A HISTÓRIA DE ADÃO E EVA
( Ou as razões porque nunca compreendi esta história...)
As dúvidas que a seguir exponho não são condicionadas pelo facto de sermos crentes, agnósticos ou ateus. Não é isso que está em causa, mas tão só a análise dos livros sagrados que, queira-se ou não, influenciaram e influenciam, para o bem e para o mal, as civilizações deste mundo.
Adão e Eva, segundo os livros sagrados do judaísmo, do islamismo e do cristianismo, foram a suprema obra de Deus que, ao sexto dia, com eles culminou a sua criação do mundo. Únicos seres a quem concedeu uma alma.
Colocou-os no Paraíso, onde lhes prometeu uma vida eterna, feliz e livre de todas as agruras, dificuldades e sofrimento.
Apesar de serem insondáveis os desígnios divinos, não compreendo que a criação de Adão e Eva como seres perfeitos, imunes e desconhecedores do pecado e da maldade, tenha ficado sujeita a um teste, para mim inexplicável, que consistiu no cumprimento escrupuloso da proibição de tocarem ou de se servirem dos frutos da árvore da ciência, continente da percepção e conhecimento dos conceitos do bem e do mal.
De facto, Deus é caracterizado em todos os livros sagrados como um ser infinitamente perfeito, omnipotente, misericordioso e bom. Poderia portanto, se quisesse, ter mantido o homem e a mulher eternamente perfeitos, sem necessidade de os sujeitar a qualquer teste.
Porque lhes proibiu então o acesso à árvore da ciência? Ameaçando-os com a morte e o sofrimento em caso de desobediência? No seu infinito poder, poderia ter inibido as suas dilectas criaturas de se arriscarem a tal teste. Poderia ter-lhes permitido serem sempre felizes e desconhecedores do mal. Porque não o fez?
E, na sua infinita misericórdia, porque não lhes perdoou o pecado cometido?
Faz-nos pensar que Deus não queria realmente que Adão e Eva vivessem eternamente no Paraíso.
Mas se assim foi, porque lhes mostrou o Eden?
Omnipotente como era, porque não os colocou logo na terra do sofrimento e do pecado, se essa era a sua vontade, como parece?
A tal árvore, uma macieira, segundo se fez constar ao longo de milénios, deveria ter sido, em minha opinião e mais apropriadamente, uma bananeira. Sim, porque foi uma verdadeira casca de banana aquilo que Deus colocou à frente de Adão e Eva!
.....................
Mas o que mais me espanta nesta história é o papel do Adão. Quando questionado severamente por Deus sobre se tinha comido o fruto proibido, em vez de confessar a sua desobediência, procurou logo um bode expiatório a quem tentou endossar a sua responsabilidade. Ou seja, em lugar de assumir galhardamente o alegado pecado, desculpou-se dizendo que foi ela, a Eva, quem lhe deu a maçã a comer.
( Ou as razões porque nunca compreendi esta história...)
As dúvidas que a seguir exponho não são condicionadas pelo facto de sermos crentes, agnósticos ou ateus. Não é isso que está em causa, mas tão só a análise dos livros sagrados que, queira-se ou não, influenciaram e influenciam, para o bem e para o mal, as civilizações deste mundo.
Adão e Eva, segundo os livros sagrados do judaísmo, do islamismo e do cristianismo, foram a suprema obra de Deus que, ao sexto dia, com eles culminou a sua criação do mundo. Únicos seres a quem concedeu uma alma.
Colocou-os no Paraíso, onde lhes prometeu uma vida eterna, feliz e livre de todas as agruras, dificuldades e sofrimento.
Apesar de serem insondáveis os desígnios divinos, não compreendo que a criação de Adão e Eva como seres perfeitos, imunes e desconhecedores do pecado e da maldade, tenha ficado sujeita a um teste, para mim inexplicável, que consistiu no cumprimento escrupuloso da proibição de tocarem ou de se servirem dos frutos da árvore da ciência, continente da percepção e conhecimento dos conceitos do bem e do mal.
