sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

MAR LARGO ...






Foi num entardecer de Agosto. No cais de Lagos, tendo a cidade como pano de fundo e o branco imaculado do singelo casario, procurávamos por entre um emaranhado de mastros a traineira de Mestre Florival. Nós, os quatro amigos, eramos passageiros improváveis de uma noite de faina no Atlântico. E ali, encostado ao paredão, lá estava o homem de muito mar com o seu boné marinheiro e as rugas fundas no rosto tisnado como atestado de uma vida difícil. O pequeno barco era modesto, se o compararmos com outras embarcações de pesca de maior calado com uma tripulação alargada de pescadores. Porém, Mestre Florival trabalhava sozinho. Apesar da idade já avançada, metia proa à maré, tragado pela noite e por um mar largo e infinito. Então partimos. O toc –toc ritmado do motor da traineira estilhaçava um universo de silêncios. Na frente, uma espuma alva roçava o casco da embarcação que progredia num mar sereno. Mais de uma hora de viagem. O Mestre, na sua faina de preparar as artes para lançar ao oceano não falava, absorvido nas tarefas. Nós, na ré da embarcação, olhávamos o horizonte, até que o manto escuro da noite abraçou o mar e a traineira. Apenas o marulhar cavo das ondas. Apenas as estrelas cintilantes no céu. Havia muito de espiritualidade naquele momento de trégua com as preocupações dos dias cinzentos. Eramos cinco almas longe de terra e rodeados por um mar amistoso. Ao balançar suave do barco, Mestre Florival veio sentar-se junto de nós, agora que a rede do pescado tinha sido lançada na lotaria do oceano. Lotaria porque muitas vezes a pesca era gorda, mas também havia noites de solidão em que a rede vinha quase vazia nesta roleta do mar. Sentado num embaraçado de cordas, o Mestre pegou na lancheira que abriu. De lá tirou um pão encorpado, uma lata de atum e uma pequena garrafa com vinho. Também um pedaço de queijo e umas pataniscas de bacalhau. Afinal, o petisco que a sua companheira tinha cozinhado com amor para aquela aventura do mar que lhes dava o sustento. Comeu religiosamente e em silêncio, manejando em movimentos lentos o canivete com que tirava a casca ao pedaço de queijo. Uma brisa fresca apareceu de mansinho a lamber-nos o rosto e lutávamos contra uma vontade forte de dormir. O corpo, nada habituado às andanças da faina, reclamava repouso. Rendidos e de cabeça pendente no ombro adormecemos. Menos o Mestre Florival, sempre vigilante das suas artes e cúmplice de um pacto com noite e a solidão. Então, puxada a rede com um guincho o mar foi generoso. Ficámos felizes por ele. Afinal, aquele herói anónimo que desafiava o Destino, presenteara –nos com uma experiência diferente. Recebeu-nos na sua pequena traineira e partimos ao que para nós era uma aventura. Ao amanhecer, regressámos e era grande a azáfama no cais, com as camionetas a levar para lota e a praça do peixe o pescado que será vendido a preço exorbitante. Para o pescador que enfrenta o mar e a solidão na sua pequena traineira, ficará apenas uma pequena migalha do seu suor. Mas Florival já está conformado. Disse-nos adeus e partiu de lancheira na mão e uma samarra ao ombro para se defender das brisas da noite no Atlântico. Em casa, de novo encontrará o sorriso e o aconchego dos braços do seu amor. E o mar sereno, que todas as noites o aguarda para o recomeço da faina , vai ter que esperar.
QP     

ANIVERSÁRIO - José Afonso Costa

JOSÉ AFONSO FERNANDES COSTA

28-02-1943

Nesta data especial....

