ALVOR
Da cidade de Lagos à alva praia de Alvor é um tiro de
carabina. Por uma estrada estreita vamos correndo devagar que o trânsito merece
precaução. Ali, do lado direito, encontramos o aeródromo de Portimão, paraíso
de paraquedistas e de pequenos aviões coloridos que nos fazem sonhar com o céu
azul sem limites. Depois, continuando a serpentear por estradas apertadas,
chegamos ao nosso destino – Alvor. Agora que os veraneantes partiram, arrumar o
carro e gozar de uma bela zona pedonal junto da ria de águas serenas e pequenos
barcos de turismo e recreio a balançar ao ritmo do dia calmo. Alguns turistas,
maioritariamente estrangeiros, sentam-se nas mesas debruçadas sobre a ria,
bebendo tranquilamente um café ou um sumo que preencha duas horas de lazer. Ali,
ali ao fundo, é uma zona de restaurantes. Cheira a peixe a ser confecionado em grandes
grelhas, e um enorme bando de gaivotas olha atentamente para o homem que
conhecem e que as costuma presentear com as vísceras do peixe amanhado a servir
aos clientes. As espectativas das aves não são em vão e um balde de tripas é
lançado para um terreiro junto à ria. Sentado num degrau de pedra, vou olhando
aquele festim e divirto-me com a algazarra das gaivotas que, em menos de nada,
comem o manjar que lhes foi oferecido. Depois, seguir rua acima. Olhar os
restaurantes vazios e ali, no meio daquela ladeira, um bar aberto sem clientes.
É escuro como negro é o avental de um homem alto que vai varrendo o chão de
sobrado, absorto a olhar para a vassoura. Naquela rua tudo seria silêncio, não
fosse de um dos restaurantes ouvir-se em alto registo o som dos Pink Floyd na
tentativa de chamar a clientela. Num cruzamento de ruas fico parado e vou avaliando
o ambiente. Acolá, o aglomerado de gente é maior e tenho alguma sensação de
insegurança. Rodopio e regresso ladeira abaixo ao encontro de amigos. Numa mesa
e a quatro, saboreámos o bom peixe que nos afirmam ser do mar e não de viveiro.
E para o degustar, nada como o som de um acordéon que vai alegrando as mesas
dos veraneantes. E não faltou uma referência musical à Beira Baixa e a Castelo
Branco, com aquela máxima popular de que quem viveu na urbe albicastrense não é
feliz noutra terra - talvez. Pelo menos o ilustre Amato Lusitano assinaria por
baixo o amor a essa bela cidade na rota raiana.
Kito Pereira
Cidade de Lagos, 12 de outubro de 2020
Que belo texto...
ResponderEliminarAté se me abriu o apetite para uns grelhados de peixe.
E que tenha sido mesmo uma bela refeição...
ResponderEliminarA caminho do Alvor numa viagem de recordações, mas também para se notar o que é a vida do negócio depois duma época de verão bem recheada de turistas...
ResponderEliminarPormenores bem interessantes no decorrer da viagem, que mesmo sendo curta dá para um texto bem interessante!
"Cheira a peixe a ser confecionado em grandes grelhas, e um enorme bando de gaivotas olha atentamente para o homem que conhecem e que as costuma presentear com as vísceras do peixe amanhado a servir aos clientes."
ResponderEliminarConsegui reproduzir, na mente, fielmente, a cena. Até o cheiro do peixe grelhado fez-me salivar.
Chama a Mamãe, que eu vou!
Um abraço, amiga. Consta-me que já foi vacinada contra o mal que aflige o mundo e fico satisfeito por isso. Um dia voltaremos a ser livres e a viajar ...
EliminarEu estou à espera de ser avisado para levar a segunda dose...
ResponderEliminarEnquanto isso não acontece, amanhã sábado, vou ao Mónaco(café/restaurante aqui no Bairro)trazer um take wai de duas doses(estas sim, posso com várias) de tibornada para o almoço... Ah! Ah!
Cumprimentos para o Canadá, Manaus e Condessa do Amial.
Nota: para Chama a Mamãe. TIBORNADA vem dos lagares de azeite: bacalhau assado com batatas(que levam murros/pancada para abrirem e absorver o azeite).
Ficam deliciosas...
Hummmmmmmm....
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