" Lá em casa era cozida ao sábado à tarde e dava para toda a semana. A minha mãe sovava vigorosamente a massa feita com farinha de milho e trigo, numa gamela de madeira de pinho, à qual juntava a pouco e pouco, água quente anteriormente fervida na lareira por baixo do forno..Eu, entretanto, já tinha ido a casa de uma das vizinhas levantar o fermento comunitário para juntar à mistura. Depois de bem envolvida a levedura, desenhava um sinal de cruz e cobria com um pano deixando crescer a massa por algumas horas, no ambiente cálido do edifício. Os tijolos maciços do forno já deixavam transparecer a sua cor esbranquiçada, fruto do enorme calor gerado pela grande quantidade de lenha queimada desde há algumas horas atrás. Dava uma última varredela com um vassouro feito de giesta, formando um pequeno muro de brasas à entrada. Depois, com a minha ajuda, ela retirava da gamela a quantidade certa para cada broa, manuseava-a formando uma bola, colocava na pá metálica e alinhava-a habilmente, junto das outras no lar do forno quente. Daí a pouco tempo, retirava-as, avaliava-as batendo com a palma da mão na parte de baixo e, se bem cozidas, colocava-as na mesma gamela de madeira entretanto lavada e seca. Eu esperava já com um prato de azeite, ou com o pacote de manteiga e água a crescer-me na boca.... ." in Memórias & Inspirações
José Passeiro
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