De facto, Deus é caracterizado em todos os livros sagrados como um ser infinitamente perfeito, omnipotente, misericordioso e bom. Poderia portanto, se quisesse, ter mantido o homem e a mulher eternamente perfeitos, sem necessidade de os sujeitar a qualquer teste.
Porque lhes proibiu então o acesso à árvore da ciência? Ameaçando-os com a morte e o sofrimento em caso de desobediência? No seu infinito poder, poderia ter inibido as suas dilectas criaturas de se arriscarem a tal teste. Poderia ter-lhes permitido serem sempre felizes e desconhecedores do mal. Porque não o fez?
E, na sua infinita misericórdia, porque não lhes perdoou o pecado cometido?
Faz-nos pensar que Deus não queria realmente que Adão e Eva vivessem eternamente no Paraíso.
Mas se assim foi, porque lhes mostrou o Eden?
Omnipotente como era, porque não os colocou logo na terra do sofrimento e do pecado, se essa era a sua vontade, como parece?
A tal árvore, uma macieira, segundo se fez constar ao longo de milénios, deveria ter sido, em minha opinião e mais apropriadamente, uma bananeira. Sim, porque foi uma verdadeira casca de banana aquilo que Deus colocou à frente de Adão e Eva!
.....................
Mas o que mais me espanta nesta história é o papel do Adão. Quando questionado severamente por Deus sobre se tinha comido o fruto proibido, em vez de confessar a sua desobediência, procurou logo um bode expiatório a quem tentou endossar a sua responsabilidade. Ou seja, em lugar de assumir galhardamente o alegado pecado, desculpou-se dizendo que foi ela, a Eva, quem lhe deu a maçã a comer.
Parece que o estou a ver com ar ingénuo a dizer a Deus: - Eu não tive culpa! Foi ela!
Típico de tantos e tantos homens actuais, afinal!
É por isso que, como homem, me envergonho do Adão!
É por isso que, sendo homem, admiro a Eva que não refreou o seu impulso de legítima curiosidade.
E que assumiu o que fez sem procurar culpar o fraco Adão!
Rui Felício
Típico de tantos e tantos homens actuais, afinal!
É por isso que, como homem, me envergonho do Adão!
É por isso que, sendo homem, admiro a Eva que não refreou o seu impulso de legítima curiosidade.
E que assumiu o que fez sem procurar culpar o fraco Adão!
Rui Felício
Um texto muito interessante! Por causa destas questões, levei eu algumas bofetadas quando ainda puto!
ResponderEliminarUm dia perguntei ao padre que dava Religião e Moral, se Deus sabia tudo inclusivé o futuro, então ele ao proibir comer o fruto, já sabia que eles não iriam cumprir!... Pura sacanagem!... O padreco deu-me a resposta de imediato... RUUUA!!!
Essa é mais uma caracteristica divina que não me ocorreu incluir no texto: - a omnisciência, a capacidade divina de tudo saber do passado, do presente e do futuro.
ResponderEliminarCapacidade de adivinhar o futuro que tu também tens, Alfredo! De facto, naquele tempo, com uma pergunta dessas, já sabias antecipadamente o que te iria acontecer...
Questionei-me e continuo a questionar-me sobre esta e outras situações que nos obrigavam a compreender.
ResponderEliminarNo meu ofício de mestre escola, tinha de ensinar o catecismo.A aula de catequese era fixada em horário,sempre ao segundo tempo lectivo, considerada a hora mais produtiva em termos pedagógicos, à 5ª feira.
A primeira lição "ensinava" que Jesus era amigo de todas as crianças.
Perante uma turma de trinta e muitas crianças,das quais só uma estava calçada,fatos rotos ou mal agasalhados,no Inverno as mãozitas "engadanhadas",almoçando um naco de broa...
E eu?
Como poderia acreditar no que ensinava se os meus filhos e filhos de outras tantas famílias viviam confortáveis e bem alimentados?!
