Tinha uns nove anos de idade...
Ela, mais nova, tinha uns olhos vivos que me miravam cúmplices sempre que, pela manhã, eu saía de casa e imediatamente a procurava.
Corria na minha direcção roçando o corpo no meu. As minhas mãos acariciavam-na e sentia que ela gostava.
A boca fina, os pés descalços, o corpo aveludado, tornavam-na a minha grande amiga, confidente dos meus sonhos de criança.
A Maria ouvia, em silêncio atento, tudo o que eu lhe confessava.
Partilhava com ela os meus anseios, as fantasias das minhas brincadeiras.
Entre nós, de há muito, se estabelecera uma relação que mantínhamos em segredo.
Que se fortalecia a cada dia que passava...
Dava-lhe guloseimas que ela saboreava, suavizando o olhar que tanto me enternecia, forma de me mostrar o seu agradecimento.
Entre muitas outras, fora aquela que eu escolhera.
Não porque fosse especialmente bonita. Mas porque o seu olhar era diferente do das outras, porque faiscava quando se cruzava com o meu.
Ela abandonava as brincadeiras com as amigas, correndo para mim logo que me via...
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Numa segunda-feira, quando eu regressava da escola para almoçar, estranhei não a ter visto.
A minha mãe chamou-me para almoçar. Entrei em casa, sentei-me à mesa já posta e o meu coração acelerou loucamente.
Ali estava a Maria, nua, o lindo corpo dourado, deitada em cima da mesa.
A minha mãe tinha decidido assar no forno a minha galinha de estimação, ali ainda fumegante...
Não consegui almoçar...
Rui Felício
Reposição de postagem de 03-08-2010
Reposição de postagem de 03-08-2010
Curioso... este Conto Felício deve ser anterior a eu ter começado a publicá-los no meu blog. Vai para lá também.
ResponderEliminarPois foi
ResponderEliminarO almoço era realmente indigesto. Indigesta não é a prosa, que tem a arte de conseguir levar o leitor para uma ilusão de criança e os seus sonhos infantis. Depois a conclusão "trágica", que vira a prosa de pernas para o ar de uma forma surpreendente. Parabéns, Rui !
ResponderEliminarAgora que infelizmente o EG deixou de poder contar com as postagens do saudoso Chico Torreira e com a permissão do Rui Felício vão aparecer mais contos da sua autoria.São várias dezenas que merecem serem dados a conhecer, dado a sua alta qualidade.
ResponderEliminarSerá com muito orgulho que verei os textos que escolheres para aqui serem publicados.
ResponderEliminarObrigado pelas tuas palavras Rafael
Bom dia meus amigos. Olhem que quando comecei a ler a estoria, ela me iez lembrar minha infancia... Pois tinha no meu predio um garoto da minha edade que era meu companheiros de bricadeiras. É OS adultes comecaram a dizer , na brincadeira, que eramos namorados. Pois estavamos sempre juntos. inseparaveis. Mas à medida que a narrativa avancava me apercebi que a coisa era muito "erotica".. para ser verdadeira. Entao pensei: So pode ser prosa FELICIANA... É que nao me enganei!!!... CONTINUEM A enriquecer o BLOG. com vossas esvritas pois so nos dao emenso prazer. ATE À PROXIMA CAROS AUTORES
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