Biografia
Augusto Nunes Pereira nasceu a 3 de Dezembro de 1906, na Mata de Fajão, concelho de Pampilhosa da Serra. Filho de António Nunes Pereira e de Ana Gomes. Seu Pai, escultor santeiro, faleceu quando Augusto tinha, apenas, 9 anos. Foi o segundo de quatro filhos, cresceu e viveu a infância e a
adolescência em contacto directo com a vida dura e agreste, mas sã e pura, das gentes da serra.
Entre 1919-1929 esteve no Seminário Maior de Coimbra. Nestes anos se forjou o padre, o artista, o jornalista e o estudioso que nunca mais deixaria de ser. Ordenado a 28 de Julho de 1929, exerceu o sacerdócio na paróquia de Montemor-o-Velho, onde permaneceu até 1935.
Em Coja (1935-1952), revelou-se a riqueza da personalidade de Nunes Pereira, estendendo-se a sua acção aos mais diversos domínios. A sua sensibilidade como artista e talento de artífice foram amplamente colocados ao serviço da Igreja como provam os altares, confessionários, pinturas a óleo da
Igreja Matriz e frescos da sua autoria.
Nunes Pereira foi nomeado pároco de S. Bartolomeu (Coimbra) a 13 de Janeiro de 1952 e aí se manteve até se aposentar, em 1980. Colaborou no estudo de monumentos, na valorização do património arqueológico da Igreja de São Bartolomeu, no inventário cultural de Arte Sacra da diocese de Coimbra, e investigou sobre os túmulos e o púlpito de Santa Cruz.
De 1952 a 1974 foi chefe de redacção do "Correio de Coimbra", tendo realizado "muitas dezenas" de gravuras para este jornal.
Conciliou, sempre, o exercício do seu múnus pastoral com um crescente interesse pelo cultivo das artes, desde a poesia à escultura, passando pelo desenho, pela aguarela, pelo vitral e sobretudo pela xilogravura, especialidade que fez dele o melhor artista português da segunda metade do séc. XX naquela área.
Foi um dos fundadores do Movimento Artístico de Coimbra. Foi Sócio fundador da Sociedade Cooperativa de Gravadores de Portugal e sócio da Sociedade Nacional de Belas Artes. Deu um importante impulso ao coleccionismo popular e religioso.
Uma das obras mais notórias do seu talento foi a criação da Oficina-Museu do Seminário Maior de Coimbra, onde se encontra grande parte da sua obra artística, nomeadamente a colecção completa das gravuras em madeira dos Contos de Fajão.
Realizou várias exposições no país e no estrangeiro, e relacionou-se com vários mestres. Este seu contacto com outros artistas e a exposição frequente das suas obras fizeram-no sair do anonimato, tornando-se a sua arte conhecida e admirada não só na cidade mas por todo o país e, mesmo, além fronteiras.
Em 1977, em reconhecimento do valor da sua obra, abre ao público, em Fajão, um museu que lhe é dedicado. Em 1986, a Câmara Municipal de Coimbra atribuiu-lhe a medalha de Ouro da Cidade.
O génio e a arte aliaram-se no grande homem, padre e artista que foi Augusto Nunes Pereira, para produzirem abundantes e saborosos frutos e para deliciarem os interessados e apaixonados pela beleza e pela arte.
Faleceu a 1 de Junho de 2001, com 94 anos.
PAINEL DE VASCO BERARDO NAS ALAS EXTERIORES DA IGREJA
DE SÃO JOSÉ - COIMBRA
Ala Esquerda
Ala direita
Vasco Berardo (Coimbra, 1933 – Coimbra, 1 de julho de 2017) foi um pintor, medalhista e escultor português.[1] Autodidacta convicto, foram seus mestres José Contente, António Vitorino, Manuel Pereira e o arquitecto Fernandes. Fez a sua primeira exposição em 1951 com Os Novos de Coimbra. Colaborou com o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) e foi um dos fundadores do Movimento Artístico de Coimbra (MAC). Realizou até hoje exposições individuais e colectivas em todo o país e no estrangeiro. Destacou-se como medalhista contando hoje com cerca de 500 medalhas na sua vasta obra.[2] Escultura em bronze e madeira, cerâmica, azulejaria, pintura, tapeçaria, metais e obra gráfica fazem parte do seu mundo, da sua inovação e criatividade. O seu período Neo-Realista deixou uma marca profunda na cidade de Coimbra com o mural do velho Café Mandarim, hoje McDonald's.
Morreu a 1 de julho de 2017, aos 83 anos de idade, no pólo Hospital Geral dos Hospitais da Universidade de Coimbra, onde se encontrava internado
Uma excelente postagem.
ResponderEliminarDois grandes artistas que tive o privilégio de conhecer.
