Quem passa pela Avenida Navarro e não conheça, jamais suspeitará que uma bela fachada entre uma Igreja Adventista e a antiga Foto Rasteiro, tem por detrás esta ruína. Basta passar pela rua da Alegria para constatar o facto. Aqui, neste local, foi durante muitos anos o maior armazém de medicamentos da cidade de Coimbra - A drogaria Rodrigues da Silva. Tinha dezenas de trabalhadores numa labuta diária empenhada. Porque conheci, recordo as enormes escadas móveis de madeira com que os colaboradores acediam às prateleiras mais altas na busca do produto requerido.
O Tempo e os Homens encarregaram-se de varrer esta memória. Ficaram apenas os destroços de um passado. E os que aqui deixaram muito de si trabalhando para engrandecer o nome deste armazém que foi um baluarte da cidade, mereceriam mais respeito e reconhecimento.
Quito Pereira
Nesta colaboração com o blog "Encontro de Gerações", gostaria de deixar aqui uma saudosa homenagem póstuma ao Senhor Roque, pai da nossa querida amiga Ana Maria Roque, que naquela casa trabalhou durante muitos anos. Fica esta lembrança deste bom amigo do nosso bairro.
ResponderEliminarMuito obrigada amigo Quito pela tua homenagem ao meu querido Pi, lembro-me muito bem daquele lugar e das muitas vezes que lá fui ter com ele, beijinhos.
EliminarAna Maria.
É de facto de lastimar, ver as coisas chegarem a esta situação. Mas a maioria das casas das ruas da "baixinha" estão assim!
ResponderEliminarPois é, Quito. Isso faz-me lembrar da letra de uma canção, "Cidadão", autoria de Zé Geraldo, cantada pelo espetacular Zé Ramalho:
ResponderEliminarTá vendo aquele edifício moço
Ajudei a levantar.
Foi um tempo de aflição
Era quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar.
Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto
Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado
Tu tá ai admirado?
Ou tá querendo roubar?
Meu domingo esta perdido
Vou pra casa entristecido
Da vontade de beber
E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer
Ta vendo aquele colégio moço
Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento, pus a massa
Fiz cimento, ajudei a rebocar.
Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular
Mas me chega um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar.
Essa dor doeu mais forte
Por que é que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava
Mas do pouco que eu plantava
Tinha direito a comer.
Ta vendo aquela igreja moço
Onde o padre diz amém.
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também.
La sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que Cristo me disse
Meu rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar.
Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio, fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar.
Chama a Mamã!
EliminarExcelente e a preceito.
Muito oportuno e com grande mensagem
EliminarPoesia bastante interessante! É a roda da vida.
EliminarComo gostei de ler estes versos tão certeiros ! Obrigado amiga "Chama a Mamãe" ...
Eliminare ainda "Operário em construção" de Vinicius
EliminarNão conhecia esses versos que Chama a Mamãe pubicou e de que gostei.
Vão por palavras diferentes ter o mesmo sentido.
O Quito vai-nos contando retalhos da vida de Coimbra mas que também é a nossa vida. Fá-lo de tal maneira que é o nosso espelho.
ResponderEliminarSituações destas existem em todas as cidades pois são sinais dos tempos. Só que a cãmara tem obrigação de criar incentivos para evitar o que se passa na "baixinha" a que o Alfredo Moreirinhas se refere. Aqui, nos anos 1991/93, a rua Ste. Catherine que corresponde à nossa calçada tinha tudo a fechar e a cãmara não parou enquanto não a "reanimou". Uma questão de dinamismo. O mesmo acontece com prédios antigos, pois os incentivos são tantos que os senhorios vêm aí uma oportunidade. É claro, que a cãmara depois vai buscar nas taxas mas os dois ganham: a cidade por causa do turismo e o senhorio.
Desde há milénios que o principal suporte do sêr humano temsido a agricultura, hoje tão mal tratada por este mundo fora. Só que todos sabem que para se colher, é preciso semear.
Por Coimbra e pelo resto do país é o que se vê.
ResponderEliminarMuito triste, mas o que temos é a seita do EMBLEMA.
Tonitooooo! que bom reler-te!
EliminarHá uns tempos havia aqui um poço com agua que metia medo. Pensei muitas vezes que podia alguém cair lá e afogar-se
ResponderEliminarConheço bem o local pois durante alguns anos ia a um Lar que ali funcionava pegado onde esteve o Zézito Velha e a mãe.
ResponderEliminarPenso que ainda chegaram a começar obras, mas que logo dedistiram ou foram embargadas, pois o que tinham que fazer para alicerces punha em causa os prédios ligados-Foto Rasteiro e o Lar.
Aliás estes tiveram que abandonar o local pelo perigo que vinha desse "buraco negro".
Também me lembro de por aí terem estado os armazéns Rodrigues da Silva.
Mas não acredito que aquela vergonha venha a ser irradicada.
Aliás Coimbra é fértil em situações de "pasmar aos céus".É o metro, é muita das zonas da baixinha, é agora o Parque Verde do Mondego, que todos os anos vai ter este problema.Aqui todos empurram com a barriga para a fente, dizendo: o culpado é X, o culpado é Y e por aí fora.
Só pasmo é como os proprietários dos estabelecimentos do Parque Verde ainda por lá estão. Será que durante 3 meses de verão amealham para ir tudo por água abixo com as cheias? E ninguém resolve. Porque não fazem 30 00 40 metros de paredão em frente a toda a esta zona zona do parque verde.
O que gastam todos os anos a reparar dava para pagar essas obras.
Pois se nem sequer conseguem fazer a dragagem das areias que já estão ao nivel das margens"!SÓ INCOMPETÊNCIA! Só obras que sejam faraónicas e que dêm nas vistas!!!
Se niguém concessionasse os estabelicimentos do parque verde enquanto não fizessem obras...talvez alguém resolvesse o problema!
COIMBRA NO SEU MELHOR!!!
Algumas vezes fui à Drogaria Dias da Silva!
ResponderEliminarDá pena ver esta degradação mas, como o poema aqui tão oportuno da amiga Chama a Mamãe, é natural por todo o lado.
" Vêm os amores novos, esquecem-se os velhos"!
Copiei, ipisis literis, da fonte. É claro que faltam acentos, pontuações etc e coisa e tal, porque - propositalmente - é essa mesma a intenção.Mas vejo que entenderam o sentido, e isso que importa.
ResponderEliminarSe acessarem essa canção, no YouTube, verão que é linda.
Um abraço, queridos, desta terra quente.
acessem
ResponderEliminarAQUI
"Construção", de Chico Buarque também faz uma crítica a essa mesma questão.
EliminarTambém acessivel
ResponderEliminarAQUI
Trabalhei na rua da Alegria até 1967, era fiscal dos SMC no que foi depois a EDP. Lembro-me disso e vem a revolta. A minha memória vai até à fábrica da cerveja ou ao jardim Manuel Braga que há quase 100 a.nos teve à frente o meu tio Aníbal
ResponderEliminarClaro que o local é conhecido, faz parte da Coimbra esventrada.
ResponderEliminarE quem não conheceu a Drogaria Rodrigues da Silva?
Agora, para mim, a novidade foi o facto do Senhor Roque, que conheci muito bem e com quem privei de perto, ser o Pai da nossa amiga Ana Maria.
Aqui vai um beijo para o Algarve.