As dúvidas ainda hoje subsistem, apesar de discussões e esclarecimentos que me tentaram explicar.
Ainda busco um entendimento...!!!
Gostaria de arranjar uma explicação que vos esmagasse a todos. Mas não consigo. E ainda hoje me interrogo sobre quem seria realmente a fruta...a maçã ou a Eva ???
ResponderEliminarO Quito pôs o dedo na ferida ( ou terá sido na fruta? ).
ResponderEliminarCom uma Eva nua e jovem à frente, que outro Adão teria resistido ao pecado?
Claro Rui que não me foi dado o condão de pôr o dedo na fruta. Muito menos trincá-la, pois trago a placa a abanar ...
ResponderEliminarGosto muito do texto pelas questões levantadas...
ResponderEliminarMas acho que a tua pertinência,a tua capacidade
reflexiva e inteligência, há que tempo(?),te "afastaram"(?)da crença neste
Deus "malévolo","torturador","cínico"... a mim
há muito,sem ter as tuas qualidades...
Adão e Eva e toda a história de Deus dão origem a muitas interpretações e a uma escrita interessante como
esta...
Quem acredita está no seu direito e respeito!
Já uma vez te disse e repito. Tens que palitar a placa quando acabas de comer, senão ela deteriora-se e abana...
ResponderEliminarFalando agora a sério ( também é preciso...) e respondendo à Olinda:
ResponderEliminarNa adolescência comecei ( como tantos outros jovens )a questionar-me sobre os dogmas em que a Igreja nos obrigava a acreditar sem hipoteses de sobre eles raciocinarmos.
O célebre Padre Anibal é talvez o principal culpado do meu afastamento da Igreja.
Fosse ele um padre adpatado aos novos tempos e talvez o corte não tivesse sido tão abrupto e radical como foi.
Mas não sou ateu. Sou agnóstico...
Falando também a sério, o Padre Anibal foi o responsável por muitos da nossa idade, se terem afastado da Igreja!... Já em tempos escrevi um texto, "porque não sou católico".
ResponderEliminarNão sou agnóstico, sou ateu!... Quando dos 3 aos 6 anos de idade morre, a minha mãe, avô, avó, madrinha e tia, como poderia eu ser outra coisa que não ATEU?!...
É verdade,Ruio que dizes e passei a ateia...
ResponderEliminarAlfredo,quando um sobrinho meu aos 5 anos
ficou doente com leucemia ,sofrendo até aos 8 anos,altura em que morre...e sempre pedia para
não morrer,pois o avõ velho ( bisavô) devia morrer primeiro...e lhe davam o crucifixo para rezar ao Jesus...e ele atiráva-o ao chão...revoltado,agarrado à mãe "eu não quero
morrer"...acabou-se...ateia,ateia...dói muito
e ainda hoje,dói...
A diferença entre ateísmo e agnosticismo já fez correr rios de tinta. É um tema interessantíssimo!
ResponderEliminarAdmito, sem qualquer espécie de relutância, a existência de pessoas que, por simples fé, se "agarram" a uma divindade que as comande e proteja, como também daquelas que, por nunca se ter encontrado nenhuma prova da existência de Deus, concluem que pura e simplesmente Ele não existe. E por isso, são adeptas do ateísmo.
Pela minha natureza, essencialmente pragmática e conciliatória, sou adepto de deixar em aberto a possibilidade de que essa prova da existência de Deus venha um dia a surgir. Enquanto não surge, sou agnóstico, ou seja, descrente.
E porque sou assim? Simplesmente porque sou defensor do racional, em detrimento da fé que é afinal o sustentáculo dos crentes.
E também sou assim porque me custa a admitir que não haja um qualquer ser ( chame-se-lhe Deus ou não, chame-se-lhe povos de outra galáxias ou não )que possua capacidades cognitivas que nós ( ainda )não temos.
Há tanta coisa que a nossa mente não consegue explicar ( ainda )que acho pretensiosismo admitir que nós, humanos, somos os seres do topo da pirâmide.