Monsenhor Nunes Pereira era um Homem simples e de uma bondade extrema. Foi meu professor de Religião e Moral no final dos anos 50. Um dos poucos professores que jamais esquecerei. As suas aulas, eram dadas enchendo o quadro de belos desenhos, alusivos ao tema da lição desse dia. Ninguém faltava às suas aulas e todos assistíamos com muita atenção, admiração e prazer.
Sobre o Vasco Berardo, tudo que se disser dele, sobre as suas qualidades artísticas, peca por defeito. Uma excelente pessoa, com um senso de humor único, que muitas das vezes transmitia às suas belíssimas obras. Eu frequentava a sua casa e sinto muitas saudades desse tempo.
Postagem enriquecida pelo teu comentário.
ResponderEliminarObrigado
Excelente postagem de uma igreja que como muitos da nossa idade vimos nascer. Para isso muito contribuiu o padre Anibal que para mim o que tinha de bom foi ser um excelente administrador.
ResponderEliminarJá agora vou aproveitar o blogue para passarmos bons momentos juntos, pelo que deixo aqui duas passagens da minha vida no tempo da construção desta igreja pois têm a sua piada.
Como muitos se devem lembrar o Padre Anibal levou as crianças a encher o mealheiro para num domingo darem os tostoes para a construçao da nova igreja. Todo embalado pelos meus pais lá fui pondo o que arranjava num mealheiro plástico com o feitio de cadeado que adorava e que me tinha sido dado pela minha avó. Era um mealheiro todo amarelo com fundo e cimo em azul mas francamente, já nao me lembro da côr da chave. Chegado à mesa para despejar o dinheiro para a igreja, um dos grandalhoes lançou o meu mealheiro para o meio da mesa e nunca mais o vi. Foi a minha segunda decpçao com certas pessoas da igreja pois nunca pensava que na igreja também poderia haver ladroes. A primeira decpçao foi antes de ir para o bairro, entre os meus três anitos e quatro e meio. Um dia na Igreja de Santa Justa aprendi que os padres também morriam. Foi uma decepçao para o miúdo. Como é que Deus deixava os padres morrerem…
A outra com piada foi quando da construçao da nova igreja. Construçao iniciada, tijolo por todo o lado cujo o po misturado com a lama fazia o produto perfeito para uma pessoa escorregar como se fosse patins. O Chico vem da escola que era na rua dos Combatentes com umas calças à golfe cinzentas todas catitas, passa junto à igreja velha que era mesmo ao lado da que estavam a construir e tinha o produto lamacento perfeito para bem patinar, pelo que me pus a fazer surf de botas. Um desiquilíbrio e a perna direita mudou de cinzento para côr de tijolo. Orgulho ferido, cabeça baixa a pensar como entraria em casa, quando ouço a palavra menino a trás de mim, da empregada dos meus pais que era uma loucura comigo. Tratava-me muito bem e estava sempre a meter-se para me livrar de boas com a minha Mae. Levou-me a uma torneira da casa do padre Anibal que dava para a rega das flôres, as calças e botas voltaram às suas cores naturais e lá fomos para casa. A minha amiga entrou pela cozinha para embalar a minha Mae e eu lá fui pela porta da entrada para o quarto. Enfim, o que esta postagem me veio lembrar.
Faltam acentos no que acabo de escrever pois este comentário nao vai de nenhum iPad mas sim do computador 520 da BANC (Bibloteca e Arquivos Nacionais do Quebec). Abraços.
...um excelente administrador e muito amigo do Alfredo Moreirinhas que chegou a ajudante de missa e tocava a sineta "a santos"!
ResponderEliminarMas ainda bem que a postagem deu para dares uma vista de olhos pela igreja actual e relembrar a igreja velha com esses dois episódios da tua infância.
Lembro-me bem das campanhas do tijolo e outras iniciativas(a do mealheiro não me lembro...até porque eu não tinha tostão que chegasse para mim, quanto mais para o tijolo) e do inicio das obras.Obra valiosa que se deve sem dúvida ao Padre Aníbal.
Na igreja(capela?) velha eu assistia à missa na rua, pois enchia sempre esperando com ansiedade à espera que o Padre Aníbal dissesse em latim-"a missa acabou ide
em paz".Logo me punha a caminho pelos Combatentes para o Santa Cruz para assistir aos jogos de reservas e das camadas jovens da Académica até às 13! horas...
É sempre bom lembrar estes momentos da nossa juventude!
Estão aqui umas imprecisões. mas não corrijo nada, porque têm graça e assim, ninguém acredita.
EliminarQuando a igreja já estava com as paredes levantadas, o Padre Aníbal passou a pedir para as telhas!
Eu levei o mealheiro mas se era para os tijolos, telhas ou outro peditório, já nem me lembro. Só que o miúdo gostava muito daquele mealheiro...
EliminarMsr Nunes Pereira foi professor na Brotero, onde havia pelo menos um painel de mini azulejos de sua autoria.
ResponderEliminarEntão não é que me lembro de ver o Chiquinho Torreira com calças de golfe!!!
ResponderEliminarMemórias...