Certo dia, o pai do Domingos, na humilde casa de Pombal, onde viviam, virou-se para o filho e disse-lhe:
- Abandonaste a escola, não aprendeste nenhuma profissão e agora já com 15 anos feitos ainda não ganhas o teu sustento.
- Vou te construir uma máquina de fazer dinheiro!
O Domingos com aquele ar desprendido de quem não se ralava por coisa nenhuma desta vida, ao ouvir isto luziram-lhe os olhos. Ele já tinha ouvido falar vagamente de umas máquinas em que se metiam dum lado, numa abertura apropriada, papeis velhos de jornal, e, num compartimento lateral , tintas de várias tonalidades para depois, do outro lado, saírem notas brilhantes, novinhas em folha, de vinte, cinquenta e até de cem escudos.Durante os dias em que o seu pai ia serrando e pregando tábuas no quintal, para a construção da máquina, o Domingos sonhava com a vida boa que até aí não tinha tido. Iria para Coimbra, cheio de dinheiro, juntar-se à boémia dos estudantes de quem, tantas e tão inacreditáveis histórias se contavam.
Por fim, o seu pai, acabada a obra, chamou-o e mostrou-lhe, já pronta, a máquina de fazer dinheiro que lhe ia oferecer. Tinha vários compartimentos, uns maiores e outros mais pequenos. No maior de todos tinha uma escova, um pano e vários pedaços de cabedal. Nas portinholas mais pequenas havia latas de tintas de várias cores.
O Domingos rumou a Coimbra com a sua caixa ao ombro, onde cumpriu parcialmente o seu sonho.
Na grande cidade conviveu o resto da vida com várias gerações de estudantes que o acarinhavam e lhe iam dando o dinheiro suficiente para o sustento, em troca do seu trabalho de engraxador de sapatos.
- Abandonaste a escola, não aprendeste nenhuma profissão e agora já com 15 anos feitos ainda não ganhas o teu sustento.
- Vou te construir uma máquina de fazer dinheiro!
O Domingos com aquele ar desprendido de quem não se ralava por coisa nenhuma desta vida, ao ouvir isto luziram-lhe os olhos. Ele já tinha ouvido falar vagamente de umas máquinas em que se metiam dum lado, numa abertura apropriada, papeis velhos de jornal, e, num compartimento lateral , tintas de várias tonalidades para depois, do outro lado, saírem notas brilhantes, novinhas em folha, de vinte, cinquenta e até de cem escudos.Durante os dias em que o seu pai ia serrando e pregando tábuas no quintal, para a construção da máquina, o Domingos sonhava com a vida boa que até aí não tinha tido. Iria para Coimbra, cheio de dinheiro, juntar-se à boémia dos estudantes de quem, tantas e tão inacreditáveis histórias se contavam.
Por fim, o seu pai, acabada a obra, chamou-o e mostrou-lhe, já pronta, a máquina de fazer dinheiro que lhe ia oferecer. Tinha vários compartimentos, uns maiores e outros mais pequenos. No maior de todos tinha uma escova, um pano e vários pedaços de cabedal. Nas portinholas mais pequenas havia latas de tintas de várias cores.
O Domingos rumou a Coimbra com a sua caixa ao ombro, onde cumpriu parcialmente o seu sonho.
Na grande cidade conviveu o resto da vida com várias gerações de estudantes que o acarinhavam e lhe iam dando o dinheiro suficiente para o sustento, em troca do seu trabalho de engraxador de sapatos.
Rui Felício
Reposição de 15-12-2010
Quando vivi na Nazaré, de 1974 a 1980, cruzei-me várias vezes na rua com o Carlinhos, engraxador e figura típica do Calhabé por ser na altura o homossexual lá dos nossos lados. Hoje já não há engraxadores, mas por outro lado há uma excessiva atiração publica dos divergentes sexuais.
ResponderEliminarNão conheci o Carlitos, ou pelo menos não me lembro.
ResponderEliminarMas aqui por Coimbra ainda se vêm alguns engraixadores, temos mesmo aqui no Bairro e já há muitos anos o senhor Costa que presta esse serviço no Café Samambaia.
O Domingos enquanto por aqui andou era muito acrinhado por todos, ia engraixando...e parte do que ganhava era para matar o vício da pinguita.
O Sr. Costa continua a representar com eficiência a classe dos engraxadores.
ResponderEliminarHabitualmente no Samambaia exerce o seu mister deixando os sapatos a brilhar na época em que já há menos clientes que usam calçado de couro.
Os ténis aos poucos foram substituindo o calçado tradicional.
Os computadores são como as pessoas. Por vezes lá vão ter que ir às urgências dos hospitais. Foi o caso. Por isso, só agora por aqui apareço a relembrar o que o Rui veio trazer. Ficou o Senhor Costa, que aos sábados lá me vai engraxando os sapatos do alto dos seus 82 anos muito bem conservados ...
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