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Compreendo perfeitamente a posição do Alfredo.
De facto, há factos que não têm explicação sucederem se houvesse um Deus igual àquele que nos ensinaram na catequese...
E como só agora li o comentário da Olinda, pela similitude dos factos por ela descritos com os que citou o Alfredo, dirijo o comentário feito atrás, também a ela.
ResponderEliminarEu também nunca percebi esta história!
ResponderEliminarAliás esta minha incapacidade de perceber esta história do fruto proíbido, já vem dos tempos da catequese!
A catequista bem se esforçava para eu perceber o "simbolismo" da maçã...mas sinceramente não atingia que uma maçã pudesse ser um fruto proibido!
Com o Padre Anibal também nada deu...pois ficava sempre na última fila, já na rua e não conseguia ouvir o que dizia!
Mas não faltava à missa!
Eu nem sequer penso que somos o topo da
ResponderEliminarpirâmide...não penso e não sinto necessidade
de pensar...vivo bem sem preocupações destas
bem como o além depois da morte...não me preocupa...
E não é por comodismo...é não dar de facto
relevância a esta questão!
A vida cheia de injustiças sociais,doenças,
fome,guerras..........é demasiada importante
para me peocupar... bem como procurar ser o mais
"feliz" possível ... com família e amigos!
NINGUÉM É PERFEITO.
ResponderEliminarNem falár no P.anibal, fico cheio de bortueijas.
Estas conversas sempre me fascinaram, tal como o infinitamente grande e o infinitamente pequeno!...
ResponderEliminarRui, respeito a tua posição de agnóstico.
No entanto, já discuto a posição de lhe chamar Deus ou povos de outras galáxias ou um qualquer ser com capacidades cognitivas que nós ainda não temos!!!... São duas coisas distintas e se, de Deus nem admito a sua existência, já os povos de outras galáxias, admito perfeitamente que possam existir.
Alfredo, quando eu disse "chame-se-lhe Deus ou não", é evidente que não estou a usar a palavra no sentido corrente que lhe conhecemos e com as conotações religiosas que lhe estão associadas.
ResponderEliminarSimplesmente quis dizer que me é indiferente o vocábulo que utilizemos para designar outros seres intelectualmente mais desenvolvidos que nós.
E expliquei que acho pretensiosismo da nossa parte a propalada ideia de considerarmos os humanos como a obra perfeita da Criação.
Estamos, portanto, de acordo quanto à possibilidade da existência ( embora ainda não provada )de seres mais desenvolvidos que nós.
A noção de infinito ( grande ou pequeno ), que os matemáticos adoptaram, apenas para facilidade os seus cálculos,é para mim insuficiente e revela a pequenez da minha inteligência, incapaz de apreender este conceito.
Não consigo compreender nada que não tenha um fim e um principio. Mas considero que isso apenas se deve às enormes limitações da minha inteligência.
O que é mais um argumento justificativo e a favor da minha posição agnóstica, expectante e pragmática.
Enfim, não será este o lugar ideal para falarmos destas coisas. Mas é um ponto de partida para uma eventual futura conversa séria sobre o assunto.
Que dá pano para mangas...
Ai Rui!!! Isto dava pano para muitas mangas...
ResponderEliminarNós podemos não ser obra perfeita da criação, hoje, mas temos evoluido tanto e continuamos a evoluir que não duvido que lá chegaremos!!!
Olinda!Nao vàs nas conversas destes pseudo-filosofos porque FILOSOFO so hà um! O Professor Falcao!!Pede-lhe uma audiência privada e depois conta-me coisas!!!!E tem cuidado com as teias de aranha!!!Essa coisa de ser ateia, pega-se?
ResponderEliminarFelizmente, na minha adolescência, nunca tive problemas desses! Quando era puto, jà era rebelde e tinha um caracter ROCK 'N ROLL!!!
Um dia quiz ser ESQUIZOFRENICO!!!Era uma palavra que sempre me atirou!!Quando disse isso ao meu Pai, deu-me uma valente bofetada!!!