O “Jornal do Fundão”, trouxe-me
hoje maus ventos da Beira - Baixa. Trata-se de alguém que, não sendo meu amigo
pessoal, sempre admirei pelos elogios que muitas vezes ouvi à sua pessoa,
sobretudo por gentes dos extratos mais frágeis da população.
O Dr. Freitas da Silva, era
médico muito conhecido na cidade de Castelo Branco. Homem de grande
simplicidade, era um humanista, sempre preocupado com as grandes questões
sociais e com os mais desfavorecidos.
No seu consultório particular e
quando se apercebia das dificuldades financeiras dos seus doentes, abdicava dos
seus honorários de médico. Para além desta faceta, o Dr. Freitas da Silva era
um escritor de excelência, colaborando com o Jornal “Reconquista”. Os seus
desassombrados artigos eram sempre lidos com agrado e por vezes a sua veia
humorística vinha ao de cima.
Tinha também a particularidade de ser um
apaixonado pela sua terra de nascimento – os Açores. Muitas vezes contava
passagens da sua infância no arquipélago, chamando à liça a memória de gentes
da ilha que se destacavam pelo seu pitoresco.
Várias vezes falei com o
conhecido clínico, sobretudo quando ele entrava numa loja que servia refeições
para fora e, num tom coloquial, falava com os presentes, mesmo que nunca os
tivesse conhecido. Era genuinamente despretensioso, o que por vezes lhe custava
um olhar de soslaio dos que achavam ou acham que uma formatura universitária é
um carimbo de superioridade sobre os que não chegaram a esse patamar de ensino.
Porém, o Dr. Freitas da Silva era um homem do povo, e nunca abdicou desse seu
estatuto de simples cidadão que tinha um curso de medicina.
Faleceu de forma inesperada. Uma queda de um sexto andar de um prédio em Castelo Branco onde
vivia, deixou a cidade mais pobre. Mas pobre fica também toda a sociedade,
quando perde um amigo respeitado, que deixou atrás de si um rasto luminoso de
solidariedade para com os seus semelhantes, sobretudo os mais humildes e desfavorecidos
da vida.
Que esteja em paz.
Quito Pereira
Um abraço de solidariedade pela morte deste teu amigo
ResponderEliminarQue descanse em paz quem tanto fez por ela
ResponderEliminarNão haja dúvidas que há pessoas que da lei da morte se foram libertando e este é um deles. Esperemos que tratem a família com muito amor e carinho. O Quito sempre a fazer-nos pensar no lado humano da vida.
ResponderEliminarHá aqui a "Fundação Julien", do Dr. Gilles Julien que é pediatra e que se dedicou às crianças de forma muito pessoal. Então é vê-lo ao dar uma volta de bicicleta, parar ao lado de uma família precisada que vai no passeio, falar com as crianças e com os pais para convidá-los a irem visitar a sua fundação.
A melhor que vi, foi uma criança para os seus oito anitos que era um problema e agora anda todo descontraído e faz uma vida normal. Sossegado. Perguntado porque é que se mudou tanto, respondeu: "porque aqui deixam-me ser quem sou".
Diz o Dr. Julien que o maior prémio que tem, é ver uma criança chegar aos dezoito anos e ver-se a diferença de quando lá entrou.
Ajudar tantos miúdos nos mais variados campos, como a saúde em todos os seus vectores e necessidades humanas do dia a dia que passa pela roupa e alimentação, não é fácil.
Além do que a fundação vai recebendo todo o ano, há todos os anos um peditório nas ruas de Montreal para a sua fundação e este ano o valor conseguido nesse dia foi de um milhão de dólares. Como costumo dizer: por aqui também há gente boa.
Quem fez tanto bem nesta vida, terá seguramente um bom lugar na eternidade. Há uma lei CAUSA EFEITO, quer acreditemos ou não !
ResponderEliminarOs meus sentimentos vão para ti, Quito,por nos trazeres a este espaço, tão nobre alma.
Quito, acompanho-te na tua dor que, após o que descreves sobre tão nobre médico, também se tornou minha!
ResponderEliminarBeijo solidário pela morte do teu amigo,Quito!
ResponderEliminarPelo que contas, fará falta a muita gente.
ResponderEliminarSão estas pessoas que marcam a diferença. No ser humano, também há seres que valem a pena!