Teorema: Somos todos diferentes, logo todos precisamos das diferenças dos outros.
O silêncio não existe, existem silêncios, e todos os silêncios são diferentes. O que significam de diferente está guardado nas palavras que os abraçam, sim, mas sobretudo nos olhares e nos seus corpos. Sem corpos não há silêncios. Os silêncios não são um tempo, são um modo de estar de cada ser. Se os silêncios fossem tempo, chamávamos-lhes música.
(recordo-me de ser miúdo e ouvir regularmente o seu som, tique-taque, tique-taque, Oh pá, diz algo que valha mais do que o silêncio, o meu pai, ser sem plural, à mesa de jantar na pressa de terminar a refeição e voltar para o tique-taque solitário do ele-máquina-de-escrever-do-escritório, que palavras eram aquelas, tique-taque, tique-taque, que afogavam as minhas nos silêncios?)
Os silêncios têm uma aritmética própria. Quando os somamos, multiplicam-se, se os multiplicamos transformam-se em espirais. Se elevamos as espirais alcançamos o infinito, vazio. Amante enganado das palavras, demorei tempo, muito tempo, a entender que são os silêncios, todos os silêncios, que realçam as palavras
(lembro-me dos primeiros tempos de fazer amor, da força das palavras ditas, que ascendiam ritmadas para o êxtase, o cigarro depois, e o tique-taque, tique-taque, os silêncios dos eu-coração-que-ainda-bate-forte)
mas também são as palavras que criam os silêncios. São as palavras, algumas palavras, que têm os silêncios maiores. Há silêncios nas palavras.
É, que...
Há palavras carregadas de silêncios presentes
(amo-te, dito na separação)
Há palavras carregadas de silêncios passados
(agora não, no reencontro desajeitado)
Há palavras carregadas de silêncios futuros
(amanhã ... talvez, dito na despedida)
Há palavras carregadas de silêncios sem tempo
(morreste-me, dito antes de concluir)
Há palavras.
Há.
tique-taque,...
Jó-Jó
(agradeço ao Rui Felício as belas palavras escritas que acompanharam este meu silêncio de fim de tarde de domingo. o que ele disse, mas também o que ele não disse, foram a minha preciosa companhia)
Fiquei maravilhada com este bailado...
ResponderEliminarPara uma noite invernosa,nada melhor que esta bela sinfonia com as palavras e os silêncios
em movimentos perpétuos!
Há palavras,há...
Silêncios
ResponderEliminarpalavras
silêncios
tic tac do vento
na pressa sem tempo
do tempo sem espaço
da palavra dita
da que ficou por dizer
no silêncio imutável
do procurar na escuridão
sem palavras
silenciando na comunhão do infinito
silêncios nus
Abílio
JóJó, gostei do que escreveste.
Li, reli e gostei do que li!
ResponderEliminarNo texto do Rui Felício ainda fiz um comentário desajeitado, mas como não quero mais uma vez correr esse risco....fico-me pelo
AXIOMA e pelo
Teorema!
É lindo.
ResponderEliminarTonito.
Há momentos para tudo.
ResponderEliminarEste é o momento de reler o texto do Jó-Jó.
Em silêncio.
Cada palavra do Jo_Jo é o invólucro de muitos silêncios que ele nos deixa gerir com a liberdade da nossa interpretação.
ResponderEliminarCada uma delas é o catalisador dos silêncios que encobre, sobre os quais nos é permitido discorrer, filosofar...
A inteligência do Jo_Jo faz-nos falta e enriquece este espaço que o Rafael nos deu. Por isso gostariamos de ver o Jo_Jo por aqui, mais vezes...
Como sempre, li , reli e fiquei maravilhada!
ResponderEliminarSubscrevo as palavras do Rui Felício.
Após nobilíssimos silêncios, tão profundos e filosóficos, deixem-me soltar um GRITO!
ResponderEliminarPronto.
Em silêncio, saio de cena.