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

ANIVERSÁRIO Emilia Ferreira Moutinho

EMÍLIA FERREIRA MOUTINHO

                     MILITA

28-02-1946

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

VELHO REZINGÃO COM CORAÇÃO DE OIRO


O ti  Santiago só tinha uma filha, a Maria. Ela nunca fora dada às letras e, lá em casa também não haveria tempo para essas modernices. Havia duas parelhas de vacas, alguns “tchões” que, embora pequenos, eram muito afastados uns dos outros.                 Alguém teria de ajudar a cuidar dos afazeres da lavoira!                  Ti Santiago não compreendia como podiam mandar a garotada a estudar para colégios e seminários e ficarem os pais por lá a apanhar as castanhas, a granjear lenha para o lume, a levar o gado ao lameiro, a semear, colher, secar… aquela imensidão de afazeres dentro e fora de casa, que nem de Inverno ou Verão cessavam.                                                                                            E, todos os dias desfiava o seu rosário de protestos contra quem saía da labuta difícil pelo pão do próprio O Inverno antecipara-se naquele ano e geou as castanhas ainda nos ouriços, que seria o mealheiro para pagar a mensalidade dos estudantes lá da aldeia. Os pais andavam “consumidinhos”, sem saber onde ir buscar dinheiro para cumprirem os seus pagamentos! Alguns tinham vitelos quase criados para levarem ao mercado de Alfaiates ou à feira do Soito! Outros tinham colhido algum feijão que podiam levar a Navasfrias… mas teriam que viver à míngua se o vendessem. Ti Santiago fazia ouvir-se ainda mais exacerbado que de costume. Alguém se aventurou a ir pedir-lhe ajuda, pagar-lhe-ia mal arranjasse com quê. Vociferou, amaldiçoou e disse que da casa dele nunca sairia um tostão para quem abandonasAs pessoas voltaram aos seus lares cheias de vergonha e revoltadas com um homem tão avarento e mau!                                                                         Qual não foi o espanto de todos, quando na manhã seguinte, viram no meio do corredor das casas, um envelope com a quantia exacta que tinham de enviar aos filhos. Ninguém queria acreditar! Ti Santiago nunca admitiu ter sido ele. Mas, à hora de dizer adeus à vida, pediu que rezassem por ele a Deus, pois não era tão mau como quisera sempre parecer!...                              Que tinham feito bem ao mandarem valorizar os seus filhos.
GEORGINA FERRO

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

ANIVERSÁRIO

JOSÉ HENRIQUE OLIVEIRA

             BOBBYZÉ

26-02-1948

Nesta data especial...

"Encontro de Gerações" deseja

MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

Hoje faço anos!
Finalmente admito que estou a caminho da velhice!!! Essa treta do FOREVER YOUNG já deixou de ter piada! Até o próprio BOB DYLAN já saturou de tanto a ter utilizado. Por mais incrível que pareça, com 2 cancros resolvidos, x cólicas renais ultrapassadas e com uma Doença de Crohn estabilizada, não me posso lá muito queixar. Sinto-me em forma neste momento! "FEEL GOOD" como cantava o Padrinho da Soul. Muito o devo às novas tecnologias. Sejam elas medicinais ou musicais! Para além do meu "Anjo da Guarda" (um amor de miuda) que vocês conhecem perfeitamente, a MÚSICA foi e será sempre o meu refúgio. Naquele meio, transcendo-me completamente. Esqueço perfeitamente tudo o que de negativo possa girar à minha volta. Isso e a indispensável companhia de gente mais nova, fazem-me sentir mais jovem. Mas as tecnologias são fruto do progresso. A tal "maquineta" que, segundo as más línguas diziam, mais dia menos dia, acabaria por nos dezimar! Contrariando esse presságio, eis que um sacana dum morcego Chinês decide contaminar a Humanidade. Singela forma de se vingar das ruelas estreitas e sujas onde á noite era condenado a esticar o pernil !!! Porca Miséria!
Agora, com o Coronavirus às portas de Colmar (a 500 kms) e com os milhares de Turistas que diariamente nos visitam, constato que vai haver perigo de sair á rua. Como nunca fui "pássaro de gaiola" (expressão muito utilizada pelo meu saudoso Pai, quando a minha querida Mae, á noite, o tentava dissuadir de ir ao Casino) e só me sinto bem no meio da multidão, admito que chegou o momento fatídico de ir á Farmácia,  comprar uma máscara!!!!Em pleno carnaval!!!!
Seja o que Deus quiser! Rafael, quero rir! Publica o famoso e histórico video do Talasnal!!!Aquele que nos mostra o dia em que o virus do BLUES penetrou na tua alma!!!!UM GRANDE ABRAÇO PARA TODOS!!!!  

