio da manhã, quando regressasse para o almoço. Perante tal teimosia, o irmão recomendou, então, que almoçassem eles também antes, e só depois se veria o que fazer
.
Nada convencido nem vencido, o Ti Francisco achou que não seria pelo facto de adiar por algumas horas a sua vingança que haveria diferença, até porque quanto mais fria, mais bem servida ela seria. E foram almoçar.
Só que a cumplicidade do irmão e da cunhada funcionava muito bem nestes momentos e não foi necessário mais nada do que um ligeiro olhar e aceno de cabeça para ela pegar na arma e a esconder no forro da casa, carregada como estava.
Sem meios, o Francisco teve de desistir da sua empresa e o mundo escreveu os destinos. Por uma outra razão, o Maltês envenenou-se dois dias depois com 605 forte, vindo a morrer de forma horrível ao fim do quarto dia de agonia e a arma com as cabeças de pregos nunca foi disparada, por medo de rebentar
. Acho que ainda anda lá por casa da nossa família, a enfeitar a parede de um dos corredores
Antonino Silva
Antonino Silva
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Antonino Silva
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
NOTICIAS DO BAIRRO NORTON DE MATOS-ACADEMIA DE DANCA DO CNM.
TRIBO DA DANÇA- ACADEMIA DE DANÇA DO CENTRO NORTON DE MATOS
domingo, 27 de outubro de 2019
COIMBRA DE OUTROS TEMPOS
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Coimbra antiga
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
ENCONTRO COM A ARTE - FOTOGRAFI
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Daisy Moreirinhas
quinta-feira, 24 de outubro de 2019
A ORAÇÃO DA AUSÊNCIA ...
Foi um Tempo ...
Todas as semanas - todas as santas semanas – pressinto nas
páginas do “Jornal do Fundão” o cheiro acre da solidão. Um jornal de referência,
que luta bravamente contra a desertificação do Interior de Portugal. Porém,
nota-se ano após ano, que os nossos compatriotas da zona mais raiana estão cada
vez mais longe e cada vez mais sós.
Há dias, vogando pelas vielas desertas de um Tempo que já foi
de bulício e de vida, dei comigo a olhar para uma mulher que cautelosamente me
abriu uma nesga da porta, como que desconfiada. Ela, a mulher, tem hoje no
rosto as marcas vivas de uma existência sofrida num cabelo em desalinho.
Ninguém dirá que é cabeleireira, embora os clientes sejam escassos naquele seu
local de trabalho acanhado. Demorei - me a olhar-lhe o rosto depois de a
saudar. E, quando a porta se fechou num gemido seco num novo reencontro com a
solidão, recordei como ela e outros foram a alma do Rancho Folclórico da
aldeia. E ele – o Rancho - foi como
muitos outros um digno embaixador da Beira Baixa e dos usos e costumes das suas
gentes.
Mas tudo acabou. A desertificação, a deslocação dos jovens
para os grandes centros e o envelhecimento dos mais antigos ditou lei. Ficou o
museu, que tem hoje guardado todo o espólio daquele grupo de danças e de
cantares. Já não há o João a ensaiar o grupo. O Cartaxo a tocar o bombo. A Lurdes o adufe. O João Esperança o reco –
reco. O Matos o cavaquinho e o Adelino a concertina. Nem os moços de braços
erguidos no estralejar de dedos, na celebração de um Tempo que tinha muito de fraterna
cumplicidade de uma comunidade lá para os lados da Serra da Raposa. Nem elas,
as moças de saia rodada e leveza no pé que, com as suas caras bonitas, davam a
cada arraial um arco de alegria e de cor.
Tudo morreu. Ruas desertas, onde apenas o sino da igreja não
se rende no anunciar soturno das horas que não existem. E, nos caminhos de
poeira, apenas este ou aquele rebanho e o seu balir numa sinfonia de chocalhos,
como que a pedir compaixão por um Tempo que já não volta numa oração de
ausência.
QP
ANIVERSÁRIO
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Aniversários
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quarta-feira, 23 de outubro de 2019
terça-feira, 22 de outubro de 2019
O DR MELRO
O DR. MELRO Não, não andava de capa e batina.
O seu tempo de estudante já tinha passado há muito.
Mas a sua indumentária era inconfundivel. Vestia se sempre com umas calças pretas, uma camisola de gola alta também preta que, no verão, substituia por uma camisa da mesma cor. Enrolava ao pescoço um lenço amarelo vivo, cujas pontas adejavam ao vento.
Os sapatos de biqueira larga, sempre impecavelmente engraxados e brilhantes eram de cor grená. Passava os dias no Café Oásis em frente à Sé Velha. Vivia das explicações de Filosofia que dava a estudantes do liceu, no 3º andar onde vivia, ao lado do Café.
..... Chamavam-lhe o Melro, certamente porque a sua figura se assemelhava àquele pássaro negro de bico amarelo, e que originara a alcunha.
