domingo, 26 de janeiro de 2020

A LÁGRIMA ...






Romário Baró

Ontem, em jogo muito disputado, o Futebol Clube do Porto a grande referência desportiva do norte de Portugal, perdeu uma final de um torneio irrelevante e sem carisma. Talvez tenha perdido bem. Os sócios e simpatizantes portistas não gostaram, porque ninguém gosta de perder nem a feijões. Mas na derrota sobressaiu o caráter de um treinador que não mendiga o seu lugar e pediu a demissão. Mas em todo aquele caldo de emoções, algo que terá escapado a muitos que se fixaram na televisão a ver a alegria de uns e o rosto fechado de outros. Ele, um miúdo que joga como gente grande, verteu uma lágrima de desgosto pela taça perdida. A generosidade de quem gosta da camisola azul que veste. Afinal, aquela lágrima era uma pérola na Pedreira de Braga, um hino a quem se bateu com raça por amor à instituição nortenha. A antítese da religião do cifrão do profissional motivado apenas pelo salário gordo. O jovem chama-se Romário Baró e tal como o Sporting Clube de Braga que se saúda pelo êxito, será ele para mim simples espectador, o maior herói da noite fria de Braga. Tu, Romário Baró, que estás nas mãos dos novos mercadores de escravos do nosso século, poderás um dia rumar a outras paragens a contragosto. Mas és Porto e um jogador à Porto. Por isso enalteço a grandeza dos teus sentimentos e a forma límpida como andas no desporto profissional.
QP

7 comentários:

  1. Oxalá que o amor ao clube e a singela devoção ao futebol que o faz sonhar nunca se venha a perder .no circo dos gladiadores que ganham rios de dinheiro com estes jovens.

    Ainda sou do tempo em que os jogadores da Académica não trocavam a mística de Coimbra pelos cifrões.

    Lembro-me do Augusto Rocha que recusou uma oferta milionária do Sporting preferindo manter-se na sua Briosa.

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  2. Lágrima hoje em dia no mercantilismo do futebol só pode ser vertida pelo atleta que sente verdadeiramente o clube e o dinheiro que recebe é apenas e tão só a paga do seu trabalho!
    O amor ao clube está para além do seu ordenado ou outros prémios que possa receber.
    Mas estas situações hoje em dia são raras ou quase inexistente em alta competição.
    Como diz o Rui Felício na Académica de outros tempos o amor à camisola era regra...hoje em dia também seguem a regra comum do futebol actual.
    Não nos podemos admirar, porque sendo uma indústria os jogadores são do clube-patrão que lhes paga o ordenado

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  3. Concordo em absoluto com as vossas opiniões. A indústria do futebol subverteu o espírito desportivo. Se é verdade que alguns ganham milhões, a maioria tem ordenados sofríveis e no dia em que penduram as chuteiras ficam sem dinheiro e sem trabalho. Os Gervásios, Rochas e outros, são de um tempo que já não existe. E mesmo assim, alguns que foram grandes jogadores e marcaram uma época remota, vivem hoje em grandes dificuldades. Lembro um antigo campeão europeu do Benfica, que comia numa pensão por caridade e porque o dono do estabelecimento era ferrenho do clube da Luz. O futebol é hoje um circo de interesses instalados e quem se senta na bancada de um estádio não é liquido que não assista a um jogo manipulado. Hoje vejo muito pouco futebol, tal como muita gente se afastou e o interesse é residual. Por vezes apenas curiosidade, mesmo que tenhamos a nossa tendência. A minha e nossa Académica morreu tal como a conhecemos, mas amaremos sempre os nossa entidade Briosa de um passado que não volta.

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  4. A Seleção Brasileira, campeã em 1970, foi a melhor de todas. Nessa época, não existiam salários milionários. O amor era à camisa do Brasil. Grande jogadores como Rivelino, Pelé, Tostão, Clodoaldo, Jairzinho, Piazza...fizeram o Brasil cantar de Norte a Sul.
    Eu mesma, com meus 13 anos de idade, entrei no caminhão "pau de arara", que passava em todas as ruas pegando os eufóricos torcedores para desfilarem em todas as ruas de Belterra e adjacências. Àquela altura sequer sabíamos se o caminhão tinha condições de trafegar.
    Sem avisar minha mãe, lá fui eu sem sabem nem mesmo porquê eu estava ali...
    Mal desço do caminhão, após a aventura perigosa, alguém me avisou que minha mãe estava à minha procura, com um cinto à mão. Coloquei uma folhinha verde debaixo da língua - que diziam ser a "simpatia" para amansar a fera - e lá fui pra casa. Ela me pegou no meio do caminho e não houve folhinha que desse jeito: apanhei até chegar em casa!
    Mas valeu! hihihi

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    1. Era uma delícia ver jogar esta selecção brasileira. Recordo-me ainda dos nomes mais sonantes como Carlos Alberto,Pele, Jairzinho, Tostão, Clodoaldo, etc.Era um futebol de sonho!
      Mesmo em anos posteriores onde apareceu por exemplo o fenómeno GARRINCHA,aimda era um Brasil super.
      Mas hoje com a indústria do futebol, o que impera são os milhões em dinheiro que impera. Deixou de haver o chamado "amor à camisola", não tanto nas selecçoes" mas muito mais nos clubes!
      É a realidade dos tempos que vivemos!

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  5. Respostas
    1. É verdade, amiga. Hoje a paixão continua mas nós - os menos novos - já vemos as coisas com menos calor e mais sentido critico. A Seleção Brasileira de 70, minha Nossa Senhora, era fabulosa e praticamente imbatível ..

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