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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

domingo, 23 de fevereiro de 2020

INTERLÚDIO MUSICAL

ANIVERSÁRIO

LAURA SARMENTO

23-02-1962

Nesta data especial...

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MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

ANIVERSÁRIO

JOSÉ MANUEL SANTOS BENTO

23-02-1945

Nesta data especial...

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MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

sábado, 22 de fevereiro de 2020

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

MONÓLOGO COM UM DEUS PRESENTE ...






Um Deus Presente ...

Ali, naquela curva da estrada, sentado num muro de pedra, eu olhava a noite. Uma noite escura e redonda. Redonda naquele cenário de estrelas luminosas que abarcavam todo o céu ao redor do meu vasto campo de visão. Um globo negro, que na próxima manhã se enriquecerá de outras cores, em que o castanho predominará no horizonte nestes frios de inverno. Ao relento, comungando daquele mundo campesino, eu distanciava-me de tudo. Era só eu e Deus. Um Deus presente, materializado no recorte indefinido das faldas do Moradal. Da água que corria em manso regato pela valeta dos caminhos. Do piar de uma ave retardatária no regresso ao seu lar. E das luzes. Das luzes longínquas e trémulas que sobressaíam do ventre da montanha e da planície. Dali, daquele local, eu distinguia naquele caldo de emoções, as povoações de Ninho do Açor e Sobral do Campo. Dois singelos aglomerados longe do bulício da cidade e dos gostos mundanos. Lá, naqueles lugares, ainda se cava a terra de dorso dobrado sobre a enxada. Se tratam as abelhas com a deferência e o respeito pelas suas colmeias. Se vindima ou se vareja a azeitona que com mil cuidados dará origem ao esplendor do azeite. Ali também está Deus. Fico a meditar naquele meu presente e aconchego a gola do casaco. São horas de partir e, ao volante do meu carro, levo a confiança de que chegarei seguro ao meu destino. Porque aqueles momentos de comunhão com a natureza na sua essência, mais não foram que uma prece a uma Entidade Superior à nossa insignificância de simples mortais, seja lá quem Ela for, com que Vestes Etéreas se ornamente na imaginação dos crentes. Amanhã, a mais um dia frio de Janeiro sucederá a noite. E eu lá estarei, de novo sentado naquele muro de pedra na berma da estrada, a olhar a Natureza Divina e a escutar o que Ela terá para me dizer.
QP          

ANIVERSÁRIO

JEAN YVES SOGUET

20-02-1947

A cette date spéciale...

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JOYEUX ANNIVERSAIRE!

PARABÉNS!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

O INVERNO AMEDRONTAVA LÁ FORA...


