Certo dia pasámos pela escola duma ridente aldeia das cercanias da cidade e encontámos
o jardim cheio de ervas e silvas num deplorável estado de abandono.
Na frontaria e em placa alusiva podia ler-se "PRIMEIRO PRÉMIO DO CONCURSO
ESCOLA FLORIDA DE 19..."
As crianças murmuravam aos magotes ao longo do muro do pátio. Não havia algazarra.
Imperava o silêncio.
Veio-nos à memória aquele conto da bela adormecida...Lembram-se?
De facto, certo feitiço terá tolhido os movimentos à gente daquela escola. Ali, também, a vida tinha parado!
Esta imagem lúgubre do silêncio encontrámo-la em outras escolas perdidas, algumas nos confins da serra com meia dúzia de crianças de olhos tristes e boca emudecida. Ali, também, os jardins tinham
adormecido.
Apeteceu-nos abanar aquela gente e gritar-lhes bem aos ouvidos:- Há sol, meus amigos!
Os coelhos saltam nas leiras, corram, venham ver! Ouçam os pássaros! Voem com eles pelo céu azul!...
Mais de uma década volvida, não sabemos se algum príncipe terá quebrado o sortilégio de tanta
princesa adormecida!
Se há algo que nos impressiona é passar por uma escola e apenas ouvir o silêncio, sentir aquela estranha sensação de angústia que se experimenta ao portão dos cemitérios.
Não é concebível o actto educativo numa escola morta. Que se desiludam os apologistas do silêncio e da disciplina do mármore dos sepulcros.
A criança, alheia às pressões do normativo social, é por natureza um ser alegre, espontâneo, buliçoso.
São precisamente essas caracteristicas que dão a cor, a vida à escola. Neutralizá-las ou desaproveitá-las é proceser contra natura, é cometer grave atropelo pedagógico.
Já dissemos que a escola de sede do saber está a tornar-se dia a dia em tecto, em abrigo. Não será,
portanto, um simples local de passagem onde cada um cumpre o cívico sacrifício de ter aulas. Será, isso sim, a casa, a comunidade dos que nela vivem e nela aprendem a viver.
E viver é lindo! A suprema dávida divina! Assim, será mister incutir nas crianças o gosto e o respeito pela vida. A vida que brota das águas e que enche a terra e os céus de etéreas harmonias de sons, cor e movimento.
Subjacente aos sentimentos ontológicos e ecológicos que o espctáculo da vida desperta em nós, está a alegrai de a ela pertencermos., de sermos elementos activos desse mesmo espectáculo. Alegria que transborda de gerações em gerações na poesia bucólica da tradição, nos textos religiosos, nos salmos
bíblicos e na visão franciscana da Criação.
A horta, o jardim, o pomar, a capoeira, o pombal, o aquário...,o irmão gato, o irmão cão, o irmão sol, a irmã chuva, o irmão vento...
A música, a dança os jogos, o convívio...O jornal, a rádio a TV, a Internet...o sonho!
Os clubes, as festas, os eventos culturais (os concertos, as exposições, as palestras...), as campanhas de intervenção social...
As aulas. Vivas. Onde a sabedoria entra de roldão pela porta dentro nas experiências e vivências de cada um, se estrutura a aprendizagem e prática do método e, "formatada", sai porta fora à procura do mundo, das situações em que se completa e se exprime.
Uma escola viva! Construamo-la com o coração aberto e um sorriso nos lábios.
E na singelaa fraternidade d´Il Poverello.
ROCIOS - autografados-à sua colega de profissão Celeste Maria e a mim próprio.
O nosso muito obrigado!
"Encontro de Gerações" associa-se a esta gentileza, pois o Professor Renato e sua mulher Odete Soares sempre foram presenças nos Encontro de Gerações, pois a Odete e suas irmãs viveram na Rua de Moçambique, e connosco compartihavam na Rua da Guiné e pelo Bairro, os jogos, os passeios e os bailles...
Presentemente o Professor Renato faz parte da Música Activa da Academia de Música do Centro Norton de Matos, parte musical tocando bandolim!
Obrigado pela gentileza. Um abraço
ResponderEliminarBeijinho para a Odete!
Gostei do que li e vi!...
ResponderEliminar