Conheço o Abilio desde os tempos do Bairro onde crescemos e
em especial do Colégio D. João de Castro que ambos frequentámos.
Depois disso, as circunstâncias da vida afastaram-nos durante largos anos.
Reencontrámo-nos no almoço de Mira, que foi o
prelúdio do GEG de 2008, e desde então constatei que a sua forma de ser e os princípios
basilares do seu comportamento se mantiveram inalterados ao longo de décadas.
Recordo-o na Festa de Finalistas do D. João de Castro, em
que tomou em mãos a organização do evento e soube cativar e motivar os colegas
para colaborarem nos trabalhos da sua preparação. Foi um êxito que em anos
anteriores ali nunca tinha sido atingido.
Recordo-o ainda quando delineou e criou o Greco, colmatando
uma falha que a convivência juvenil daquele tempo exigia obviar. E, mais uma
vez, vieram ao de cima as suas capacidades de liderança ao dirigir, coordenar e congregar
vontades e esforços em torno deste projecto que marcou aquela época e o Bairro.
Fixei a sua imagem de contrabaixista em conjuntos musicais que, em palco,
sempre bem vestido, bem penteado e glamoroso, encantava as meninas que dançavam
na pista, cruzando com elas, disfarçadamente, olhares sedutores que as faziam
derreter.
Lembro-o quando, mais recentemente, se encarregou de realizar
um almoço de confraternização dos antigos grequistas, e do Kamuc, clube que lhe
sucedeu, jornada magnífica que foi, quanto mim, pela sua perfeita organização,
o espelho dessa liderança.
Reconheço-lhe um subtil sentido de humor, uma educação e uma
simpatia invejáveis, uma cultura superior, adquirida pelo estudo, pela leitura
e pelas inúmeras viagens nas quais, não se limita a percorrer quilómetros,
apreendendo “in loco” a História e as motivações dos povos, ao procurar as
razões que lhes estão subjacentes e que moldaram cada pedra, cada
monumento, cada quadro, cada escultura, cada paisagem...
Admiro-lhe a invulgar perspicácia, quando atinge facilmente pelo
raciocínio, o significado das entrelinhas que muitos não lêem, não facilitando
a análise e relegando a superficialidade
e o óbvio para segundo plano, em favor da objectividade e da verdade oculta na
penumbra das coisas.
Sinto-lhe o bater de um coração grande, quando se comove e
tudo faz para libertar um simples pássaro encurralado numa vitrina, como há uns
tempos o vi fazer , preocupado, quando almoçávamos juntos.
Observo-lhe a atenção que dedica aos menores desejos dos
outros, sendo capaz de nos surpreender, como
aconteceu uma vez em que, sem nada dizer
a ninguém, saiu do restaurante onde estávamos, para ir comprar e me trazer um
maço de cigarros, depois de eu me lamentar por ali não venderem tabaco.
Aprecio-lhe o espírito de solidariedade, ao vê-lo revoltar-se
e lutar pela dignidade de vida dos oprimidos e dos explorados, sem esperar pelos
agradecimentos, mesmo quando se trata de pessoas dele conhecidas.
Calmo, avesso a protagonismos, jamais alguém o vê auto elogiar-se ou enaltecer
os seus méritos, não obstante os bastos motivos
que lhe sobram se o quisesse fazer. Porque, seguro de si e das suas convicções, o
Abílio sabe, como eu sei, que isso só é próprio daqueles que poucos ou nenhuns méritos
têm.
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Por isso e porque sabe dirigir sem impor, gosto de dizer que
ele é um Lider!
Por isso e porque é amigo do saber, gosto de lhe chamar
Filósofo!
Por isso e porque o admiro e me orgulho da sua amizade, gosto
de o ter como Amigo!
E é por tudo isso que me alegro com o seu aniversário que se comemorará daqui a um minuto,
desejando que outros muitos mais lhe advenham!
E é, finalmente, também por tudo isso, que lhe dou um
forte abraço de parabéns!
Rui Felício