"O inverno amedrontava lá fora….O vento rugia pelo vale de Eiras abaixo, e a chuva, copiosa, batia vigorosamente nas vidraças despidas de portadas ou estores. De vez em quando, um trovão mais forte, fazia com que a minha mãe levantasse o olhar para o tecto e murmurasse uma pequena ladainha a Santa Barbara. Depois de um dia de trabalho duro na cidade, ela cozinhava para nós, , sempre na companhia do único objecto electrónico que existia na casa. O pequeno transístor a pilhas preto, onde as vozes de Heathcliff, Edgar, Catherine e Isabella ressoavam contando-nos o desenrolar dramático do Monte dos Vendavais, romance de Emily Bronte, cujo enredo a (nos) deliciava e a (nos) obrigava a parar, de vez em quando, para escutar os momentos cruciais da novela… Eu limpava cuidadosamente a chaminé de vidro do candeeiro a petróleo, com uma velha folha de jornal, e sentava-me à mesa, com um ouvido na rádio e um olho no livro de aventuras mais recente que me tinham emprestado…quando acabávamos de jantar já se ouvia o programa "Quando o telefone toca" e eu só pensava como era possível à rádio, ter todos os discos das canções requeridas pelos ouvintes. Devagar, a noite avançava…e eu, já deitado e sonolento, ouvia ainda a mãe a lavar, varrer, cozer e passar roupa a ferro e preparar tudo para mais um dia de trabalho e de escola que se aproximava num fechar e abrir de olhos..." - in Memórias & Inspirações

Texto de  José Passeiro

sábado, 15 de fevereiro de 2020

ANIVERSÁRIO

ANA MARIA PERA ROQUE

15-02-1947

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MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

ENCONTRO COM A ARTE - PINTURA


Escadas de Santiago                                                                                                                      Sugerida por Zita Oliveira

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

OS BAIXINHOS DO DULOMBI ...





Tabanca do Dulombi

Tenho uma família militar há mais de quarenta anos. Uma amizade forjada na guerra e em tempos de dificuldades e de perigo iminente. Porém, passado esse tempo que já olhamos à distância, nunca me passou pela cabeça ser convidado para, de um forma simbólica, fazer parte de um grupo de antigos combatentes que tal como eu demandou terras da Guiné. Intitulam-se “Os Baixinhos do Dulombi” e foram e continuam a ser uma Companhia de Caçadores que há muito  baixou as armas. A arma é agora a amizade fraterna entre todos. Porque a amizade, a lealdade e essa indómita vontade de se sentirem unidos, é mais forte que o troar de um canhão.

Aceitei com prazer este convite de “pertencer” a este grupo. Visitando as fotografias da Companhia, encontrei nelas o que naquela época de guerra era comum – a entreajuda e a camaradagem que foi apanágio de todas Companhias e Batalhões que partiram para África. Mas isso não chegava para me sentir integrado noutro grupo de antigos militares. É que o chamamento foi - me endereçado pelo meu amigo Rui Felício e que eu jamais recusaria. Numa observação atenta, também o Victor David que bem conheço e por quem igualmente nutro grande apreço. Porém, este convite do meu amigo que assentou praça na Ericeira, deixou-me a pensar do motivo do convite e encontrei a explicação – sendo a Companhia formada por elementos de elevada estatura física de que o Rui Felício e o Victor David são bons exemplos, foi essa a razão do convite, não tenho qualquer dúvida. É que eu, modéstia à parte, tenho 2. 15 de altura e para quem não saiba – incluindo o Felício e o Victor – fui a estrela cintilante dos Chicago Bulls da NBA e era o rei dos “afundanços” lá da trupe.
Um abraço, Rui !
QP         

ANIVERSÁRIO

CARLOS COSTA FREIRE

12-02-1949

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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

REVISTA DE IMPRENSA A BOLA - Sobre Cristiano Ronaldo

Cristiano Ronaldo:   um poeta! (artigo de Manuel Sérgio)

Venho sublinhando, há muitos anos já, que o desporto é o fenómeno cultural de maior magia, no mundo contemporâneo. Um fenómeno cultural, ou seja, autobiografia de um grande sentimento, em que a razão se transcende. O poeta é mais do que razão, é vate, vaticina portanto a parcela de Céu que a Terra pode ser. O poeta é isso mesmo:  porta-voz do que para a maioria parece insondável, desconhecido, inexprimível. Por que não dizermos: divino? E portanto o poeta é o porta-voz do que de divino existe dentro de cada um de nós. Demais, Jesus assim o disse: “o Reino de Deus está dentro de cada um de vós”. Relembro aqui o Manuel Alegre, uma das minhas primeiras admirações literárias, desde o tempo em que o comecei a ler, na Faculdade de Letras (em 1962, se não estou em erro).