Ficou conhecida a sua paranóia e aversão às esferográficas BIC que, naquela altura, começaram a proliferar e gradualmente a substituirem as canetas de tinta permanente. Na sua opinião, não era por acaso que tais esferográficas eram vendidas a baixo preço que, defendia, nem sequer chegava para pagar o custo do seu fabrico. O Melro explicava que as BIC mais não eram que antenas que captavam o conhecimento apreendido pelos estudantes da Universidade, transmitindo-o via rádio aos seres extraterrestres que as distribuiam na Terra, preparando-se para invadir o nosso planeta
Rui Felício
Rui Felício
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Rui Felício
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
ANIVERSÁRIO
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sábado, 19 de outubro de 2019
BAIRRO NORTON DE MATOS - JARDINS FLORIDOS
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Jardins floridos do Bairro
sexta-feira, 18 de outubro de 2019
ENCONTRO DE GERAÇÕES - RECORDAR O DIA 18-10-2008
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Biblioteca Encontro de Gerações
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
ANIVERSÁRIO
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quarta-feira, 16 de outubro de 2019
ENCONTRO COM A ARTE- FOTOGRAFIA
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Encontro com a Arte- Fotografia
segunda-feira, 14 de outubro de 2019
O AMIGO DE PENICHE ...
Peniche ...
Chamam-lhe “Peniche”, mas o seu nome próprio é Filipe. Um dia
foi para a guerra e os camaradas de armas apelidaram-no da terra que é seu
berço. Um homem discreto, que hoje é pai de duas lindas filhas. Uma delas,
ontem, exibia com orgulho o colorido estandarte da companhia onde o pai serviu
como combatente na Guiné. E nós, os
outros, os que com ele combateram, ali estávamos junto ao Forte de Peniche de
má memória. Por sua iniciativa,
visitámos aquele Monumento, embora parcialmente, pois o Museu do Resistente
apenas estará disponível ao público na sua totalidade dentro de um ano. Porém, tivemos oportunidade de ver o chamado “parlatório” onde os presos
políticos eram visitados pelos seus familiares, e que é um bastião de sofrimento a
que ninguém pode ficar indiferente. Também as salas com vasta documentação merecem uma leitura atenta.
A cidade mais ocidental da Europa, terra de pescadores, tem o
anátema de que “o amigo de Peniche” será alguém em quem não se pode confiar ou
é indesejável. Mas eu tenho há quase cinquenta anos um amigo de Peniche em quem
confio e que comigo cimentou uma amizade fabricada na guerra e em todas as
privações e aflições por que passámos. Ele foi ontem o anfitrião que organizou
aquele almoço de confraternização em que reuniu mais de cem antigos militares e
suas famílias. Por isso demos um caloroso abraço e, se lá chegarmos, no
quartel de Estremoz e precisamente a 4 de Junho de 2O21, dia em que faz cinquenta anos que dali partimos para a guerra, almoçaremos todos
naquele aquartelamento. Para o ano, porém, será a cidade da Covilhã o nosso
rumo.
Partimos para Peniche de véspera. Um hotel simpático com
varanda com vista para o mar e a escassos metros do farol do Cabo Carvoeiro. O
silêncio e a tranquilidade que se procura. O sentar nas rochas junto ao farol e
ver as traineiras que passam junto a nós e se fazem a um mar pouco amistoso que
as fazia balançar com a proa a afundar nas vagas que nos comprimia o coração. E
uma neblina densa, que parecia uma cortina bem definida, onde as traineiras
desapareciam em direção ao alto mar rumo ao desconhecido e a todos os perigos,
na procura do peixe que comemos à nossa mesa, por vezes em brindes calorosos.
O almoço foi o alvoroço do costume. Um repasto vivido intensamente,
porque tem por detrás um momento especial das nossas vidas de juventude.
Sabemos, todos sabemos, que estes homens sacrificaram parte da sua juventude
numa luta que não queriam. E agora, que tantos anos passaram, a consciência do
alheamento e desrespeito a que sempre foram votados pelos sucessivos governos
ao longo dos tempos. Ou até daqueles que nem sequer entendem os momentos negros
de uma trincheira num fim de mundo. Mas jamais nos anularemos no nosso estatuto
de homens que combateram pelo seu país, mesmo que num combate perdido contra os
Ventos da História. Jamais a nação ao edificar aquele monumento aos mortos do
Ultramar na zona ribeirinha de Lisboa, poderá ter a veleidade de achar que o
seu reconhecimento é pleno. Assim se lavam as mãos como Pilatos e se assobia
para o lado.
E tu, António Xavier da Costa, que não regressaste ao teu
Algarve porque em África perdeste a vida, também estiveste em Peniche, como estarás
sempre nos nossos convívios, que mais não são que o respeito que nos devemos
uns aos outros numa sociedade indiferente, ingrata e egoísta, em que a
futilidade de muitos é o arco triunfal de uma turba ruidosa, por vezes e muitas
vezes sem valores e sem rosto.
QP
ANIVERSÁRIO
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domingo, 13 de outubro de 2019
POSTALINHO DA RÚSSIA
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Postalinhos
sexta-feira, 11 de outubro de 2019
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