( Não me lembro já do nome do meu colega, mas a história é verídica. Passou-se em 1965 )
O Dr. Rogério Soares, Professor da, mais tarde extinta, cadeira de Direito Corporativo, e em 1971 Catedrático dessa cadeira, era uma das feras da Faculdade de Direito de Coimbra. Indefectível do regime de Salazar, parecia que sentia um mórbido prazer em chumbar os seus alunos a quem encarava com permanente desconfiança e como potenciais rebeldes prontos a minar a organização do Estado.
Tecnicamente muito competente, possuía, porém, um temperamento brusco, que raiava a má educação.
Dos alunos que escapavam à primeira razia das provas escritas, poucos conseguiam passar pelo apertado crivo das provas orais.
O Prof. Rogério Soares naquele dia já tinha reprovado 3 dos 4 alunos a quem fizera exame oral.
Mandou chamar o 5º examinando a quem foi fazendo sucessivas perguntas. O aluno era daqueles boémios que pouco estudava, mas que assumia uma postura de alguma sobranceria intelectual para disfarçar a sua ignorância. No íntimo, sabia que tinha o destino traçado. Com o Rogério Soares não tinha qualquer hipótese.
A cada pergunta, respondia com ar entendido, desfiando em voz pausada um chorrilho de lugares comuns e de vocábulos rebuscados, que, no entanto, em nada correspondiam ao tema que o Professor lhe submetia.
Irritado e cansado de tanta prosápia, o Professor quis humilhar o aluno, catalogando-o de burro, chamou o Bedel e disse-lhe:
- Por favor, traga-me um fardo de palha!
O aluno, impávido, aproveitou e pediu também ao Bedel:
- Para mim um cafezinho!
O Dr. Rogério Soares, Professor da, mais tarde extinta, cadeira de Direito Corporativo, e em 1971 Catedrático dessa cadeira, era uma das feras da Faculdade de Direito de Coimbra. Indefectível do regime de Salazar, parecia que sentia um mórbido prazer em chumbar os seus alunos a quem encarava com permanente desconfiança e como potenciais rebeldes prontos a minar a organização do Estado.
Tecnicamente muito competente, possuía, porém, um temperamento brusco, que raiava a má educação.
Dos alunos que escapavam à primeira razia das provas escritas, poucos conseguiam passar pelo apertado crivo das provas orais.
O Prof. Rogério Soares naquele dia já tinha reprovado 3 dos 4 alunos a quem fizera exame oral.
Mandou chamar o 5º examinando a quem foi fazendo sucessivas perguntas. O aluno era daqueles boémios que pouco estudava, mas que assumia uma postura de alguma sobranceria intelectual para disfarçar a sua ignorância. No íntimo, sabia que tinha o destino traçado. Com o Rogério Soares não tinha qualquer hipótese.
A cada pergunta, respondia com ar entendido, desfiando em voz pausada um chorrilho de lugares comuns e de vocábulos rebuscados, que, no entanto, em nada correspondiam ao tema que o Professor lhe submetia.
Irritado e cansado de tanta prosápia, o Professor quis humilhar o aluno, catalogando-o de burro, chamou o Bedel e disse-lhe:
- Por favor, traga-me um fardo de palha!
O aluno, impávido, aproveitou e pediu também ao Bedel:
- Para mim um cafezinho!
Convenhamos que o Pof. até mereceu!!!...
ResponderEliminarAs grandes sumidades em sapiência, muitas vezes são péssimos como docentes.
ResponderEliminarO aluno revelou inteligência e à vontade ao retorquir de forma educada e certeira!
Certeiro foi também o comentário da Celeste, o que não admira, porque ela sabe do que fala.
ResponderEliminarNa verdade, quantos e quantos sábios são péssimos professores.
Saber transmitir os conhecimentos e motivar os discentes para a aprendizagem é o segredo dos grandes professores.
O que custa é saber ensinar aprender não custa...é o que se prova.
ResponderEliminarO ALUNO " educou" sapientemente o Prof.!!!
Não resisto a contar o que me aconteceu com tal "ave".
ResponderEliminarNão me lembro,ao certo,se isto aconteceu em 62/63 se em 63/64.
Na altura,eu pertencia ao Conselho Desportivo da AAC e tinha arrelias semanais com o Rogério,por causa da utilização do Estádio Universitário.
Conclusão:prescrevi a Corporativo(fiz isso em Lisboa com o Martinez) e fui sempre à oral com a espantosa nota de 12!
Nos quatro exames nunca tive direito a qualquer pergunta.Recebi sempre o mesmo conselho:ir fazer Corporativo a Lisboa e,eventualmente,qualquer cadeira de que ele fosse professor ou examinador.Por birra,mantive-me até ao fim.No ano seguinte,em Lisboa,fiz Corporativo e Administrativo...
Boa "peça",esse Rogério.
Ainda hoje estou para saber como passei à 2ª tentativa a Corporativo com o Rogério.
ResponderEliminarJá que falamos de "curiosidades" típicas da Fac. Direito de Coimbra, onde pontificavam ilustres cabeças tidas como verdadeiras sumidades, também eu não resisto a contar a minha experiência com o Afonso Queiró:
Depois de 3 chumbos a Administrativo ( as 2 épocas do ano anterior e a 1ª época do ano de 1965 )apresentei-me a exame na 2ª época desse ano.
Fui à oral com 10 e submeti-me ao exame do Afonso Queiró. Fui respondendo como sabia ( que era pouco... )e antes de terminar o exame, o Queiró disse-me:
- O Sr. sabe muito pouco disto. Quase nada! Mas não o reprovo para não se deparar com a prescrição, o que o obrigaria a ir "desaprender" o pouco que sabe com o meu Colega de Lisboa, Prof. Marcelo Caetano!
Digam-me lá se estas sumidades não tinham uma pancada qualquer na cabeça.
A verdade é que passei àquele "cadeirão"!
Com 10, claro...
Bem dito e bem escrito.
ResponderEliminarGostei.
Tonito.
As sumidades...e não só!
ResponderEliminarPara bom entendedor...