                                                                               Eusébio

                                                               Havia nele a máxima tensão

                                                               Como um clássico ordenava a própria força

                                                               Sabia a contenção e era explosão

                                                               Havia nele o touro e havia a corça



                                                               Não era só instinto era ciência

                                                               Magia e teoria já só prática

                                                               Havia nele a arte e a inteligência

                                                               Do puro fogo e sua matemática



                                                               Buscar o golo mais que golo – só palavra

                                                               Abstracção pronta no espaço teorema

                                                               Despido do supérfluo rematava

                                                               E então não era golo – era poema

                E o mesmo Manuel Alegre, desportista e político e poeta (dos maiores do nosso tempo) cantou assim o Chalana:

                                                               Eis a página em branco

                                                               O gesto como palavra

                                                               Cada jogada uma aventura

                                                               Como o poeta ele fará

                                                               O que menos se esperava

                                                               Escreve por todo o campo

                                                               Como o poeta procura

                                                               O poema que não há

                O específico da poesia e afinal de toda a arte é transcendência, superação do prosaísmo da vida, uma dimensão especificamente humana, inédita no reino da Natureza. Fazer poesia é, afinal, tornar visível o universo desconhecido dos possíveis. Recordo, agora, o poeta José Régio:

                                                                               Acabaste?

                                                               - Acabaste?

                                                               - Meu amor, acabei.

                                                               -  Apagaste a candeia? Apagaste?

                                                               -  Meu amor, apaguei.

                                                               - E fechaste o postigo? E fechaste?

                                                               - Meu amor, sim, fechei.

                                                               - Que rumor é aquele? Não sentes?

                                                               -  Meu amor, que te importa?

                                                               -  É a vida a dar socos na porta.

                                                                -  É lá fora. São eles. É o mundo. São gentes…  

                                                                -  São gentes? Quem são?

                                                                -  São colegas, amigos, parentes…

                                                                -  Vai dizer-lhes que não! Vai dizer-lhes que não!
                                                
Diante de um espetacular golo de Cristiano Ronaldo e de um poema de um inolvidável poeta, onde se encontra mais poesia? Tanto no Cristiano Ronaldo, como no poeta! Em ambos, descobre-se uma criação do homem pelo homem; em ambos, o ponto de partida é o ato criador e o ponto de chegada é o universo humano dos possíveis; em ambos a arte é um símbolo moral. Cristiano Ronaldo: um poeta? Para mim, é e… sem sombra de dúvidas!   Antes  de Ronaldo, no futebol, o ser humano era, vezes sem conta, pura possibilidade! Depois de um programa que vi, na televisão, sobre Cristiano Ronaldo, escrevi esta minha crónica. Depois das lancinantes alegorias de Kafka à metamorfose de um homem em verme; depois das “técnicas de aviltamento”, perpetradas por toda a sorte de cobardes -  delicia-me contemplar um golo de Ronaldo. O Cristiano Ronaldo, pela sua força irradiadora, pela sua pujança, pelo seu inconformismo -  uma criatura viva e não uma natureza escondida e morta!      



Manuel Sérgio é professor catedrático da Faculdade de Motricidade Humana e Provedor para a Ética no Desporto

                               

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

domingo, 9 de fevereiro de 2020

ANIVERSÁRIO

VASCO ANTÓNIO ÁGOAS

09-02-1945

Nesta data  especial...

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MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

AMAR NO MAR

        Praia do Algodio - Ericeira.
  - aguarela - Pintor anónimo que expõe nas ruas de Ericeira
Hoje de manhã a maré está baixa, como eu gosto. E quando durante umas horas,o mar nos revela parte dos segredos de uma vida esfusiante que se abriga nas rochas, onde a erosão milenar foi escavando túneis e grutas que protegem os seres marinhos dos seus predadores.
Serpenteando, a água límpida, num ondular repetitivo, mas nunca repetido, vai banhando as rochas descobertas, as algas, os musgos, os ouriços, os moluscos, os pequenos peixes, até os insectos.A mim, acariciava-me as pernas meio submersas, intrusas…Involuntariamente, fixo o meu olhar num casal, mais à frente, recoberto pela água, entregue à loucura de um apertado abraço.Bolhas de ar subiam velozes, desfazendo-se em espuma à tona de água, como capitoso champanhe.Presenciar a beleza de um acto de amor, em invulgar ambiente aquático, afastou os pruridos que a razão me aconselhava. Foi mais forte do que eu, invadir a privacidade daqueles jovens…
A refractária ondulação permitia-me adivinhar, mais do que realmente verdeformadas, as imagens dos braços enleados, das pernas entrelaçadas, das bocas coladas, dos corpos fundidos num só.

Num frenesim!

Uma e outra vez a água revolteava-se quando os corpos daqueles jovens surgiam à tona, já indiferentes aos olhares estranhos, perto do êxtase.
Subitamente, a calmaria…
Ainda os vi, de mãos dadas, deslizarem suavemente, lado a lado, afastando-se, saciados, em direcção a uma rocha mais longínqua.

Amanhã vou estar de novo naquela praia. Gostava de poder agradecer àqueles dois jovens polvos, por me terem mostrado a beleza do amor dentro de água…

Rui Felício

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

sábado, 1 de fevereiro de 2020

A FORÇA DO CAPITAL ...






Há dias de azar ...

Todos temos momentos menos bons na vida e o Albino naquele dia não devia ter saído de casa. Professor do Ensino Secundário em Coimbra, aventurou-se a comprar um Renault 5 novo em prestações, fazendo poupanças e sacrifícios. Naquela tarde, algum tempo depois do 25 de Abril de 1974 e em época de fervilhantes confrontos partidários, o  Albino todo orgulhoso com o seu novo carrinho teve o demónio a saltar-lhe ao caminho. Junto ao Estádio Municipal de Coimbra, ao acender um cigarro com o isqueiro enquanto conduzia, teve uma distração momentânea e quando deu por ela tinha o seu amado automóvel novinho em folha e a brilhar abraçado a um poste de iluminação pública com a frente feita num harmónio. Um drama ! Quando o carro foi rebocado para uma pequena garagem ao fundo da Rua dos Combatentes do lado direito e já extinta, o Albino quase caiu de costas de susto com a exorbitância do orçamento da reparação, ainda mais quando só se tinha seguro do automóvel contra terceiros. Por intermédio de um amigo, lá conseguiu um entendimento com o encarregado da oficina - o Senhor Oliveira - para solver o conserto da viatura na medida das suas possibilidades, fazendo entregas de dinheiro acordadas entre ambas as partes até à totalidade do pagamento. Uma situação aflitiva para quem já tinha de encargo as obrigações monetárias do bem adquirido . Porém, assim ficou acordado e o Albino, que na época tinha no MRPP a sua bandeira política, num assomo de dignidade e de impulso revolucionário, levantou o punho esquerdo e disse convicto ao Senhor Oliveira:

- Senhor Oliveira, acredite que vou pagar - lhe o arranjo do meu carro com a força do meu trabalho …

O mecânico ajeitou então os seus velhos óculos graduados pendurados no nariz, assoou o enorme nariz vermelhão com um lenço amarelo e respondeu-lhe encolhendo os ombros:

- De acordo, mas eu cá preferia que o senhor professor que me pagasse com a força do capital …

QP    

ANIVERSÁRIO

ALFREDO MOREIRINHAS

01-02-1947

Nesta data especial...

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MUITAS FELICIDADES!

PARABÉNS!